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Osvaldo Justo

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Oswaldo Justo
Prefeito de Santos
Período 9 de julho de 1984
até 31 de dezembro de 1988
Antecessor(a) Paulo Gomes Barbosa
Sucessor(a) Telma de Souza
Dados pessoais
Nascimento 16 de setembro de 1926
Santos, SP
Morte 14 de abril de 2003 (76 anos)
Santos, SP
Nacionalidade brasileira
Progenitores Mãe: Maria Perez Justo
Pai: Manoel Justo
Partido PMDB
Profissão Advogado

Oswaldo Justo (Santos, 16 de setembro de 1926 – Santos,14 de abril de 2003) foi um advogado e político brasileiro.

Exerceu o cargo de prefeito de Santos de 9 de julho de 1984 a 31 de dezembro de 1988. Após o fim de seu mandato na prefeitura, foi eleito deputado estadual em 2 legislaturas consecutivas. Exerceu também os cargos de vereador, vice-prefeito, deputado federal e secretário municipal.

Notório estadista santista, Oswaldo Justo é famoso por ter sido o primeiro prefeito de Santos após a redemocratização do país e após o ganho da autonomia municipal (Santos, desde 1969, era considerada zona de segurança nacional, tendo seu prefeito nomeado diretamente pelo Presidente da República). Filho de Manoel Justo e da imigrante espanhola Maria Peres Justo,[1] Oswaldo Justo iniciou sua carreira como homem público ainda na década de 1950, quando aos 25 anos de idade, disputa sua primeira eleição (1951) e se torna suplente de vereador em Santos.

Vereador de Santos

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Em 1955, após servir um mandato como suplente da Câmara de Vereadores de Santos, Oswaldo Justo elege-se vereador pela primeira vez. É re-eleito para 2 novos mandatos como vereador, em 1959 (2º mandato) e em 1963 (3º mandato). Este terceiro mandato é interrompido pela sua prisão durante os eventos de 31 de março de 1964, devido ao seu envolvimento com o então prefeito de Santos José Gomes, o qual era acusado de possuir vínculos com grupos sindicalistas de orientação marxista.

Com a re-estruturação dos partidos políticos brasileiros, Oswaldo Justo filia-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) já após ter retomado o seu mandato como vereador, o qual exercerce até 1970, sendo o líder da bancada do MDB na câmara municipal[2].

Nesse período, Oswaldo Justo destaca-se pela sua oposição a construção de edifícios de grande porte na orla da praia, devido a questões geotécnicas (que eventualmente se provaram corretas, como se demonstra pela ampla quantidade de edifícios construídos na época que, ao longo dos anos, passaram a apresentar inclinações, rachaduras e entortamentos estruturalmente inseguros, como ocorrido no caso do Edifício Maembi, entre outros casos, muitos dos quais ainda não foram reparados)[2].

Vice-prefeito eleito

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Em 1969, com o término do mandato do prefeito Silvio Fernandes Lopes, eleito pelo Partido Social Progressista (PSP) e já então pela ARENA, Oswaldo Justo é escolhido para candidato pelo MDB para concorrer pela sua sucessão nas eleições de 15 de novembro, concorrendo com outros dois candidatos a prefeito, também do do MDB, e contra um pela ARENA[2].

Os candidatos do MDB acabaram por somar mais que o dobro de votos do candidato da ARENA, elegendo como prefeito o então deputado estadual Esmeraldo Tarquínio (1º colocado]], tendo como 2º colocado Oswaldo Justo, que, de acordo com a legislação vigente, elegeu-se vice-prefeito[2].

Porém, em 13 de dezembro de 1968 foi editado o Ato Institucional nº 5 (AI 5), um conjunto de medidas de força e centralização de poder que deu início ao período mais repressivo do regime militar. A partir de então, centenas de lideranças tiveram seus direitos políticos cassados, dentre eles o então deputado estadual Esmeraldo Tarquínio, que não pode tomar posse como prefeito de Santos, tornando então Oswaldo Justo o Prefeito Eleito da cidade de Santos.

Insatisfeito com essa situação, Oswaldo Justo se recusa a assumir a prefeitura, renunciando em solidariedade a seu companheiro de legenda. Tal situação levou o governo federal a intervir no município nomeando como Prefeito o General Clóvis Bandeira Brasil, sem qualquer vínculo político e popular entre a população santista, o qual passou a governar a cidade a partir de abril de 1969.

Com isso, o Legislativo Municipal permaneceu fechado até julho de 1970[2], de maneira similar ao ocorrido durante a intentona comunista de 1937, na qual Santos foi grande campo de agitação política e zona de combate. Em 12 de setembro de 1969 o Decreto-Lei 865 determinou que Santos passasse a ser considerada área de segurança nacional (devido ao Porto de Santos e a grande presença de instalações militares) como já acontecia com a cidade vizinha de Cubatão (devido a presença da COSIPA e das indústrias petroquímicas).

Em 1983, com o retorno à normalidade e à redemocratização, Santos deixa de ser considerada área de segurança nacional e volta a ter plena autonomia política.

Oswaldo Justo é nomeado por aclamação para concorrer a Prefeitura de Santos, tendo como candidato a vice-prefeito Esmeraldo Tarquínio Neto, filho de seu antigo colega de candidatura Esmeraldo Tarquínio, sendo eleito com ampla margem em 1984.

Com isso, assume, pelo voto popular, a prefeitura de Santos, após 16 anos de intervenção da ditadura na cidade, governando-a até 1988.

Á época, com dificuldades de saúde e recém submetido a tratamento da pólio-artrite-reumatoide crônica, procurou auxílio na medicina oriental e mudou o estilo de vida, adotando a alimentação macrobiótica e praticando karatê, esporte no qual chegou à faixa preta, e cuja prática introduziu nas escolas municipais de Santos[3].

Com a mudança de estilo de vida, Oswaldo Justo passou a acordar às 4 da manhã, hábito que o levava a iniciar cedo o expediente no Paço Municipal. Tornaram-se famosas as “reuniões da madrugada” com o secretariado e a comunidade, a partir das 5 da manhã[4], o que lhe rendeu o apelido de "Prefeito da Alvorada"[3].

Oswaldo Justo também se destacou pelos projetos urbanísticos e estéticos, em especial com a jardinagem dos entornos das ferrovias santistas, o que acabou por tornar a flor margarida, plantada em larga escala na cidade, o símbolo de sua gestão como prefeito.

Deputado estadual

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Em 1990, após o fim de seu mandato como prefeito de Santos, candidata-se a deputado estadual e é eleito como um dos mais votados da região.

Em 1992, ainda como deputado estadual, candidata-se novamente à prefeitura, mas é derrotado por David Capistrano Filho (PT).

É reeleito deputado estadual em 1994, e em 1996 candidata-se pela última vez à prefeitura, tendo sido derrotado agora por Beto Mansur (PPB).

Fim da trajetória pública eletiva

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Oswaldo Justo já havia sido vereador durante 20 anos e vice-prefeito de Esmeraldo Tarquínio.

Mesmo após ter deixado a Prefeitura e servido na Assembleia Legislativa de São Paulo como deputado estadual por dois mandatos consecutivos, o último deles encerrado em 1998, Oswaldo Justo manteve-se na presidência do diretório do PMDB em Santos.

Na tarde de 14 de abril de 2003, Oswaldo Justo falece após uma longa batalha contra um câncer na próstata. O então prefeito de Santos Beto Mansur (PP) decretou luto oficial de três dias.

O velório foi realizado no Salão Nobre Esmeraldo Tarquínio (batizado em homenagem ao seu colega de candidatura a prefeitura em 1968), no Paço Municipal, e o enterro foi realizado no Cemitério da Filosofia[3].

Referências

  1. «Morre ex-deputado Oswaldo Justo». Alesp - Assembleia Legislativa do estado de São Paulo. 15 de abril de 2003. Consultado em 30 de agosto de 2024 
  2. a b c d e Luiz Antonio de Paula Nunes (novembro de 2005). «"A construção da esfera pública no planejamento urbano". "Um percurso histórico: Santos, 1945 – 2000".» (PDF). Consultado em 29 de junho de 2017 
  3. a b c http://www.novomilenio.inf.br/real/ed119j.htm
  4. http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0117.htm
Precedido por
Paulo Gomes Barbosa
Prefeito de Santos
1984 — 1989
Sucedido por
Telma de Souza