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Tentativa de assassinato do Papa João Paulo II

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Tentativa de assassinato de João Paulo II
Tentativa de assassinato do Papa João Paulo II
O Papa fotografado momentos depois de ser baleado por Mehmet Ali Ağca na Praça de São Pedro em 13 de maio de 1981. Note que seu dedo está machucado.
Local Praça de São Pedro, Vaticano
Data 13 de maio de 1981 (43 anos)
Tipo de ataque disparos de arma de fogo
Feridos 3
Responsável(is) Mehmet Ali Ağca

A tentativa de assassinato do Papa João Paulo II ocorreu em 13 de maio de 1981, uma quarta-feira, na Praça de São Pedro, no Vaticano. O papa foi baleado e gravemente ferido por Mehmet Ali Ağca, um terrorista turco, enquanto estava a entrar na praça. João Paulo II foi atingido duas vezes e sofreu perda de grande quantidade de sangue. Ağca foi detido imediatamente e posteriormente condenado à prisão perpétua por um tribunal italiano. Mais tarde, o Papa perdoou o terrorista pela tentativa de homicídio. Ele também recebeu o perdão do então presidente da Itália, Carlo Azeglio Ciampi, a pedido do religioso e foi deportado para a Turquia em junho de 2000.

O local exato do atentado foi marcado no chão da Praça de São Pedro. Em uma rocha, estão o brasão de armas de João Paulo II e a data do atentado, em numerais romanos

Quando ele entrou na Praça de São Pedro para discursar para uma audiência em 13 de maio de 1981, João Paulo II foi baleado e gravemente ferido por Mehmet Ali Ağca,[1][2][3] um perito atirador turco que era membro do grupo militante fascista Lobos Cinzentos.[4] O assassino usou uma pistola semiautomática 9 mm Browning,[5] atingindo-o no abdômen e perfurando seu cólon e intestino delgado várias vezes.[6] João Paulo II foi levado às pressas para a Policlínica Gemelli. No caminho para o hospital, ele perdeu a consciência. Ele passou por cinco horas de cirurgia para tratar sua perda maciça de sangue e feridas abdominais.[7] Os cirurgiões realizaram uma colostomia, reencaminhando temporariamente a parte superior do intestino grosso para deixar a parte danificada inferior curar.[7] Quando ele ganhou rapidamente a consciência antes de ser operado, ele instruiu os médicos para não remover o seu Escapulário de Nossa Senhora do Carmo durante a operação.[8][9] O Papa afirmou que Nossa Senhora de Fátima ajudou a mantê-lo vivo durante todo o seu calvário.[1][3][10]

Em 2 de março de 2006, uma comissão parlamentar italiana, a Comissão Mitrokhin, criada por Silvio Berlusconi e dirigida pelo senador da Forza Italia, Paolo Guzzanti, concluíram que a União Soviética estava por trás do atentado contra a vida de João Paulo II,[4] em retaliação do apoio dado pelo Papa para a organização Solidariedade, o movimento católico de trabalhadores pró-democracia, uma teoria que já havia sido apoiada por Michael Ledeen e a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos.[4] O relatório italiano declarou que certamente os departamento de segurança da Bulgária Comunista foram utilizados para evitar que fosse descoberto o papel da União Soviética. O relatório afirmou que a Inteligência militar soviética (Glavnoje Razvedyvatel'noje Upravlenije)—e não a KGB—foi responsável. O porta-voz do Serviço de inteligência das Relações Exteriores da Rússia, Boris Labusov, chamou a acusação de ‘absurda’. Embora o Papa tivesse declarado, durante uma visita em maio de 2002, para a Bulgária, que não acreditava que aquele país estivesse envolvido com a tentativa de assassinato,[4] seu secretário, Cardeal Stanisław Dziwisz, alegou em seu livro A Life with Karol, que o Papa estava particularmente convencido que a ex-União Soviética estava por trás da tentativa de assassinato.[11] Bulgária e Rússia contestaram as conclusões da comissão italiana, apontando que o Papa negou a conexão búlgara.

Agca passou 19 anos em prisões italianas, sendo depois extraditado para a Turquia, onde foi condenado a prisão perpétua pelo assalto a um banco nos anos 1970 e pelo assassinato de um jornalista em 1979, pena depois comutada para dez anos de prisão.[12] Dois dias depois do Natal em 1983, João Paulo II visitou a prisão onde seu pretenso assassino estava sendo mantido. Os dois conversaram privadamente por 20 minutos.[1][3]

Coincidentemente, os tiros disparados contra o Papa foram feitos no dia 13 de maio. Nesta data, em 1917, Nossa Senhora de Fátima teria feito a sua primeira aparição aos três pastorinhos. O Pontífice sempre afirmou que a Virgem Maria teria "desviado as balas" e salvo a sua vida nesse dia. Um ano depois, a 13 de Maio de 1982 e já recuperado, João Paulo II visita pela primeira vez o Santuário de Nossa Senhora de Fátima para agradecer à Virgem o ter salvo. O Santo Padre ofereceu uma das balas que o atingiu ao Santuário. Essa bala foi posteriormente colocada na coroa da Virgem, onde permanece até hoje.[13]

Referências

  1. a b c Maxwell-Stuart, P.G. (2006). Chronicle of the Popes: Trying to Come Full Circle. Londres: Thames & Hudson. p. 234. ISBN 0500017980 
  2. «John Paul II Biography (1920–2005)». A&E Television Networks. Cópia arquivada em 27 de novembro de 2013 
  3. a b c Dziwisz, Bishop Stanisław: Conference 13 de maio de 2001
  4. a b c d Lee, Martin A. (14 de maio de 2001). The 1981 Assassination Attempt of Pope John Paul II, The Grey Wolves, and Turkish & U.S. Government Intelligence Agencies. [S.l.]: San Francisco Bay Guardian. p. 23, 25 
  5. «1981 Year in Review: Pope John Paul II Assassination Attempt». Upi.com. Consultado em 8 de janeiro de 2012. Cópia arquivada em 22 de dezembro de 2009 
  6. Bottum, Joseph (18 de abril de 2005). «John Paul the Great». Weekly Standard. p. 1–2. Consultado em 1 de janeiro de 2009. Cópia arquivada em 9 de abril de 2005 
  7. a b Time Magazine: Pope Half Alive: 1982, p. 1
  8. Lo Scapolare del Carmelo Published by Shalom, 2005 ISBN 88-8404-081-7 p. 6
  9. «HelpFellowship». HelpFellowship. Consultado em 12 de setembro de 2010. Cópia arquivada em 17 de dezembro de 2005 
  10. Bertone, Tarcisio: 2009
  11. «Late Pope 'thought of retiring'». BBC News. 22 de janeiro de 2007. Consultado em 1 de janeiro de 2009. Cópia arquivada em 16 de janeiro de 2014 
  12. «Atentado contra João Paulo II decidido por Brejnev - Agência Ecclesia». Consultado em 8 de janeiro de 2012. Cópia arquivada em 7 de abril de 2014 
  13. «Atentado contra o Papa». terra.com.br. Consultado em 9 de janeiro de 2008. Cópia arquivada em 25 de abril de 2014