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NRP Sagres (A520)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de NRP Sagres III)
NRP Sagres
 Alemanha
Nome Albert Leo Schlageter
Operador Kriegsmarine
Fabricante Blohm & Voss
Homônimo Albert Leo Schlageter
Lançamento 30 de outubro de 1937
Comissionamento 12 de fevereiro de 1938
Descomissionamento abril de 1945
Destino Tomado pelos Estados Unidos;
vendido para o Brasil
 Brasil
Nome NE Guanabara
Operador Marinha do Brasil
Homônimo Baía de Guanabara
Comissionamento 27 de outubro de 1948
Descomissionamento 10 de outubro de 1961
Destino Vendido para Portugal
 Portugal
Nome NRP Sagres
Operador Marinha Portuguesa
Homônimo Escola de Sagres
Aquisição 1961
Comissionamento 8 de fevereiro de 1962
Número de registro A520
Identificação Número IMO: 8642579
Estado Em serviço ativo
Características gerais
Tipo de navio Barca
Classe Gorch Fock
Deslocamento 1 940 t
Maquinário 1 motor a diesel
Comprimento 89 m
Boca 12 m
Calado 6,2 m
Propulsão 3 mastros
1 979 m2 de velas
1 hélice
- 1 100 cv (809 kW)
Velocidade 10 nós (18 km/h)
Autonomia 5 450 milhas náuticas a 7 nós
(10 100 km a 13 km/h)
Tripulação 9 oficiais
16 sargentos
114 praças
63 cadetes

O NRP Sagres é o principal navio-escola da Marinha Portuguesa. O atual Sagres é o terceiro navio com esse nome a desempenhar funções de instrução náutica na Marinha Portuguesa, sendo por isso, também conhecido por Sagres III, é o navio mais conhecido desta componente das Forças Armadas de Portugal, identificado pelas suas velas ostentando a cruz da Ordem de Cristo. Este navio-escola tem como missão permitir o treino e o contacto com a vida no mar aos cadetes da Escola Naval, futuros oficiais da Marinha Portuguesa. Complementarmente, é utilizado na representação nacional e internacional da Marinha e de Portugal.

O NE Sagres foi construído nos estaleiros da Blohm & Voss, em Hamburgo, em 1937, para desempenhar funções como navio-escola da Marinha Alemã — onde era chamado Albert Leo Schlageter — juntamente com os seus semelhantes da classe Gorch Fock: o primeiro, que deu o nome à classe; o segundo, ex-Horst Wessel (atual USCGC Eagle); o quarto, Mircea; houve ainda um quinto, o Herbert Norkus, destruído antes de ter sido terminado.

No final da Segunda Guerra Mundial, ele foi capturado pelas forças dos Estados Unidos, sendo vendido à Marinha do Brasil, em 1948, por um valor simbólico de $ 5 000 dólares.[1] No Brasil, ele foi baptizado de Guanabara, servindo como navio-escola até 1961, data em que foi adquirido por Portugal por 150 000 dólares para ser usado em substituição do Sagres II (ex-Rickmer Rickmers). Muito se ficou a dever, o êxito desta compra, à acção empenhada de Pedro Teotónio Pereira, na altura Ministro da Presidência e um grande amante de vela. O navio recebeu o mesmo nome do antecessor, entrando ao serviço da Marinha Portuguesa em 8 de fevereiro de 1962.

Por vezes, o Sagres III é erradamente referido como Sagres II, em virtude do desconhecimento da existência do primeiro navio com este nome. Na realidade, o primeiro Sagres foi uma corveta de madeira, construída em 1858 em Inglaterra. Fundeada no rio Douro, serviu como navio-escola para alunos marinheiros, entre 1882 e 1898.

A serviço da Marinha do Brasil

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Serviu como navio escola, com propulsão mista, à vela e a motor diesel (de 1.000 cv, acoplado a um eixo), artilhado com canhões de 76mm. A viagem de Aspirantes de final de ano da Escola Naval de 1948, iniciou-se em Janeiro de 1949, com a duração de um mês. Foram visitados os portos de Montevidéu, Rio Grande, São Francisco do Sul, Santos e Rio de Janeiro. Outros comandantes serviram, e alguns anos mais tarde, em 22 de Maio de 1954, o NE Guanabara deixava o Comando do 1º Distrito Naval, desta vez sob o comando do Capitão-de-Fagata, Maurício Dantas Torres.

"O navio desatracou do cais da Ilha das Cobras às 10 h e rumou para o oceano, com destino ao porto de Natal. Foram efetuadas diversas manobras durante a navegação à vela (virou-se por d'avante, em roda e atravessou-se com o navio). Foram feitos diariamente exercícios de arriar e içar o escaler, em pleno oceano. Aterrou no dia 3 de Junho, pela manhã, a vinte (20') milhas ao norte do Cabo Bacopari e amarrou com boreste ao cais do porto da cidade de Natal às 1717 horas do dia 3 de Junho de 1954. No dia 4 de Junho de 1954, o navio largou do cais do porto da cidade de Natal às 1500 horas com destino a Salvador, tendo desembarcado quarenta e seis (46) praças que foram matriculadas no Centro de Instrução Almirante Tamandaré e recebido 81 praças recém-cursadas, a fim de transportá-los para o Rio de Janeiro. Continuaram nesta travessia os exercícios na mastreação e com os escaleres, tendo sido organizado um programa de adestramento para a guarnição. Aterrou no dia 9 de Junho pela manhã no farol de Garcia D'Avila e amarrou ao cais do porto da cidade de Salvador às 1957 horas do dia 9 de Junho de 1954, tendo entrado sob velas até próximo ao Banco da Panela. Neste termo foram navegadas mil novecentas e oitenta e duas vírgula oito (1982.'8) milhas, sendo mil (1000.'0) milhas à vela, setecentas e quarenta e nove vírgula cinco (749.'5) milhas à vela e à máquina e duzentas e trinta e três vírgula três (233.'3) milhas à máquina e feitos dezessete e meio dias de mar (17.5). Bordo do N.E. "Guanabara", no porto do Salvador, em 10 de Junho de 1954. (Assinou) Maurício Dantas Torres, Capitão-de-Fragata. Comandante."[2]

Voltas ao mundo

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Ao serviço da marinha portuguesa já deu três voltas ao mundo, a primeira em 1978/1979 e a segunda em 1983/1984.

Em 19 de janeiro de 2010, partiu para a terceira volta ao mundo. No total, a viagem teve uma duração de 339 dias, dos quais 71% a navegar e 29% nos portos. O navio passou por 28 cidades costeiras, de 19 países diferentes, antes de regressar a Lisboa, em 23 dezembro de 2010. Além das circum-navegações, a Sagres III participou na Regata Colombo (1992), nas comemorações dos 450 anos da chegada dos Portugueses ao Japão (1993) e ainda nas celebrações por ocasião dos 500 anos da Descoberta do Brasil (2000). Durante esta terceira viagem, percorreu 40 000 milhas e navegou durante 5 500 horas. Foi também visitado por cerca de 300 000 pessoas.

Em Janeiro de 2020, o navio partiu para uma viagem à volta do mundo que teria duração de pouco mais de um ano para celebrar os 500 anos da circum-navegação de Fernão de Magalhães. Previa-se que o navio passasse por 22 portos de 19 países diferentes e que seria a Casa de Portugal durante os Jogos Olímpicos de Tóquio. A viagem foi interrompida e o navio regressou a Lisboa em 10 de maio de 2020 devido ao risco da covid-19.[3]

Ordem do Infante Dom Henrique

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A 4 de julho de 1984, ele foi feito Membro-Honorário da Ordem do Infante D. Henrique.[4] A 12 de março de 2012, foi feito Membro-Honorário da Ordem Militar de Cristo.[4] A 24 de outubro de 2017, foi feito Membro-Honorário da Ordem Militar de Avis.[4]

Referências

  1. «História do Navio». Consultado em 20 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 18 de fevereiro de 2010 
  2. "3º CADERNETA SUBSIDIÁRIA DO LIVRO DE SOCORROS" (Caderneta de Registro Pessoal), excerto do "Histórico" do Imediato, Capitão-de-Corveta, Octavio Ferraz Brochado de Almeida (A caderneta foi rubrificada, em vista autorização dada do ESTADO MAIOR DA ARMADA) Termo de Viagem Nº45, No dia 11 de Junho de 1954. Microfilmada em 25/10/1956. Microfilme Lata 144 de 1 à 61. Diretoria do Pessoal (D. P. 4)
  3. «Covid-19: Navio-escola Sagres cancela viagem e regressa a Lisboa em maio» 
  4. a b c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Navio Escola Sagres". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 27 de outubro de 2017 

Ligações externas

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