Usuário(a):Ramosgiovanne/Testes/Q62092721, Obra de arte
As lavadeiras | |
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Autor | Eliseu Visconti |
Data | 1891 |
Técnica | tinta a óleo, tela |
Dimensões | 70 centímetro x 110 centímetro |
As lavadeiras é uma pintura de Eliseu Visconti, feita em 1891, óleo sobre tela, medindo 70 x 110 cm, provavelmente representando algum lugar do Rio de Janeiro.[1] O tema está presente em quase todos os períodos de sua carreira[2], as roupas estendidas nos varais, ou em outros eventuais suportes como janelas, pátios, terrenos baldios, são absolutos na obra de Visconti, do início ao fim de sua vida profissional.[3] Assim como nos trabalhos de Eliseu, é possível identificar a tradição da pintura de lavandeiras presente nas obras de diversos artistas brasileiros, ou seja, era um tema comum da pintura de paisagem.[2]
A obra expressa a paisagem pitoresca, presente no gênero de paisagem desde o século XVIII, em que há a representação de cenas de costumes, monumentos, tipos populares, que não mais tinha apenas valor etnográfico, mas, através do conceito estético do pitoresco, elevou-se à categoria artística.[3] Assim, influenciado pela produção de sua época, nas telas de Visconti é comum encontrarmos a fusão entre pintura de paisagem e a pintura de gênero. [2]
Descrição
[editar | editar código-fonte] A obra foi produzida com tinta a óleo, tela.Suas medidas são: 70 centímetros de altura e 110 centímetros de largura.[1]
Faz parte de coleção particular.
Em primeiro plano temos destacada, tanto na cor como na forma, a vegetação brasileira. As plantas estão por toda parte da obra. Também pela cor, as roupas brancas, seja no chão ou no varal se sobressaem, em um plano médio. Mas a composição é estruturada em torno de um menino no central da obra que carrega uma lata d’água em mãos. A sua esquerda há uma cena comum no Rio de Janeiro do final do Século XIX: lavandeiras em baixo de um barracão, uma com um bebê no colo e outra lavando roupa com uma criança ao lado. Na profundidade da obra há um pequeno céu, aparentemente de um dia sem sol, grandes casas atrás de obras. Para finalizar a obra, atrás do barraco há um conjunto de bananeiras e uma provável porta para um residência.
Contexto
[editar | editar código-fonte]As lavadeiras, maior pintura sobre o tema desse período anterior ao estágio em Paris, são muito importantes no contexto em que Visconti está inserido na medida em que a lavagem de roupa era essencial para a vida doméstica e sua organização e, portanto, convertem-se em motivos pictóricos de suas obras.[2] Numa sociedade que entendia roupa e sua limpeza, principalmente da roupa branca, forma encontrada de manter sua aparência limpa, como forma de prestígio social, podemos mensurar a importância e necessidade das lavandeiras para esse corpo social.[2]
No que tange ao contexto do pintor e sua técnica na época da produção da obra, Visconti foi introdutor do impressionismo no brasil, muito influenciado pelo movimento na utilização técnica, mas não era engajado com o movimento artístico. Ele é considerado um artista de transição entre academicismo e modernismo por parte da história da arte brasileira.[4]
Análise
[editar | editar código-fonte]Em fins do período imperial no Rio de Janeiro, a roupa e também a casa se tornaram muito valorizadas na sociedade. Assim, para aparentar a higiene a limpeza, a lavagem era uma das principais ocupações de qualquer lar. Na obra, como não há indicação de Rios por perto e a água encana ser um privilégio de famílias ricas,[2] o menino, figura central, que possuí feição de desânimo, ombros caídos, parece trabalhar no transporte da matéria prima das lavanderias. Seu olhar de desânimo retrata a dureza da vida nesse recanto pitoresco. A menina, que acompanha a mãe trabalhando, com roupas a transbordas do cesto, vestida caracterizada pela representação das lavanderias parece indicar seu futuro. Entre essas pessoas, a mulher com um bebê no colo, talvez a primeira maternidade de Visconti,[5] possivelmente é uma mãe solteira, rejeitadas pela sociedade, que encontra solidariedade e ajuda mútua nas lavandeiras, pois estas, que possuem o hábito da infelicidade, portanto, compreensivas, além de terem a fama ambígua: ás vezes é considerada prostituta ou realizadora de aborto, intermediário entre “mulheres respeitáveis” e as “mulheres marginais”.[2]
Na obra fora traduzida com técnica impecável na utilização das cores e das formas, tanto na representação da vegetação tipicamente brasileira, quanto na feitura dos personagens. A paleta de cores, Segundo J. B., autor de um artigo para o periódico A Notícia, “o que eu noto como dominante é uma grande beleza de colorido, uma cuidada execução das folhas e mesmo das árvores, uma esplêndida escolha do verde, que é caso raro na exposição, o verde d‟aqui, o verde verdadeiro, considerada a luz como exata” [6]
A composição feita pela barraca próxima às bananeiras, os varais de roupas, casas distantes no fundos, tudo em meio a vegetação exuberante mostra a dominação do homem sobe a natureza comprovando que na estética pitoresca “a paisagem juntava o manufaturada ao natural”[7] [2]
O Artista
[editar | editar código-fonte]Eliseu d’Angelo Visconti, Pintor e Designer, nasceu na comuna de Giffoni Valle Piana, província de Salerno, Itália, no dia 30 de junho de 1866. Em 1973, aos sete anos imigra para o Brasil sobre influência de D. Francisca de Souza Monteiro de Barros, a baronesa de Guararema, grande incentivadora e protetora de Visconti.
Em 1882 se matricula no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Após frustrar-se na tentativa de ser um músico, foca seus estudos para as artes plásticas o que o levaria a ingressar na Imperial Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1885. Após desentendido com a instituição, se rebela e a deixa para fundar o Ateliê Livre.
Mais tarde, com o estabelecimento da República a antiga academia imperial se torna a Escola Nacional de Belas Artes e Visconti retornam. Em 1901, Visconti organiza sua primeira exposição individual na Escola, no Rio de Janeiro. Em 1892 é organizado o primeiro concurso da República, tendo como consagração uma bolsa de estudos na Europa e Eliseu Visconti vence o concurso, sendo o primeiro pensionista da República pela Escola.[8]
Em 1893, ingressa na Academia Julian, atelier de Bouguereu e Ferrier. Desde momento passa a realizar diversas exposições. Em 1894 ingressa na École Guérin, onde será aluno de Eugène Grasset, uma das mais destacadas expressões do art nouveau.
Visconti produziu obra de valor universal, utilizando como instrumental, ao longo de suas diversas fases, técnicas e influências naturalistas, renascentistas, realistas, pontilhistas, impressionistas e neorrealistas. Entretanto, três meses após ser golpeado na cabeça em um assalto ao seu ateliê, falece o artista em 15 de outubro de 1944, aos 78 anos de idade.[9]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Eliseu Visconti
- Lista de pinturas de Eliseu Visconti
- Academismo no Brasil
- Escola Nacional de Belas Artes
- Belle Époque brasileira
- Impressionismo
Referências
- ↑ a b https://eliseuvisconti.com.br/obra/P553
- ↑ a b c d e f g h Tomé, Aline Viana (5 de agosto de 2016). «tradição da pintura pitoresca na obra de Eliseu Visconti(1866-1944): as lavadeiras e seus varais». Periódicos UFMG. Consultado em 24 de novembro de 2019
- ↑ a b 1 SERAPHIM, Mirian N. A carreira artística. In: VISCONTI, Tobias Stourdzé (org.). Eliseu Visconti: a arte em movimento. Rio de Janeiro: Hólos Consultores Associados, 2012.
- ↑ Alves, Fabíola (12 de julho de 2016). «A lição Viscontiana». Repositório Institucional UNESP. Consultado em 24 de novembro de 2019
- ↑ Seraphim, Mirian (27 de agosto de 2010). «A catalogação das pinturas a óleo de Eliseu d'Angelo Visconti: o estado da questão». Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp. Consultado em 24 de novembro de 2019
- ↑ J. B. A Exposição de Bellas Artes. A notícia. Rio de Janeiro, 7-8 de outubro de 1894.
- ↑ CLARK. A pintura da vida moderna, p. 253.
- ↑ Visconti, Projeto Eliseu Visconti. «Primeiros Tempos – 1866-1892». Projeto Eliseu Visconti. Consultado em 24 de novembro de 2019
- ↑ Visconti, Projeto Eliseu Visconti. «Cronologia». Projeto Eliseu Visconti. Consultado em 24 de novembro de 2019