Saltar para o conteúdo

Simon Goulart

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Simon Goulart
Simon Goulart
Nascimento 20 de outubro de 1543
Senlis
Morte 3 de fevereiro de 1628 (84 anos)
Genebra
Cidadania França, República de Genebra
Ocupação teólogo, filósofo, escritor
Religião protestantismo

Simon Goulart (Senlis, 20 de outubro de 1543Genève, 3 de fevereiro de 1628), também conhecido por Simon Goulard de Senlis, foi um teólogo e humanista, considerado um dos expontes do pensamento teológico do protestantismo francês.[1][2][3]

Goulart estudou Direito em Paris. Tendo abraçado a religião reformada, refugiou-se em março de 1566, em Genebra, onde foi recebido como ministro do culto. Em 1570, casou em Genebra com Suzanne Picot, sendo admitido gratuitamente na burguesia de Genebra. Em 1589 era capelão das tropas de Genebra durante a guerra contra os Estados de Saboia.

Em 1595 pregou contra Henri IV da França. Sucedeu a Théodore de Bèze como moderador da Compagnie des pasteurs (Fraternidade dos Pastores), exercendo o cargo de 1607 a 1612.

Em 1602, durante a L'Escalade, era pároco do templo de Saint-Gervais, paróquia localizado na margem direita de Genebra. Tendo exortado os habitantes daquela parte da cidade a darem uma mão aos seus vizinhos do lado oposto, permaneceu na margem direita para apoiar a defesa da cidade através da oração. Em 1603, ele escreveu o relato intitulado Vray discours de la miraculeuse délivrance envoyée de Dieu à la ville de Genève, le 12 jour de décembre 1602 (Verdadeiro discurso da libertação milagrosa enviada por Deus à cidade de Genebra, no dia 12 de dezembro de 1602), um relato do ataque das forças de Saboia contra a cidade de Genebra.

Como humanista, traduziu Plutarco e Xenofonte. Também redigiu as obras históricas Trésor d'histoires admirables et mémorables de notre temps (Genève, 1620) e Mémoires historiques sur la Ligue.

Em 1580 traduziu a História de Portugal (Histoire de Portugal)[4] de Osorius e de Fernão Lopes de Castanheda. A epístola dedicatória a Nicolas Pithou começa assim: «MONSIEUR, acho que aqueles que nos conhecem vão achar estranho e doentio a princípio, que coloquei minha mão nesta história, para comunicá-la à nossa nação: e que tendo sido dedicado por Osorius a um Príncipe, eu lha apresento agora. Quanto a este primeiro ponto, não nego que durante o tempo que passei neste trabalho pude desocupar coisas mais sérias, mais adequadas aos meus estudos, e mais adequadas à minha vocação.» A obra está datada de bourg de Sainct Gervais, no vigésimo dia de outubro MDLXXX. Desde 1571 que vivia na paróquia de Saint- Gervais, em Genebra.

Em 1581, produziu um Comentário alfabético (um índice) do poema La Sepmaine de Guillaume du Bartas que foi publicado numa edição expandida do poeta gascão. Em 1589, com o mesmo editor (Jacques Chouet, de Genebra), publicou novamente este comentário, enriquecido com observações adicionais. Por sua vez, o católico Pantaléon Thévenin também comentou este vasto poeta enciclopédico.

De 1576 a 1597, publicou canções espirituais e salmos de vários compositores para vários impressores de Lyon, Heidelberg e Genebra. As composições são canções seculares cujo texto foi substituído por um texto espiritual mais apto a ser cantado nas casas de oração calvinistas. O principal compositor utilizado foi Roland de Lassus. Nestas composções, Goulart adopta a mesma abordagem que Jean Pasquier, cujas edições o precederam em La Rochelle. Essas edições alteradas são feitas sem a autorização do compositor, pois apesar dos privilégios concedidos a Roland de Lassus pelos reis da França, as mesmas não se aplicavam em Genebra.[5].

Goulart também anotou a obra O Grande Espelho do Mundo (le Grand Miroir du Monde), do poeta protestante Joseph Duchesne, senhor de la Violette (1593). Goulart é também o autor de Imitations chrestiennes. Segundo Olivier Pot, Goulart defendia a existência de uma academia literária protestante.

Simon Goulart é homenageado na toponímia de Genebra, cidade onde uma praça tem o seu nome.

Obras publicadas

[editar | editar código-fonte]
  • Les devins ou Commentaire des principales sortes de devinations : Distingué en quinze livres, esquels les ruses & impostures de Satan sont descouvertes, solidement refutees, & separees d'avec les sainctes Propheties & d'avec les predictions Naturelles de Caspar Peucer, traduction de Simon Goulart, Anvers, Hevdrik Connix, 1584. (et Lyon, Barthélemy Honot, 1584)
  • Commentaires et annotations sur la Sepmaine, de la creation du monde, de G. Saluste, Seigneur du Bartas, Paris, Abel L'Angelier, 1588. In-12, XII f., I f., table, 432 f. [Arbour 18722]
  • Histoire de Portugal contenant les entreprises, navigations et gestes memorables des Portugallois, [... depuis l’an 1496 jusques en l’an 1578, [...] comprinse en 20 livres dont les 12 premiers sont traduits du latin de Jerosme Osorius... les 8 suivans prins de Lopez de Castagne et d'autres historiens. Nouvelement mise en françois par S.G.S. [S. Goulart.]], s.l., François Étienne, 1581.
  • Mémoires de l’estat de France sous Henri III. & Henri IIII Rois de France. Comprenans en six Volumes, ou Recueils distincts, Infinies particularités memorables des affaires deLa Ligue, depuis l’an 1576. Jusques à l’an 1598.

Referências

  1. Laurence Vial-Bergon, «Goulart, Simon» in DHS Dictionnaire Historique de la Suisse.
  2. L.C. Jones, Simon Goulart 1543-1628, 1916.
  3. J.-F. Gilmont, «Un commentateur de Du Bartas», in Du Bartas 1590-1990, 1992, 243-261.
  4. Histoire de Portugal, contenant les entreprises, nauigations, & gestes memorables des Portugallois, tant en la co[n]queste des Indes Orientales par eux descouuertes, qu'és guerres d'Afrique & autres exploits depuis l'an mil quatre cens nonãte six, iusques à l'an mil cinq cens septante huit, sous Emmanuel premier, Iean troisieme, & Sebastian, premier du nom. Comprinse en vingt livres dont les douze premiers sont traduits du latin de Ierosme Osorius, Euesque de Sylues en Algarve, les huit suiuans prins de Lopez de Castagnede & d'autres historiens / Nouuellement mise en François, par S.G.S.... [Genéve] : de l'Imprimerie de François Estienne : pour Antoine Chuppin, 1581.
  5. Sobre este aspecto da obra de Simon Goulart, ver em particular Adams 1980, Coeurdevey 2009 e Groot 2016.
  • Gilles Banderier, « Simon Goulart et ses correspondants (1574-1627)», P. Y. Beaurepaire, J. Häseler, A. McKenna, éd., Réseaux de correspondances à l'âge classique (XVIe - XVIIIe siècle), Saint-Étienne, Publications de l'Université de Saint-Étienne, 2006, p. 45-57.
  • Jean Céard, « Les transformations du genre du commentaire », L'Automne de la Renaissance, Paris, Vrin, 1981.
  • Léonard Chester Jones, Simon Goulart, 1543-1628. Étude biographique et bibliographique, Paris, Librairie Honoré Champion, 1917.
  • Jean-François Gilmont, « Goulart Simon », Dictionnaire d'histoire et de géographie historiques, t. 21, 1986, col. 939-946.
  • Jean-François Gilmont, « Un commentateur de Du Bartas : Simon Goulart l'épigone », Du Bartas 1590-1990, études réunies et publiées par James Dauphiné, Mont-de-Marsan, Éditions Interuniversitaires, 1992, p. 243-262.
  • Cécile Huchard, D'Encre et de sang : Simon Goulart et la Saint-Barthélemy, Paris, Honoré Champion, 2007 (coll. Bibliothèque littéraire de la Renaissance, n° 69).
  • Olivier Pot, « Une encyclopédie protestante autour de Goulart », Bibliothèque d'Humanisme de Renaissance 56 (1994), p. 475-494.
  • Courtney S. Adams, « Simon Goulart (1543-1628), editor of music, scholar, and moralist », Studies in musicology in honor of Otto E. Albrecht, Kassel, Bärenreiter, 1980, p. 125-141).
  • H. Perrochon, « Simon Goulart, commentateur de la Première Sepmaine de Du Bartas », Revue d'Histoire Littéraire de la France, t. 32, 1925, p. 397-401.
  • Jacques Pineaux, « Les Imitations chrestiennes de Simon Goulart », Bulletin de la Société d'Histoire du Protestantisme français, t. 116, 1970.
  • I.L. Olivyer et Jean-François Boëdec, Les Soleils de Simon Goulart : la vague OVNI de 1500 à 1600 d'après "Histoires admirables et mémorables de notre temps", Marseille, Les Runes d'Or, 1981.
  • Daisy Aaronian, « La censure de Simon Goulart dans l'édition 'genevoise' des Essais (1595) », Bulletin de la Société des Amis de Montaigne, Predefinição:VIIIe série, Predefinição:N°, juillet-Predefinição:Date-, p. 83-97.
  • Romain Weber, « Le Thresor d'histoires admirables et memorables de nostre temps de Simon Goulart », Fictions narratives en prose de l'âge baroque, Paris, Honoré Champion, 2007, p. 742-748.
  • Predefinição:DHS
  • Simon Groot, « The Cinquante pseaumes de David (Heidelberg 1597): an issue of Protestant psalms with music by Orlandus Lassus and others », Tijdschrift van de Koninklijke Vereniging voor Nederlandse Muziekgeschiedenis, 66/1-2 (2016), p. 62-104.
  • Annie Coeurdevey, « Les Psaumes de David (1597) : contrafacta et unica dans la dernière publication musicale de Simon Goulart », "La la la Maistre Henri..." Mélanges de musicologie offerts à Henri Vanhulst, ed. C. Ballman & V. Dufour, Turnhout, Brepols, 2009, p. 187-212.