Usuário(a):TiagoLubiana/Hospital da Candelária

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Vista de uma das enfermarias do Hospital da Candelária.

Hospital da Candelária foi uma unidade de saúde criada para atender os trabalhadores durante a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. O local ficava próximo do centro da cidade de Porto Velho, Rondônia.[1]

O local contava com seis grandes enfermarias e uma sala cirúrgica. As instalações acomodavam 250 leitos. O hospital funcionou entre 1° de janeiro de 1908, até 31 de dezembro de 1911, tendo atendido no período 30.430 pessoas.[1]

História[editar | editar código-fonte]

O hospital iniciou-se no ano de 1907, tendo sido concluída em 1908.[2] No primeiros anos, o hospital foi chefiado pelo médico estadounidense H. P. Belt, que retornou aos Estados Unidos em abril de 1908.[3] Em julho do mesmo ano, a coordenação foi transferida para Carl Lovelace.[3] Carl Lovelace, também estadounidense, do estado do Missouri foi contratado por Percival Farquhar para o projeto.[2]

Em 1910, o hospital recebeu a visita de Oswaldo Cruz e Belisário Penna, que lá ficaram por 28 dias. Em carta a Salles Guerra, Oswaldo Cruz escreve sobre a região: Meu caro, isto aqui é de impressionar. A cifra de impaludismo é colossal, mas isto não assusta: só cede a doses cavalares de quinina, mas cede […] Mas de todas as moléstias, a que zomba de tudo e de todos é a pneumonia lombar que grassa com intensidade, matando 60% dos atacados que, em regra, são rapazes vigorosos e fortes".[2]

Oswaldo Cruz descreveu em detalhes sua visita à região no artigo Madeira-Mamoré Railway Company: Considerações gerais sobre as condições sanitárias do rio Madeira.[4] Oswaldo Cruz descreve que o complexo hospitalar possuía 15 edificações vásicas, incluindo enfermarias de primeira classe (para doentes de elite) e enfermarias menores, além das residências médias. As enfermarias tinham capacidade de 28 leitos. [4]


Entre outras coisas, ele destaca a capacidade de diagnóstico do hospital:

"Os diagnósticos são sempre secundados pelos recursos de laboratório e, em Candelária, o microscópio tem, nas enfermarias o mesmo curso que a escuta e percussão. Fazem-se exames quasi systematicos de sangue, urinas e fezes nos entrados, de accordo com as indicações fornecidas pela clínica. Nos casos em que se suspeita a existência de suppurações o estudo da forma leucocytaria do sangre entra como elemento constante na balança do diagnóstico e nas indicações e na determinação da opportunidade das intervenções cirúrgicas. Na verificação da malaria não se limitam ao diagnóstico da entidade mórbida, ao até ao diagnóstico da espécie do parasita. O diagnóstico de tuberculose é sempre verificado ao microscópio" [4] apud [2]


Oswaldo Cruz ainda menciona que a equipe do hospital contava com 8 enfermeiros "diplomados e bem conhecedores de seus misteres", além de um farmacêutico que administrava a farmácia do hospital[4]. As drogas eram provenientes da companhia estadounidense Schieffelin & Co[4], companhia que na época existia há pelo menos 100 anos[5].

Devido à situação de extrema insalubridade o hospital foi descrito por Francisco Foot Hardman como “santuário e túmulo, monumento do progresso científico e preâmbulo da escuridão”[2][6]

Após anos de falta de investimento, sua operação se encerrou oficialmente em 12 de agosto de 1930.[2]


Cultura popular[editar | editar código-fonte]

O Hospital da Candelária é cenário importante no romance Diaruí, de Antônio Candido. [2][7]

Referências

  1. a b Aleks Palitot (1 de maio de 2013). «Candelária! A luz no fim do túnel». Aleks Palito. Consultado em 29 de novembro de 2018 
  2. a b c d e f g SOARES, DIRSON DRESLE ALVES. DIARUÍ NO COMPLEXO HOSPITALAR DA CANDELÁRIA COMO CHAVE INTERPRETATIVA DA HISTÓRIA DA MADEIRA–MAMORÉ EM RONDÔNIA. [S.l.]: Universidade Federal de Rondônia  line feed character character in |título= at position 55 (ajuda)
  3. a b Benchimol, Jaime Larry; Silva, André Felipe Cândido da (setembro de 2008). «Railroads, disease, and tropical medicine in Brazil under the First Republic». História, Ciências, Saúde-Manguinhos (em inglês). 15 (3): 719–762. ISSN 0104-5970. doi:10.1590/S0104-59702008000300009 
  4. a b c d e Cruz, Oswaldo (1910). Madeira-Mamoré Railway Company: Considerações gerais sobre as condições sanitárias do rio Madeira. Rio de Janeiro: Papelaria Americana 
  5. Raubenheimer, Otto (novembro de 1927). «Schieffelin & Co.—The oldest wholesale drug house in New York City*». The Journal of the American Pharmaceutical Association (1912). 16 (11): 1071–1073. ISSN 0898-140X. doi:10.1002/jps.3080161113 
  6. Foot, Francisco, 1952- (2005). Trem-fantasma : a ferrovia Madeira-Mamoré e a modernidade na selva. [S.l.]: Companhia das Letras. OCLC 61266794 
  7. Silva, Antônio Cândido da (2010). Diaruí. [S.l.]: Editora Schoba. OCLC 931077886 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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