Yaokwa

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O Yaokwa: Ritual do Povo Enawene para a Manutenção da Ordem Social e Cósmica
Património Cultural Imaterial da Humanidade
País(es)  Brasil
Domínios Conhecimentos e práticas sobre a natureza e o universo
Técnicas artesanais tradicionais
Usos sociais, rituais e atos festivos
Referência en fr es
Região América Latina e Caraíbas
Inscrição 2011 (6.ª sessão)
Lista Patrimônio Cultural Imaterial em Necessidade de Salvaguarda Urgente

Yaokwa (também grafado yãkwa) é um ritual praticado pelos indígenas enauenês-nauês do Mato Grosso.[1]

O ritual[editar | editar código-fonte]

O Yaokwa marca o período da seca, durante o qual os enauênes-nauês interagem com os seres do mundo subterrâneo, chamados de Yakairiti. Como essas criaturas sofrem de uma fome insaciável, precisam ser alimentados com sal vegetal, peixe, milho e mandioca. Em troca dos alimentos que recebem, os espíritos mantêm a ordem social e cósmica.[2]

A preparação do Yaokwa começa em janeiro, época da colheita da mandioca e quando é construída a Mata, uma série de armadilhas de pesca nos rios Joaquim Rios, Arimena, Rio Preto e Nhambiquara. Na pescaria, a aldeia se divide em nove grupos rituais, conforme os clãs. Os pescadores, tendo removido os adornos que os identificam como humanos e se dividido em grupos, partem então para acampar às margens de rios de médio porte: .

Depois de dois meses de pesca, em cada barragem um ancião oferece sal a um grupo de pescadores (que representam os Yakairiti), em troca pelos peixes. O consumo do sal simboliza o pacto entre humanos e espíritos. Na volta para a aldeia, os pescadores, mais uma vez representando os seres do mundo subterrâneo, enfrentam os moradores que ficaram cuidando das roças. Depois dos cantos rituais, trocam peixes por bebidas preparadas com mandioca e milho.

Nos meses seguintes, os alimentos usados nas trocas são consumidos em banquetes noturnos, à luz de fogueiras, com música, cantos e danças.

Proteção[editar | editar código-fonte]

Em agosto de 2006, foi iniciado um processo para proteção do ritual Yaokwa como patrimônio imaterial brasileiro.[3] Os estudos do Iphan apontaram os riscos trazidos por fatores como a atuação de madeireiros e garimpeiros na área, bem como a construção de hidrelétricas de pequeno porte, alterando a paisagem natural e social.[4]

O pedido foi aprovado em 2010, com a inscrição do Yaokwa no registro de Bens Culturais.[5]

Em 2011, a UNESCO incluiu o ritual na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial em Necessidade de Salvaguarda Urgente. A decisão foi tomada durante a reunião do Comitê Intergovernamental para Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, em Bali, sob a justificativa de que o Yaokwa "representa um ecossistema extremamente delicado e frágil, cuja continuidade depende diretamente da sua conservação".[6][7]

Referências