Zélia Amador

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Zélia Amador
Nome completo Zélia Amador de Deus
Nascimento 25 de outubro de 1951 (72 anos)
Soure, Pará
Nacionalidade brasileira
Etnia afro-brasileira
Ocupação

Zélia Amador de Deus (Soure, 24 de outubro de 1951) é uma professora universitária, militante dos direitos da população negra, atriz e diretora de teatro. É uma das fundadoras do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Zélia nasceu no território quilombola de Mangueiras. Na época, estava localizado no município de Soure e hoje está localizado no município de Salvaterra. Filha de empregada doméstica adolescente[2], Zélia Amador de Deus mudou-se para Belém quando tinha 15 anos e foi morar no bairro da Sacramenta. Iniciou os estudos primários no Externato Santo Expedito e, posteriormente, prosseguiu no Instituto Catarina Labouré.[3] Antes de ingressar na universidade, estudou no Instituto de Educação do Pará (IEP). No início da década de 1970, começou a graduação no curso de licenciatura plena em Língua Portuguesa, na Universidade Federal do Pará. Embora tenha vivenciado episódios de racismo na infância e na adolescência, foi no espaço universitário que intensificou a militância no movimento negro. Em 1978, Zélia Amador de Deus iniciou o curso de especialização em Teoria Literária, também, na UFPA. Dez anos depois, ingressou no mestrado em Estudos Literários na Universidade Federal de Minas Gerais e, no ano de 2004, iniciou o doutorado em Ciências Sociais na Universidade Federal do Pará. Foi vice-reitora da UFPA entre os anos de 1993 e 1997. [2]

Atuação Política[editar | editar código-fonte]

Antes de ingressar no curso de graduação, Zélia Amador de Deus já atuava nos movimentos sociais. Fez parte da Cruzada Mariana quando estudou no Instituto Catarina Labouré e do grupo de jovens da Paróquia São Sebastião. Participou do movimento secundarista e da Ação Popular (AP) até o momento que essa organização se fundiu com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foi, então, que ingressou no VAR-Palmares em Belém.[4] É uma das fundadoras do Cedenpa e foi por meio dessa organização que atuou em defesa do reconhecimento e titulação das terras das comunidades quilombolas no Pará. Zélia foi uma das representantes do Brasil na Conferência de Durban, da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2001. Na UFPA, foi atuante na defesa das ações afirmativas para negros[4] e participou da criação da “Lei de Cotas” (Lei nº 12.711/2012).[5] Na UFPA, em parceira com outros professores, fundou o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) e o Grupo de Estudos Afro-amazônico (GEAM/UFPA).[4]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Caminhos Trilhados na Luta Antirracista, 2021.[6]

Prêmios e títulos[editar | editar código-fonte]

  • Título de Cidadã de Axé, AFAIA-Associação dos Filhos e Amigos do Ilê Iyà Omi Ásé Ofá Karè (2004);[7]
  • Reconhecimento de dedicação pela consolidação do Sindicato dos Docentes da UFPA - ADUFPA (2014);[7]
  • Título de Honra ao Mérito do Conselho Estadual de Segurança Pública do Estado do Pará (2014);[7]
  • Comenda Mãe Doca, da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (2015);[7]
  • Título de professora emérita da UFPA (2019);[8]
  • Prêmio de Direitos Humanos da BrazilFoundation's Human Rights Award (Outubro de 2021).[5]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

  • Intelectual negra homenageada no VIII Congresso Nacional de Pesquisadores/as Negros/as (2014)[4]
  • Homenagem feita pela escola de samba Os colibris de Belém.[7]
  • Escritora homenageada na 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes (setembro de 2019).[4]
  • Curta metragem Amador, Zélia, desenvolvido pela produtora Floresta Urbana.[9][10]
  • Prêmio de Direitos Humanos da BrazilFoundation.[11]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «SIGAA - Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas». sigaa.ufpa.br. Consultado em 26 de novembro de 2022 
  2. a b Navegantes, Aline de Souza (21 de outubro de 2019). «O CEDENPA e a luta pela implantação das políticas de cotas étnico-raciais na Universidade Federal do Pará (UFPA)». Consultado em 19 de novembro de 2022 
  3. Alberti, Verena (6 de setembro de 2016). «Análise de entrevistas: reflexões em torno de um exemplo». Consultado em 12 de dezembro de 2022 
  4. a b c d e Monteiro, Alef (11 de janeiro de 2021). «Uma vida dedicada ao combate do racismo na Amazônia: entrevista com Zélia Amador de Deus, por ocasião de seus 70 anos». Novos Cadernos NAEA (3). ISSN 2179-7536. doi:10.5801/ncn.v23i3.8001. Consultado em 23 de novembro de 2022 
  5. a b «Zélia Amador de Deus recebe Prêmio de Direitos Humanos da BrazilFoundation». Revista Raça Brasil. 1 de novembro de 2021. Consultado em 23 de novembro de 2022 
  6. DEUS, Zelia Amador de. (2020). Caminhos trilhados na luta antiracista. Belo Horizonte: Autêntica. ISBN 9788551307120 
  7. a b c d e GUIMARÃES, Sandra Suely Moreira Lurine. «Zélia Amador de Deus e as Teias de Ananse na Amazônia» (PDF). GEPEM - Grupo de Estudos e Pesquisas Eneida de Moraes Sobre Mulher e Gênero. Gênero na Amazônia (20): p.21-30 
  8. «UFPA concede título de Professora Emérita à Zélia Amador de Deus». portal.ufpa.br. Consultado em 23 de novembro de 2022 
  9. Curta "Amador, Zélia", consultado em 23 de novembro de 2022 
  10. «'Amador, Zélia': a trajetória de uma ativista da academia». Amazônia Real (em inglês). 13 de outubro de 2021. Consultado em 23 de novembro de 2022 
  11. «Professora e ativista paraense, Zélia Amador é homenageada em premiação de ONG internacional». G1. Consultado em 12 de dezembro de 2022