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Monumento das Castanheiras Mortas

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Monumento das Castanheiras Mortas
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As Castanheiras de Eldorado do Carajás, mais conhecidas como Monumento das Castanheiras Mortas,[1] é um conjunto monumental erguido na "curva do S" da BR-155 na cidade de Eldorado do Carajás, no sudeste do estado do Pará, no Brasil.

O conjunto compunha-se de 19 castanheiras queimadas erguidas no formato de um mapa do Brasil, uma placa com o nome dos 19 trabalhadores rurais mortos e do Museu Casa da Memória, além de equipamentos de uso comum. Em 2021, somente duas das 19 castanheiras originais continuavam erguidas.

Em 17 de abril de 2019 o monumento e a curva do S da BR-155 foram declarados Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Pará, após a aprovação da proposta do deputado Dirceu Ten Caten (PT).[2]

O Museu Casa da Memória guarda as informações da luta pela reforma agrária no sul do Pará e serve como memorial do Massacre de Eldorado do Carajás. Na data do registro fotográfico (2021), homenagens haviam sido feitas com cruzes e faixas vermelhas em alusão aos 25 anos do massacre.

Após a vandalização do Monumento Eldorado Memória, em setembro de 1996, que havia sido erguido poucos dias antes, os trabalhadores rurais da região buscaram pensar em uma maneira de erguer um novo memorial em alusão ao massacre de Eldorado do Carajás.[3]

Assim, em 1999, as lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do sul do Pará resolveram convidar o dramaturgo anglo-brasileiro Dan Baron Cohen para pensar num novo monumento a ser erguido em Eldorado, no local do massacre.[4]

Cohen concebeu o monumento após consultas aos trabalhadores rurais do Assentamento 17 de Abril, criado após o massacre; os colonos lhe sugeriram uma árvore castanheira, típica da região do massacre, espécie que está sob risco de extinção justamente pela pressão da agropecuária de latifúndio. Esta correlação de significados de extinção pela causa comum veio a calhar com seu objetivo.[4]

Uma assembleia foi convocada com todos os trabalhadores rurais, formando um "tribunal", onde ficou definido o conceito do monumento, como uma "paisagem de castanheiras queimadas e mutiladas, violadas e cheias de cicatrizes".[4]

Nos dias anteriores às manifestações pelos 3 anos do massacre, 19 árvores mortas, uma para cada vítima,[3][5] foram encontradas e dispostas, formando o contorno do mapa do Brasil.[4][6]

Em 17 de abril de 1999[7] cerca de oitocentos sobreviventes ergueram, sob a coordenação de Cohen, um monumento. O trabalho foi denominado de "As Castanheiras de Eldorado do Carajás".[4]

No ano de 2017, apenas 7 das 19 castanheiras permaneciam de pé, com o monumento estando muito degradado tanto pela falta de manutenção adequada por parte da prefeitura de Eldorado (após o tombamento, em 2019, passou para a responsabilidade do governo do estado do Pará) quanto pela ação natural do tempo.[1] Em 2021, somente duas castanheiras permaneciam erguidas, como monumento em estágio crítico de conservação.

Referências

  1. a b Júnior Freitas (22 de abril de 2018). «22 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás». Lumus Jurídico 
  2. Moraes Filho (22 de abril de 2019). «Deputados declaram Patrimônio Histórico o monumento símbolo do Massacre de Eldorado do Carajás». Jornal Manancial. Xinguara/PA. Consultado em 1 de setembro de 2019 
  3. a b Alves, Kelly Carolyne Cirqueira.; Medeiros, Euclides Antunes de. (2016). «História e Memória do "Massacre de Eldorado do Carajás": Exploração, conflito e violência no Sul do Pará – 1995 – 2010.». Palmas: Suplemento - 11º Seminário de Iniciação Científica da Universidade Federal do Tocantins. Periódicos UFT. 3 
  4. a b c d e Cambraia, Maria Sílvia. (2007). «Lugares de Memória: O Monumento do Massacre de Eldorado do Carajás» Especial ed. Fórum Patrimônio. 0 (0) 
  5. «Você sabe o que foi o Massacre de Eldorado dos Carajás?». Jovens Jornalistas. Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás. Consultado em 26 de junho de 2018 
  6. Fernandes, Vivian. (17 de abril de 2012). «Massacre de Eldorado dos Carajás: 16 anos sem punição». Brasil de Fato 
  7. Agência Folha (17 de Abril de 1999). «Ato lembra morte de 19 sem-terra». Folha de S. Paulo. Consultado em 1 de setembro de 2019