Mortadela (alcunha)

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 Nota: Para o alimento, veja Mortadela.

Mortadela é um termo depreciativo brasileiro, usado para descrever os simpatizantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e adeptos da esquerda política em geral. Este termo originou-se devido a uma teoria da conspiração de extrema-direita que sustenta que pão com mortadela, lanche comum entre as classes populares no país, era distribuído aos militantes do PT quando participavam dos movimentos organizados pelo partido.[carece de fontes?] Sua contraparte é o termo coxinha.[1]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Manifestação pró-Dilma na Avenida Paulista em São Paulo em 15 de dezembro de 2015.

Após impopulares ajustes fiscais e nas regras previdenciárias logo depois sua reeleição para um segundo mandato,[2] Dilma Rousseff experimentou uma queda vertiginosa de popularidade, chegando a apenas 7% de aprovação.[3] Somando-se tais fatos ao desenrolar da Operação Lava Jato que investigou diversos políticos ligados ao Partido dos Trabalhadores, a insatisfação popular foi levada as ruas.[4] Organizados por grupos oposicionistas como o Vem pra Rua, Revoltados Online e MBL, os protestos logo se tornaram os maiores desde as Diretas Já.[5] Na contramão, movimentos sociais organizaram manifestações a favor da Petrobras, que atraiu diversos apoiadores do governo petista. Com o tempo a pauta mudou para "contra o impeachment".[6][7]

Origem[editar | editar código-fonte]

Raramente, ocorre distribuição de protestos e passeatas organizados por sindicatos e organizações da sociedade civil de alguma forma de alimentação aos participantes, geralmente na forma de um lanche rápido e uma bebida.[8][9] Aos poucos e de forma pejorativa, a mortadela, embutido de baixo valor associado a classes populares, começou a ser associada com os lanches oferecidos em tais protestos por ser um alimento de baixo custo e status, que não raramente compunha o recheio das refeições distribuídas.[10]

Por volta de 2015, porém, denúncias sem base empírica começaram a surgir em redes sociais dizendo que os organizadores das manifestações Pró-Dilma supostamente estariam oferecendo lanche (normalmente pão com mortadela)[11] e uma quantia em dinheiro R$ 30,00 (trinta reais) para que donas de casa e desempregados participassem dos protestos e aumentassem o volume de pessoas nas ruas, levantando questionamentos quanto à legitimidade do movimento e catapultando a expressão para além dos nichos de direita onde era conhecida.[12][13]

Mortadelaço[editar | editar código-fonte]

Sendo um "protesto sobre o protesto" o mortadelaço foi um ato público de distribuição de pão e mortadela que ocorreu em diversas datas e em diferentes locais do Brasil para manifestar repúdio à suposta compra de militância pelos organizadores dos movimentos pró-Dilma.[14] A ideia foi reproduzida na sessão da comissão do impeachment da presidente Dilma Rousseff com queijo, pão e mortadela sendo distribuídos aos deputados presentes.[15]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. OLIVEIRA, Sara Antunes de (19 de março de 2016). «Você come coxinha ou sanduíche de mortadela?». Expresso. Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  2. DRUMMOND, Carlos (18 de janeiro de 2015). «A punhalada fiscal de Levy e Dilma». CartaCapital. Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  3. MATOSO, Filipe (15 de dezembro de 2015). «Governo Dilma tem aprovação de 9% e reprovação de 70%, diz Ibope». G1. Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  4. PELLEGRINI, Marcelo (12 de abril de 2015). «Manifestações contra o governo encolhem em todo Brasil». CartaCapital. Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  5. «Paulista reúne maior ato político desde as Diretas-Já, diz Datafolha». Folha de S.Paulo. 15 de março de 2015. Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  6. «Manifestações em apoio à Petrobras e a Dilma reúnem milhares em 24 Estados e DF». ZH Notícias (Zero Hora). 13 de março de 2015. Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  7. «Manifestantes fazem atos em defesa de Dilma em 25 estados e no DF». G1. 20 de agosto de 2015. Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  8. «Protesto com café da manhã na Ksato». Sindicato dos Metalúrgicos. 22 de setembro de 2011. Consultado em 22 de dezembro de 2020 
  9. Pedro Dantas (4 de agosto de 2000). «Protesto em shopping do Rio foi 'contra o sistema capitalista'». Folha de S. Paulo. Consultado em 22 de dezembro de 2020 
  10. Carolina Bridi (17 de janeiro de 2014). «Lanchamos Na Porta Do Shopping Campo Limpo Com O MTST». 'VICE'. Consultado em 22 de dezembro de 2020 
  11. Protestos de 2015: Os Imaginários no Facebook
  12. GONÇALVES, Eduardo (13 de março de 2015). «Nem 'vale-protesto' salva ato pró-Dilma em São Paulo». Veja. Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  13. AGOSTINE, Cristiane (13 de março de 2015). «Manifestantes recebem R$ 35 para ir a ato a favor de Dilma em SP». Valor. Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  14. VIVES, Kyane (20 de agosto de 2015). «Com pão e mortadela, grupo ironiza protesto pró-Dilma na Capital». ZH Notícias (Zero Hora). Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  15. PASSARINHO, Natália; GARCIA, Gustavo (8 de abril de 2016). «Deputados e manifestantes comem pão, queijo e mortadela em comissão». G1. Consultado em 6 de dezembro de 2016