Sertão dos Inhamuns
O Sertão dos Inhamuns é uma região sócioeconômica no estado brasileiro do Ceará, que compreende os municípios de Aiuaba, Arneiroz, Parambu, Quiterianópolis e Tauá. A palavra Inhamuns, do tupi inho, inham: sertão e um: alto ou "Irmão do Diabo" conforme José de Alencar.[1] A região é marcada pela sua paisagem árida, cultura rica e povo resiliente. Com uma história que remonta séculos e uma geografia única, os Inhamuns oferecem um vislumbre da vida no semiárido nordestino e das estratégias adaptativas que seus habitantes desenvolveram ao longo do tempo.[2]
Características
[editar | editar código-fonte]Os Inhamuns ocupam uma área considerável no sudoeste do Ceará, abrangendo municípios como Tauá, Quixeramobim e Boa Viagem. Caracterizada por um clima semiárido, a região experimenta chuvas irregulares e temperaturas elevadas durante a maior parte do ano. Sua paisagem é dominada por caatinga, uma vegetação adaptada à escassez de água, com árvores espinhosas, cactos e arbustos.[3]
Essa região caracteriza-se por regimes de precipitações médias anuais baixas, combinados com altas temperaturas médias anuais e grandes áreas rurais para as atividades de natureza agropastoril. Os sertões dos Inhamuns, de clima semiárido, apresentam condições de temperaturas de certa regularidade, as médias térmicas são superiores a 26ºC.
Os totais pluviométricos variam de 400 a 600 mm anuais. A irregularidade das chuvas, porém, aliada às taxas de evaporação, justificam os déficits no balanço hídrico e configuram insuficiência de água para as lavouras. A proporção de terras semiáridas sempre foi fator determinante da vulnerabilidade econômica regional, especialmente da área do sertão.[4][5]
Cultura e Tradição
[editar | editar código-fonte]A cultura dos Inhamuns é profundamente enraizada na história e nas tradições do povo nordestino. Música, dança e artesanato desempenham um papel importante na vida cotidiana, refletindo a identidade única da região. Festas populares, como o Carnaval de Tauá e as festas juninas, são celebradas com entusiasmo, reunindo comunidades para celebrar suas raízes culturais.[6][7][8]
Economia e Agricultura
[editar | editar código-fonte]A economia dos Inhamuns é impulsionada principalmente pela agricultura de subsistência e criação de gado. Os agricultores enfrentam desafios significativos devido à escassez de água e à irregularidade das chuvas, mas desenvolveram técnicas de cultivo adaptadas ao clima árido, como o uso de cisternas, técnicas de irrigação e cultivo de plantas resistentes à seca, como o sisal. Além disso, devido às fortes incidências de raios solares durante a maior parte do ano, aliada à baixos níveis de pluviosidade, a região têm sido alvo de diversos investimentos na geração de energia renovável, especificamente energia solar.[9]
Desafios e Resiliência
[editar | editar código-fonte]Apesar dos desafios, os habitantes dos Inhamuns demonstram uma resiliência notável. Organizações locais, projetos de desenvolvimento e iniciativas governamentais têm trabalhado para fornecer acesso à água potável, promover a educação e a capacitação profissional e apoiar práticas agrícolas sustentáveis. A solidariedade e o espírito comunitário também desempenham um papel fundamental na superação das adversidades.[10][11]
Oportunidades de Futuro
[editar | editar código-fonte]À medida que enfrentam os desafios do século XXI, os Inhamuns estão explorando novas oportunidades de desenvolvimento, como o turismo sustentável, a produção de energia renovável e a diversificação econômica. Projetos que promovem a conservação ambiental, preservação da cultura local e inclusão social são essenciais para garantir um futuro próspero e sustentável para esta região única do Ceará.[12]
Região de Planejamento do Ceará
[editar | editar código-fonte]A Lei Complementar Estadual nº 154, de 20 de outubro de 2015, define a nova composição da região de planejamento do Sertão dos Inhamuns, sendo a regionalização fixada em 5 municípios: Aiuaba, Arneiroz, Parambu, Quiterianópolis e Tauá.[13]
- Características geoambientais dominantes: Domínios naturais dos sertões.
- Área territorial (km²) - (2010): 10.863,39
- População - (2014): 134.115
- Densidade demográfica (hab./km²) - (2014): 12,35
- Taxa de urbanização (%) - (2010): 46,28
- PIB (R$ mil) - (2012): 636.903,08
- PIB per capita(R$) - (2012): 4.833,81
- % de domicílios com renda mensal per capita inferior a ½ salário mínimo - (2010): 67,14
Tabela por Município
[editar | editar código-fonte]MUNICÍPIO | ÁREA (Km²) | POPULAÇÃO
(2017) |
DENSIDADE
(Hab./Km²) (2017) |
PIB (R$ mil)
(2015) |
PIB per capita
(R$) (2015) |
---|---|---|---|---|---|
Aiuaba | 2.434,42 | 17.194 | 7,06 | 106.002 | 6.237 |
Arneiroz | 1.066,36 | 7.777 | 7,29 | 46.124 | 5.935 |
Parambu | 2.303,54 | 31.137 | 13,52 | 198.313 | 6.337 |
Quiterianópolis | 1.040,99 | 20.860 | 20,04 | 124.291 | 6.007 |
Tauá | 4.018,16 | 50.119 | 14,46 | 497.434 | 8.621 |
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Perfil das Regiões de Planejamento - Sertão dos Inhamuns - 2017» (PDF). IPECE. 2017. Consultado em 3 de julho de 2019
- ↑ Melo, Cristiane Castro Feitosa; Cruz, Maria Lucia Brito (22 de junho de 2016). «O processo migratório no Ceará: evidências a partir da microrregião do Sertão dos Inhamuns». Geosul (61): 201–226. ISSN 2177-5230. doi:10.5007/2177-5230.2016v31n61p201. Consultado em 3 de março de 2024
- ↑ Teixeira, Raquel Neris (2018). «Vulnerabilidade nas comunidades rurais da área susceptível à desertificação do Sertão dos Inhamuns, Ceará». Consultado em 3 de março de 2024
- ↑ Oliveira, Zacharias Bezerra de (2008). «Análise da desertificação nos sertões dos Inhamuns – Ceará, no contexto das políticas públicas e o papel da mídia»
- ↑ «Governo do Ceará realiza visita a obras na região dos Inhamuns». Casa Civil do Governo do Estado do Ceará. 22 de março de 2019. Consultado em 3 de julho de 2019
- ↑ vários autores, EMBRAPA. «Identificação dos produtos regionais do Sertão dos Inhamuns» (PDF). Consultado em 3 de março de 2024
- ↑ Melo, Cristiane Castro Feitosa; Cruz, Maria Lucia Brito (2014). «CONFLITOS TERRITORIAIS ENTRE FAMÍLIAS QUE MOTIVARAM A MIGRAÇÃO INTERNA NOS SERTÕES DOS INHAMUNS – CEARÁ». REVISTA EQUADOR (2): 62–81. ISSN 2317-3491. doi:10.26694/equador.v3i2.2081. Consultado em 3 de março de 2024
- ↑ «The Feitosas and the Sertão dos Inhamuns: The History of a Family and a Community in Northeast Brazil, 1700-1930». read.dukeupress.edu. 1 de agosto de 1973. Consultado em 3 de março de 2024
- ↑ «Tauá, 1ª usina solar interligada ao SIN, é sucesso na operação - Paranoá Energia». 9 de agosto de 2016. Consultado em 3 de março de 2024
- ↑ Campos, Nivalda Aparecida (26 de março de 2004). «A grande seca de 1979 a 1983: um estudo de caso das ações do governo federal em duas sub-regiões do estado do Ceará (Sertão Central e Sertão de Inhamuns).». Consultado em 3 de março de 2024
- ↑ Aderaldo, Pedro Ítalo Carvalho (2019). «Interação do relevo no processo de desertificação : o contexto da desertificação no sertão dos Inhamuns - Ceará». Consultado em 3 de março de 2024
- ↑ Melo, Cristiane e Castro Feitosa; Cruz, Maria Lucia Brito da (2014). «Avaliação da Chuva de Granizo no Riacho São Gonçalo, Inserido na Sub-Bacia Puiú, no Sertão dos Inhamuns». Espaço Aberto (2): 13–30. ISSN 2237-3071. Consultado em 3 de março de 2024
- ↑ «Regiões de Planejamento». Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Consultado em 3 de julho de 2019