Robôs com pernas

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Robôs com pernas são um tipo de robô móvel que usam membros articulados, como mecanismos de pernas, para se locomover. Eles são mais versáteis que robôs com rodas e podem atravessar diversos tipos de terrenos, embora essas vantagens aumentem a complexidade e consumo de energia do robô. Robôs com pernas comumente imitam animais com pernas, como humanos e insetos, sendo exemplo de biomimetismo.[1][2]

Marcha e padrão de suporte[editar | editar código-fonte]

Robôs com pernas, os máquinas caminhantes, são projetados para se locomoverem em terrenos irregulares e requerem controle dos atuadores das pernas para manterem-se equilibrados, sensores para determinar o posicionamento dos pés e algoritmos de planejamento para determinar a direção e velocidade de movimento.[3][4] O contato periódico das pernas do robô com o solo é chamado de marcha.

Para manter a locomoção, o centro de gravidade do robô caminhante deve ser mantido suportado ou estatica ou dinamicamente. Suporte estático é obtido quando o centro de gravidade está dentro do padrão de apoios formado pelas pernas em contato com o solo. Suporte dinâmica é obtido quando a trajetória do centro de gravidade é mantida em uma localização que pode ser reposicionada pelas forças de um ou mais membros das pernas.[5]

Tipos[editar | editar código-fonte]

Robôs com pernas podem ser categorizados pelo número de membros que utilizam, o que determina o tipo de marcha disponível. Robôs multípedes tendem a ser mais estáveis, enquanto robôs com menos pernas tendem a ser mais manobráveis.

Monópode[editar | editar código-fonte]

Os robôs de uma perna, monópodes, ou "pula-pula" usam um movimento de salto para a navegação. Na década de 1980, a Carnegie Mellon University desenvolveu um exemplar desse robô de uma perna para estudar o equilíbrio.[6] Outro exemplo de monópode é o robô SALTO da University of California, Berkeley.[7][8][9][10]

Bípede[editar | editar código-fonte]

Robôs com duas pernas apresentam locomoção bipedal. Sendo assim, apresentam dois problemas principais:

  1. Controle de estabilidade, relacionado ao equilíbrio do robô
  2. Controle de movimento, relacionado à capacidade do robô se movimentar

O controle de estabilidade é particularmente difícil para sistemas bípedes, que devem manter o equilíbrio na direção para frente e para trás, mesmo em repouso.[1] Alguns robôs, especialmente brinquedos, resolvem esse problema com pés grandes, o que proporciona maior estabilidade e reduz a mobilidade. Em sistemas mais avançados, a alternativa é a utilização de sensores como acelerômetros ou giroscópios para fornecer feedback dinâmico de forma similar ao funcionamento do equilíbrio de um ser humano.[1] Tais sensores também são empregados para controle de movimento e caminhada.

O movimento bipedal simples pode ser aproximado por um polígono em rotação, em que o comprimento de cada lado corresponde ao de um único passo. À medida que o comprimento do passo diminui, o número de lados aumenta e o movimento de caminhada se aproxima à rolagem de um círculo. Essa abstração conecta o movimento bípede ao movimento com rodas para o limite de passos curtos.[2]

São exemplos de robôs bípedes:

  • O robô Atlas da Boston Dynamics
  • Os robôs de brinquedos como QRIO e ASIMO.
  • O robô Valkyrie da NASA, cujo propósito é auxiliar humanos em Marte.[11]
  • O robô TOPIO, que joga tênis de mesa.

Quadrúpede[editar | editar código-fonte]

Robôs quadrúpedes, quadrúpedes, se beneficiam do aumento da estabilidade sobre os robôs bípedes, especialmente durante o movimento. Em velocidades baixas, um robô quadrúpede movem uma perna de cada vez, garantindo um sempre três pontos de apoio para manter a estabilidade. Os robôs de quatro pernas também se beneficiam de um centro de gravidade mais baixo do que os sistemas de duas pernas.[1]

São exemplos de robôs quadrúpedes:

Hexápode[editar | editar código-fonte]

Os robôs de seis patas, ou hexápodes, são possuem estabilidade ainda maior do que os robôs bípedes ou quadrúpedes. O projeto desse tipo de robô geralmente imita a mecânica dos insetos, e seus tipos de marcha podem ser categorizadas da mesma forma:

  • Marcha em ondas: uma marcha mais lenta, na qual pares de pernas se movem em uma "onda" de trás para frente.
  • Marcha de tripé: uma marcha um pouco mais rápido, em que três pernas se movem ao mesmo tempo. As três pernas restantes fornecem um tripé estável para o robô.[1]

São exemplos de robôs hexápodes:

  • O robô Odex, um hexápode de 170kg desenvolvido pela Odetics nos anos 80. A Odex se distinguia por seus computadores embarcados, que eram capazes de controlar cada uma das pernas.[6]
  • O robô Genghis, um dos primeiros robôs autônomos hexápodes, desenvolvido por Rodney Brooks no MIT nos anos 80.[1][13]
  • A série moderna de brinquedos, Hexbug.

Octópode[editar | editar código-fonte]

Robôs de oito pernas, octópodes, são inspirados por aranhas e outros aracnídeos, além de alguns animais caminhantes subaquáticos. Eles oferecem a maior estabilidade, o que resultou nos sucessos iniciais dos estudos de robôs com pernas.[1]

São exemplos de robôs octópodes:

  • O robô Dante, um projeto da Carnegie Mellon University para a exploração do Monte Erebus.[1]
  • O robô T8X, que está comercialmente disponível e simula a aparência e os movimentos de uma aranha.[14]

Híbridos[editar | editar código-fonte]

Alguns robôs usam a combinação de pernas e rodas. Isso permite que o robô possa atingir maiores velocidade e eficiência, como em um robô com rodas, enquanto preserva a mobilidade da locomoção com pernas. O robô Handle da Boston Dynamics é um exemplo de robô bípede com rodas em ambas suas pernas.[15]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h i Bekey, George A. (2005). Autonomous robots: from biological inspiration to implementation and control. Cambridge, Massachusetts: MIT Press. ISBN 978-0-262-02578-2 
  2. a b Wang, Lingfeng.; Tan, K. C.; Chew, Chee Meng. (2006). Evolutionary robotics: from algorithms to implementations. Hackensack, N.J.: World Scientific Pub. ISBN 978-981-256-870-0 
  3. S. M. Song and K. J. Waldron, Machines that Walk: The Adaptive Suspension Vehicle, The MIT Press, 327 pp
  4. J. Michael McCarthy (março de 2019). Kinematic Synthesis of Mechanisms: a project based approach. [S.l.]: MDA Press 
  5. M. H. Raibert, Legged Robots That Balance. Cambridge, MA: MIT Press, 1986.
  6. a b Britton, Peter (setembro de 1984). «Engineering the new breed of walking machines». Popular Science. 225 (3). pp. 67–69 
  7. Israel, Brett (6 de dezembro de 2016). «Wall-jumping robot is most vertically agile ever built». Berkeley News. Consultado em 7 de junho de 2017 
  8. Jason Falconer. "Two-part “stutter jumps" could reduce jumping robot power consumption". 2012.
  9. Byron Spice. "BowGo! CMU robotics researchers develop a pogo stick that aims high". 2001.
  10. Liv. "Explosive Pogo Stick Robot Leaps Over 25-Foot Obstacles" 2009
  11. Subbaraman, Nidhi. 2013. "'Hero' Humanoid Valkyrie Is NASA's Newest Biped Robot." NBC News. December 11.
  12. «BigDog - The Most Advanced Rough-Terrain Robot on Earth». Boston Dynamics. Consultado em 7 de junho de 2017 
  13. Brooks, R. (1989). A robot that walks: Emergent behaviors from a carefully evolved network. Neural Computation 1(2): 253-262; reprinted in R. Brooks, Cambrian Intelligence: The Early History of the New AI (Cambridge, Massachusetts: MIT Press), chap. 2.
  14. Walsh, Michael (11 de fevereiro de 2017). «Giant Robot Spiders Will Soon Rule Us All». Nerdist. Consultado em 7 de junho de 2017 
  15. Ackerman, Erico Guizzo and Evan (27 de fevereiro de 2017). «Boston Dynamics Officially Unveils Its Wheel-Leg Robot: "Best of Both Worlds"». IEEE Spectrum: Technology, Engineering, and Science News. Consultado em 7 de junho de 2017