Usuário(a):Carolatrazom/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Newton de Castro Belleza (26 de agosto de 1899, em São Luís do Maranhão - 1972, Rio de Janeiro (?). Engenheiro Agrônomo pela Escola de Agronomia do Ceará, técnico em educação pelo Ministério da Agricultura, primeiro delegado brasileiro na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), dramaturgo, ensaísta e escritor.


Biografia[editar | editar código-fonte]

Vida familiar[editar | editar código-fonte]

Filho de Flávio Ferreira de Gouveia Pimentel Belleza e de Astydánia de Castro. Belleza foi casado com Amélia Pordeus, com que teve seis filhos: Maria Heloísa Belleza, Flávio Mir Belleza, Mirtes Olga Belleza, Zulmira Wanda Belleza, Carmen Beatriz Belleza e Jandira Ruth Belleza..[1]

Educação[editar | editar código-fonte]

Newton de Castro Belleza, embora tenha nascido no Maranhão, teve sua formação educacional no estado do Ceará. Nesse estado, cursou o ensino básico no Colégio Castelo Branco e ensino médio no Colégio Estadual Liceu do Ceará, quinto colégio mais antigo do Brasil. Foi diplomado engenheiro agrônomo pela Escola de Agronomia do Ceará em 31 de julho de 1921.[1]

Carreira Profissional[editar | editar código-fonte]

Formado como agrônomo em 1921, Newton de Castro Belleza foi aprovado em primeiro lugar no concurso público do Ministério da Agricultura, ingressando para o quadro técnico desse ministério em 10 de janeiro de 1922, aos 22 anos de idade. Sua carreira no Ministério da Agricultura foi marcada por sucessiva ascensão profissional. Entre 1922 e 1923, Belleza atuou como ajudante de inspeção agrícola nos distritos de São Paulo e Minas Gerais. Em 25 de junho de 1924, foi nomeado inspetor agrícola de Minas Gerais, cargo que exerceu até 19 de fevereiro de 1927. Nesse mesmo ano, promoveu a criação do campo de sementes do Serviço de Experimentação Agrícola de Sete Lagoas, Minas Gerais. Em 1926, elaborou o primeiro regulamento da Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Minas Gerais, em Viçosa, aproveitando as contribuições já oferecidas pelo seu então diretor professor Paul H. Rolfs. Em 1934, foi nomeado assistente-chefe da Diretoria de Ensino Agrícola do Departamento Nacional de Produção Vegetal. Entre 1937 e 1946, Belleza foi promovido por mérito do cargo de Agrônomo do Ensino Agrícola classe L para Técnico em Educação Rural clase N, posto mais alto da instituição. Além disso, Belleza também desempenhou cargos de responsabilidade na Administração Pública durante o governo do presidente Getulio Vargas, participando diretamente do quadro do Poder Executivo ao ser nomeado Oficial de Gabinete do Ministério da Agricultura na administração dos ministros Juarez Távora, em 1933, Odilon Braga, em 1934, e Apolônio Sales, em 1942. Durante a Segunda Guerra Mundial, Belleza foi o responsável por colocar em funcionamento a Seção de Segurança Nacional do Ministério da Agricultura, serviço considerado de alta relevância para o país.[2]


Sob sua atuação na área educacional, é importante destacar que Belleza foi membro da comissão organizadora da Escola Nacional de Agronomia, criada em 1933 no Rio de Janeiro. Foi diretor desta escola em 1936, dando nova orientação aos equipamentos dos seus laboratórios e gabinetes, assim como professor da disciplina Psicologia e Lógica, em 1937. Em 1942, Belleza participou também como membro do conselho técnico e professor da cadeiras de Administração Escolar e de Ensino Agrícola e Veterinário, lecionando nos cursos de aperfeiçoamento e especialização da Universidade Rural do Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas (CENEPA). Além disso, Belleza foi membro de inúmeras bancas examinadoras de diversas universidades e centros de pesquisa do país, como da Escola Superior de Agricultura de Pernambuco, do Instituto de Biologia Vegetal e do Serviço de Fomento da Produção Vegetal. Em 1943, atuou como membro da Comissão Central de Reforma do Ensino Superior do país, constituída pelo então Ministério da Educação e Saúde, sob o comando do ministro Gustavo Capanema. De 1943 até 1959, se tornou Superintendente do Ensino Agrícola e Veterinário do Ministério da Agricultura. Nesse posto, Belleza reorganizou sua estrutura, assim como suas dependências nos Estados, dando-lhes novos regimentos. Como superintendente, foi responsável por reformar os cursos profissionais, criar novos programas, ampliar a carreira de técnico de educação rural, alterar a tabela numérica da série funcional de professor-auxiliar, elaborar programas de trabalho e definir a orientação vocacional do serviço.[2]


No entanto, sua participação como primeiro delegado permanente da FAO será um período bastante relevante de sua atuação profissional em âmbito internacional. Em 1945, Belleza foi designado como delegado chefe da primeira delegação do Brasil na Conferência de Alimentação e Agricultura de Hot Springs. Nessa conferência foram estabelecidas as bases para a criação de um organismo internacional dedicado ao combate da fome e ao estímulo da produção agrária internacional. Em 1945, foi realizada em Québec, Canadá, a Conferência de Instalação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), havendo Belleza atuado como delegado chefe da missão brasileira nesse evento, assim como membro do comitê executivo de sua organização. Nesses eventos, se destaca a sua defesa da educação rural como mecanismo de reforma social da população agrária, tema que foi reiteradamente defendido por ele em sua atuação na FAO, até 1950, ano em que foi substituído como delegado chefe por João Gonçalves de Souza.Teve atuação destacada também na busca por espaços de protagonismo nacional dentro deste organismo internacional, reforçando a necessidade da formação de técnicos agrários para participarem das distintas comissões da FAO, de modo a garantir a presença massiva de especialistas brasileiros nessa organização. Em 1947, se candidatou a vice-presidente do comitê regional da FAO para América Latina. Essa iniciativa se devia ao desejo de assegurar para o Brasil cargos de liderança na FAO e com isso estimular tanto a vinda de insumos técnicos para o país como também para reafirmar a importância científica e política do país no continente. Belleza foi ainda chefe da delegação do Brasil na Terceira Conferência Interamericana de Agricultura, realizada em Caracas, e membro da Comissão Brasileiro-Americana para Educação Rural, ambas em 1945.[2]

Carreira Artística[editar | editar código-fonte]

Dramaturgo, ensaísta e escritor prolífico. Mesmo com intensa responsabilidade profissional em sua vida como burocrata, Belleza conseguiu sustentar uma carreira artística, escrevendo inúmeras obras, todas publicadas concomitantemente às suas atividades estatais. Sua produção artística perpassa ensaios críticos sobre teatro, peças teatrais, poesia, contos, traduções, literatura infanto-juvenil e romances. Em 1933, Belleza foi premiado pela Academia Brasileira de Letras como melhor conto por sua obra A mulher que virou homem.

Nos anos 70, foi um dos primeiros responsáveis por traduzir obras de William Shakespeare para o teatro brasileiro, com a peça Amansando Catarina (The Thame of the Shrew). Entre maio e agosto de 1977, ficou em cartaz a peça de teatro Volpone, de Ben Jonson. A obra foi traduzida por Belleza e levada ao teatro pelo prestigiado diretor teatral Antonio Abujamra, sendo encenada por atores renomados como Laerte Morrone, Laura Cardoso e Beth Goulart.[3]. Tanto a tradução como a encenação da peça foram premiadas.

Prêmios, condecorações e outras distinções honoríficas[editar | editar código-fonte]

  • Prêmio de melhor conto pela Academia Brasileira de Letras, em 1933, pela obra A mulher que virou homem.
  • Membro da Sociedade Brasileira de Agronomia.
  • Membro do Conselho Superior da Sociedade Nacional de Agricultura.
  • Sócio do PEN Clube do Brasil e do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro.
  • Membro da Comissão de Escritores encarregada de emitir pareceres técnicos sobre a escolha de livros de leitura destinados aos aprendizados agrícolas, em 1938.
  • Redator-chefe do Anuário Brasileiro de Literatura, Pongetti, de 1939 a 1941.
  • Membro correspondente da Sociedad Venezolana de Ciencias Naturales, 1945.

Publicações[editar | editar código-fonte]

Publicações técnicas[editar | editar código-fonte]

  • Evolução do Ministério da Agricultura - Série de Estudos e Ensaios, n.10. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura - Serviço de Informação Agrícola, 1955.[4]
  • Esquema da evolução do Ensino Agrícola. Revista do Serviço Público, v.69, n.1, Outubro, 1955, pp.26-31.
  • Os Estudos de Economia Doméstica na Formação da Mulher Rural. Revista do Serviço Público, v.67, n.3, Junho, 1955, pp.461-466.
  • Serviço Militar Conjugado com a Educação para a Agricultura. Revista do Serviço Público, v.66, n.3, Março, 1955, pp.472-479.
  • Diretrizes para o Ensino Agrícola. Revista do Serviço Público,v.66, n.1, Janeiro, 1955, pp.65-70.
  • Alguns inconvenientes de uma economia colonial. Revista do Serviço Público, v.2, n.2, Maio,1949, pp.11-12.
  • Algumas observações sobre o estado de nossa produção agrícola. Revista do Serviço Público, v.1, n.1, Janeiro,1949, pp.24-25.
  • Exemplo espetacular de cooperação. Revista do Serviço Público,v.3, n.4, Novembro-Dezembro, 1948, pp. 133-141.

Obras literárias[editar | editar código-fonte]

Poesia[editar | editar código-fonte]

  • Trasmundo (cantos). Rio de Janeiro: Pongetti,1966.
  • Cousa e Lousa (poemas). Rio de Janeiro: Pongetti, 1961.
  • Caminhos do Mar (poemas). Rio de Janeiro: Pongetti, 1957.
  • Ondulações (da poesia nova). São Paulo: Pongetti & Cia, 1937.
  • Hoje (poemas). São Paulo: Pongetti & Cia, 1930.
  • Destroços (musa adolescente). São Paulo: Pongetti & Cia, 1929.
  • Kodak (poesias soltas). São Paulo: Pongetti & Cia, 1929.

Teatro[editar | editar código-fonte]

  • Fábula da contenda por um defunto, entre mulher e amante. São Paulo: Editora CEA, 1976.
  • Alucinação de Corina, Laura e seus fantasmas, De quem seria o defunto? - Três dramas de um só personagem. Rio de Janeiro: Pongetti, 1964.
  • Os amores de Gabriela– comédia em quatro atos. Rio de Janeiro: Pongetti, 1963.
  • O doente do quarto 202. Peça de um ato. Rio de Janeiro: Pongetti, 1960.
  • O amor de dona Ratinha. Peça de um ato. Adaptação do conto O amor de Saadi, na tradução de Aurélio Buarque de Hollanda. Rio de Janeiro: Pongetti, 1960.
  • O grande amor de uma mulher.Peça de um ato. Adaptação do conto A Matrona de Éfeso, de Petrônio. Rio de Janeiro: Pongetti, 1960.
  • Iemanjá tudo lavará. Rio de Janeiro: Pongetti, 1959.
  • João Malasartes – comédia em quatro atos. Rio de Janeiro: Gráfica Editora Aurora, 1954.
  • O defunto é meu – tragédia em três atos. Rio de Janeiro: Gráfica Editora Aurora, 1954,
  • O mundo do rei Corimundo – comédia em cinco partes. Rio de Janeiro: Gráfica Editora Aurora, 1953.
  • Deve-se erguer o pano? – tragédia em três atos. Rio de Janeiro: Gráfica Editora Aurora, 1953.

Traduções[editar | editar código-fonte]

  • Bacchides, de Plauto, comédia em cinco atos. Rio de Janeiro: Dionysos do Serviço Nacional de Teatro, 1955.
  • Volpone ou a Raposa, de Ben Jonson, comédia em cinco atos. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1954.
  • Pélleas et Mélisande, de Maurice Maeterlinck, drama lírico em cinco atos. Rio de Janeiro: Dionysos do Serviço Nacional de Teatro, 1952.

Teatro infanto-juvenil[editar | editar código-fonte]

  • A estrela mágica. Rio de Janeiro: Pongetti, 1964.
  • Narigudo e seus narizes. Rio de Janeiro: Pongetti, 1964.
  • O gato espantalho. Rio de Janeiro: Pongetti, 1964.
  • O galo teleguiado. Rio de Janeiro: Pongetti, 1963.

Conto[editar | editar código-fonte]

  • Paixões e vícios - antologia de contos. Belo Horizonte: Editora Soma, 1977.
  • Sombras de carne e osso – novos contos fantásticos de Newton de Castro Belleza. Rio de Janeiro: Pongetti, 1973.
  • As estranhas aparições. Rio de Janeiro: Pongetti, 1958.
  • A mulher que virou homem. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1932.
  • Por culpa de Noé. Oficinas de “O País”, 1929.

Romance[editar | editar código-fonte]

  • Mulher sem marido. 1a edição. Rio de Janeiro: Pongetti, 1938.
  • Mulher sem marido. 2a edição. Rio de Janeiro: Gráfica Ouvidor, 1961.

Ensaio crítico[editar | editar código-fonte]

  • Subsídios para o julgamento de uma obra de arte. Editora Emebê, 1978.
  • Teatro grego e suas consequências – raízes do teatro. Rio de Janeiro: Pongetti, 1966.
  • Teatro grego e teatro romano. Rio de Janeiro: Pongetti, 1961.

Obras não publicadas[editar | editar código-fonte]

  • Imagens do ipê.
  • O imperador da fome – drama em quatro atos.
  • As estranhas aparições – segunda parte.
  • Amansando Catarina, tradução de The Taming of Shrew, de William Shakespeare.
  • Esplendores da literatura dramática – ensaios sobre os pontos culminantes do teatro.

Contos infanto-juvenis não publicados[editar | editar código-fonte]

  • Formigão e seus narizes.
  • O compadre rico e o compadre pobre, adaptação de conto folclórico brasileiro.
  • Aventuras de Poronominare – adaptação de uma lenda indígena brasileira.
  • Cracatuque – tradução livre de um conto de Ernst T. W.Hoffmann.
  • A bela e o monstro – tradução livre de um conto da Senhora de Leprince de Beaumont.
  • Carolina – tradução e adaptação do conto Kashtanka de Anton Tchekov.

Categoria:Intelectuais brasileiros Categoria:Tecnocracia brasileira Categoria:Ministério da Agricultura do Brasil

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Sombras de carne e osso – novos contos fantásticos de Newton de Castro Belleza. Rio de Janeiro: Pongetti, 1973.

Referências[editar | editar código-fonte]

Categoria: intelectuais brasileiros Categoria: tecnocracia brasileira Categoria: Ministério da Agricultura do Brasil

  1. a b Newton de Castro Belleza. Prabook, sítio web: https://prabook.com/web/newton_de_castro.belleza/1118500
  2. a b c Ministério das Relações Exteriores, Fundo Antecedentes, Pasta 71.228.
  3. «ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.». ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento393695/volpone. ISBN 978-85-7979-060-7 
  4. BELLEZA, Newton de Castro (1955). Evolucao do Ministério da Agricultura. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura