Verão da Lata

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Verão da Lata
Verão da Lata
Latas encontradas com maconha a deriva no litoral brasileiro
Data 25 de setembro de 1987 - 1988
Local Litoral do Brasil
Tipo Incidente relacionado com o narcotráfico
Causa Narcotráfico entre a Austrália e os Estados Unidos
Resultado 3 mil latas de maconha apreendidas e outras 10 mil desaparecidas, entre as resgatadas por civis e as que sumiram no mar
Apreensões Um pouco mais de 3 mil latas contendo maconha apreendidas
Acusado(s) Tripulantes do navio Tunamar

O verão da lata foi um evento inusitado que aconteceu no litoral brasileiro no ano de 1987 até o ano de 1988. O evento em questão ocorreu quando milhares de latas contendo cannabis chegaram ao litoral do Brasil entre as praias de Cabo Frio (ponto mais ao norte onde as latas foram encontradas) e a Praia do Cassino (ponto mais ao sul). Em média foram despejadas ao mar 22 toneladas de maconha em mais de 13 mil latas.[1][2]

Ocorrido[editar | editar código-fonte]

Primeiros relatos[editar | editar código-fonte]

Os primeiros relatos aconteceram em 25 de setembro de 1987 onde pescadores na cidade de Maricá no Rio de Janeiro encontraram 18 latas contendo em média 1,5 kg de maconha em cada lata. Os pescadores assustados com a ocasião levaram as drogas a policia militar do Rio de Janeiro.[3]

Investigação[editar | editar código-fonte]

As investigações da policia militar do Rio de Janeiro começaram, e após perceber que havia diversas cidades relatando o encontro de latas contendo maconha, a policia militar informou a policia federal brasileira a existência destas latas. A policia federal já havia recebido informações sobre as latas vindas da central de inteligência dos Estados Unidos.

A policia militar também constatou que a droga contida nas latas era 500x mais forte do que a droga que já estava sendo distribuída em território nacional.

A policia norte-americana já estava ciente que havia um navio chamado Tunamar que futuramente iria para os Estados Unidos e neste navio poderia conter maconha, monitorando a embarcação a inteligência norte-americana percebeu estranhas movimentações da embarcação próxima a costa do Brasil.[4][1]

O navio Tunamar[editar | editar código-fonte]

O navio Tunamar havia saído do Panamá e ido até a Austrália onde havia sido carregado e partia em direção aos Estados Unidos. Entre as cargas licitas carregadas pelo navio, haviam também latas de suco de uva contendo em seu interior maconha.

Após um confronto com outros narcotraficantes, o barco danificado e os tripulantes temendo serem capturados, começaram a despejar as cargas de maconha no mar, e logo após toda a carga descarregada no mar o navio foi ao litoral do Brasil para reparos.[5][2]

Corrida às latas[editar | editar código-fonte]

Com a popularização da história das latas, diversas pessoas foram até o litoral dos seus estados para tentar pegar alguma lata contendo maconha. A movimentação ocorreu principalmente no litoral entre os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul onde foram encontradas as latas. Assim, as praias já cheias com a chegada do verão, começaram a encher ainda mais de pescadores, surfistas, nadadores e civis em busca de latas contendo maconha.

Em contrapartida, as praias ficaram lotadas de policiais. Os policiais, além de tentar pescar as latas de maconha, também estavam reprimindo e observando pessoas que saiam das praias com latas com maconha.

Com essa tensão, diversos lugares começaram a vender latas de maconha sem maconha. Assim, acabaram confundindo os policiais entre latas legitimas com maconha e latas que eram apenas acessórios decorativos. Nessa confusão de latas, diversas pessoas conseguiram efetivamente sair do litoral com latas de maconha.[1][6]

Desfecho[editar | editar código-fonte]

Prisões e apreensões[editar | editar código-fonte]

Dos 7 tripulantes do navio Tunamar, apenas o cozinheiro Stephen Skelton foi preso. Ele foi ouvido e informou existirem em média 13 mil latas contendo de 1 a 1,5 kg de maconha em cada. Stephen ficou preso no Brasil durante 1 ano, porém logo após foi extraditado para seu país. A polícia militar conseguiu recuperar apenas 3 mil latas das 13 mil que foram despejadas na água. As latas foram encontradas nos seguintes estados:

Estado Numero de Latas Kg de Maconha
 Rio Grande do Sul 9 +- 13,5 kg
 Rio de Janeiro 799 +- 1038,7 kg
 São Paulo 1735 +- 2.602,5 kg
Total 2.543 +- 3.654,7 kg

Os estados de Santa Catarina e Paraná não divulgaram os números de latas apreendidas por suas respectivas polícias militares.[7][8]

O que aconteceu com as outras latas?[editar | editar código-fonte]

A polícia passou meses atrás das latas de maconha perdidas no litoral do Brasil, porém cerca de 10 mil latas continuaram perdidas. A polícia chegou às seguintes conclusões sobre o destino das outras latas faltantes:

  • Foram encontradas por civis;
  • Foram resgatadas pelos narcotraficantes que atacaram o Tunamar;
  • Afundaram e foram perdidas no mar;
  • Foram boiando para outros países.[3]

Repercussão no narcotráfico[editar | editar código-fonte]

Após milhares de histórias surgirem de pessoas encontrando latas de maconha, o narcotráfico nacional foi fragilizado, tendo em vista que a maconha enlatada tinha maior qualidade do que a maconha vendida em território nacional. Assim, as latas eram consumidas pelas pessoas que compravam do narcotráfico local, ou eram revendidas por outras pessoas que não eram usuárias da droga mas aproveitaram a situação para gerar algum lucro pessoal.

Após a repercussão da qualidade da maconha das latas, os traficantes brasileiros melhoraram a sua produção, aprendendo outros métodos para fazer a maconha render mais e ser mais forte, melhorando o comércio de cannabis nacional. Com o fim das latas, o narcotráfico voltou a ganhar força, agora com o aprendizado que as latas haviam deixado.[3][1]

Referências

  1. a b c d 1962-, Aquino, Wilson,. Verão da lata. [S.l.: s.n.] OCLC 875657588 
  2. a b «Documentário Verão da Lata». Natgeo 
  3. a b c VERÃO NA LATA - Brasil Bizarro #6, consultado em 6 de junho de 2021 
  4. VERÃO DA LATA: BASEADO EM FATOS REAIS - EDUARDO BUENO, consultado em 6 de junho de 2021 
  5. «"Verão da Lata" conta como 22 toneladas de maconha acabaram nas praias brasileiras em 87». entretenimento.uol.com.br. Consultado em 6 de junho de 2021 
  6. «No "verão da lata", toneladas de maconha surgiram em praias do Brasil». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 6 de junho de 2021 
  7. «A Lenda do Verão da Lata». ISTOÉ Independente. 22 de junho de 2012. Consultado em 6 de junho de 2021 
  8. «Verão da lata completa 30 anos e deve virar mais um filme». O Globo. 7 de janeiro de 2018. Consultado em 6 de junho de 2021