Acidente ferroviário de Hennenman–Kroonstad em 2018

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Aacidente ferroviário de Hennenman–Kroonstad em 2018
Acidente ferroviário de Hennenman–Kroonstad em 2018
Descrição
Data 4 de janeiro de 2018
Hora 09h15min (UTC+2)
Local Estação de Genebra, Estado Livre
Coordenadas 27° 49′ 19″ S, 27° 08′ 04″ L
País África do Sul
Linha Porto Elizabeth - Joanesburgo
Operador Shosholoza Meyl
Tipo de acidente Acidente de passagem de nível e incêndio
Estatísticas
Comboios/trens 1
Mortos 21
Feridos 254

O acidente ferroviário de Hennenman–Kroonstad refere-se ao desastre ocorrido em 4 de janeiro de 2018, quando um trem de passageiros operado pela Shosholoza Meyl colidiu com um caminhão em uma passagem de nível na Estação de Genebra, situada entre Hennenman e Kroonstad, Estado Livre, na África do Sul. O trem foi descarrilado e sete dos doze vagões pegaram fogo. Vinte e uma pessoas foram mortas e 254 pessoas ficaram feridas.

Acidente[editar | editar código-fonte]

Por volta das 09h15min, no horário local, de 4 de janeiro de 2018,[1] um trem de passageiros, operado por Shosholoza Meyl, transportando 429 passageiros, viajava de Porto Elizabeth para Joanesburgo quando colidiu com um caminhão na estação de Genebra: em específico, na passagem de nível da estação, a cerca de 200 quilômetros a sudoeste de Joanesburgo.[2][3][4][3][5][6]

Testemunhas afirmaram que o caminhão não conseguiu parar na passagem de nível,[7][8] apesar do motorista do trem ter dado um aviso ao acionar a buzina. O caminhão, junto com seus dois reboques, foi arrastado por cerca de 400 metros;[1] e um carro, que estava sendo transportado no trem, também foi esmagado pelo trem descarrilhado.[9]

A locomotiva que transportava os passageiros era movida a diesel-elétrica e pertencia a classe C30EMP № 3 018, de propriedade da Sheltam.[10] A locomotiva e os doze vagões do trem descarrilaram;[2] enquanto sete vagões pegaram fogo.[11] Os fios elétricos quebraram durante a colisão, causando o fogo.[12] Os primeiros socorristas foram os agricultores locais e seus trabalhadores que correram para o local da colisão com equipamentos de combate a incêndio e começaram a retirar pessoas dos vagões em chamas.[12] Testemunha e agricultor,[3] Willie du Preez disse que o incêndio começou dez minutos após a colisão, com as primeiras chamas atrás da locomotiva, espalhando para os vagões descarrilados onde alguns passageiros estavam presos.[13] Vinte e uma pessoas foram mortas[14][15] e 254 ficaram feridos.[2] Por volta das 20h50, hora local, a busca e o resgate foram cancelados.[16]

O motorista do caminhão sobreviveu à colisão e tentou fugir do local, mas foi preso e levado para um hospital.[8] A polícia abriu um caso de homicídio contra o motorista.[17] O motorista do caminhão testou negativo para álcool em uma delegacia.[18]

Operação de recuperação[editar | editar código-fonte]

O porta-voz da polícia, Brigadier Sam Makhele, disse acreditar que todos os restos mortais tenham sido recuperados dos vagões na tarde de 5 de janeiro, e que os trabalhadores forenses acreditavam ter recuperado os restos de dezenove pessoas.[19] Equipamentos pesados de recuperação foram trazidos pela Agência Ferroviária de Passageiros da África do Sul (PRASA), dois dias após a colisão, para remover os detritos do local do acidente para que a linha ferroviária pudesse ser reparada e reaberta.[19] Em 7 de janeiro, a linha de trem foi reaberta para tráfego.[20]

Especulação[editar | editar código-fonte]

O agricultor Willie du Preez disse que a estrada para a passagem de nível segue a linha férrea antes de fazer uma curva de 90 graus para o cruzamento.[19] Ele alegou que há um ponto cego que impede, por um momento, de ver os trens que estão chegando e os buracos na estrada que reduzem a velocidade dos veículos no cruzamento.[19] Ele afirmou sua crença de que a cabine do caminhão e a primeira carreta tinham atravessada e o trem bateu na segunda.[19]

Em 6 de janeiro de 2018, a PRASA não havia respondido a uma pergunta do periódico Volksblad sobre se o trem estava em alta velocidade, pois um passageiro alegou que havia entrado no trem quando estava com duas horas de atraso, mas que o trem havia recuperado uma hora de viagem.[19]

Investigação[editar | editar código-fonte]

O ministro dos Transportes da África do Sul, Joe Maswanganyi, anunciou que uma investigação seria realizada. Maswanganyi também disse que "a polícia está investigando. O motorista do caminhão estava se arriscando... o que custou muitas vidas".[1][3] O Regulador de Segurança Ferroviária (RSR) é o órgão responsável pela investigação de acidentes ferroviários na África do Sul.[21] O proprietário do caminhão basculante articulado, Cordene Trading, expressou as condolências da empresa às vítimas e suas famílias por meio do advogado da empresa.[12]

O motorista descreveu, ao ver o caminhão no cruzamento, como ele tocou a buzina do trem e aplicou os freios com uma percepção de que ele e sua assistente não podiam fazer mais nada enquanto estavam no comando da cabine.[18] O motorista e sua assistente estavam gravemente feridos e sofreram ferimentos no pescoço e na cabeça.[18]

Em uma descoberta preliminar, a investigação do RSR revelou que a velocidade do trem indica que ele estava viajando a 78 km/h quando colidiu o caminhão em uma pista de 90 km/h.[18] Apenas quatro dos passageiros mortos na colisão foram reconhecidos, mas ainda não identificado.[22] Os gêneros das vítimas não puderam ser identificados naquele momento, enquanto as outras vítimas são quatro meninas, oito homens e cinco mulheres.[20] Os outros quinze foram identificados por meio de teste de DNA.[22]

Em 26 de janeiro de 2018, a PRASA anunciou que os testes de DNA dos restos mortais foram concluídos e os resultados seriam divulgados aos familiares das vítimas em uma reunião na Câmara do Estado de Virgínia, Estado Livre.[23] O órgão também forneceu assistência governamental para os enterros.[23]

Relatório final[editar | editar código-fonte]

O Regulador de Segurança de Ferrovias da África do Sul convocou uma Junta de Inquérito para investigar a colisão e divulgou um relatório em outubro de 2018.[24] O conselho concluiu que a causa do acidente foi a falha do motorista do caminhão ao não parar conforme exigido pela sinalização.[24] O acidente ocorreu às 08h58min com o trem viajando a 78 km/h no momento do acidente, atingindo a segunda e última carreta do caminhão, o trem não quebrou antes da colisão e arrastou o veículo por 140 metros.[24]

O motorista do caminhão não parou como era obrigado, ignorando os sinais de alerta dispostos e um sinal de parada, além dele não ter sido comprometido pela pouca visibilidade.[24] Ao ver o caminhão, o motorista do trem havia acionado seu sinal a quatrocentos metros da área de impacto. O caminhão continuou avançando através do cruzamento.[24] A locomotiva e dez dos dezenove vagões descarrilaram.[24] Depois de alguns minutos deu-se início a um incêndio em cinco vagões.[24] Este teria sido causado pelo arco de cabos eléctricos de 3 kV, que falharam em desligar ou desarmar após a colisão, sendo exposto ao calor incendiando a parte exterior e interior de cada vagão. O fogo, no entanto, não espalhou para os demais vagões.[24] Vinte e quatro pessoas morreram e 240 ficaram feridas.[24] A capacidade total do trem era de 640 pessoas, estimando-se que havia 547 pessoas a bordo no momento da colisão.[24]

A locomotiva e os vagões do trem foram considerados em condições de rodar.[24] O projeto deficiente das janelas e portas comprometeu a fuga da estrutura, com as janelas muito estreitas para possibilitar o escape dos passageiros, as portas eram muito pesadas para abrir e não haviam saídas de emergência. A estrutura exterior do trem não era totalmente resistentes ao fogo.[24] Havia um número insuficiente de extintores de incêndio.[24] A tripulação não havia recebido treinamento de segurança para esses tipos de eventos e os passageiros não receberam nenhuma informação de emergência antes da viagem.[24] A mesma passagem de nível foi uma cena de uma colisão de trem e caminhão em 26 de setembro de 2014.[24]

Referências

  1. a b c Culbertson, Alix. «14 dead and up to 100 injured in South Africa train crash» (em inglês). Sky News. Consultado em 4 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 30 de março de 2019 
  2. a b c Mazuba, Ernest; Cowan, Kyle. «At least 20 dead in horror train crash‚ number expected to rise» (em inglês). Times Live. Consultado em 4 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 25 de julho de 2018 
  3. a b c d «Frantic search for survivors after South African passenger train collides with truck, killing at least 18 and injuring hundreds». Agence France-Presse (em inglês). 4 de janeiro de 2018. Consultado em 4 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 30 de setembro de 2018 – via The Daily Telegraph 
  4. «Railway Safety Regulator to release preliminary train crash findings on Monday». Business Day (em inglês). 5 de janeiro de 2018. Consultado em 6 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 7 de janeiro de 2018 
  5. «Au moins 14 morts dans un accident de train». L'essential (em francês). 4 de janeiro de 2018. Consultado em 4 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 22 de fevereiro de 2019 
  6. «14 dead, hundreds injured as train derails in South Africa (PHOTOS)» (em inglês). RT. Consultado em 4 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 13 de setembro de 2018 
  7. «Sanco slams 'shocking' loss of life in Free State train crash». Letaba Herald (em inglês). 5 de janeiro de 2018. Consultado em 5 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2018 
  8. a b «South Africa train crash: Four dead in truck collision» (em inglês). BBC News Online. Consultado em 4 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 9 de março de 2019 
  9. «3 children, pregnant woman among those recovering after Kroonstad train crash» (em inglês). News24. 5 de janeiro de 2018. Consultado em 6 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 11 de março de 2018 
  10. Nagesh, Ashitha (4 de janeiro de 2018). «At least 12 dead after train crashes into lorry in South Africa». Metro (em inglês). Associated Newspapers. Consultado em 10 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 13 de agosto de 2018 
  11. «Mop-up operations to resume after deadly Kroonstad train crash» (em inglês). eNews Channel Africa. Consultado em 5 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 16 de julho de 2018 
  12. a b c Cowan, Kyle (7 de janeiro de 2018). «Screams of the dying haunt rescuers». Sunday Times (South Africa) 
  13. van der Walt, Alet (6 de janeiro de 2018). «Getraumatiseerde werkerskno na treinramp nie slaap». Volksblad (South Africa) 
  14. Chabalala, Jeanette (19 de janeiro de 2018). «Kroonstad crash death toll rises to 21 after burnt bodies of 2 children found in mom's arms during autopsy» (em inglês). Cópia arquivada em 12 de fevereiro de 2018 
  15. «Train and truck collision death-toll now at 19 #TrainCrash» (em inglês). Cape Times. 7 de janeiro de 2018. Consultado em 7 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 13 de dezembro de 2018 
  16. «Kroonstad train crash: Search and Rescue operations halted». News24 (em inglês). 4 de janeiro de 2018. Consultado em 4 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 7 de fevereiro de 2018 
  17. «Police open a manslaughter case against driver» (em inglês). Stuff (Fairfax). 6 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 7 de janeiro de 2018 
  18. a b c d du Toit, Elsje; Sonnekus, Simon; Bruwer, Ruan (10 de janeiro de 2018). «'Net God se genade' - drywer». Volksblad (South Africa) 
  19. a b c d e f van der Walt, Alet (6 de janeiro de 2018). «Boer sê oor blinde kol en vol gate by spooroorgang». Volksblad (África do Sul) 
  20. a b Bruwer, Ruan (8 de janeiro de 2018). «Treinramp: Moeilike taak begin vandag om 19 te identifiseer». Volksblad (África do Sul) 
  21. «Occurrence Investigation» (em inglês). Railway Safety Regulator. Consultado em 4 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2018 
  22. a b Bruwer, Ruan (13 de janeiro de 2018). «Geen treinslagoffers nog uitgeken». Volksblad (África do Sul) 
  23. a b «Train crash: test results out». The Citizen (África do Sul). ANA. 27 de janeiro de 2018 
  24. a b c d e f g h i j k l m n o «Geneva Station Level Crossing Collision Board of Inquiry Report» (PDF). Railway Safety Regulator (em inglês). Consultado em 13 de janeiro de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 14 de janeiro de 2019