Txai Suruí

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Txai Suruí
Txai Suruí
Nascimento Walelasoetxeige Paiter Bandeira Surui
1997 (27 anos)
Rondônia
Cidadania Brasil
Etnia Suruí de Rondônia
Progenitores
Alma mater
Ocupação ativista dos direitos humanos, ambientalista

Txai Suruí (Rondônia, 1997) é uma líder indígena ativista brasileira da etnia suruí. Ela é coordenadora do Movimento da Juventude Indígena e trabalha na organização não governamental de defesa dos direitos indígenas Kanindé. Além disso, é Embaixadorie da Z1, um programa de embaixadores de uma conta digital para adolescentes.[1][2]

Foi a primeira indígena a discursar na abertura de uma conferência do clima, tendo participado, em novembro de 2021, da COP26.[3][4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Seu nome de batismo é Walelasoetxaige Paiter Suruí, que significa "mulher inteligente, gente de verdade", enquanto Txai quer dizer “mais que amigo, mais que irmão, a metade de mim que existe em você e a metade de você que habita em mim", na língua dos índios Kaxinawá.[5]

É filha de Ivaneide Cardozo, mais conhecida por Neidinha Suruí, e de Almir Suruí, ambos referências da luta indígena por equidade e nomes de destaque na crítica do governo Bolsonaro.[4][6]

Com seis anos, durante a comemoração do ritual Mapimaí, que festeja a criação do mundo, seu pai anunciou que Txai seria uma grande líder indígena.[7] Viveu, com sua família, até os sete anos na aldeia Cacoal, na Terra Indígena Sete de Setembro e, desde então, em Porto Velho. Quando criança, acompanhava os pais nas excursões pela floresta, em defesa do território.[6][7]

Quando Txai tinha por volta de 14 anos, ela e sua família passaram um tempo vivendo sob escolta da Força Nacional Brasileira, por conta de ameaças que recebiam de madeireiros da região, em razão do trabalho ativista que desenvolviam. Desde então ela aprendeu a importância de defender o território e a cultura dos povos da floresta.[3][7]

Em 2020, a 18 de abril, Ari Uru-Eu-Wau-Wau, líder indígena e seu amigo de infância, foi assassinado.[6][7]

Em novembro de 2021, discursou, em inglês, na abertura da Conferência do Clima da ONU, a COP26, tornando-se a primeira indígena a alcançar tal feito.[3][4]

"Mas meu povo vive na Amazônia há cerca de 6.000 anos. Meu pai (...) me ensinou que nós devemos ouvir as estrelas, a lua, os animais e as árvores. Hoje, o clima está aquecendo, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, e nossas plantas não florescem como antes. A Terra está falando, e ela nos diz que não temos mais tempo", disse, em entrevista, após sua participação naquele evento.[2]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Txai Suruí foi a primeira do povo Suruí a ingressar na área jurídica, quando decidiu cursar Direito na Universidade Federal de Rondônia (Unir), que ainda frequenta.[2][8]

Txai tem um trabalho amplo de defesa dos povos originários. No início de 2021, fundou o Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, organização com cerca de 1.700 membros, que ela própria coordena e com a qual participa de ações e mobilizações, exigindo, por exemplo, a demarcação de terras e a garantia de direitos aos povos originários.[3][6][8][9] Além disso, antes mesmo de concluída sua formação, trabalha na parte jurídica da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, organização social de defesa dos direitos indígenas.[10] É também Embaixadorie da Z1, programa de embaixadores de uma conta digital para adolescentes.[3]

Txai foi a única brasileira a discursar na COP26, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Glasgow, na Escócia;[4] e também a primeira indígena a discursar numa conferência climática. Seu discurso ocorreu na abertura do evento e apresentou as reivindicações sobre as mudanças climáticas dos povos indígenas no Brasil.[3][8][11][12]

A jovem indígena rapidamente virou alvo de mensagens de ódio, sobretudo depois que Bolsonaro a criticou por seu discurso na abertura da COP26.[3]

Ao fim de seu discurso, enquanto os vídeos de sua apresentação já viralizavam na internet, Txai foi abordada por um homem que teria lhe dito para não falar mal do Brasil. Segundo ela, na credencial que o homem usava, era possível ver que ele fazia parte da delegação do governo brasileiro. No dia seguinte, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que não compareceu à conferência COP26, criticou Txai em declarações que desencadearam uma onda de mensagens de ódio direcionadas às redes sociais da ativista. Representantes da ONU entraram em contato com ela sobre o ocorrido e diversas organizações presentes na COP ofereceram suporte jurídico.[3][9]

O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, não negou as ameaças e ainda minimizou o ocorrido.[13]

Depois da COP, Txai Suruí foi para Estocolmo, onde participou de um protesto pelo clima ao lado da ativista ambiental sueca Greta Thunberg.[14]

Referências

  1. Lobato, Alicia (11 de novembro de 2021). «COP26: Após ataques, Txai Suruí teme pela segurança no Brasil». Amazônia Real. Consultado em 28 de novembro de 2021. Cópia arquivada em 20 de novembro de 2021 
  2. a b c «'Gerações futuras não vão nos perdoar se falharmos', diz Boris Johnson na abertura da COP26». G1. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  3. a b c d e f g h Rossi, Marina (9 de novembro de 2021). «Txai Suruí, destaque da COP26: "Vivo sob clima de ameaças desde que me conheço por gente"». El País Brasil. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  4. a b c d «Txai Suruí: "Não há como falar de mudança climática sem falar de pessoas"». Exame. 7 de novembro de 2021. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  5. «Viva Maria: ambientalista avalia impactos de participação inédita de liderança indígena brasileira na Cop26». Radio EBC. 4 de novembro de 2021. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  6. a b c d «Opinião - Rede Social: Txai Suruí é vítima de ataques racistas e posts falsos após fala na COP». Folha de S.Paulo. 11 de novembro de 2021. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  7. a b c d «Txai Suruí, a indígena que falou na COP-26». Dinheiro Rural. 3 de novembro de 2021. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  8. a b c Minas, Estado de; Minas, Estado de (4 de novembro de 2021). «Txai Suru: quem é a indígena que representou o Brasil na COP-26?». Estado de Minas. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  9. a b «Quem é Txai Suruí, jovem que discursou na COP26 e foi criticada por Bolsonaro». BBC News Brasil. 8 de novembro de 2021. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  10. «Quem é Txai Suruí, indígena e única brasileira que discursou na COP26». G1. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  11. «Txai Suruí, indígena brasileira que discursou na COP26, protesta contra mudanças do clima com Greta Thunberg na Suécia». G1. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  12. Estado', 'Agência (3 de novembro de 2021). «Quem é Txai Suruí, a indígena que falou na COP-26». Brasil. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  13. BRASIL, JORNAL DO (19 de novembro de 2021). «Mourão defende exploração mineral em terra indígena». Política. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  14. «Alvo de Bolsonaro, ativista Txai Suruí protesta com Greta». ISTOÉ Independente. 19 de novembro de 2021. Consultado em 22 de novembro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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