Abu Abedalá Jaiani

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Abu Abedalá Jaiani
Morte 925
Nacionalidade Império Samânida
Ocupação Geógrafo

Abu Abedalá ou Abedulá Maomé ibne Amade Jaiani (em persa: ابو عبدالله محمد بن احمد جیهانی; romaniz.:Abū ʿAbdallāh Muḥammad ibn Aḥmad Jayhānī), mais simplesmente conhecido como Abu Abedalá Jaiani, foi o vizir persa do Império Samânida de 914 a 922. Seu trabalho geográfico perdido (que foi preservado em livros de autores posteriores) é um importante fonte da história do século IX da Ásia Central e Europa Oriental. Seu filho e neto também serviram como vizires.

Vida[editar | editar código-fonte]

A maioria dos detalhes da vida de Jaiani são desconhecidos.[1] Era filho de Amade Jaiani e tinha um irmão chamado Ubaide Alá Jaiani.[2] Os padrões de grafia em suas obras sugerem que persa era sua língua nativa e Iacute de Hama também registrou que frequentemente usava a expressão persa bedāw andarūn ("correr").[3] Mocadaci observou que estudou filosofia, astronomia e geometria. Além disso, também afirmou que reuniria estrangeiros e perguntaria sobre as terras e as rotas para chegar aos diferentes territórios.[2] Jaiani era um adepto secreto do maniqueísmo, de acordo com ibne Nadim.[4]

Durante o início de sua carreira, foi aluno de Abu Zaíde de Bactro e costumava dar-lhe escravas como presentes, mas depois o deixou, devido a seu Kitab al-Qarabin wa'l-dhaba'ih (Livro sobre Sacrifícios e Ofertas), que Jaiani reprovou.[5] Foi nomeado guardião de Nácer II em 913. Um ano depois, seu pupilo de 8 anos tornou-se o governante (emir) do Império Samânida e Jaiani foi nomeado vizir.[6] No entanto, devido à juventude de Nácer, assumiu a regência do império. Quase imediatamente, uma série de revoltas eclodiram dentro do estado, a mais séria sendo a liderada por seu tio-avô Ixaque ibne Amade. Os filhos de Ixaque participaram da rebelião; um filho, Abu Sale Mançor, assumiu o controle de Nixapur e de várias outras cidades de Coração. Depois, Ixaque foi capturado, enquanto Abu Sale morreu em Nixapur.[7]

Depois que a maior mesquita de Bucara foi destruída, Jaiani financiou a construção de um minarete, de acordo com Narxaqui. Amade ibne Fadlane, que o conheceu em 921, registrou que as pessoas se referiam a ele como "o baluarte dos anciãos", evidenciando que ainda era considerado a figura mais influente na corte de Nácer II. Um ano depois, porém, Abu Alfadle Albalami o sucedeu como vizir. A data de sua morte é desconhecida.[6] Seu filho, Abu Ali, foi vizir do Império Samânida de 938 a 941, enquantro o filho de Abu Ali (neto de Abu Abedalá) ocupou o mesmo cargo entre 974 e 976.[8]

Obras[editar | editar código-fonte]

Ibne Nadim, que confundiu Abu Abedalá com seu neto, atribuiu quatro livros a ele.[9] Iacute de Hama, que usou o trabalho de Nadim como fonte para seu próprio trabalho, ainda causou confusão adicional ao combinar as três gerações consecutivas da família Jaiani.[10] Segundo o historiador István Zimonyi, os quatro livros “apontam para um autor com experiência em política, pois todo livro está relacionado com assuntos de Estado”.[11]

Referências

  1. Zadeh 2013, p. 48.
  2. a b Zimonyi 2016, p. 7, 10.
  3. Zimonyi 2016, p. 10.
  4. Zimonyi 2016, p. 9-10.
  5. Ahmad 1998, p. 218.
  6. a b Zimonyi 2016, p. 7.
  7. Frye 1975, p. 141.
  8. Zimonyi 2016, p. 8, 10.
  9. Zimonyi 2016, p. 8, 11.
  10. Zimonyi 2016, p. 8.
  11. Zimonyi 2016, p. 11.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ahmad, S. Maqbul (1998). «Part One: Geodesy, Geology and mineralogy. Geography and cartography». History of Civilizations of Central Asia Volume IV: The Age of Achievement: A.D. 750 to the End of the Fifteenth Century - Part Two: The achievements. Paris: UNESCO. pp. 205–221. ISBN 9789231036545 
  • Frye, R. N. (1975). «The Sāmānids». In: Frye, R. N. The Cambridge History of Iran, Volume 4: From the Arab Invasion to the Saljuqs. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 136–161. ISBN 0-521-20093-8 
  • Zadeh, Travis (2013). «Of Mummies, Poets, and Water Nymphs: Tracing the Codicological Limits of Ibn Khurradādhbih's Geography». In: Bernards, Monique. Abbasid Studies IV: Occasional Papers of the School of ʿAbbasid Studies, Leuven, July 5-July 9, 2010. Cambígia: Gibb Memorial Trust. pp. 8–75. ISBN 978-0-906094-98-3 
  • Zimonyi, István (2016). Muslim Sources on the Magyars in the Second Half of the 9th Century. Leida: Brill. ISBN 978-90-04-21437-8