Capsulite: diferenças entre revisões

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A '''Capsulite Adesiva''', também conhecida como "'''Ombro Congelado'''" ocorre na [[cápsula articular]] da glenoide, onde ela se encontra espessa, inelástica e friável, com perda de movimentos ativos e passivos do [[ombro]], resultante de [[fibrose]] progressiva e [[contratura]] final da cápsula articular da [[Articulação do ombro|articulaçãoglenoumeral]].<ref>{{citar periódico|ultimo=Neviaser|primeiro=Andrew S|ultimo2=Hannafin|primeiro2=Jo A.|data=2010|titulo=Adhesive Capsulitis: A Review of Current Treatment|url=|jornal=The American Journal of Sports Medicine|volume=v.38|numero=n.11|doi=10.1177/0363546509348048|acessodata=08/05/2018}}</ref>
A '''Capsulite Adesiva''', também conhecida como "'''Ombro Congelado'''",<ref>{{citar periódico|ultimo=Neviaser|primeiro=Andrew S.|data=2010|titulo=Adhesive Capsulitis: A Review of Current Treatment|url=|jornal=The American Journal of Sports Medicine|volume=v.38|numero=n.11|doi=10.1177/0363546509348048|acessodata=08/05/2018}}</ref> ocorre na [[cápsula articular]] da glenoide, onde ela se encontra espessa, inelástica e friável, com perda de movimentos ativos e passivos do [[ombro]],<ref>{{citar periódico|ultimo=Spassim|primeiro=Mateus Valdir|ultimo2=Gaviolli|primeiro2=Cristina|data=|titulo=Intervenções fisioterapeuticas na capsulite adesiva ou ombro congelado|url=|jornal=Luzimar Teixeira|acessodata=}}</ref> resultante de [[fibrose]] progressiva e [[contratura]] final da cápsula articular da [[Articulação do ombro|articulação glenoumeral]],<ref name=":0">{{citar periódico|ultimo=Neviaser|primeiro=Andrew S|ultimo2=Hannafin|primeiro2=Jo A.|data=2010|titulo=Adhesive Capsulitis: A Review of Current Treatment|url=|jornal=The American Journal of Sports Medicine|volume=v.38|numero=n.11|doi=10.1177/0363546509348048|acessodata=08/05/2018}}</ref> acompanhada de uma forte sensação [[Dor|dolorosa]] nos graus finais de movimento.<ref name=":1">{{citar livro|título=Reabilitação do complexo do ombro|ultimo=Souza|primeiro=Marcial Zanelli de|editora=Manone|ano=2001|local=|páginas=141|isbn=8520412491|acessodata=}}</ref>


O aparecimento da capsulite atinge cerca de 3-5% da população em geral,<ref>{{citar periódico|ultimo=Binder|primeiro=AI|data=1984|titulo=Frozen shoulder: a long-term prospective study|url=|jornal=Ann Rheum Dis.|volume=v.43|numero=n.3|acessodata=}}</ref> sendo mais frequente em indivíduos do sexo feminino, podendo chegar de 20% a 30% em pacientes [[Diabetes mellitus|diabéticos]].<ref>{{citar periódico|ultimo=Manske|primeiro=RC|ultimo2=Prohaska|primeiro2=D|data=2008|titulo=Diagnosis and management of adhesive capsulitis|url=|jornal=Curr Rev Musculoskelet Med|acessodata=}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo=Silva|primeiro=Marilia Barreto Gameiro|ultimo2=Skare|primeiro2=Thelma Larocca|data=2012|titulo=Manifestações musculoesqueléticas em diabetes mellitus|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0482-50042012000400010&script=sci_arttext&tlng=pt|jornal=Rev. Bras. Reumatol|volume=v.52|numero=n.4|doi=10.1590/S0482-50042012000400010|acessodata=}}</ref> Seu aparecimento se dá durante a quinta e a sexta década de vida, com incidência maior em indivíduos que sofrem de diabetes.<ref>{{citar web|url=www.ortoime.com.br/capsulite-adesiva|titulo=Capsulite Adesiva|data=|acessodata=08/05/2018|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> Melhora com movimentos e piora com o repouso.<ref name=":2">{{citar livro|título=Fisioterapia Ortopédica: Exame, Avaliação e Intervenção|ultimo=Dutton|primeiro=Mark|editora=Artmed Editora|ano=2009|local=|páginas=561-608|isbn=9788536323718|acessodata=}}</ref>
O aparecimento da capsulite atinge cerca de 3-5% da população em geral, sendo mais frequente em indivíduos do sexo feminino. Seu aparecimento se dá durante a quinta e a sexta década de vida, com incidência maior em indivíduos que sofrem de diabetes.


==Sintomas==
== Etiologia ==
As causas do surgimento da Capsulite ainda não estão muito bem esclarecidas, sendo que pode ter algum envolvimento do [[sistema nervoso autônomo]],<ref name=":1" /> além de estar ligado ao gênero feminino (acima de quarenta anos), pode estar relacionado com traumas, diabetes mellitus, [[Hipotiroidismo|hipotireoidismo]] ou com alguma cirurgia na articulação glenoumeral.<ref name=":3">{{citar periódico|ultimo=SILVA|primeiro=ROSICLERI CARVALHO DA|data=|titulo=ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA CAPSULITE ADESIVA DO OMBRO|url=|jornal=FACULDADE DE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE|acessodata=}}</ref>


A CA não é a única doença que acomete o ombro que causa a sua restrição dolorosa<ref name=":4">{{citar periódico|ultimo=FILHO|primeiro=ARNALDO AMADO FERREIRA|data=2005|titulo=Capsulite adesiva|url=|jornal=Rev Bras Ortop|volume=v.40|numero=n.10|acessodata=}}</ref>, qualquer condição que deixe o ombro estático de forma prolongada poderá levar a restrição capsular, tais como imobilizações de [[coluna cervical]] e [[tórax]].<ref name=":1" /> Observa-se também que muitas patologias ocorrem em concomitância com a capsulite adesiva: tiroidopatias, diabetes, [[Doença autoimune|doenças auto-imunes]], doença degenerativa da coluna cervical, doença intratorácica (pneumopatia, [[Infarto Agudo do Miocárdio|infarto agudo do miocárdio]]), doença neurológica ([[TCE]], [[AVC]], [[tumores]]), doença psiquiátrica.<ref name=":5">{{citar periódico|ultimo=LECH|primeiro=OSVANDRÉ|data=1993|titulo=Capsulite adesiva (“ombro congelado”): Abordagem multidisciplinar|url=|jornal=Rev Bras Ortop|volume=v.28|numero=n.9|acessodata=}}</ref>
Caracteriza-se por dor mal localizada no ombro tendo início espontâneo, geralmente sem qualquer história de trauma. A dor torna-se muito intensa, mesmo em repouso, e a noite sua intensidade costuma diminuir em algumas semanas. A mobilidade do ombro torna-se limitada em todas as direções. Deve-se atentar para as amplitudes em que se realiza os movimentos, devido a mobilidade das articulações.


== Classificações ==
==Estágios==
Para melhor compreensão da doença, a CA foi divida e classificada em:<ref name=":2" /><ref name=":3" /><ref>{{citar livro|título=Exercicios Terapêuticos - Fundamentos e Técnicas|ultimo=Kisner|primeiro=Carolyn|editora=MANOLE|ano=2009|edicao=5ª|local=|páginas=510-511|isbn=9788520427262|acessodata=}}</ref>


* '''primária''', ou '''idiopática''' - quando não há causa aparente ou associação com outras doenças ;
*Estágio de Pré-Adesão: caracterizado por mínima ou nenhuma perda de movimento articular. Há uma reação inflamatória sinovial que só pode ser detectada por visualização artroscópica.
* '''secundária''' - quando identifica uma provável causa ou associação com outras doenças .


=== Capsulite Adesiva Primária ou Idiopática: ===
*Estágio de Sinovite Adesiva Aguda: caracterizado por sinovite proliferativa e formação de aderências.
É a perda, sem causa conhecida, avançada e dolorosa nos movimentos tanto ativos e passivos do ombro, especialmente apresentando na rotação externa, na qual o paciente passa limitar o uso do braço gradualmente, e pode ser devido a uma [[Inflamação|inflamação crônica]] no manguito, tendão do [[bíceps]] ou na capsula articular, desenvolvendo aderências capsulares especialmente nas pregas cápsula articular inferior.


=== Capsulite Adesiva Secundária ===
*Estágio de Maturação: caracterizada por redução de sinovite com perda da prega axilar.
É uma condição que leva a uma restrição de movimento ativa e passiva do ombro, essa condição pode se apresentar de duas formas clínica, na primeira a restrição de movimento é menor que a dor, pois o paciente se readquire seus movimentos com facilidade no decorrer de seis meses a um ano, já na segunda forma a dor é irradiada até abaixo do [[cotovelo]] observada quanto à restrição do movimento, com relato de dor em repouso.


==== Subdivisão ====
*Estágio Crônico: as aderências estão totalmente estabelecidas e são marcadamente restritivas.
A CA secundária pode ainda se subdividir em:<ref name=":4" />


# Intrínseca - quando é desencadeada por lesão no próprio ombro ([[Tendinite|tendinites]] do manguito do rotador, [[tenossinovite]] da [[Bíceps braquial|cabeça longa do bíceps]], [[bursite]], [[Osteoartrite|artrose]] acromioclavicular);
{{Esboço-medicina}}
# extrínseca - quando há associação com alterações de estruturas distantes do ombro, tais como lesões do membro superior ([[Fratura óssea|fraturas do punho]] e [[mão]], [[Infecção|infecções]], etc.), doenças do [[sistema nervoso central]] e [[Sistema nervoso periférico|periférico]] (AVC, [[epilepsia]], lesão de nervos do membro superior, etc.), lesões da coluna cervical com ou sem [[radiculopatia]], doenças do [[coração]] (isquemia do miocárdio) e do [[Pulmão humano|pulmão]] ([[Doença pulmonar obstrutiva crónica|doença pulmonar crônica]], tumores do ápice do pulmão) etc.;
# sistêmica - quando há associação com doenças como a diabetes,doenças da [[Tiroide|tireóide]], etc.

== Estágios ==
Ainda de acordo com a divisão clássica,<ref>{{citar periódico|ultimo=Neviaser|primeiro=RJ|data=1983|titulo=Painful conditions affecting the shoulder|url=|jornal=Clin Orthop Relat Res|volume=v.173|pagina=63-69|acessodata=09/05/2018}}</ref> a CA possui alguns estágios de manifestações: <ref>{{Citar web|url=https://www.mdsaude.com/2016/04/capsulite-adesiva-ombro-congelado.html|titulo=CAPSULITE ADESIVA - Causas, Sintomas e Tratamento » MD.Saúde|acessodata=2018-05-09|obra=www.mdsaude.com|lingua=pt-br}}</ref><ref name=":4" /><ref name=":5" /><ref name=":2" /><ref>{{citar periódico|ultimo=ROMANO|primeiro=Miriam Aparecida|data=2001|titulo=Dor em afecções reumatológicas|url=https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/69614/72234|jornal=Revista de Medicina|volume=v.80|pagina=128-134|doi=10.11606/issn.1679-9836.v80ispe1p128-134|issn=1679-9836|acessodata=09/05/2018}}</ref>

# '''Estágio I (Fase dolorosa ou inflamatória)''' - início insidioso com dor no ombro ao movimento, com intensidade progressiva, ocorrendo mesmo durante o repouso e à noite na ausência de movimentos precipitantes, há reação inflamatória [[Líquido sinovial|sinovial]], causa ansiedade ao paciente, que geralmente não procura tratamento adequado por julgar que esta é a melhor conduta, dura de 3 a 9 meses;
# '''Estágio II (Fase de congelamento ou rigidez)''' - há dificuldade para usar o membro superior longe do tronco, mesmo para funções simples como vestir-se, pentear-se; ocorre restrição severa da mobilidade e a elevação vai até 90° à custa da articulação escapulotorácica, que não se encontra envolvida no processo. Persiste uma dor leve e contínua, que piora aos movimentos abruptos com dor à palpação na cápsula articular, dura de 4 a 12 meses ;
# '''Estágio III (Fase de recuperação ou descongelamento)''' - o retorno gradual dos movimentos do ombro ocorre de forma lenta e progride ao longo de meses, embora uma restrição possa persistir sem incomodar o paciente, que está entusiasmado com o alívio da dor e maior liberdade de movimentosa elasticidade capsular e ligamentar começam a ser restaurar-se, esta fase dura de um a três anos.

==Sinais e sintomas==

Caracteriza-se por dor mal localizada no ombro tendo início espontâneo, geralmente sem qualquer história de trauma. A dor torna-se muito intensa, mesmo em repouso, e a noite sua intensidade costuma diminuir em algumas semanas. A mobilidade do ombro torna-se limitada em todas as direções. Deve-se atentar para as amplitudes em que se realiza os movimentos, devido a mobilidade das articulações.<ref>{{citar web|url=www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/.../capsulite_matheus|titulo=Intervenções Fisioterapêuticas na Capsulite Adesiva ou Ombro Congelado|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar livro|título=Ortopedia e Traumatologia|ultimo=Sizínio|primeiro=K|editora=Artmed|ano=2016|edicao=5ª|local=|páginas=|isbn=8582713770|acessodata=}}</ref>

== Diagnóstico ==
O diagnóstico diferencial deve ser realizado com todas as patologias do ombro que podem evoluir para rigidez articular, além do uso da [[radiografia]] como confirmador do caso<ref name=":5" /> sendo que o melhor exame é a [[Artrografia|artrografia do ombro]] e até a [[Imagem por ressonância magnética|ressonância magnética]].<ref name=":4" />

== Tratamento ==
O tratamento para a CA pode ser dividida entre o tratamento conservador ([[fisioterapia]]) e tratamento [[Medicina|médico]] que pode incluir remédios e, em casos mais graves, cirurgia.<ref>{{citar periódico|ultimo=Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia|primeiro=|data=|titulo=Capsulite Adesiva: Tratamento Clínico e Cirúrgico|url=|jornal=Associação Médica Brasileira|acessodata=09/05/2018}}</ref> A intervenção dever ser pautado também pelo quadro e estágio a qual o indivíduo se encontra e deve abordar a patologia subjacente, as medidas não-cirúrgicas abrangem tratamento [[Farmacologia|farmacológico]] da [[sinovite]] e mediadores inflamatórios e também modalidades físicas para prevenir ou modificar a contratura capsular. A cirurgia pode abordar tanto o componente inflamatório via sinovectomia e contratura capsular através de liberação capsular e / ou [[manipulação]] sob [[Anestesiologia|anestesia.]] A otimização do tratamento depende do reconhecimento do estágio clínico na apresentação, porque a condição progride através de uma sequência previsível.<ref name=":0" />

Para pacientes com estágios iniciais de capsulite adesiva do ombro, a fisioterapia é a primeira linha de tratamento. Em geral, a fisioterapia é simultaneamente combinada com outras modalidades de tratamento.<ref>{{citar periódico|ultimo=Le|primeiro=Hai V|ultimo2=Lee|primeiro2=Stella J.|data=2017|titulo=Adhesive capsulitis of the shoulder: review of pathophysiology and current clinical treatments|url=|jornal=Shoulder & Elbow|volume=v.9|numero=n.2|acessodata=09/05/2018}}</ref> Dentre as modalidades fisioterapêuticas, a [[terapia manual]] é uma das mais eficazes no tratamento, com suas mobilizações articulares<ref>{{citar periódico|ultimo=Noten|primeiro=Suzie|data=2016|titulo=Efficacy of Different Types of Mobilization Techniques in Patients With Primary Adhesive Capsulitis of the Shoulder: A Systematic Review|url=https://www.archives-pmr.org/article/S0003-9993(15)01066-7/fulltext|jornal=Archives of Physical Medicine and Rehabilitation|volume=v.97|numero=n.5|pagina=815-825|doi=10.1016/j.apmr.2015.07.025|acessodata=09/05/2018}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo=Bialosky,|primeiro=Joel E|data=2009|titulo=The Mechanisms of Manual Therapy in the Treatment of Musculoskeletal Pain: A comprehensive Model|url=|jornal=Man Ther.|doi=10.1016/j.math.2008.09.001|acessodata=}}</ref>, além de recursos eletrotermofototerapêuticos<ref>{{citar periódico|ultimo=Page|primeiro=MJ|data=2014|titulo=Electrotherapy modalities for adhesive capsulitis (frozen shoulder) (Review)|url=|jornal=The Cochrane Collaboration.|doi=10.1002/14651858.CD011324|acessodata=}}</ref>, cinesioterapia convencional, todas com a finalidade de aliviar a dor e retomar a biomecânica normal da articulação do

ombro.<ref>{{citar periódico|ultimo=Ciccone|primeiro=Ciccone|ultimo2=Oliveira|primeiro2=Marcilene Aparecida Dantas de|data=|titulo=Revisão bibliográfica da anatomia de ombro e da Capsulite adesiva para futura abordagem na terapia manual de Maitland|url=|jornal=Centro Universitário Anhanguera|acessodata=}}</ref>


==Referências==
==Referências==
#PRENTICE 2002, LECH, SUDBRACK, VALENZUELA , 1993

Revisão das 15h32min de 9 de maio de 2018

A Capsulite Adesiva, também conhecida como "Ombro Congelado",[1] ocorre na cápsula articular da glenoide, onde ela se encontra espessa, inelástica e friável, com perda de movimentos ativos e passivos do ombro,[2] resultante de fibrose progressiva e contratura final da cápsula articular da articulação glenoumeral,[3] acompanhada de uma forte sensação dolorosa nos graus finais de movimento.[4]

O aparecimento da capsulite atinge cerca de 3-5% da população em geral,[5] sendo mais frequente em indivíduos do sexo feminino, podendo chegar de 20% a 30% em pacientes diabéticos.[6][7] Seu aparecimento se dá durante a quinta e a sexta década de vida, com incidência maior em indivíduos que sofrem de diabetes.[8] Melhora com movimentos e piora com o repouso.[9]

Etiologia

As causas do surgimento da Capsulite ainda não estão muito bem esclarecidas, sendo que pode ter algum envolvimento do sistema nervoso autônomo,[4] além de estar ligado ao gênero feminino (acima de quarenta anos), pode estar relacionado com traumas, diabetes mellitus, hipotireoidismo ou com alguma cirurgia na articulação glenoumeral.[10]

A CA não é a única doença que acomete o ombro que causa a sua restrição dolorosa[11], qualquer condição que deixe o ombro estático de forma prolongada poderá levar a restrição capsular, tais como imobilizações de coluna cervical e tórax.[4] Observa-se também que muitas patologias ocorrem em concomitância com a capsulite adesiva: tiroidopatias, diabetes, doenças auto-imunes, doença degenerativa da coluna cervical, doença intratorácica (pneumopatia, infarto agudo do miocárdio), doença neurológica (TCE, AVC, tumores), doença psiquiátrica.[12]

Classificações

Para melhor compreensão da doença, a CA foi divida e classificada em:[9][10][13]

  • primária, ou idiopática - quando não há causa aparente ou associação com outras doenças ;
  • secundária - quando identifica uma provável causa ou associação com outras doenças .

Capsulite Adesiva Primária ou Idiopática:

É a perda, sem causa conhecida, avançada e dolorosa nos movimentos tanto ativos e passivos do ombro, especialmente apresentando na rotação externa, na qual o paciente passa limitar o uso do braço gradualmente, e pode ser devido a uma inflamação crônica no manguito, tendão do bíceps ou na capsula articular, desenvolvendo aderências capsulares especialmente nas pregas cápsula articular inferior.

Capsulite Adesiva Secundária

É uma condição que leva a uma restrição de movimento ativa e passiva do ombro, essa condição pode se apresentar de duas formas clínica, na primeira a restrição de movimento é menor que a dor, pois o paciente se readquire seus movimentos com facilidade no decorrer de seis meses a um ano, já na segunda forma a dor é irradiada até abaixo do cotovelo observada quanto à restrição do movimento, com relato de dor em repouso.

Subdivisão

A CA secundária pode ainda se subdividir em:[11]

  1. Intrínseca - quando é desencadeada por lesão no próprio ombro (tendinites do manguito do rotador, tenossinovite da cabeça longa do bíceps, bursite, artrose acromioclavicular);
  2. extrínseca - quando há associação com alterações de estruturas distantes do ombro, tais como lesões do membro superior (fraturas do punho e mão, infecções, etc.), doenças do sistema nervoso central e periférico (AVC, epilepsia, lesão de nervos do membro superior, etc.), lesões da coluna cervical com ou sem radiculopatia, doenças do coração (isquemia do miocárdio) e do pulmão (doença pulmonar crônica, tumores do ápice do pulmão) etc.;
  3. sistêmica - quando há associação com doenças como a diabetes,doenças da tireóide, etc.

Estágios

Ainda de acordo com a divisão clássica,[14] a CA possui alguns estágios de manifestações: [15][11][12][9][16]

  1. Estágio I (Fase dolorosa ou inflamatória) - início insidioso com dor no ombro ao movimento, com intensidade progressiva, ocorrendo mesmo durante o repouso e à noite na ausência de movimentos precipitantes, há reação inflamatória sinovial, causa ansiedade ao paciente, que geralmente não procura tratamento adequado por julgar que esta é a melhor conduta, dura de 3 a 9 meses;
  2. Estágio II (Fase de congelamento ou rigidez) - há dificuldade para usar o membro superior longe do tronco, mesmo para funções simples como vestir-se, pentear-se; ocorre restrição severa da mobilidade e a elevação vai até 90° à custa da articulação escapulotorácica, que não se encontra envolvida no processo. Persiste uma dor leve e contínua, que piora aos movimentos abruptos com dor à palpação na cápsula articular, dura de 4 a 12 meses ;
  3. Estágio III (Fase de recuperação ou descongelamento) - o retorno gradual dos movimentos do ombro ocorre de forma lenta e progride ao longo de meses, embora uma restrição possa persistir sem incomodar o paciente, que está entusiasmado com o alívio da dor e maior liberdade de movimentosa elasticidade capsular e ligamentar começam a ser restaurar-se, esta fase dura de um a três anos.

Sinais e sintomas

Caracteriza-se por dor mal localizada no ombro tendo início espontâneo, geralmente sem qualquer história de trauma. A dor torna-se muito intensa, mesmo em repouso, e a noite sua intensidade costuma diminuir em algumas semanas. A mobilidade do ombro torna-se limitada em todas as direções. Deve-se atentar para as amplitudes em que se realiza os movimentos, devido a mobilidade das articulações.[17][18]

Diagnóstico

O diagnóstico diferencial deve ser realizado com todas as patologias do ombro que podem evoluir para rigidez articular, além do uso da radiografia como confirmador do caso[12] sendo que o melhor exame é a artrografia do ombro e até a ressonância magnética.[11]

Tratamento

O tratamento para a CA pode ser dividida entre o tratamento conservador (fisioterapia) e tratamento médico que pode incluir remédios e, em casos mais graves, cirurgia.[19] A intervenção dever ser pautado também pelo quadro e estágio a qual o indivíduo se encontra e deve abordar a patologia subjacente, as medidas não-cirúrgicas abrangem tratamento farmacológico da sinovite e mediadores inflamatórios e também modalidades físicas para prevenir ou modificar a contratura capsular. A cirurgia pode abordar tanto o componente inflamatório via sinovectomia e contratura capsular através de liberação capsular e / ou manipulação sob anestesia. A otimização do tratamento depende do reconhecimento do estágio clínico na apresentação, porque a condição progride através de uma sequência previsível.[3]

Para pacientes com estágios iniciais de capsulite adesiva do ombro, a fisioterapia é a primeira linha de tratamento. Em geral, a fisioterapia é simultaneamente combinada com outras modalidades de tratamento.[20] Dentre as modalidades fisioterapêuticas, a terapia manual é uma das mais eficazes no tratamento, com suas mobilizações articulares[21][22], além de recursos eletrotermofototerapêuticos[23], cinesioterapia convencional, todas com a finalidade de aliviar a dor e retomar a biomecânica normal da articulação do

ombro.[24]

Referências

  1. Neviaser, Andrew S. (2010). «Adhesive Capsulitis: A Review of Current Treatment». The American Journal of Sports Medicine. v.38 (n.11). doi:10.1177/0363546509348048 
  2. Spassim, Mateus Valdir; Gaviolli, Cristina. «Intervenções fisioterapeuticas na capsulite adesiva ou ombro congelado». Luzimar Teixeira 
  3. a b Neviaser, Andrew S; Hannafin, Jo A. (2010). «Adhesive Capsulitis: A Review of Current Treatment». The American Journal of Sports Medicine. v.38 (n.11). doi:10.1177/0363546509348048 
  4. a b c Souza, Marcial Zanelli de (2001). Reabilitação do complexo do ombro. [S.l.]: Manone. 141 páginas. ISBN 8520412491 
  5. Binder, AI (1984). «Frozen shoulder: a long-term prospective study». Ann Rheum Dis. v.43 (n.3) 
  6. Manske, RC; Prohaska, D (2008). «Diagnosis and management of adhesive capsulitis». Curr Rev Musculoskelet Med 
  7. Silva, Marilia Barreto Gameiro; Skare, Thelma Larocca (2012). «Manifestações musculoesqueléticas em diabetes mellitus». Rev. Bras. Reumatol. v.52 (n.4). doi:10.1590/S0482-50042012000400010 
  8. [www.ortoime.com.br/capsulite-adesiva «Capsulite Adesiva»] Verifique valor |url= (ajuda). Consultado em 8 de maio de 2018 
  9. a b c Dutton, Mark (2009). Fisioterapia Ortopédica: Exame, Avaliação e Intervenção. [S.l.]: Artmed Editora. pp. 561–608. ISBN 9788536323718 
  10. a b SILVA, ROSICLERI CARVALHO DA. «ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA CAPSULITE ADESIVA DO OMBRO». FACULDADE DE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE 
  11. a b c d FILHO, ARNALDO AMADO FERREIRA (2005). «Capsulite adesiva». Rev Bras Ortop. v.40 (n.10) 
  12. a b c LECH, OSVANDRÉ (1993). «Capsulite adesiva ("ombro congelado"): Abordagem multidisciplinar». Rev Bras Ortop. v.28 (n.9) 
  13. Kisner, Carolyn (2009). Exercicios Terapêuticos - Fundamentos e Técnicas 5ª ed. [S.l.]: MANOLE. pp. 510–511. ISBN 9788520427262 
  14. Neviaser, RJ (1983). «Painful conditions affecting the shoulder». Clin Orthop Relat Res. v.173: 63-69 
  15. «CAPSULITE ADESIVA - Causas, Sintomas e Tratamento » MD.Saúde». www.mdsaude.com. Consultado em 9 de maio de 2018 
  16. ROMANO, Miriam Aparecida (2001). «Dor em afecções reumatológicas». Revista de Medicina. v.80: 128-134. ISSN 1679-9836. doi:10.11606/issn.1679-9836.v80ispe1p128-134. Consultado em 9 de maio de 2018 
  17. [www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/.../capsulite_matheus «Intervenções Fisioterapêuticas na Capsulite Adesiva ou Ombro Congelado»] Verifique valor |url= (ajuda) 
  18. Sizínio, K (2016). Ortopedia e Traumatologia 5ª ed. [S.l.]: Artmed. ISBN 8582713770 
  19. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. «Capsulite Adesiva: Tratamento Clínico e Cirúrgico». Associação Médica Brasileira 
  20. Le, Hai V; Lee, Stella J. (2017). «Adhesive capsulitis of the shoulder: review of pathophysiology and current clinical treatments». Shoulder & Elbow. v.9 (n.2) 
  21. Noten, Suzie (2016). «Efficacy of Different Types of Mobilization Techniques in Patients With Primary Adhesive Capsulitis of the Shoulder: A Systematic Review». Archives of Physical Medicine and Rehabilitation. v.97 (n.5): 815-825. doi:10.1016/j.apmr.2015.07.025. Consultado em 9 de maio de 2018 
  22. Bialosky,, Joel E (2009). «The Mechanisms of Manual Therapy in the Treatment of Musculoskeletal Pain: A comprehensive Model». Man Ther. doi:10.1016/j.math.2008.09.001 
  23. Page, MJ (2014). «Electrotherapy modalities for adhesive capsulitis (frozen shoulder) (Review)». The Cochrane Collaboration. doi:10.1002/14651858.CD011324 
  24. Ciccone, Ciccone; Oliveira, Marcilene Aparecida Dantas de. «Revisão bibliográfica da anatomia de ombro e da Capsulite adesiva para futura abordagem na terapia manual de Maitland». Centro Universitário Anhanguera