República da Nova Áfrika

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A bandeira da República da Nova Áfrika
O território proposto é concentrado em áreas onde a maior porcentagem da população classificada como negra vive nos Estados Unidos (2000).

A República da Nova Áfrika (RNA), fundada em 1968 como a República da Nova África (RNA), é uma organização do nacionalismo negro e movimento do separatismo negro popularizada por grupos combatentes da libertação negra nos Estados Unidos. O grande movimento Nova Áfrika em particular possui três objetivos:

  • Criação de um país independente majoritariamente negro situado no região Sudeste, no coração de uma área de população majoritariamente negra.
  • Pagamento pelo governo federal de bilhões de dólares em reparação aos afro-americanos descendentes de escravos pelos danos causados nos africanos e seus descendentes pela escravidão fiduciária, leis de Jim Crow, e formas modernas de racismo.
  • Um referendo de todos os afro-americanos para determinar seus desejos por cidadania; líderes do movimento dizem que não puderam fazer uma escolha em relação a este assunto após a emancipação em 1865 em decorrência da Guerra Civil Norte-Americana.

A visão para este país foi promulgada primeiramente pela Sociedade Malcolm X[1] no dia 31 de março de 1968, em uma Conferência do Governo Negro realizada em Detroit, Michigan. Os participantes da conferência redigiram uma constituição e declaração de independência.[1] Seus proponentes reivindicam cinco estados do Sul: Louisiana, Mississippi, Alabama, Geórgia e Carolina do Sul; além dos condados majoritariamente negros adjacentes a esta área no Arkansas, Texas, Carolina do Norte, Tennessee e Flórida.[2]

História[editar | editar código-fonte]

A Conferência do Governo Negro foi convocada pela Sociedade Malcolm X e o Grupo de Liderança Avançada, duas organizações negras influentes sediadas em Detroit com amplo seguimento. Os participantes produziram uma Declaração de Independência (assinada por 100 conferentes de aproximadamente 500), uma constituição e a estrutura para um governo provisório. Robert F. Williams, um polêmico defensor dos direitos humanos que na época vivia exilado na China, foi escolhido como o primeiro presidente do governo provisório; o advogado Milton Henry (estudioso dos ensinamentos de Malcolm X) foi nomeado primeiro vice presidente; e Betty Shabazz, viúva de Malcolm, foi nomeada segunda vice presidente.

O Governo Provisório da República da Nova África (GP-RNA) defendia/defende uma forma de economia cooperativa através da construção de Novas Comunidades — nomeadas após o conceito de Ujamaa promovido pelo então presidente da Tanzânia, Julius Nyerere. O governo propunha a autodefesa militante através da construção de milícias locais e um exército permanente a ser chamado de Legião Negra; e a construção de organizações pautadas em raça para defender o direito a autodeterminação dos povos afrodescendentes.

A organização se envolveu em várias polêmicas. Por exemplo, tentou assistir a região de Oceanhill-Brownsville no Brooklyn a se separar dos Estados Unidos durante o conflito de 1968 sobre o controle das escola públicas. Adicionalmente, se envolveu em tiroteios na Igreja Batista New Bethel em 1969 e outro em Jackson, Mississippi, em 1971 (a organização havia anunciado que a capital da República seria no Condado de Hinds, Mississippi, localizada na fazenda de um dos membros). Nos confrontos, policiais foram mortos e feridos. Membros da organização foram condenados.

O FBI listou a República da Nova Áfrika como um grupo sedicioso devido à sua defesa da secessão. Foram realizados ataques em suas reuniões, o que levou a confrontos violentos. Certos líderes foram repetidamente presos e condenados. O grupo foi alvo da operação COINTELPRO do FBI, assim como ataques de unidades de inteligência policial da Polícia do Estado do Michigan e do Departamento de Polícia de Detroit, entre outras cidades.

Membros notáveis[editar | editar código-fonte]

  • Monster Kody, líder da gangue Eight Tray Crips, atualmente encarcerado na Prisão Estadual Centinela.
  • Robert F. Williams foi um nacionalista negro eleito como o primeiro presidente da República da Nova Áfrika.[3]
  • Milton Henry, também conhecido como "Brother Gaidi Obadele", foi um dos principais fundadores da República da Nova Áfrika. Foi eleito como o primeiro vice presidente da primeira administração em 1968.[3]
  • Betty Shabazz, viúva de Malcolm X, foi eleita como segunda vice presidente da primeira administração em 1968, trabalhando junto com Williams e Henry.[3]
  • Chokwe Lumumba, anteriormente Edwin Finley Taliaferro de Detroit, foi eleito como segundo vice presidente em 1971. Mais tarde se tornou advogado, trabalhando em defesa pública em Michigan e no Mississippi. Após se mudar para Jackson, Mississippi, foi eleito para o conselho da cidade lá. Foi eleito prefeito em 2013, morrendo no escritório em 2014 de causas naturais.

Líderes[editar | editar código-fonte]

  • Robert F. Williams, Presidente em Exílio (1968–1971)
  • Imari Obadele, Presidente (1971–1991)
    • Dara Abubakari, Presidente em Exercício (1975–1980)
  • Kwame Afoh (1994–2000)
  • Demetri Marshall (2000–2002)
  • Ukali Mwendo (2002–2005)
  • Alvin H. Brown

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • The Article Three Brief. 1973.
  • Obadele, Imari Abubakari. Foundations of the Black Nation, Detroit: House of Songay, 1975.
  • Brother Imari [Obadele, Imari]. War In America: The Malcolm X Doctrine, Chicago: Ujamaa Distributors, 1977.
  • Kehinde, Muata. RNA President Imari Obadele is Free After Years of Illegal U.S. Imprisonment. In Burning Spear Louisville: African Peoples Socialist Party, 1980. pp. 4–28
  • Obadele, Imari Abubakari. The Malcolm Generation & Other Stories, Philadelphia: House of Songhay, 1982.
  • Taifa, Nkechi, e Lumumba, Chokwe. Reparations Yes! 3rd ed. Baton Rouge: House of Songhay, 1983, 1987, 1993.
  • Obadele, Imari Abubakari. Free The Land!: The True Story of the Trials of the RNA-11 Washington, D.C. House of Songhay, 1984.
  • New Afrikan State-Building in North America. Ann Arbor. Univ. of Michigan Microfilm, 1985, pp. 345–357.
  • "The First New Afrikan States". In The Black Collegian, Jan./Feb. 1986.
  • A Beginner's Outline of the History of Afrikan People, 1st ed. Washington, D.C. House of Songhay, Commission for Positive Education, 1987.
  • America The Nation-State. Washington, D.C. and Baton Rouge. House of Songhay, Commission for Positive Education, 1989, 1988.
  • Walker, Kwaku, and Walker, Abena. Black Genius. Baton Rouge. House of Songhay, Commission for Positive Education, 1991.
  • Afoh, Kwame, Lumumba, Chokwe, and Obafemi, Ahmed. A Brief History of the Black Struggle in America, With Obadele's Macro-Level Theory of Human Organization. Baton Rouge. House of Songhay, Commission for Positive Education, 1991.
  • RNA. A People's Struggle. RNA, Box 90604, Washington, D.C. 20090-0604.
  • The Republic of New Africa New Afrikan Ujamaa: The Economics of the Republic of New Africa. 21p. San Francisco. 1970.
  • Obadele, Imari Abubakari. The Struggle for Independence and Reparations from the United States 142p. Baton Rouge. House of Songhay, 2004.
  • Obadele, Imari A., editor De-Colonization U.S.A.: The Independence Struggle of the Black Nation in the United States Centering on the 1996 United Nations Petition 228p. Baton Rouge. The Malcolm Generation, 1997.

Referências

  1. a b Mjagkij, Nina (13 de maio de 2013). Organizing Black America (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 1135581231 
  2. http://www.blackpast.org/aah/republic-new-africa-1968
  3. a b c Salvatore, N. A. (2005). Singing in a Strange Land: C. L. Franklin, the Black Church, and the Transformation of America. New York: Little, Brown and Company.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Links da RNA[editar | editar código-fonte]

Arquivos[editar | editar código-fonte]

Artigos e reportagens[editar | editar código-fonte]