Usuário(a):Marina Macambyra/Testes/Mariana Enríquez

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Mariana Enríquez (Buenos Aires, 8 de dezembro de 1973) é uma escritora, jornalista e docente argentina, parte do grupo de escritores conhecidos como «nova narrativa argentina».[1] Seus contos, que foram publicados em revistas internacionais como Granta, Electric Literature, Asymptote, McSweeney's, Virginia Quarterly Review e The New Yorker, se enquadram no gênero do terror [2][3][4][5][6][7][8] . Entre suas obras mais reconhecidas destacam-se o livro de contos As coisas que perdemos no fogo (2016), que a consolidou como a escritora argentina de terror mais relevante da atualidade, e a novela Nossa parte de noite (2019), pela que ganhou o Prêmio Herralde de Novela.[9][10][11]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Mariana Enríquez nasceu em 1973 na cidade de Buenos Aires, mas cresceu em Valentín Alsina, uma localidade pertencente ao partido de Lanús, na Zona Sul da Grande Buenos Aires.[12][13] Cresceu no meio das histórias e superstições de sua avó, oriunda da província de Correntes.[14] Anos depois mudou-se com sua família à cidade de La Plata, onde se aproximou da literatura e do movimento punk, pelo que decidiu estudar jornalismo e se especializar em música rock.[15] Graduou-se em Jornalismo e Comunicação Social na Universidade Nacional da Prata.[16][17]

Trajetória literária[editar | editar código-fonte]

Enríquez começou a escrever inspirada pela leitura de clássicos do terror estadunidense de autores como Stephen King e H.P. Lovecraft.[18] Aos 19 anos escreveu sua primeira novela, Baixar é o pior, que retrata vários temas que inquietavam a juventude de sua época: a ansiedade adolescente, o álcool, as drogas e o rock, entre outros. Graças à irmã de uma amiga, o manuscrito chegou às mãos de Juan Forn, então editor de Editorial Planeta, que decidiu publicar a novela.[19] Ainda que o livro não tenha recebido boas críticas, se converteu num sucesso de vendas e, com o tempo, tornou-se um livro de culto, situando Enríquez na cena literária argentina, apesar de sua pouca idade e curta carreira.[15] No ano 2002, estreou o filme homónima baseada na novela, dirigido por Leyla Grünberg.[20]

Depois do sucesso de seu primeiro livro, Enríquez começou a trabalhar como jornalista, primeiramente como freelance e, depois, no diário argentino Página/12, onde eventualmente se converteu em subeditora do #suplemento cultural Radar.[15] Em 2004, publicou sua segunda novela, Como desaparecer completamente, a qual conta a história de um rapaz chamado Matías que vive num bairro de classe baixa de Buenos Aires e deve enfrentar as lembranças dos abusos sexuais que sofreu por parte de seu pai e a desagregação social produto da crise econômica argentina dos anos noventa.[21][22]

No ano 2005, Enríquez publicou na antologia A jovem guarda (2005) seu primeiro conto, titulado «O aljibe», no qual uma menina visita, com sua família, a casa de uma curandeira, onde praticam um ritual.[15] Ao ano seguinte seu conto «Nem aniversário nem batismos» apareceu na antologia Um terraço próprio: Novas narradoras argentinas (2006).[23] Ambos textos foram incluídos, junto a vários outros relatos que exploram o gênero do terror, em Os perigos de fumar na cama, o primeiro livro de contos de Enríquez, publicado no ano 2009.[15] Ali podem-se encontrar textos como «O desenterro da anjinha» e «Garotos que voltam», relatos que estão marcados pela persistência da morte no mundo dos vivos ou por traumas não resolvidos.[24] Em 2016, publicou seu segundo livro de contos, As coisas que perdemos no fogo, que se converteu num sucesso de vendas e foi traduzido a mais de uma dezena de idiomas.[15] O livro ganhou, em 2018, o Prêmio Ciutat de Barcelona na categoria de língua castelhana.[25][26][27]

Em 2019, ganhou o Prêmio Herralde de Novela, oferecido pela Editorial Anagrama, por sua novela Nossa parte de noite, que publicado nesse mesmo ano.[11][28] O título da obra foi tomado de uns versos da poeta Emily Dickinson. Ambientada durante a última ditadura argentina, narra a história de um pai e um filho forçados a serem médiuns de uma sociedade secreta que procura a vida eterna. [18][29] Nessa novela, Enríquez pôs em jogo todas as inquietudes que foi traçando em sua obra: os santos pagãos, referências aos mundos de H.P. Lovecraft, Emily Brontë e Ernesto Sábato, o vampirismo, o sexo entre homens, a turva beleza baudelaireana, a beleza injuriada de Rimbaud, a literatura fantástica e de terror, os subterrâneos, os demônios-homens e demais tópicos de sua literatura.[18] Adicionalmente, entre suas influências literárias a própria Enríquez reconheceu os escritores principalmente em prosa argentinos Roberto Arlt, Jorge Luis Borges, Silvina Ocampo e Manuel Puig - do qual realçou sua estética gay-; os estadounidenses Stephen King, William Faulkner e Toni Morrison; os britânicos T. S. Eliot, M. John Harrison, Bruce Chatwin, Alan Moore e Neil Gaiman - os últimos dois de ampla trajetória no gênero das histórias em quadrinhos; o uruguaio Juan Carlos Onetti; o irlandês James Joyce e o chileno Roberto Bolaño.[30]

No ano 2020, durante o isolamento social preventivo e obrigatório provocado pela pandemia de Covid-19, Enríquez escreveu uma série de postagens em forma de «diário de quarentena» na página site oficial do Centro Cultural Kirchner.[31][32] Desde esse mesmo ano até agosto do ano 2022, foi a Diretora de Letras do Fundo Nacional das Artes.[33]

Pode ser considerada um dos principais nomes da literatura de horror da atualidade. Em seus textos, "contribuem para o horror uma escrita hipnótica, a minuciosa construção de personagens e um poderoso subtexto social, relacionando poder e ocultismo" [34]

Obras[editar | editar código-fonte]

Novelas[editar | editar código-fonte]

[[Categoria:Alunos da Universidade Nacional de La Plata]] [[Categoria:Romancistas da Argentina]] [[Categoria:Contistas da Argentina]] [[Categoria:Ensaístas da Argentina]]

  1. «Algunos nuevos escritores argentinos que usted no conoce (y debería conocer)». LA NACION (em espanhol). 25 de outubro de 2012. Consultado em 8 de agosto de 2022 
  2. «Fragmento de "Los años intoxicados", de Mariana Enríquez». El Comercio. 27 de marzo de 2016. Consultado em 1 de noviembre de 2019. Cópia arquivada em 1 de noviembre de 2019  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata=, |data= (ajuda)
  3. «Mariana Enríquez». Granta Magazine (em inglês). Consultado em 10 de agosto de 2018 
  4. «The Dark Themes of Mariana Enriquez – Electric Literature». Electric Literature. 21 de febrero de 2017. Consultado em 10 de agosto de 2018  Verifique data em: |data= (ajuda)
  5. «Interviews with the Authors of McSweeney's 46: The Latin American Crime Issue: Mariana Enríquez». McSweeney's Internet Tendency. Consultado em 10 de agosto de 2018 
  6. «Mariana Enríquez on the Fascination of Ghost Stories». The New Yorker (em inglês). Consultado em 10 de agosto de 2018 
  7. «"Spiderweb"». The New Yorker (em inglês). Consultado em 10 de agosto de 2018 
  8. «Mariana Enrïquez llegó también al New Yorker» (em espanhol). Consultado em 10 de agosto de 2018 
  9. «Mariana Enríquez no disfruta su nominación al Premio Booker Internacional». El Universal (em espanhol). 21 de abril de 2021. Consultado em 21 de abril de 2021 
  10. «Princesa del terror: Mariana Enríquez milita en un género para nada menor - LA NACION». web.archive.org. 2 de novembro de 2019. Consultado em 24 de janeiro de 2021. Cópia arquivada em 2 de noviembre de 2019  Verifique data em: |arquivodata= (ajuda)
  11. a b El País (4 de noviembre de 2019). «Mariana Enríquez gana el Herralde con una novela "monstruo"». España. Consultado em 4 de noviembre de 2019  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  12. «Mariana Enríquez. Biografía». Instituto Cervantes (em espanhol). Consultado em 30 de abril de 2021 
  13. «Mariana Enriquez, orgullo de Valentín Alsina, ganó el premio Herralde: el mundo privado de una enorme escritora». La Unión de Lanús (em espanhol). 5 de noviembre de 2019. Consultado em 30 de abril de 2021  Verifique data em: |data= (ajuda)
  14. «Mariana Enríquez visita Galicia: «La realidad se parece al terror»». La Voz de Galicia (em espanhol). 12 de julho de 2022. Consultado em 8 de agosto de 2022 
  15. a b c d e f Guerreiro, Leila (3 de mayo de 2016). «"No quiero que me saquen las pesadillas"». El País. Consultado em 1 de noviembre de 2019. Cópia arquivada em 7 de octubre de 2017  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata=, |data= (ajuda)
  16. «Una charla con Mariana Enríquez - Columna de Andrea Lárraga». La Orquesta. 12 de junio de 2019. Consultado em 1 de noviembre de 2019. Cópia arquivada em 1 de noviembre de 2019  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata=, |data= (ajuda)
  17. «Enriquez, Mariana» 
  18. a b c «Mariana Enriquez, la reina del realismo gótico». La Nación. 19 de enero de 2020. Consultado em 22 de abril de 2020  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda); Verifique data em: |data= (ajuda)
  19. «"Muchacha Punk, por Juan Forn» 
  20. «Bajar es lo peor – cinenacional.com» (em espanhol). Consultado em 8 de agosto de 2022 
  21. Friera, Silvina (2 de junho de 2018). «"En ese momento no tenía ganas de escribir nada delicado"». Página/12. Consultado em 4 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 30 de novembro de 2020 
  22. «Emecé. Cómo desaparecer completamente». La Nación. 1 de Marzo de 2005. Consultado em 30 de septiembre de 2020  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  23. Brescia, Pablo. «The Exorcisms of Mariana Enriquez». Latin American Literature Today (em inglês). Consultado em 5 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 30 de maio de 2020 
  24. Drucaroff, Elsa (2011). Los prisioneros de la torre. Política, relatos y jóvenes en la postdictadura. Buenos Aires: Emecé. 
  25. «Mariana Enríquez gana el premio Ciutat de Barcelona con su último libro de cuentos». lanueva.com (em espanhol). Consultado em 10 de agosto de 2018  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  26. «La escritora argentina Mariana Enríquez ganó el premio Ciutat de Barcelona con su último libro de cuentos». www.telam.com.ar. Consultado em 10 de agosto de 2018 
  27. «Premio para Mariana Enríquez». PAGINA12 (em espanhol). 1485997073. Consultado em 10 de agosto de 2018  Verifique data em: |data= (ajuda)
  28. Clarín.com. «Mariana Enríquez, primera mujer argentina en ganar el Premio Herralde: "Es mi novela más personal y eso involucra lo político"». www.clarin.com (em espanhol). Consultado em 16 de abril de 2020 
  29. Patricio Zunini (4 de noviembre de 2019). «Quién es Mariana Enriquez, la mayor exponente de la literatura de terror en la Argentina». p. Infobae  Verifique data em: |ano= (ajuda)
  30. «El Método Rebord #43 - Mariana Enríquez». Entrevista a Mariana Enríquez por Tomás Rebord. YouTube. 2 de octubre de 2022. Consultado em 19 de octubre de 2022  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  31. «El diario de Mariana: la princesa del terror reflexiona sobre la pandemia». La Nación. 28 de marzo de 2020. Consultado em 25 de julio de 2020  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  32. «Mariana Enriquez: El miedo en todas partes». Consultado em 25 de julio de 2020. Arquivado do original em 25 de julio de 2020  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata= (ajuda)
  33. «Cambios en el Fondo Nacional de las Artes: Mariana Enriquez deja la dirección del área de Letras y la reemplaza Florencia Abbate». LA NACION (em espanhol). 7 de agosto de 2022. Consultado em 8 de agosto de 2022 
  34. Nestarez, Oscar (2021). «O horror que emana do poder: uma entrevista com Mariana Enriquez». Universidade de São Paulo. Literartes (15): 14-24. Consultado em 11 de agosto de 2023