Mitos do estupro

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Mitos do estupro são crenças estereotipadas, preconceituosas sobre as razões de estupros, estupradores e vítimas de estupro.[1][2][3]

Lista de mitos comuns[editar | editar código-fonte]

  • Estupro é só "sexo grosseiro",[4] estupro é fazer sexo.[5]
  • Algumas mulheres gostam de sexo violento; mais tarde, porém chamam-no de estupro[5] o estupro excita algumas mulheres[5] se ocorre orgasmo não se trata de estupro.[5]
  • Estupros são motivados por desejo sexual,[4] quando um homem é excitado por uma mulher, não consegue parar de agir,[5] estupros ocorrem de modo espontâneo.[5]
  • Estupro é um crime passional.[5]
  • Estupradores são pessoas esquisitas, psicóticas e solitárias.[4][4]
  • As vítimas de estupros estavam pedindo por isso, então não houve nenhum dano.[6][7]
  • Apenas mulheres más são estupradas,[4] apenas mulheres bonitas são estupradas.[8]
  • Não ocorre estupro entre pessoas casadas,[5] estupro ocorre apenas entre casais heterossexuais.[5]
  • Todas as mulheres fantasiam sobre estupro.[8]
  • Estupros são cometidos por desconhecidos que geralmente usam uma arma e/ou batem em suas vítimas,[4] estupro só ocorrem entre estranhos[5] (ver: Biastofilia).
  • Se a mulher não resiste, ela deve ter desejado ser estuprada.[4]
  • Andar sozinha à noite é um convite para ser estuprada.[5]
  • Homens não podem ser vítimas de estupro e agressão sexual e nunca podem ser estuprados[9] (ver: Estupro masculino).

Origem[editar | editar código-fonte]

Os mitos de estupro originam-se de vários estereótipos culturais, tais como o papel de gênero tradicional, a aceitação da violência interpessoal e a falta de entendimento do que é agressão sexual.[1] A prevalência de mitos de estupro é um dos principais motivos da culpabilização da vítima e da estigmatização.[2]

Os mitos de estupro sugerem que a vítima estereotipada da violência sexual é uma jovem machucada e maltratada. No entanto, a questão central nos casos de agressão sexual é se ambas as partes consentiram na atividade sexual ou se ambas tinham capacidade para fazê-lo. Assim, a força física que resulta em lesão física visível nem sempre é vista. Devido a este estereótipo, as pessoas sexualmente abusadas que não aparentam nenhum trauma físico podem ser menos inclinadas a informar às autoridades ou a procurar cuidados de saúde.[10]

Os mitos do estupro são crenças que existem em sociedades que tipicamente sustentam a cultura do estupro. São comumente acreditados por uma variedade de pessoas independente de sexo, raça, orientação sexual ou classe social.[4]

Efeitos[editar | editar código-fonte]

Tipos de mitos de estupro podem culpar a vítima por sua vitimização, aliviar a culpa do agressor e/ou banalizar a violação em si. Os mitos de estupro relação às vítimas de estupro implicam que as mulheres são de alguma forma culpadas por sua própria vitimização.[6]

Os mitos têm implicações no processo da justiça criminal, vítimas agressores e oficiais que acreditam em mitos de estupro podem não reconhecer que um crime foi cometido. Dentro do sistema criminal, a polícia pode ser menos inclinada a considerar as vítimas com seriedade, coletar o depoimento ou mesmo efetuar prisões.[6]

Aceitação de mitos de estupro contribui com a cultura do estupro e pode levar a reforçar a crença de que o estupro não é real e, portanto, apenas sexo.[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Burt, Martha R. (fevereiro de 1980). «Cultural myths and supports for rape». American Psychological Association via PsycNET. Journal of Personality and Social Psychology. 38 (2): 217–230. PMID 7373511. doi:10.1037/0022-3514.38.2.217. 
  2. a b "Rape Myths and Facts" Arquivado em 20 de abril de 2017, no Wayback Machine., West Virginia University
  3. a b «Sign In» (PDF). vaw.sagepub.com. Consultado em 24 de outubro de 2016 
  4. a b c d e f g h John Nicoletti; Christopher M. Bollinger; Sally Spencer-Thomas (2009). Violence Goes to College: The Authoritative Guide to Prevention and Intervention. Charles C Thomas Publisher. p. 134. ISBN 978-0-398-08558-2. (em inglês)
  5. a b c d e f g h i j k Sheila L. Videbeck (2016). Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria. Artmed Editora. p. 206. ISBN 978-85-363-2729-7.
  6. a b c Bonnie S. Fisher; Steven P. Lab (2010). Encyclopedia of Victimology and Crime Prevention. SAGE. p. 747. ISBN 978-1-4129-6047-2.
  7. Michele Antoinette Paludi (2010). Feminism and Women's Rights Worldwide. ABC-CLIO. p. 2. ISBN 978-0-313-37596-5.
  8. a b Rape Myths and Facts Arquivado em 20 de abril de 2017, no Wayback Machine., WELLWVU, West Virginia University (em inglês)
  9. «Mitos e Realidades». www.sosmulherefamilia.org.br. Consultado em 25 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2017 
  10. Kennedy KM, The relationship of victim injury to the progression of sexual crimes through the criminal justice system, Journal of Forensic and Legal Medicine 2012:19(6):309-311

Ligações externas[editar | editar código-fonte]