Aginter Press

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A Aginter Press, também conhecida como Central Ordem e Tradição, foi uma pseudoagência de notícias estabelecida em Lisboa em Setembro de 1966, durante o regime do Estado Novo em Portugal.

A Agência, que estava envolvida na operação Gladio[1] levada a cabo pela CIA e MI6 na Europa ocidental, com a cooperação da estrutura NATO,[2] era dirigida pelo antigo capitão do Exército Francês, Yves Guérin-Sérac, que tinha tomado parte na fundação da OAS, um grupo militante clandestino que defendia uma "Argélia francesa" durante a guerra da Argélia entre 1954 e 1962, acusado de levar a cabo diversos atentados terroristas. A Aginter Press era na realidade uma organização de mercenários anti-comunista, com subsidiárias por todo o mundo. Treinava os seus membros em técnicas de operações clandestinas, incluindo ataques à bomba, eliminação de personalidades, guerra psicológica, comunicação e infiltração clandestinas e contra-insurreição.

A Estratégia de Tensão em Itália[editar | editar código-fonte]

A Aginter Press tomou parte na estratégia de tensão na Itália, uma campanha de pseudo-operações levadas a cabo pela CIA e MI6, incluindo ataques à bomba e uma tentativa de golpe de estado organizada pelos neofascistas italianos, com o apoio de ramos da Maçonaria, da Máfia e de redes clandestinas da NATO.

Outras actividades da Aginter Press[editar | editar código-fonte]

A Agência trabalhou para vários regimes autoritários de direita em todo o mundo, incluindo os de Portugal, Espanha e Grécia. Os seus agentes trabalhavam disfarçados de jornalistas ou repórteres fotográficos, permitindo-lhes viajar e investigar.

Uma actividade importante da Aginter Press foi o seu envolvimento na luta contra os movimentos independentistas das colónias portuguesas.

25 de Abril de 1974: o fim[editar | editar código-fonte]

Na sequência do golpe de 25 de Abril de 1974 os membros da Aginter Press fugiram de Lisboa para Espanha e depois para a América do Sul, pondo assim termo ao funcionamento da agência. Quando os juízes D'Ambrosio e Alessandrini organizaram uma carta rogatória em Lisboa, na sede da Aginter havia "uma vasta documentação, uma cave inteira. Quem a tinha visto disse que era um arquivo que correspondia, quantitativamente, ao de um serviço secreto médio em um país civilizado".[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Guerra, João (16 de novembro de 1990). «" 'Gladio' actuou em Portugal"». diário português "O Jornal" 
  2. PARENTI, Michael (1995). Against Empire. San Francisco: City Light Books. p. 143.. 1 páginas. ISBN 0872862984 
  3. Commissione stragi, XII legislatura, Seduta n. 35 del 15 novembre 1995, pp. 96-97, in Archivio storico del Senato della Repubblica (ASSR), Terrorismo e stragi (X-XIII leg.), 1.35.