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Paralisia Facial[editar | editar código-fonte]

Achados Audiológicos[editar | editar código-fonte]

A paralisia de Bell é a mais comum entre as paralisias e seu tratamento pode envolver a cirurgia de descompressão do nervo facial. Durante esse procedimento, qualquer estrutura próxima ao caminho do nervo facial está sob risco.[1]

Em uma pesquisa, comparando os níveis de perda auditiva antes e após a cirurgia de descompressão do nervo facial, 31% dos pacientes apresentaram variação do índice de reconhecimento de fala. Desses 31% dos pacientes, 40% apresentaram piora de 5 dB (Decibel), 50% apresentaram piora de 10 dB e 10% apresentaram piora maior do que 10 dB.[1]

Os pacientes com paralisia de Bell também podem apresentar ausência do reflexo estapediano, contração bilateral do músculo estapédio em resposta a sons intensos, em caso de lesão supra-estapediana, fazendo com que tenham hipersensibilidade auditiva.[2]

O trajeto do nervo facial apresenta 4 segmentos: labríntico, timpânico, pirâmidal e mastóideo. Em caso de tumor neurogênico na bainha do nervo, a localização do tumor no trajeto do nervo influencia os sintomas. Quando acomete o segmento mastóideo, a paralisia facial é geralmente o primeiro sintoma, quando acomete o segmento timpânico, o primeiro sintoma é a perda auditiva condutiva. No segmento labiríntico a lesão determina sintomas relacionados a audição e o paciente não apresenta paralisia facial.[3]

Devido ao seu longo percurso intracraniano, o nervo facial é o par craniano mais atingido por traumas. Os traumas do crânio frequentemente provocam fraturas , sendo as longitudinais mais comuns que as transversais. Em fraturas longitudinais é observado sinais de otorragia (sangramento no ouvido), deformidade da parede póstero-superior do meato acústico externo, perda auditiva condutiva e, em 20% dos casos, paralisia facial. Já, nas fraturas transversais, geralmente mais graves, os sinais mais comuns são o hemotímpano, perda auditiva sensorioneural e, em 40% dos casos, paralisia facial, entre outros sinais.[4]

Além disso, a otite média aguda, uma infecção bacteriana do ouvido médio, pode acarretar inúmeras complicações, dentre elas a perda auditiva e a paralisia facial periférica.[5][6]

AUDIOLOGIA EDUCACIONAL E RE(HABILITAÇÃO) AUDITIVA - GRUPO: ELIZABETH NAYELI, FERNANDA BERTONCCINI, GIOVANNA LUCENA[editar | editar código-fonte]

Princípios[editar | editar código-fonte]

Na abordagem aurioral existem princípios básicos e fundamentais para que a terapia possa ser desenvolvida de forma apropriada, sendo descritos:[7]

Detecção e Intervenção Precoce[editar | editar código-fonte]

O diagnóstico precoce é muito importante para o desenvolvimento da criança com deficiência auditiva, pois os primeiros dois anos de vida são críticos para a aquisição e desenvolvimento da linguagem e das habilidades auditivas, é no primeiro ano que ocorre a maturação neurológica do sistema auditivo central, período ideal para a estimulação auditiva.[7][8]

O Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na Infância (CBPAI) recomenda a implantação da triagem auditiva neonatal universal (TANU) como processo de identificação precoce para todas as crianças do nascimento até os três meses de idade, por ser uma forma eficiente de identificar, principalmente, as crianças de risco.[9] Sendo assim, é importante a detecção precoce seguida da intervenção adequada. Crianças deficientes auditivas não identificadas até os 12 meses de idade terão dificuldades para adquirirem habilidades fundamentais sociais, cognitivas e de linguagem, atrapalhando também sua escolarização, enquanto a identificação no primeiro ano de vida assegura a aquisição e o desenvolvimento da linguagem.[8] Cerca de 50% das perdas auditivas poderiam ser evitadas ou suas sequelas diminuídas, se houvesse medidas precoces de detecção, diagnóstico e reabilitação.[9]

Em outras palavras, quanto mais cedo ocorrer a intervenção e habilitação, melhores serão os benefícios, em contra partida, um atraso na detecção da perda auditiva pode prejudicar o desenvolvimento da criança.[8]Em função disso, o diagnóstico audiológico quando realizado precocemente, durante o primeiro ano de vida ainda no período crítico de maturação e plasticidade funcional do sistema nervoso central, com a intervenção médica e/ou fonoaudiológica, permitirá um diagnóstico favorável em relação ao desenvolvimento global da criança.[9]

É proposto na literatura que o diagnóstico da perda auditiva seja realizado idealmente antes do terceiro mês de vida e a intervenção fonoaudiológica seja iniciada até os seis meses de idade.[10]

Dispositivos eletrônicos[editar | editar código-fonte]

A intervenção envolve diversos profissionais com capacidade de absorver e atender com cautela essa demanda de pacientes que precisam de atenção especial. Sendo assim, é importante que ocorra a intervenção logo após o diagnóstico auditivo para o desenvolvimento das habilidades auditivas, de fala e de linguagem. O uso constante e correto do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) ou do implante coclear (IC) multicanal é fundamental, pois é por meio destes que a criança poderá ouvir a fala e os sons ao seu redor.[7][11] A utilização diária do dispositivo eletrônico permite que as crianças tenham experiências com sua audição na maior parte do dia, em contrapartida, quando o uso dos aparelhos não é efetivo e constante a criança perde informação auditiva, o que pode acarretar em dificuldades de comunicação.[11] O envolver, acolher, criar parcerias e vínculos com os familiares durante o trabalho fonoaudiológico é fundamental para alcançar um prognóstico favorável e resultados satisfatórios em relação ao uso do AASI pelas crianças. [11]

O uso de dispositivos eletrônicos junto à estimulação das habilidades auditivas possibilita um desenvolvimento satisfatório, ou até mesmo próximo ao de crianças ouvintes, da audição e da linguagem oral.[10]

Desenvolvimento da função auditiva[editar | editar código-fonte]

O desenvolvimento da função auditiva acontece a partir da introdução da criança em um mundo sonoro, com contextos significativos e em ambiente acústico favorável. Isso envolve não apenas o processo de terapias, mas também o dia a dia da criança, por meio do contato com a linguagem incidental oferecida pelo interlocutor, sendo um processo prazeroso e divertido.[7]

É importante também todos os cuidados possíveis com as condições acústicas do ambiente, sempre que possível atenuar ruídos para tornar-se uma qualidade mais clara do som, e manter o Aparelho de amplificação sonora e individual (AASI) ou do Implante coclear (IC) sempre o mais eficientes possível.[7] No entanto, na maioria das vezes, somente com o uso do AASI não é suficiente para minimizar os prejuízos nas habilidades auditivas e de linguagem, na qual, o processo da fonoterapia é fundamental neste processo. De acordo com a literatura, o processo terapêutico deve ser iniciado o mais precocemente possível e, de forma contínua, com envolvimento familiar da criança. [10]

Integrar[editar | editar código-fonte]

Na abordagem aurioral é fundamental desenvolver o resíduo auditivo, e assim integrar a audição à personalidade da criança. A criança deve ser capaz de monitorar sua fala em desenvolvimento, ou seja, ouvir suas próprias emissões, a voz de outras pessoas sem precisar olhar para elas e compará-las. Assim, deve ser trabalhado o saber ouvir, (que é maior vínculo para apreender a comunicação oral e entender a semântica, sintaxe e linguagem pragmática envolvida na conversação) para que haja o uso adequado do resíduo auditivo e a atenção aos sons e aos significados que transmitem, possibilitando o domínio das habilidades da comunicação verbal, que por sua vez, possibilitará uma maior integração da audição à personalidade.[7][12]

Comunicação[editar | editar código-fonte]

O princípio de comunicação se refere às atividades comunicativas, que se iniciam desde de o primeiro ano de vida, quando a mãe conversa com o bebê. Mesmo os cuidadores de bebês surdos, devem falar e estimular a comunicação, pois se os cuidadores forem bons falantes, a criança também será. A comunicação envolve o falar e ouvir, essencial para efetividade comunicativa. Quando os pais ouvem e compreendem os filhos praticam um incentivo ao desenvolvimento da linguagem, já que é um meio da criança perceber que sua atividade comunicativa tem função.[7]

Etapas das habilidades auditivas[editar | editar código-fonte]

As etapas das habilidades auditivas é o sexto princípio. Nele, o objetivo é fazer com que a criança com deficiência auditiva vivencie as mesmas etapas auditivas pelas quais as crianças ouvintes passam naturalmente, que são detecção, discriminação, localização, reconhecimento auditivo e a compreensão. Estas etapas envolvem os sons ambientais e da fala, além dos processos psíquicos de atenção e memória, os quais são fundamentais para o desenvolvimento auditivo e da linguagem.[7][13]

Avaliação[editar | editar código-fonte]

Durante todo processo terapêutico a criança deve estar sendo avaliada, tanto quanto a linguagem, ao aparelho de amplificação sonora e individual ou do implante coclear (IC) , ao grau da deficiência auditiva e seus relacionamentos sociais. Para a efetiva avaliação, é essencial ter em mente que cada criança é única, com suas individualidades e seu próprio desenvolvimento, de acordo com fatores internos e ambientais, de convivência e etc. [7]

E por conta disso, é difícil estabelecer exatamente o que esperar de cada um, o que pode ser feito é ter possibilidades gerais de certos objetivos a serem alcançados pelo trabalho terapêutico.[7]

  1. a b Palombo, Alexandre Augusto Kroskinsque; Shibukawa, Andre Fernando; Barros, Flavia; Testa, José Ricardo G. (junho de 2012). «Hearing loss in peripheral facial palsy after decompression surgery». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês): 21–26. ISSN 1808-8694. PMC PMC9446207Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). doi:10.1590/S1808-86942012000300005. Consultado em 28 de setembro de 2022 
  2. Liriano, Raquel Ysabel Guzmán; Magalhães, Sandra Lira Bastos de; Barros, Flávia; Testa, José Ricardo Gurgel; Fukuda, Yotaka (dezembro de 2004). «Relação da presença de hiperacusia em pacientes com paralisia facial periférica de Bell». Revista Brasileira de Otorrinolaringologia: 776–779. ISSN 0034-7299. doi:10.1590/S0034-72992004000600012. Consultado em 28 de setembro de 2022 
  3. Granato, Lídio (Março - Abril de 1997). «Neurinoma intra e extratemporal do nervo facial». Revista brasileira de otorrinolaringologia. Consultado em 30 de Setembro de 2022  Verifique data em: |data= (ajuda)
  4. Parreiras, Max (Julho de 2010). «Anatomia do nervo facial e etiologia da paralisia facial periférica». EFDeportes.com, Revista Digital. Consultado em 30 de setembro de 2022 
  5. Carvalho, Fernanda Souto; Reis, Bruno Cezario Costa (8 de abril de 2022). «Diagnóstico de paralisia facial associada à otite média aguda: uma revisão de literatura». Revista Eletrônica Acervo Médico: e9924–e9924. ISSN 2764-0485. doi:10.25248/reamed.e9924.2022. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  6. Varella, Dr Drauzio (13 de abril de 2011). «Otite média». Drauzio Varella. Consultado em 6 de outubro de 2022 
  7. a b c d e f g h i j Cecília., Bevilacqua, Maria (2003). Audiologia educacional : uma opção terapêutica para a criança deficiente auditiva. [S.l.]: Pró-Fono. OCLC 71308475 
  8. a b c Isaac, Myriam L.; Manfredi, Alessandra K. S. (30 de dezembro de 2005). «Diagnóstico precoce da surdez na infância». Medicina (Ribeirão Preto) (3/4): 235–244. ISSN 2176-7262. doi:10.11606/issn.2176-7262.v38i3/4p235-244. Consultado em 30 de outubro de 2022 
  9. a b c Hilú, Maria Regina Pereira Boeira; Zeigelboim, Bianca Simone (dezembro de 2007). «O conhecimento, a valorização da triagem auditiva neonatal e a intervenção precoce da perda auditiva». Revista CEFAC: 563–570. ISSN 1516-1846. doi:10.1590/S1516-18462007000400017. Consultado em 2 de novembro de 2022 
  10. a b c Penna, Leticia Macedo; Lemos, Stela Maris Aguiar; Alves, Cláudia Regina Lindgren (1 de março de 2015). «Auditory and language skills of children using hearing aids». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês) (2): 148–157. ISSN 1808-8694. PMC PMC9449071Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 25458255. doi:10.1016/j.bjorl.2014.05.034. Consultado em 30 de outubro de 2022 
  11. a b c Miguel, Juliana Habiro de Souza; Novaes, Beatriz Cavalcanti de Albuquerque Caiuby (2013). «Reabilitação auditiva na criança: adesão ao tratamento e ao uso do aparelho de amplificação sonora individual». Audiology - Communication Research: 171–178. ISSN 2317-6431. Consultado em 30 de outubro de 2022 
  12. Doreen., Pollack, (1985). Educational audiology for the limited hearing infant. [S.l.]: Thomas. OCLC 631374468 
  13. Programa Infantil Phonak. Marcos no desenvolvimento auditivo e de linguagem da criança. Disponível em: http://www.conhecer.org.br/download/cp/inclusao/m1/Leitura%202.pdf