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Vinho da Madeira: diferenças entre revisões

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A produção de vinho da Madeira remonta quase à época da descoberta da ilha ([[1419]]). As primeiras castas foram introduzidas sob ordens do [[Infante D. Henrique]], e foram importadas de [[Iráklio|Cândia]] (capital de [[Creta]], [[Grécia]]). Mais tarde foram introduzidas outras castas, como a [[Tinta Negra Mole]], a [[Sercial]], a [[Boal]], a [http://en.wikipedia.org/wiki/Verdelho Verdelho] e a ''[[Malvasia]]''. Estas últimas quatro produzem vinhos de qualidade superior, em função das condições climatéricas e da composição dos solos.
A produção de vinho da Madeira remonta quase à época da descoberta da ilha ([[1419]]). As primeiras castas foram introduzidas sob ordens do [[Infante D. Henrique]], e foram importadas de [[Iráklio|Cândia]] (capital de [[Creta]], [[Grécia]]). Mais tarde foram introduzidas outras castas, como a [[Tinta Negra Mole]], a [[Sercial]], a [http://www.madeirawine.com/html/p-boal.html Boal], a [http://en.wikipedia.org/wiki/Verdelho Verdelho] e a ''[[Malvasia]]''. Estas últimas quatro produzem vinhos de qualidade superior, em função das condições climatéricas e da composição dos solos.


A produção de vinho da Madeira foi estimulada pela presença dos ingleses na ilha, que fizeram com que o vinho fosse conhecido em toda a Europa e América, tornando-se o vinho preferido em banquetes e mesas requintadas das cortes europeias e nas respectivas colónias. Por exemplo, foi com vinho da Madeira que em [[4 de Julho]] de [[1776]] se brindou à [[independência dos Estados Unidos da América]], provavelmente porque era o vinho de eleição do estadista [[Thomas Jefferson]].
A produção de vinho da Madeira foi estimulada pela presença dos ingleses na ilha, que fizeram com que o vinho fosse conhecido em toda a Europa e América, tornando-se o vinho preferido em banquetes e mesas requintadas das cortes europeias e nas respectivas colónias. Por exemplo, foi com vinho da Madeira que em [[4 de Julho]] de [[1776]] se brindou à [[independência dos Estados Unidos da América]], provavelmente porque era o vinho de eleição do estadista [[Thomas Jefferson]].

Revisão das 18h15min de 13 de dezembro de 2008

Vinho da Madeira

O vinho da Madeira é um vinho fortificado, com elevado teor alcoólico, produzido nas encostas e adegas da Região Demarcada da Ilha da Madeira, sob condições edafoclimáticas excepcionais decorrentes de factores naturais e humanos. É o produto principal da economia da Região Autónoma da Madeira e um símbolo da Madeira em todo o mundo.

História

A produção de vinho da Madeira remonta quase à época da descoberta da ilha (1419). As primeiras castas foram introduzidas sob ordens do Infante D. Henrique, e foram importadas de Cândia (capital de Creta, Grécia). Mais tarde foram introduzidas outras castas, como a Tinta Negra Mole, a Sercial, a Boal, a Verdelho e a Malvasia. Estas últimas quatro produzem vinhos de qualidade superior, em função das condições climatéricas e da composição dos solos.

A produção de vinho da Madeira foi estimulada pela presença dos ingleses na ilha, que fizeram com que o vinho fosse conhecido em toda a Europa e América, tornando-se o vinho preferido em banquetes e mesas requintadas das cortes europeias e nas respectivas colónias. Por exemplo, foi com vinho da Madeira que em 4 de Julho de 1776 se brindou à independência dos Estados Unidos da América, provavelmente porque era o vinho de eleição do estadista Thomas Jefferson.

Há várias histórias curiosas sobre o vinho da Madeira em referências literárias desde o século XV, que ajudam a reforçar a aura de vinho especial em Inglaterra. Um caso conhecido é o da obra [[[Henry IV][1], parte 1|Henrique IV]] de William Shakespeare, na qual Falstaff foi acusado de trocar a sua alma por uma perna de frango e um cálice de vinho da Madeira. Outro caso dá-se em 1478 e é o da condenação à morte de George de York, Duque de Clarence, irmão de Eduardo IV de Inglaterra, que escolheu alegadamente afogado dentro de um tonel de vinho Malvasia (nunca se soube qual foi o método de execução).

O Madeira conheceu períodos de grande projecção internacional interpolados de situações de crise. Os períodos de crise mais sérios foram provocados pelo aparecimento de doenças que dizimaram os vinhedos (oídio em 1852, e a filoxera em 1872), bem como falta de qualidade (aparecimento da "estufa" e dos híbridos produtores directos). Hoje, com as técnicas modernas de vitivinicultura, transporte, divulgação e comercialização, recuperou a credibilidade e a aceitação no mercado internacional.

Importância

Presentemente a Ilha da Madeira produz e exporta cerca de 4.000.000 de litros de vinho generoso da Madeira de alta qualidade, mundialmente reconhecida, que representavam em 1999, 43% das exportações e saídas, das principais mercadorias madeirenses (fontes: Vinho – Instituto do Vinho da Madeira, Bordados e Obra de Vime – Instituto do Bordado e Tapeçarias do Arquipélago da Madeira, Flores e Banana – Direcção Regional de Agricultura), distribuídos essencialmente pelos seguintes produtores: Madeira Wine Company, S.A., Vinhos Justino Henriques, Filhos, Lda., H. M. Borges, Sucrs, Lda., Henriques & Henriques, Vinhos, S.A., Artur de Barros & Sousa, Lda., Pereira d’Oliveira (Vinhos), Lda. e Vinhos Barbeito (Madeira), Lda.

Este é o produto agro-industrial de maior peso na economia regional.

As principais castas

A produção de Vinho Madeira feita a partir da casta Tinta Negra Mole representa cerca de 90% do total, sendo os restantes 10%, o Sercial, o Verdelho[2], o Boal e o Malvasia, destinados a vinhos finos, em geral destinados ao envelhecimento em canteiro (envelhecimento natural em casco sem recurso à estufa), e mais tarde comercializados por melhores preços. O Sercial que terá de ser seco, o Verdelho meio seco, o Boal meio doce e o Malvasia doce, quando comercializados com o designativo da casta, têm de corresponder ao conteúdo, ou seja são monovarietais.

Uma ideia antiga adaptada aos tempos modernos

O grosso da produção, 90%, é no geral submetido à estufagem. É conhecido desde a antiguidade o efeito benéfico do calor no envelhecimento dos vinhos. Os gregos e romanos já o usavam, e, na época das grandes viagens marítimas dos portugueses, rapidamente se constatou que os vinhos da Madeira embarcados nos porões dos navios, mercê das altas temperaturas dos trópicos, regressavam claramente melhorados (os célebres vinhos de “Torna-Viagem”). Daí à tentativa de artificialmente produzir o mesmo efeito foi um passo, surgindo no século XVIII vários engenhos que se destinavam a consegui-lo, uns por aquecimento directo, outros pela circulação de ar quente e posteriormente pela utilização de vapor de água que circulava em serpentinas de cobre que mergulhavam no vinho.

As técnicas foram evoluindo e presentemente as estufas são construídas em aço inoxidável, com camisas de transmissão de calor, isotérmicas, poupando imensa energia, e quase não havendo choque térmico, dado que o líquido que circula nas camisas é água a cerca de 70°C. Assim o vinho que é aquecido com suavidade, permanece ao abrigo do ar (ambiente redutor) a cerca de 50°C, durante 90 dias, findos os quais inicia um período de estágio de outros 90 dias à temperatura ambiente. Durante este tempo, mercê de oxidações e reduções sucessivas, o vinho adquire um aroma e um paladar sui generis e muda também de cor, perdendo densidade cromática e adquirindo laivos acastanhados ou amarelados, de várias tonalidades, que caracteriza o Vinho da Madeira novo. A partir daqui o vinho está apto a ser comercializado em consonância com um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos, adequados a cada situação. Estes vinhos também de alta qualidade, são comercializados apenas com a designação de “Madeira”. A eventual elucidação do tipo de vinho ao consumidor é efectuada pelos designativos, seco, meio seco, meio doce e doce, correspondendo respectivamente aos graus Baumé: <1.5, de 1.5 a 2.5, de 2.5 a 3.5 e >3.5.

Fortificação

Todos estes vinhos apresentam uma graduação alcoólica que varia de 17 a 22 % em volume, e um teor de açúcar compreendido entre 0 e cerca de 150 gramas por litro. Este açúcar residual é o resultado da interrupção da fermentação alcoólica, por adição de álcool vínico com o mínimo de 96,0 %, em momentos diferentes da fermentação alcoólica, consoante se necessite de vinhos secos ou doces.

Produção: vindima e vinificação

Entre meados de Agosto e meados de Outubro realizam-se as vindimas na Madeira. O ponto mais alto é marcado pela Festa do Vinho, realizada em Setembro. O mosto resultante nas adegas é sujeito a fermentação interrompida por adição de álcool vínico no momento em que atinge o nível de doçura pretendido. O sistema de vinificação tradicional do Vinho da Madeira é a bica aberta, praticando-se na maioria dos casos a prensagem directa das uvas. Contudo, algumas empresas já dispõem de equipamento que lhes permite fazer vinificações com curtimenta, a que recorrem quando pretendem fazer vinhos, que prevêem ficar muitos anos em casco, pois dão vinhos melhor estruturados e de maior longevidade.

Estabilidade

O Vinho Madeira, como outros vinhos naturais, está sujeito a perdas de estabilidade, com formação ou não de depósito no fundo das garrafas. Modernamente os operadores deste sector utilizam como rotina a ultrarefrigeração antes do engarrafamento (arrefecimento do vinho a temperaturas bem perto do ponto de congelação e filtragem a baixa temperatura), a qual costuma originar vinhos bastante estáveis. Em todo o caso o mercado tem vinhos que por serem antigos, produzidos com tecnicas artesanais ou estratégia dos "puristas", podem apresentar algumas daquelas perturbações: presença de cristais de birtartarato de potássio (quando deposita no estado puro, tem o aspecto de açucar), ou perda de estabilidade devido à precipitação de proteínas, oxidação de taninos ou de matéria corante. Esta última, designada por casse hidrolásica (Traite d'Oenologie Sciences et Téchniques du Vin de Ribéreau-Gayon e Émile Peynaud, 1975), forma depósitos tão abundantes que a maior parte dos consumidores rejeita o seu consumo. Nestes casos deve deixar decantar, transferir o líquido sobrenadante para outro recipiente, não havendo restrições ao consumo.

Consumo

O Vinho da Madeira, um vinho de todas as ocasiões, perfeitamente adequado às horas festivas e de convívio, só encontra às refeições um momento menos propício ao seu consumo, onde outros se inserem com mais naturalidade. Encontra porém como aperitivo e digestivo vocação privilegiada, podendo ser encontrado nas seguintes categorias: Corrente, Madeira sem adjectivação, Reserva, Old ou 5 anos, Reserva Velha, Very Old ou 10 anos, 15 anos, 20 anos, 30 anos e 40 anos, para além de outros com indicação da data de colheita.

Ligações externas