Fernando Nicolazzi

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fernando Nicolazzi
Fernando Nicolazzi
Nascimento Fernando Felizardo Nicolazzi
Cidadania Brasil
Cônjuge Caroline Bauer
Alma mater
Ocupação historiador, professor universitário
Empregador(a) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Ouro Preto
Página oficial
https://professor.ufrgs.br/fernandonicolazzi/

Fernando Nicolazzi é um historiador brasileiro, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É fundador e coordenador do Laboratório de Estudos sobre os Usos Políticos do Passado (LUPPA). Foi coordenador do Grupo de Trabalho de Teoria da História e História da Historiografia da ANPUH - Rio Grande do Sul e vencedor do 2º Prêmio Manoel Salgado Guimarães de Teses de Doutorado na área de História.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Suas áreas de especialidade são a teoria da história, a história da historiografia, a historiografia moderna e a historiografia brasileira.[1] É considerado uma das principais referências para a teoria da história e a história da historiografia no Brasil.[2]

Discente[editar | editar código-fonte]

Formou-se historiador em 2001, na Universidade Federal do Paraná, e mestre e doutor em história pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2004 e 2008, respectivamente.[3] Como reconhecimento pela qualidade de sua tese de doutorado, foi o vencedor do 2º Prêmio Manoel Salgado Guimarães de Teses de Doutorado na Área de História, da Associação Nacional de História, em 2010.[4]

Docente[editar | editar código-fonte]

Entre 2004 e 2006, trabalhou como professor substituto na UFRGS. Entre 2008 e 2011, foi professor adjunto de Historiografia Brasileira na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).[3] De 2012 a 2015, foi coordenador do Grupo de Trabalho de Teoria da História e História da Historiografia da ANPUH do Rio Grande do Sul.[5]

Na UFRGS, é professor do departamento de história e do Programa de Pós-graduação em História. Também foi professor do mestrado profissional em história (ProfHistória).[6][5] É fundador e coordenador do Laboratório de estudos Sobre os Usos Políticos do Passado (LUPPA), na UFRGS, e pesquisador do Núcleo de Estudos em História da Historiografia e Modernidade (NEHM), da UFOP.[7][5]

Publicações[editar | editar código-fonte]

Sua tese de doutorado, intitulada Um estilo de história: a viagem, a memória, o ensaio, sobre Casa-grande & senzala e a representação do passado, foi publicada em livro, com o mesmo título, pela editora Unesp, em 2011.[3]

Em 2019, ao lado dos historiadores Arthur Lima de Avila e Rodrigo Turin, organizou a coletânea A História (In)disciplinada, considerada fundamental para os debates contemporâneos sobre a historiografia e a teoria da história.[8][9]

Posicionamentos[editar | editar código-fonte]

Brasil Paralelo[editar | editar código-fonte]

Nicolazzi criticou a série Brasil: a Última Cruzada, da produtora Brasil Paralelo, por apresentar uma concepção romântica, distorcida e preconceituosa sobre a história do Brasil.[10] Em entrevista a Rodrigo Ratier, afirmou que a série não apresenta as fontes consultadas e firma seus argumentos apenas na autoridade dos convidados para falar. Além disso, considerou as concepções históricas apresentadas datadas: [6]

A Brasil Paralelo tem um apreço muito grande pelo século 19. Eles se guiam por uma ideologia monarquista, cristã e patriótica. É uma História baseada naquilo que se chamava "os varões ilustres da pátria". A produção fala abertamente em "grandes heróis nacionais": José Bonifácio, D. Pedro II, Leopoldina, Princesa Isabel. É muito complicado quando você produz uma narrativa meramente factualista e pautada sobretudo em figuras masculinas — com algumas poucas concessões às mulheres –, brancas, europeizadas. A gente já passou por uma série de desdobramentos no conhecimento histórico que questionaram isso.

Ele também criticou a produtora em outras ocasiões. O livro Entre mitos e verdades: A história do regime militar foi criticado por desonestidade intelectual e por disfarçar seus argumentos com estratégicas retóricas sem expor documentações que os sustentassem.[11] Em outra ocasião, classificou a Brasil Paralelo como uma "empresa colaboracionista", atuando como base ideológica do governo de Jair Bolsonaro.[12]

Escola sem partido[editar | editar código-fonte]

Em artigo no portal Café História, criticou o movimento Escola sem partido por buscar o esvaziar o caráter público do ensino e o caráter político da educação. Para ele, mesmo o ensino privado depende da dimensão pública do ensino, relacionada às trocas de conhecimentos entre professores e estudantes e a liberdade dos professores de atuar dentro das escolas.[13]

Ocupação de escolas[editar | editar código-fonte]

Em 2016, no portal GZH, criticou o deputado Marcel Van Hattem por seu posicionamento contrário à ocupação das escolas por estudantes durante a Mobilização estudantil no Brasil em 2016.[14]

(...) as escolas não foram tomadas ou invadidas, elas estão sendo ocupadas em função das condições inaceitáveis em que muitas delas se encontram, em razão do desrespeito cometido diariamente contra estudantes e professores da rede pública de ensino. Um desrespeito que, nesse sentido, se estende à sociedade como um todo. Para esta situação o deputado teria todo o direito de se considerar entre os culpados, mas o mérito das ocupações é todo daqueles jovens que, mais do que ocuparem os espaços escolares, estão também ocupando um lugar na história.

David Coimbra[editar | editar código-fonte]

Em 2016, foi processado pelo jornalista e colunista da Zero Hora David Coimbra, após publicar no portal Sul 21 um artigo intitulado O idiota do David Coimbra.[15] Duas ações foram movidas contra o professor. Uma delas abriu uma queixa-crime por injúria. A outra, na instância cível, pediu indenização por danos morais.[16] O processo criminal foi extinto e Nicolazzi ganhou em primeira instância o processo que pedia indenização. No entanto, Coimbra recorreu, ganhou em segunda instância e Nicolazzi precisou pagar a indenização ao jornalista.[15]

De acordo com Nicolazzi, a utilização do termo "idiota" foi uma forma de ironizar colunas onde Coimbra nomeou e ofendeu diversas pessoas com os termos "imbecil" e "idiota". Entre aqueles ofendidos por Coimbra estiveram Nelson Mandela e todas as pessoas que estudaram em instituições de ensino superior brasileiras. Em sua defesa, afirmou que foi processado por conta de uma ironia.[15]

A ironia que escrevi está no artigo “O idiota do David Coimbra”, publicado pelo Sul21 em 07 de julho de 2018. Na verdade, o recurso irônico foi a forma que escolhi para realizar um comentário crítico de algumas colunas que Coimbra havia publicado, nas quais ele insistia em nomear e ofender variadas pessoas usando alcunhas como “imbecil” ou “idiota”, termos estes bastante recorrentes em seus textos. Por exemplo, além do líder sul-africano Nelson Mandela, definido por ele como um “imbecil”, todos que passaram por alguma universidade no Brasil foram chamados de “rematados idiotas”. Como professor universitário, achei que era o caso de tentar entender as razões de tamanha soberba por parte de um mero funcionário da RBS.

O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) emitiu uma nota de solidariedade, afirmando que "o processo movido contra Nicolazzi é mais um elemento na fileira de perseguições a professores que têm a coragem de manifestar o contraditório àqueles que atacam a universidade pública e seus trabalhadores”.[16]

Referências

  1. «Fernando Nicolazzi». Professor. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  2. «GT Teoria da História e História da Historiografia». anpuh.org.br. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  3. a b c Dornelas, Isabela de Oliveira; Resende, Pedro Henrique (21 de julho de 2017). «Entrevista com Fernando Nicolazzi». Temporalidades (1): 430. ISSN 1984-6150. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  4. «VENCEDOR DO 2º PRÊMIO MANOEL SALGADO GUIMARÃES DE TESES DE DOUTORADO». anpuh.org.br. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  5. a b c «Fernando Nicolazzi». Café História. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  6. a b «Rodrigo Ratier - TV ligada ao MEC traz História preconceituosa, diz especialista». rodrigoratier.blogosfera.uol.com.br. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  7. Marques, Thaís Pio. «O que são "usos políticos do passado", segundo este historiador». Consultado em 11 de agosto de 2021 
  8. Kosteczka, Luiz Alexandre (2020). «História (in)disciplinada nos dilemas do presente». Revista de Teoria da História 
  9. Moreira, Igor (2020). «Debates para (in)disciplinar a história». Tempo e Argumento 
  10. «Ratier entrevista Nicolazzi: TV Escola traz História preconceituosa». Instituto Lula. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  11. «A história da ditadura contada pelo Brasil Paralelo (por Fernando Nicolazzi)». Sul 21. 23 de março de 2019. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  12. «Brasil Paralelo, uma empresa colaboracionista (por Fernando Nicolazzi)». Sul 21. 17 de janeiro de 2020. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  13. Leal, Bruno. «Escola sem Partido: projeto provoca polêmica no Paraná». Café História. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  14. «Fernando Nicolazzi: escolas ocupadas, o mérito é dos estudantes». GZH. 1 de junho de 2016. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  15. a b c «Fui processado pelo David Coimbra (por Fernando Nicolazzi)». Sul 21. 22 de dezembro de 2019. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  16. a b Andes. «ANDES/UFRGS manifesta solidariedade a professor da UFRGS processado por David Coimbra». Andes UFRGS. Consultado em 11 de agosto de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ícone de esboço Este artigo sobre história ou um(a) historiador(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.