Usuário(a):Antonio Spinosa Barbosa Neto/Testes

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Antonio Spinosa Barbosa Neto, ou A. Spinosa, como assina seus trabalhos, é um escultor, artista plástico, brasileiro, autodidata, com 40 anos de carreira, nascido em 4 de março de 1963, em Pentecoste, uma pequena cidade no Estado do Ceará. Spinosa é o oitavo filho de Aprígio Paulino da Cruz e Maria Diva da Cruz. Foi o único dos oitos irmãos que recebeu o nome do avô, Antonio Spinosa, por orientação do próprio avô, que no leito de morte pediu que colocasse o seu nome na criança que estava para nascer. E assim foi feito.

Os pais de Antonio Spinosa eram pessoas muito simples, que trabalhavam como lavradores para sustentar a família. Porém, com a dificuldade de enfrentar muitas secas, o que é comum no nordeste do Brasil, o Sr. Aprígio entrou para um programa do Governo do Ceará para trabalhar na construção da barragem do açude de Pentecoste, onde posteriormente foi efetivado como funcionário do DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra a Seca. Esse fato ocasionou duas mudanças significativas na vida da sua família. Primeiro, a mudança do sertão do Ceará, para a pequena cidade Pentecoste, onde Spinosa nasceu e mais tarde, a mudança para Fortaleza, onde Spinosa cresceu.

Desde muito cedo Antonio Spinosa já demonstrava interesse pela arte. Ainda criança, por volta dos sete anos, desenhava tudo que via. Aos 16 anos de idade, por indicação do pai, foi trabalhar no DNOCS, mesmo órgão onde o pai trabalhava, como ajudante de arquiteto, onde passava a limpo os croquis de projetos dos arquitetos. Foi justamente nesse período que conheceu a técnica de esculpir na madeira, e desde então, seguiu pelos caminhos da escultura.

Início da Carreira em Fortaleza[editar | editar código-fonte]

Aos 18 anos Antonio Spinosa participa de um concurso em Fortaleza para ganhar um ateliê na Central de Artesanato do Ceará Luiza Távora, um espaço destinado a artesãos regionais. Spinosa foi selecionado para ocupar esse espaço e durante três anos desenvolve diversos trabalhos figurativos em madeira, que representavam os hábitos e costumes do Nordeste Brasileiro, sendo um dos mais solicitados na época. Entre os trabalhos desenvolvidos, destaca-se importante Monumento em homenagem a participação do Ceará na Segunda Guerra Mundial, com o título “Grito de Guerra”, encomenda do Batalhão do Exército.

Em 1984, Antonio Spinosa, se inscreve no Salão de Abril, um importante salão de Artes Plásticas, realizado anualmente em Fortaleza, onde haveria o prêmio de primeiro lugar para melhor o trabalho que representasse os 100 anos da libertação dos escravos, que aconteceu na cidade de Redenção (Ceará), em 1884. O município foi o primeiro do Brasil a libertar os escravos. O fato histórico ocorreu no dia 25 de março de 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel.

Dias antes de ser revelado o ganhador do prêmio, o artista plástico J Stélio Carvalho, importante representante das Artes Plásticas do Ceará e membro do jurado do Salão de Abril, chama Spinosa para uma conversa em sua residência, onde Manoel Neto, pintor de arte Naif e amigo próximo de Spinosa, também participa da conversa. Na ocasião, Stélio explica para Spinosa, que ele foi o ganhador do prêmio de melhor trabalho, porém, os jurados haviam decidido cancelar o “Prêmio de Primeiro Lugar” e no lugar oferecer o “Prêmio de Aquisição da Obra em Dinheiro” para o vencedor.

Segundo Stélio, essa escolha se fez pelo fato de Spinosa ainda ser um artista muito jovem e totalmente desconhecido nas Artes Plásticas do Ceará. Então, o motivo da solicitada conversa era para perguntar se Spinosa aceitaria a troca de prêmio feita pelos jurados, o qual Spinosa aceitou receber o prêmio em dinheiro, que na época, era uma quantia bem razoável. Esse fato é muito importante na carreira de Antonio Spinosa, pois o direciona para Artes Plásticas e isso faz com que no mesmo ano de 1984 Spinosa vá morar em São Paulo.

Vida em São Paulo[editar | editar código-fonte]

Aos 21 anos Spinosa muda-se para São Paulo em busca de novas perspectivas e conhecimento a fim de se aprimorar. Aprende novas técnicas como modelagem em argila, e passa a trabalhar suas criações, agora as figuras humanas mais abstraídas, para fundição em bronze. A partir de então, pesquisa outras matérias-primas, como mármore, fibra de vidro e cimento armado. Participa de diversas exposições em São Paulo, e em 1993 faz sua primeira participação internacional na exposição de arte na Organização dos Estados Americanos, em Buenos Aires na Argentina. De volta ao Brasil realiza encomendas para o Rotary Club Internacional e empresas multinacionais. Participa de diversas exposições de arte.

Novo Estilo[editar | editar código-fonte]

Ondas Brancas com Luz de Led

Antonio Spinosa, ainda em busca de algo que identificasse mais seu estilo de trabalho, passa um período sem produzir novos trabalhos, que vai de 2001 a 2005. Nesse período resolve fazer um curso de jardinagem e paisagismo, para ocupar seu tempo. É durante esse período que acontece uma mudança brusca em sua vida artística. Seu estilo se torna totalmente abstrato. As formas que eram curvas do corpo humano, se transformam em linhas onduladas traçadas no aço carbono, a matéria prima que passa a usar para suas criações, as quais as chamam de Ondas Cerebrais ou Ondas da Energia do Pensamento: a partir desse momento o artista começa a relacionar seu trabalho com o seu lado místico que era presente desde da infância.

Em 2006 Spinosa realiza a primeira exposição com as esculturas em aço carbono, onde o estilo dos novos trabalhos apresenta uma característica de leveza, contrastando com a firmeza e dureza do aço.

Essa mudança marca uma nova fase no trabalho e na vida do artista, que em 2008 faz uma viagem pela Europa, junto com sua esposa, Rosana Gonçalves, que também é sua assessora e responsável pela parte comercial. Nessa jornada, visitam a Grécia, Itália, França e Espanha. Nos anos seguintes viajam também para Alemanha, Holanda, Bélgica, Inglaterra, Turquia e Estados Unidos da América. Sendo que na Grécia e na Inglaterra realizou exposições de suas obras.

Em 2011 recebe convite para participar da “Mostra de Escultura em Aço[1][2], 10 artistas Brasileiros” no (CCBB) Centro Cultural Banco do Brasil, do Rio de Janeiro. Onde tem grande destaque da sua escultura “Trançado Vermelho”, publicado em cartazes e banners espalhados pelas estações do metrô do Rio de Janeiro. Essa Mostra foi realizada pela Fundação Villacero do México.

Projetos[editar | editar código-fonte]

Making of - Escultura com peças das Aeronaves
Obras de Arte para Embraer
  • Projeto de Arte para Embraer

Em 2017, a Embraer, uma das maiores fabricantes de jatos comerciais do mundo encomenda 20 trabalhos de Antonio Spinosa. O projeto envolvia a criação de obras de arte a partir das peças das aeronaves da Embraer, com o objetivo de presentear o comprador da aeronave.

"A Embraer nasceu do sonho de transformar o Brasil em um país com a mais alta tecnologia. Sonhamos quando tudo parecia impossível, sabendo que grandes momentos acontecem quando desafiamos o status quo. De sonhos e desafios fizemos a Embraer se tornar uma das maiores companhias de jatos do mundo. Pensando além do impossível, abraçando cada oportunidade desde 1969 até os dias de hoje, construímos o inimaginável nos mundos da aviação comercial, executiva, defesa e segurança, onde criamos, desenvolvemos, produzimos e entregamos mais de 8 mil aeronaves. Não há outra maneira de descrever o que nos impulsiona senão a paixão genuína pelo que fazemos. Usamos o design, a engenharia imaginativa e a tecnologia como as principais ferramentas para criar novas perspectivas, chegando a solução que levam excelência, performance e superação para cada um dos nossos clientes e parceiros. E foi pensando em você, nosso cliente, que criamos esta obra de arte exclusiva, assinada pelo artista Antonio Spinosa."

De acordo com Spinosa trabalhar nesse projeto teve um significado especial durante o processo de criação:

"Cada obra se tornou um objeto único e precioso, levando em conta o histórico de que cada peça representa o DNA de desempenho dos milhares de funcionários que trabalham na Embraer".

Por se tratar de peças de avião, esse material tem o custo muito elevado no mercado das companhias aéreas fabricantes de avião. Por conta de todo o rigor de qualidade técnica e ética que envolve os processos de trabalho da Embraer junto aos seus parceiros e fornecedores, a escolha do artista Antonio Spinosa para desenvolver esse projeto foi estritamente criteriosa.

  • Exposição Elementos em Fragmentos - Lisboa, 2019
Exposição Elementos em Fragmentos - Lisboa, 2019

Mais recentemente, em 2019, Spinosa recebeu convite para expor no Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa, onde apresentou a exposição intitulada “Elementos em Fragmentos[3][4], uma serie composta por peças em aço corten, que se encaixam de múltiplas maneiras e que podem ser desmontadas e montadas novamente com outras configurações. Essa obra, que pesa uma tonelada, ocupou 20 metros dentro do pátio central do Museu Nacional.

A curadora da exposição, Larissa Weiland é uma arquiteta, brasileira, que há mais de 20 anos mora em Viena, na Austria. Segundo Larissa, a escolha do ferro como matéria-prima para essa exposição tem um significado especial.

"O ferro foi escolhido na sua maneira bruta, o ferro que tem corrosão, que passa por um processo de mudança, mas que preserva sua beleza. E quanto mais tempo, mais bonito esse material fica".

A museóloga Sofia Marçal, responsável pelas exposições ocorridas no Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa, fala sobre o trabalho de Spinosa no catálogo da exposição:

Escultura com princípio e sem fim

Sofia Marçal e Antonio Spinosa - Museu de Lisboa, 2019
Exposição Elementos em Fragmentos - Outubro, 2019

"A exposição Elementos em Fragmentos do artista plástico Antonio Spinosa remete-nos para o universo do princípio da escultura moderna, onde a obra é humanizada, criando assim a possibilidade de se estabelecer um diálogo direto entre o espectador e a escultura. Nesta instalação as esculturas partem da nossa escala, do nosso corpo, dos nossos pés e vão-se multiplicando modelarmente.

A instalação é composta por 10 esculturas em aço corten e idealizada para o claustro do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa, onde o artista interage com o espaço, com o lugar onde é construída. A criação assume-se espontaneamente, como tal não deverá ser só considerada como objecto formal. A escultura a partir do século XX ambiciona encontrar caminhos alternativos à escultura concebida como monumento, como defende Rosalind E. Krauss. “Um dos aspectos mais notáveis da escultura moderna é o modo como manifesta a consciência cada vez maior dos seus praticantes de que a escultura é um meio de expressão peculiarmente situado na junção entre repouso e movimento, entre o tempo capturado e a passagem do tempo. É dessa tensão que define a condição mesma de escultura onde provem o seu enorme poder expressivo.” (Rosalind E. Krauss, In: Caminhos da Escultura Moderna).

A natureza infinita desta instalação, a possibilidade da sua expansão, da procura da transcendência, direciona-nos para o trabalho escultórico de Brancusi. Como diz Antonio Spinosa, 'Constantin Brancusi foi um artista que conseguiu buscar na sua essência aquilo a que eu chamo espiritualidade da arte. Uma das obras que mais me demostra isso, que mais me aproxima dessa espiritualidade é a Coluna Infinita (The Endless Column). Constantin, Brancusi é para mim uma grande inspiração'.

A ferrugem que permanece nestas esculturas convoca-nos para o sentimentalismo, provoca a memória emocional do tempo que já passou. Antonio Spinosa deixa a ferrugem ficar, este gesto intencionalmente é uma atitude impositiva e que marca a obra do escultor. Citando o artista 'Através da arte experimento conhecer detalhes de coisas, objetos e hábitos que liga as pessoas de lugares distantes. É interessante imaginar como a vida se completa nesse círculo, onde algo que acontece aqui pode influenciar a vida lá e vice versa'. Na escultura contemporânea há uma experiência única que é de cada um, na exposição Elementos em Fragmentos vivencia-se individualmente esta instalação efémera, mas também se sente o tempo passar."

  • Bienal de Arquitetura de Veneza, 2021 - O Caminho da Consciência
Projeto Digital - O Caminho da Consciência - Bienal de Arquitetura de Veneza 2021

Em 2021 a escultura de Antonio Spinosa é inspiração para projeto arquitetônico, unindo arte, design e arquitetura, apresentado na 17ª Bienal de Arquitetura de Veneza 2021, no Palazzo Mora. A escultura monumental, projetada em 3D, chamada “The Path of Consciousness”[5] (O Caminho da Consciência) foi criada a quatro mãos, fruto da parceria entre o escultor Antonio Spinosa e o designer Nicolas Fiedler. Para chegar ao resultado final apresentado na Bienal, foi formado um grupo de profissionais, cada um dentro da sua área de atuação. Nomes como o artista visual, americano, Neil Kerman, o arquiteto Samuel Garcia do escritório Papaya, o arquiteto Edo Rocha do escritório Edo Rocha Arquitetura, além de Jean Sardinha e Ricardo D’acundo da VOR Experience, compuseram a equipe de trabalho. O grupo foi representado na Bienal de Veneza pela Saphira & Ventura Gallery de New York, galeria com diversos projetos internacionais.

A exposição, intitulada TIME SPACE EXISTENCE, apresentada no Palazzo Mora foi organizada pelo European Cultural Centre (ECC). A Mostra funciona como uma extensão da Bienal de Arquitetura de Veneza 2021 e recebe trabalhos dos profissionais do mundo todo. A exposição aconteceu de 22 de maio a 21 de novembro de 2021.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Heleine, Marise (11 de novembro de 2011). «artetecta : MOSTRA DE ESCULTURAS EM AÇO». artetecta. Consultado em 20 de dezembro de 2021 
  2. «Exposições | VEJA RIO». vejario.abril.com.br. Consultado em 20 de dezembro de 2021 
  3. «Exposição Elementos em Fragmentos». ArchDaily Brasil. 18 de novembro de 2019. Consultado em 20 de dezembro de 2021 
  4. «Inauguração da exposição Elementos em Fragmentos | Museu Nacional de História Natural e da Ciência». museus.ulisboa.pt. Consultado em 20 de dezembro de 2021 
  5. «Venice Architecture Biennial 2021 | SAPHIRA & VENTURA – ART, DESIGN, ARCHITECURE». SAPHIRA & VENTURA GALLERY | Art, Design and Architecture (em inglês). Consultado em 20 de dezembro de 2021