Indisciplina da história: diferenças entre revisões

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'''(In)disciplina da história''', ou '''história (in)disciplinada''', é uma abordagem historiográfica que tem por objetivo questionar os [[Cânone|cânones]] e abordagens tradicionais da história enquanto [[disciplina|disciplina acadêmica]]. O principal argumento relacionado a esta abordagem é o de que as formas como a [[historiografia]] se organiza não correspondem às atuais demandas sociais pela [[história]] e pelo trabalho dos [[Historiador|historiadores]]. Entre as principais ideias defendidas pelos adeptos da (in)disciplina da história estão a necessidade de se repensar os fundamentos [[Epistemologia|epistemológicos]] da historiografia, a reorganização curricular dos cursos de história e a busca por novas formas de intervenção social dos historiadores. Entende-se, portanto, ser urgente o enfrentamento das formas tradicionais de se pensar, elaborar e [[Escrita|escrever]] a história, fazendo com que a história como disciplina passe por um processo de "indisciplinarização". '''<big><u>AMPLIAR</u></big>'''
'''(In)disciplina da história''', ou '''história (in)disciplinada''', é uma abordagem historiográfica que tem por objetivo questionar os [[Cânone|cânones]] e abordagens tradicionais da história enquanto [[disciplina|disciplina acadêmica]]. O principal argumento relacionado a esta abordagem é o de que as formas como a [[historiografia]] se organiza não correspondem às atuais demandas sociais pela [[história]] e pelo trabalho dos [[Historiador|historiadores]]. Entre as principais ideias defendidas pelos adeptos da (in)disciplina da história estão a necessidade de se repensar os fundamentos [[Epistemologia|epistemológicos]] da historiografia, a reorganização curricular dos cursos de história e a busca por novas formas de intervenção social dos historiadores. Entende-se, portanto, ser urgente o enfrentamento das formas tradicionais de se pensar, elaborar e [[Escrita|escrever]] a história, fazendo com que a história como disciplina passe por um processo de "indisciplinarização". '''<big><u>AMPLIAR</u></big>'''

==(In)disciplina==

também está ligada à ideia de disciplina a abertura da historiografia para formas alternativas de produção e de apresentação do conteúdo histórico, assim como o intercâmbio entre demandas profissionais e amadoras de produção{{Sfn|Bonaldo|Varella|2020|p=161}}


==Crise da história ==
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===Artigos Científicos===
===Artigos Científicos===
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* {{citar periódico|ultimo1=Bonaldo|primeiro1=Rodrigo|ultimo2=Varella|primeiro2=Flavia|data=2020|titulo=Negociando autoridades, construindo saberes: a historiografia digital e colaborativa no projeto Teoria da História na Wikipédia|url=https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Negociando_autoridades,_construindo_saberes-_a_historiografia_digital_e_colaborativa_no_projeto_Teoria_da_Hist%C3%B3ria_na_Wikip%C3%A9dia.pdf|periódico=Revista Brasileira de História|volume=40|número=85|páginas=147-170|doi=10.1590/1806-93472020v40n85-08|ref=harv}}
* {{citar periódico|ultimo=Moreira|primeiro=Igor Lemos|data=2020|titulo=Debates para (in)disciplinar a história|url=https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180312302020e0602|periódico=Tempo & Argumento|volume=12|número=20|páginas=2-8|issn=2175-1803|doi=10.5965/2175180312302020e0602|ref=harv}}
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* {{citar periódico|ultimo=Kosteczka|primeiro=Luiz Alexandre|data=2020|titulo=História (in)disciplinada nos dilemas do presente|url=https://www.revistas.ufg.br/teoria/article/view/63364|periódico=Revista de Teoria da História|volume=23|número=1|páginas=331-339|issn=2175 - 5892|ref=harv}}
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Revisão das 02h42min de 10 de março de 2021

(In)disciplina da história, ou história (in)disciplinada, é uma abordagem historiográfica que tem por objetivo questionar os cânones e abordagens tradicionais da história enquanto disciplina acadêmica. O principal argumento relacionado a esta abordagem é o de que as formas como a historiografia se organiza não correspondem às atuais demandas sociais pela história e pelo trabalho dos historiadores. Entre as principais ideias defendidas pelos adeptos da (in)disciplina da história estão a necessidade de se repensar os fundamentos epistemológicos da historiografia, a reorganização curricular dos cursos de história e a busca por novas formas de intervenção social dos historiadores. Entende-se, portanto, ser urgente o enfrentamento das formas tradicionais de se pensar, elaborar e escrever a história, fazendo com que a história como disciplina passe por um processo de "indisciplinarização". AMPLIAR

(In)disciplina

também está ligada à ideia de disciplina a abertura da historiografia para formas alternativas de produção e de apresentação do conteúdo histórico, assim como o intercâmbio entre demandas profissionais e amadoras de produção[1]

Crise da história

A busca (in)disciplinada pela quebra com os valores tradicionais da historiografia parte da ideia de que a história enquanto disciplina perdeu sua capacidade de satisfazer o interesse e as demandas da sociedade pelo conhecimento sobre o passado. Junto da capacidade por suprir tais demandas, a historiografia teria também perdido sua legitimidade como uma forma especializada de construção do saber sobre o passado. Desta forma, se estabelece disciplinar e socialmente a ideia de que a história passa por uma crise. [2]

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Na esfera social

A crise das humanidades se manifesta socialmente a partir do senso comum, e das mais variadas maneiras. São exemplos disso as ideias de que as ciências humanas e sociais não fariam parte das necessidades mais urgentes para o desenvolvimento de uma sociedade, a revogação da obrigatoriedade do ensino de ciências humanas nas escolas e o consequente baixo investimento em políticas públicas voltadas para as humanidades. [3]

Na historiografia

Na historiografia, a crise se apresenta através da dificuldade de encontrar espaços de diálogo com públicos amplos e a sensação de que existe um deslocamento do conhecimento histórico especializado em relação à sociedade, o que pode ser observado através dos diversos casos de negacionismo histórico nas mídias sociais.[4] Por conta disso, (in)disciplinar história implica uma politização do saber. [5] Por politização do saber entende-se a utilização da disciplina da história como uma ferramenta epistemológica e política contra os ataques negacionistas à história enquanto campo de conhecimento e contra os ataques pessoais e assédios morais sofridos por historiadores no exercício de sua profissão. Desta forma, estaria entre as tarefas da (in)disciplina o posicionamento epistemológico contra o negacionismo e teorias da conspiração que negam os mecanismos teóricos e metodológicos necessários à produção do saber e o posicionamento político de defesa dos historiadores contra os ataques que, em um momento de crescimento do comportamento reacionário, transformariam os historiadores em inimigos a serem combatidos. [5]

Disciplina e profissão

A busca pela quebra com as formas tradicionais da disciplina e do ensino da história também se relaciona com as demandas dos historiadores por trabalho. Argumenta-se que o ensino formal da historiografia acadêmica não teria condições de contemplar o grande número de graduados, mestres e doutores em história, tanto em número de vagas de emprego disponíveis quanto em possibilidades de atuação profissional, que na maioria dos casos estaria limitada às escolas e universidades. [6]

As universidades também tomam importância na elaboração de uma história (in)disciplinada. Elas são entendidas como um lugar que confere peso institucional à disciplina da história e onde esta encontra seus modos de produção e reprodução. São alvo de crítica os efeitos que as metodologias de avaliação e organização do processo de formação de historiadores causam nas formas de se pensar e produzir história. Entre estes efeitos estão a busca incessante por atingir altos índices de produtividade e a lógica concorrencial nas relações entre professores universitários. A busca por atingir maior êxito nas avaliações internas causaria um afastamento dos historiadores da população não acadêmica, o que acabaria contribuindo também ao agravamento da crise da história como disciplina. [7]

Decolonialidade e pós-colonialismo

A disciplina histórica esteve por muito tempo sob a forte influência das narrativas e categorias de análise construídas nos processos de colonização, dos quais também é fruto. Desta forma, a (in)disciplina da história se relaciona com a decolonialidade e o pós-colonialismo por compartilhar com estas abordagens as críticas aos efeitos do colonialismo e da colonialidade no pensamento histórico. Entre estes efeitos estaria o silenciamento da história de populações indígenas e negras, assim como a supervalorização de uma historicidade colonizadora. [7]

A necessidade de crítica e reelaboração das abordagens tradicionais do passado das populações colonizadas estão fortemente relacionadas com a participação e protagonismo de sujeitos historicamente silenciados pela historiografia na produção do conhecimento histórico, o que teria gerado uma série de tensões e novas demandas de representação e ensino do passado. [7]

A História (In)disciplinada: teoria, ensino e difusão do conhecimento histórico

A História (In)disciplinada: teoria, ensino e difusão do conhecimento histórico é o título de uma série de encontros acadêmicos ocorridos entre outubro de 2015 e maio de 2018 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, e também de uma coletânea publicada em 2019, ambos organizados pelos historiadores Arthur Avila, Fernando Nicolazzi e Rodrigo Turin e dedicados exclusivamente aos debates da história (in)disciplinada.[8][9][10]

Os encontros

O primeiro encontro A História (In)disciplinada: teoria, ensino e difusão do conhecimento histórico ocorreu em outubro de 2015, seguido de outros dois, em 2016 e em 2018. Nos eventos, historiadores foram convidados a apresentar comunicações sobre a disciplina histórica contemporânea, em contextos nacionais ou globais. As intervenções foram plurais e contribuíram para debates em perspectiva crítica sobre questões relacionadas, de maneira gerak à teoria da história.[8] Entre os participantes dos eventos estiveram, além de seus organizadores, os historiadores Maria da Glória Oliveira, Mara Cristina de Matos Rodrigues, Valdei Lopes de Araujo, Alexandre de Sá Avelar, Temístocles Cezar, Henrique Estrada Rodrigues e Benito Bisso Schmidt. Também estiveram nos encontros os sociólogos Lidiane Rodrigues e Rafael Benthien.[11][12]

A coletânea

A coletânea A História (in)disciplinada: teoria, educação e difusão do conhecimento histórico reuniu publicações que refletem sobre o momento crítico vivido pela historiografia em crise.[13] A publicação reuniu textos que debateram os desafios políticos da historiografia contemporânea, a revisão dos usos da categoria de gênero proposto pela historiadora Joan Scott, os limites das abordagens interdisciplinares e as formas de controle da produção historiográfica ligadas os indicativos de qualidade da CAPES nas revistas de história, as implicações dos critérios de produtividade no ensino dos cursos de graduação em história e as diferentes formas de se fazer história nos séculos XX e e XIX.[14][15][16]

Referências

Bibliografia

Artigos Científicos

Livros e capítulos de livro

  • Avila, Arthur; Nicolazzi, Fernando; Turin, Rodrigo (2019). «Apresentação». In: Avila, Arthur; Nicolazzi, Fernando; Turin, Rodrigo. A História (In)disciplinada. Vitória, ES: Milfontes. pp. 7–18. ISBN 978-8594353-64-1 

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