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Artigo Primatas, em inglês en:Primate

História evolutiva[editar | editar código-fonte]

Euarchontoglires
Glires

Rodentia (roedores)

Lagomorpha (coelhos, lebres e pikas)

Euarchonta

Scandentia (escandêncios)

Dermoptera (colugos)

Plesiadapiformes

Primatas

A ordem dos primatas é parte do clado Euarchontoglires, que está dentro do clado Eutheria, na classe Mammalia. Estudos moleculares com primatas, colugos e escandêncios mostraram que as duas espécies de dermópteros são mais próximos dos primatas do que Scantentia,[1] embora os integrantes deste último grupo já foram considerados primatas.[2] Essas três ordens fazem parte do clado Euarchonta. A combinação deste clado com Glires (composto por Rodentia e Lagomorpha) forma o clado Euarchontoglires. Tanto Euarchontoglires quanto Euarchonta podem ser ranqueadas como superordens. Alguns autores consideram Dermoptera como subordem de Primates, considerando os primatas "verdadeiros" como Euprimates.[3]

Evolução[editar | editar código-fonte]

A linhagem dos primatas surgiu há cerca de 65 milhões de anos,[4] apesar do mais antigo fóssil de primata ser o Plesiadapis (datado entre 55 a 58 milhões de anos atrás) do final do Paleoceno.[5][6] Estudos com relógio molecular estimam a origem dos primatas para cerca de 85 milhões de anos atrás, no Cretáceo Médio.[7][8][9]

Pela cladística moderna, a ordem dos primatas é monofilética. A subordem Strepsirrhini, primatas com "rinário", se separou da linhagem primitiva de primatas há 63 milhões de anos, apesar de que isso pode ter ocorrido antes.[10][11] As sete famílias de Strepsirrhini são as cinco famílias de lêmures e as duas famílias que incluem os gálagos e lorisídeos.[12][13] Classificações antigas colocam Lepilemuridae dentro de Lemuridae e Galagonidae em Lorisidae, mostrando uma relação de quatro famílias para uma, em vez de cinco para duas como apresentada aqui.[12] Durante o Eoceno, a maior parte dos continentes ao norte eram dominados por dois grupos: Adapiformes e Omomyidae.[14][15] O primeiro é considerado Strepsirrhini, mas não possui o pente dental como os modernos lêmures; análises recentes demonstraram que Darwinius masillae fazem parte deste grupo.[16] O segundo grupo é mais relacionado aos társios e macacos antropoides. Não é claro como esses grupos se relacionam com os primatas viventes. Omomyidae se extinguiram há cerca de 30 milhões de anos, enquanto os adapiformes viveram até cerca de 10 milhões de anos atrás.[17]

Lémur-de-cauda-anelada, um Strepsirrhini.

De acordo com estudos genéticos, os lêmures de Madagáscar divergiram dos lorisídeos há cerca de 75 milhões de anos.[11] Estes estudos, assim como evidências por cariótipo e biologia molecular, também mostram que os lêmures são mais relacionados entre si do que com os outros Strepsirrhini.[11][18] Entretanto, Madagáscar se separou da África há 160 milhões de anos, e da Índia há 90 milhões.[19] Por conta desses fatos, uma população fundadora de lêmures chegou à Madagáscar da África por dispersão oceânica entre 50 e 80 milhões de anos atrás.[11][18][19] Outras opções de colonização devem ser examinadas, como múltiplas colonizações da África e Índia, mas nenhuma é suportada por evidência genética ou molecular.[14]

Até recentemente, o aie-aie não tinha um lugar claro dentro de Strepsirrhini.[12] Hipóteses têm sido propostas de que esta família, Daubentoniidae, foi um primata lemuriforme (o que significa que seus ancentrais surgiram após a separação dos lêmures e lorisídeos) ou um grupo-irmão de todos os Strepsirrhini. Em 2008, a família do aie-aie foi confirmada como mais relacionada aos lêmures de Madagáscar, descendendo da mesma população ancestral que colonizou a ilha.[11]

A subordem Haplorrhini, ou primatas "sem-rinário", é composta por dois clados.[12] Os társios da família Tarsiidae (monotípico em sua infraordem Tarsiiformes), representa a divisão mais basal, originada há 58 milhões de anos.[20][21] A infraordem Simiiformes surgiu há 40 milhões de anos,[15] e contém dois clados: Platyrrhini, que evoluíram na América do Sul, sendo conhecidos por "macacos do Novo Mundo", e Catarrhini, que evoluíram na África, sendo os "macacos do Velho Mundo", humanos e grandes símios.[12] Um terceiro clado, Eosimiidae, evoluiu na Ásia, mas já se extinguiu.[22]

Como no caso dos lêmures, a origem dos "macacos do Novo Mundo" não é clara. Estudos moleculares têm mostrado uma enorme variação nas datas de divergência desses primatas com Catarrhini, fornecendo datações entre 33 e 70 milhões de anos atrás, mas estudos de DNA mitocondrial mostram menos variação, fornecendo datas entre 35 e 43 milhões de anos atrás.[23] Esses primatas atravessaram o oceano Atlântico da África para a América do Sul através de "saltos" entre ilhas, facilitados pela Dorsal Mesoatlântica, em um oceano com níveis de água mais baixos.[14] Alternativamente, uma dispersão oceânica isolada pode explicar essa colonização. Devido à deriva continental, o oceano Atlântico não era tão amplo como é hoje em dia.[14] Pesquisas mostram que um macaco de 1 kg é capaz de sobreviver até 13 dias em uma jangada de vegetação.[24] Dadas determinadas condições de corrente e velocidade do vento, seria possível uma viagem entre os dois continentes em um curto espaço de tempo.

Sagui-imperador, um platirrino, ou "macaco do Novo Mundo".

Os catarrinos se dispersaram da África até a Europa e Ásia no começo do Mioceno.[25] Logo após, lórises e társios fizeram o mesmo caminho. O primeiro fóssil de hominídeo foi descoberto no norte da África e é datado entre 5 a 8 milhões de anos atrás.[15] Os "macacos do Velho Mundo" se extinguiram da Europa há 1,8 milhão de anos.[26] Estudos moleculares e paleontológicos mostram a origem do homem como sendo na Árica, entre 100 mil e 200 mil anos atrás.[27]

Embora os primatas foram muito bem estudados em relação a outros grupos de animais, muitas espécies foram descobertas nos anos 2000, e a genética tem demonstrado a existência de espécies desconhecidas em populações já conhecidas. Primate Taxonomy listou cerca de 350 espécies em 2001.[28] O autor, Colin Groves, aumentou o número na terceira edição do livro Mammal Species of the World.[12] Entretanto, publicações mais recentes listam cerca de 424 espécies, ou 658 táxons, se contar as subespécies.[29]

Híbridos[editar | editar código-fonte]

Híbridos entre primatas ocorrem em cativeiro,[30] mas também já foram reportados em estado selvagem.[31][32] A hibridização ocorre quando a área de distribuição de duas espécies se sobrepõem, formando zonas híbridas; também pode ocorrer quando animais são colocados em zoológicos ou na natureza devido à pressão ambiental, como numa atividade predatória intensa.[31] Híbridos de indivíduos de gêneros diferentes também são encontrados no meio selvagem. Embora pertençam a gêneros separados há milhões de anos, existe cruzamento entre geladas e babuínos-sagrados.[33]

Referências

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  2. Kavanagh, M. (1983). A Complete Guide to Monkeys, Apes and Other Primates. New York: Viking Press. 18 páginas. ISBN 0-670-43543-0 
  3. McKenna, M. C. and Bell, S. K. (1997). Classification of Mammals Above the Species Level. Nova York: Columbia University Press. 329 páginas. ISBN 0-231-11012-X 
  4. Williams, B.A.; Kay, R.F.; Kirk, E.C. (2010). «New perspectives on anthropoid origins». Proceedings of the National Academy of Sciences. 107 (11): 4797–4804. doi:10.1073/pnas.0908320107 
  5. «Nova – Meet Your Ancestors». Public Broadcasting Service. Consultado em 15 de fevereiro de 2013 
  6. «Plesiadapis» (PDF). North Dakota Geological Survey. Consultado em 15 de fevereiro de 2013 
  7. Lee, M. (1999). «Molecular Clock Calibrations and Metazoan Divergence Dates». Journal of Molecular Evolution. 49 (3): 385–391. doi:10.1007/PL00006562 
  8. «Scientists Push Back Primate Origins From 65 Million To 85 Million Years Ago». Science Daily. Consultado em 15 de fevereiro de 2013 
  9. Tavaré, S., Marshall, C. R., Will, O., Soligo, C. & Martin R.D. (2002). «Using the fossil record to estimate the age of the last common ancestor of extant primates». Nature. 416 (6882): 726–729. doi:10.1038/416726a 
  10. Klonisch, T., Froehlich, C., Tetens, F., Fischer, B. & Hombach-Klonisch, S. (2001). «Molecular Remodeling of Members of the Relaxin Family During Primate Evolution». Molecular Biology and Evolution. 18 (3): 393–403. PMID 11230540 
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