Bárbara Micaela de Ataíde

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
D. Bárbara Micaela de Ataíde
Abadessa do Convento de Santa Clara de Vila do Conde
Bárbara Micaela de Ataíde
O Aqueduto de Santa Clara, que D. Bárbara Micaela de Ataíde mandou construir em 1705
Nascimento 23 de setembro de 1655
  Honra de Barbosa, Penafiel, Portugal
Morte c. 1714
  Vila do Conde, Portugal
Pai D. Francisco de Azevedo e Ataíde, senhor das honras de Barbosa e Ataíde
Mãe D. Maria de Brito e Alcáçova
Ocupação Freira, Abadessa

D. Bárbara Micaela de Ataíde (Penafiel, Rans, Honra de Barbosa, 23.09.1655[1] - Vila do Conde, c. 1714) foi uma Religiosa portuguesa, Abadessa do Convento de Santa Clara de Vila do Conde, a ela se devendo a construção do Aqueduto[2] que liga Terroso, na Póvoa do Varzim, àquele Convento.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filha de D. Francisco de Azevedo e Ataíde (c. 1616 - Lisboa, 13.02.1669),[3] senhor da honras de Barbosa e Ataíde e Governador das Armas de Entre Douro e Minho durante a guerra da Restauração, e de sua mulher e prima, D. Maria de Brito e Alcáçova.[3] [4]

Entrou para o Convento de Santa Clara em 1704 e, logo em 19 de dezembro de 1705, já como Abadessa, contratou o engenheiro militar Manuel Pinto de Villalobos e o capitão Domingos Lopes, natural do Porto, para delinearem um novo projeto de aqueduto para o Convento.

De facto, o abastecimento de água do mosteiro era um sério problema, existente desde a sua fundação no início do século XIV, que já fora objeto de uma tentativa fracassada de resolução, por meio de um aqueduto, entre os anos de 1626 e 1636.[5]

O desenho do Aqueduto foi da responsabilidade do referido Manuel Pinto de Vilalobos.[6] A direção das obras foi adjudicada a João Rodrigues, mestre pedreiro natural de Ponte de Lima. Porém, pouco tempo depois, o mestre abandonou os trabalhos, por falência, pelo que as Clarissas entregaram a execução do projeto ao mestre de obras Domingos Moreira, natural de Moreira da Maia.

Para a construção do aqueduto, D. Bárbara Micaela contou com a ajuda de suas irmãs, D. Antónia de Ataíde e Alcáçova e D. Ângela Maria de Ataíde e Alcáçova, ambas Freiras e Abadessas do Convento de Santa Clara[7] e do seu irmão, D. Manuel de Azevedo de Ataíde e Brito,[8] senhor da honra de Barbosa e Mestre de campo general do exército português, que peticionou com sucesso o Rei no sentido de dispensar do serviço militar os mancebos que quisessem trabalhar na condução dos materiais.[9]

Em Outubro de 1714 a água chegou pela primeira vez ao claustro do mosteiro.[2] [10]

O aqueduto, com 999 arcos, é considerado aquele que possui o “maior número de arcos do mundo”.[11]

D. Bárbara Micaela escreveu memórias sobre a construção do aqueduto, que deixou no Livro de Receita e Despesa do seu abadessado.[12] Foi abadessa de 1704 a 1707, tendo-lhe depois sucedido no cargo as suas irmãs acima referidas, D. Antónia (1707 – 1710) e D. Ângela (1710 – 1713).[13]

A Torre da Honra de Barbosa, no termo de Penafiel, onde D. Bárbara Micaela de Ataíde nasceu

Toponímia[editar | editar código-fonte]

A cidade de Vila do Conde homenageou-a, atribuindo o seu nome a uma rua.[14]

Na imprensa[editar | editar código-fonte]

A edição em espanhol da Revista National Geographic, publicada em abril de 2015, classificou o Aqueduto de Santa Clara como "o terceiro mais belo do mundo", numa lista liderada pelo aqueduto romano de Pont du Gard, em França.[15]

Família[4][16][17][editar | editar código-fonte]

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16. D. Manuel de Azevedo, senhor de Barbosa e Ataíde
 
 
 
 
 
 
 
8. D. Francisco de Ataíde e Azevedo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17. D. Filipa de Sousa
 
 
 
 
 
 
 
4. D. Manuel de Azevedo e Ataíde
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18. Vicente Novais da Cunha, senhor do morgado de Parada (ou Guilhabreu)
 
 
 
 
 
 
 
9. Brites da Silva
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19. D. Branca da Silva, filha dos senhores de Angeja
 
 
 
 
 
 
 
2. D. Francisco de Azevedo e Ataíde
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20. Lourenço de Castro Alcoforado, senhor de Aguieira e Mourisca
 
 
 
 
 
 
 
10. Manuel de Castro Alcoforado
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21. Maria Soares
 
 
 
 
 
 
 
5. D. Ângela de Castro
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22. Pantaleão dos Santos, FCR
 
 
 
 
 
 
 
11. Maria Toscano
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23. Francisca de Magalhães (bisneta de Diogo Cão)
 
 
 
 
 
 
 
1. D. Bárbara Micaela de Ataíde
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24. Lopo de Brito, 2.º capitão de Ceilão
 
 
 
 
 
 
 
12. Cristóvão de Brito
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25. Iria de Brito Freire de Andrade
 
 
 
 
 
 
 
6. Lopo de Brito, senhor do Morgado de Valbom
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26. Vicente Novais da Cunha, senhor do morgado de Guilhabreu (= 18)
 
 
 
 
 
 
 
13. Maria da Silva
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27. D. Branca da Silva, filha dos senhores de Angeja (= 19)
 
 
 
 
 
 
 
3. D. Maria de Brito e Alcáçova
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28. Pedro de Alcáçova Carneiro, 1.º Conde de Idanha-a-Nova
 
 
 
 
 
 
 
14. D. António de Alcáçova Carneiro, Alcaide-mor de Campo Maior e Ouguela
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29. D. Catarina de Sousa, filha do alcaide-mor de Tomar
 
 
 
 
 
 
 
7. D. Maria de Alcáçova Carneiro
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30. D. Manuel Lobo, Alcaide-mor de Campo Maior e Ouguela
 
 
 
 
 
 
 
15. D. Maria de Noronha e Silva, herdeira da alcaidaria de Campo Maior
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31. Francisca de Noronha
 
 
 
 
 
 


Referências

  1. «PT-ADPRT-PRQ-PPNF28-001-0001_m00044.tif - Registos de baptismos - Penafiel, Rans. 1655». pesquisa.adporto.arquivos.pt. Consultado em 1 de novembro de 2023. Barbara, filha de Dom Francº de Azevedo e Ataide e sua molher Dona Maria de Brito, nasceo aos vinte e tres dias do mes de setembro de mil seiscentos sinqoenta e sinquo annos foi baptizada nesta igreja, forão padrinhos Dom Joao de Azevedo de Ataide e Dona Angela de Castro 
  2. a b «DGPC | Aqueduto de Vila do Conde». www.patrimoniocultural.gov.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  3. a b Cardoso, Augusto-Pedro Lopes (2021). D. Francisco de Azevedo e Ataíde. Subsídios para a sua biografia. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. pp. 104 – 112, 118 
  4. a b Salazar y Castro, Don Luis de (1685). Historia genealogica de la casa de Silva II. Parte (em espanhol). National Central Library of Rome. Madrid: [s.n.] pp. 110 – 112. Consultado em 4 de novembro de 2022 
  5. «Aqueduto de Santa Clara». viladoconde.com. 27 de junho de 2019. Consultado em 28 de agosto de 2021 
  6. «Aqueduto de Vila do Conde. EPAL» (PDF). issuu. Consultado em 1 de novembro de 2023 
  7. Augusto-Pedro Lopes Cardoso, op. cit., pp. 115 - 119
  8. «(D.) Manuel de Ataíde e Brito. Carta de doação da honra de Barbosa, com jurisdição cível e crime. Chancelaria de D. Afonso VI, 09.04.1675 - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  9. Augusto-Pedro Lopes Cardoso, op. cit., p. 118, nota 388
  10. «300 anos do Aqueduto de Vila do Conde». www.cm-viladoconde.pt. 20 de outubro de 2014. Consultado em 21 de abril de 2024. Pela primeira vez, no dia 20 de outubro de 1714 caía água no claustro do Mosteiro de Santa Clara transportada através deste canal desde a nascente, na freguesia de Terroso, na Póvoa de Varzim, até ao monte do Mosteiro. Hoje, 300 anos depois, a Câmara Municipal de Vila do Conde, através do seu serviço de Arquivo Municipal celebra a iniciativa da abadessa D. Bárbara de Ataíde 
  11. SAPO. «Portugal tem a maior nora e o aqueduto com mais arcos do mundo». SAPO 24. Consultado em 1 de novembro de 2023. o aqueduto de Vila do Conde (é) aquele com “maior número de arcos do mundo”, apresentando 999 ao longo da sua extensão, que termina no Mosteiro de Santa Clara. 
  12. Augusto-Pedro Lopes Cardoso, op. cit., p. 118
  13. Mendes, Ana Filipa Almeida (2015). Para a construção de uma memória - organização sistémica do Arquivo dos Condes de Azevedo. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto. pp. 39 – 40. Consultado em 4 de novembro de 2022 
  14. «Código Postal. Rua Dona Bárbara Micaela de Ataíde.». Código Postal. Consultado em 27 de agosto de 2021 
  15. Segovia, El Día de (3 de março de 2020). «GALERÍA: National Geographic. Los 10 acueductos más bellos del mundo». El Día de Segovia (em espanhol). Consultado em 1 de novembro de 2023. 1.Pont du Gard, França 2. Kamares, Larnaca 3. Santa Clara, Vila do Conde 4. Pitigliano, Itália 5. Águas Livres, Lisboa 6. Ponte Delle Torri, Itália 7. Segovia, Espanha 8. De los Milagros, Mérida 9. Pont de Les Ferreres, Tarragona 10. Ronda, Málaga 
  16. «Biblioteca Nacional Digital. Sousa, António Caetano de,1674-1759, Historia genealogica da Casa Real Portugueza: desde a sua origem até o presente, Tomo XI». purl.pt. pp. 838 – 839. Consultado em 28 de agosto de 2021 
  17. «Biblioteca Nacional Digital. Felgueiras Gaio, Nobiliário de Famílias de Portugal, Tomo III». purl.pt. pp. 117 – 119. Consultado em 28 de agosto de 2021 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]