Saltar para o conteúdo

Sertão dos Inhamuns

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Entrada da Cidade de Tauá-CE
No Sertão dos Inhamuns

O Sertão dos Inhamuns é uma região sócioeconômica no estado brasileiro do Ceará, que compreende os municípios de Aiuaba, Arneiroz, Parambu, Quiterianópolis e Tauá. A palavra Inhamuns, do tupi inho, inham: sertão e um: alto ou "Irmão do Diabo" conforme José de Alencar.[1] A região é marcada pela sua paisagem árida, cultura rica e povo resiliente. Com uma história que remonta séculos e uma geografia única, os Inhamuns oferecem um vislumbre da vida no semiárido nordestino e das estratégias adaptativas que seus habitantes desenvolveram ao longo do tempo.[2]

Características

[editar | editar código-fonte]

Os Inhamuns ocupam uma área considerável no sudoeste do Ceará, abrangendo municípios como Tauá, Quixeramobim e Boa Viagem. Caracterizada por um clima semiárido, a região experimenta chuvas irregulares e temperaturas elevadas durante a maior parte do ano. Sua paisagem é dominada por caatinga, uma vegetação adaptada à escassez de água, com árvores espinhosas, cactos e arbustos.[3]

Essa região caracteriza-se por regimes de precipitações médias anuais baixas, combinados com altas temperaturas médias anuais e grandes áreas rurais para as atividades de natureza agropastoril. Os sertões dos Inhamuns, de clima semiárido, apresentam  condições de temperaturas de certa regularidade, as médias térmicas são superiores a 26ºC.

Os totais pluviométricos variam de 400 a 600 mm anuais. A irregularidade das chuvas, porém, aliada às taxas de evaporação, justificam os déficits no balanço hídrico e configuram insuficiência de água para as lavouras. A proporção de terras semiáridas sempre foi fator determinante da vulnerabilidade econômica regional, especialmente da área do sertão.[4][5]

Cultura e Tradição

[editar | editar código-fonte]

A cultura dos Inhamuns é profundamente enraizada na história e nas tradições do povo nordestino. Música, dança e artesanato desempenham um papel importante na vida cotidiana, refletindo a identidade única da região. Festas populares, como o Carnaval de Tauá e as festas juninas, são celebradas com entusiasmo, reunindo comunidades para celebrar suas raízes culturais.[6][7][8]

Economia e Agricultura

[editar | editar código-fonte]

A economia dos Inhamuns é impulsionada principalmente pela agricultura de subsistência e criação de gado. Os agricultores enfrentam desafios significativos devido à escassez de água e à irregularidade das chuvas, mas desenvolveram técnicas de cultivo adaptadas ao clima árido, como o uso de cisternas, técnicas de irrigação e cultivo de plantas resistentes à seca, como o sisal. Além disso, devido às fortes incidências de raios solares durante a maior parte do ano, aliada à baixos níveis de pluviosidade, a região têm sido alvo de diversos investimentos na geração de energia renovável, especificamente energia solar.[9]

Desafios e Resiliência

[editar | editar código-fonte]

Apesar dos desafios, os habitantes dos Inhamuns demonstram uma resiliência notável. Organizações locais, projetos de desenvolvimento e iniciativas governamentais têm trabalhado para fornecer acesso à água potável, promover a educação e a capacitação profissional e apoiar práticas agrícolas sustentáveis. A solidariedade e o espírito comunitário também desempenham um papel fundamental na superação das adversidades.[10][11]

Oportunidades de Futuro

[editar | editar código-fonte]

À medida que enfrentam os desafios do século XXI, os Inhamuns estão explorando novas oportunidades de desenvolvimento, como o turismo sustentável, a produção de energia renovável e a diversificação econômica. Projetos que promovem a conservação ambiental, preservação da cultura local e inclusão social são essenciais para garantir um futuro próspero e sustentável para esta região única do Ceará.[12]

Região de Planejamento do Ceará

[editar | editar código-fonte]

A Lei Complementar Estadual nº 154, de 20 de outubro de 2015, define a nova composição da região de planejamento do Sertão dos Inhamuns, sendo a regionalização fixada em 5 municípios: Aiuaba, Arneiroz, Parambu, Quiterianópolis e Tauá.[13]

  • Características geoambientais dominantes: Domínios naturais dos sertões.
  • Área territorial (km²) - (2010): 10.863,39
  • População - (2014): 134.115
  • Densidade demográfica (hab./km²) - (2014): 12,35
  • Taxa de urbanização (%) - (2010): 46,28
  • PIB (R$ mil) - (2012): 636.903,08
  • PIB per capita(R$) - (2012): 4.833,81
  • % de domicílios com renda mensal per capita inferior a ½ salário mínimo - (2010): 67,14

Tabela por Município

[editar | editar código-fonte]
MUNICÍPIO ÁREA (Km²) POPULAÇÃO

(2017)

DENSIDADE

(Hab./Km²)

(2017)

PIB (R$ mil)

(2015)

PIB per capita

(R$) (2015)

Aiuaba 2.434,42 17.194 7,06 106.002 6.237
Arneiroz 1.066,36 7.777 7,29 46.124 5.935
Parambu 2.303,54 31.137 13,52 198.313 6.337
Quiterianópolis 1.040,99 20.860 20,04 124.291 6.007
Tauá 4.018,16 50.119 14,46 497.434 8.621

Referências

  1. «Perfil das Regiões de Planejamento - Sertão dos Inhamuns - 2017» (PDF). IPECE. 2017. Consultado em 3 de julho de 2019 
  2. Melo, Cristiane Castro Feitosa; Cruz, Maria Lucia Brito (22 de junho de 2016). «O processo migratório no Ceará: evidências a partir da microrregião do Sertão dos Inhamuns». Geosul (61): 201–226. ISSN 2177-5230. doi:10.5007/2177-5230.2016v31n61p201. Consultado em 3 de março de 2024 
  3. Teixeira, Raquel Neris (2018). «Vulnerabilidade nas comunidades rurais da área susceptível à desertificação do Sertão dos Inhamuns, Ceará». Consultado em 3 de março de 2024 
  4. Oliveira, Zacharias Bezerra de (2008). «Análise da desertificação nos sertões dos Inhamuns – Ceará, no contexto das políticas públicas e o papel da mídia» 
  5. «Governo do Ceará realiza visita a obras na região dos Inhamuns». Casa Civil do Governo do Estado do Ceará. 22 de março de 2019. Consultado em 3 de julho de 2019 
  6. vários autores, EMBRAPA. «Identificação dos produtos regionais do Sertão dos Inhamuns» (PDF). Consultado em 3 de março de 2024 
  7. Melo, Cristiane Castro Feitosa; Cruz, Maria Lucia Brito (2014). «CONFLITOS TERRITORIAIS ENTRE FAMÍLIAS QUE MOTIVARAM A MIGRAÇÃO INTERNA NOS SERTÕES DOS INHAMUNS – CEARÁ». REVISTA EQUADOR (2): 62–81. ISSN 2317-3491. doi:10.26694/equador.v3i2.2081. Consultado em 3 de março de 2024 
  8. «The Feitosas and the Sertão dos Inhamuns: The History of a Family and a Community in Northeast Brazil, 1700-1930». read.dukeupress.edu. 1 de agosto de 1973. Consultado em 3 de março de 2024 
  9. «Tauá, 1ª usina solar interligada ao SIN, é sucesso na operação - Paranoá Energia». 9 de agosto de 2016. Consultado em 3 de março de 2024 
  10. Campos, Nivalda Aparecida (26 de março de 2004). «A grande seca de 1979 a 1983: um estudo de caso das ações do governo federal em duas sub-regiões do estado do Ceará (Sertão Central e Sertão de Inhamuns).». Consultado em 3 de março de 2024 
  11. Aderaldo, Pedro Ítalo Carvalho (2019). «Interação do relevo no processo de desertificação : o contexto da desertificação no sertão dos Inhamuns - Ceará». Consultado em 3 de março de 2024 
  12. Melo, Cristiane e Castro Feitosa; Cruz, Maria Lucia Brito da (2014). «Avaliação da Chuva de Granizo no Riacho São Gonçalo, Inserido na Sub-Bacia Puiú, no Sertão dos Inhamuns». Espaço Aberto (2): 13–30. ISSN 2237-3071. Consultado em 3 de março de 2024 
  13. «Regiões de Planejamento». Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Consultado em 3 de julho de 2019 
Ícone de esboço Este artigo sobre o Ceará é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.