Centro Literário

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O Centro Literário foi uma das mais importantes sociedades culturais do Ceará no início do século XX.[1] Aparecendo em 1894, essa agremiação não teve evidente­mente a mesma originalidade e, em consequência, a mesma projeção nacional conseguida, dois anos antes, pela Padaria Espiritual, mas concorreu diretamente com esta, na produção literária e na projeção de poetas e escritores de nível nacional.[2][3][4]

História[editar | editar código-fonte]

Essa agremiação surgiu para fazer frente à Padaria Espiritual, iniciando uma disputa que agitaria ainda mais a vida literária da Província do Ceará. Em uma época de baixos níveis de alfabetização, intensa estratificação social, tais entidades em muito contribuíram para a popularização da literatura no estado.[5][6][7]

Esse grêmio, que tanta agita­ção produziu na vida literária cearense em sua época, não inaugurou uma nova corrente de pensamento, como o fez a Aca­demia Francesa; também não ostentou a originalidade da Padaria Espiritual; cujo "Programa de Instalação" logo se tornou nacionalmente famoso pela espirituosidade; mas apesar de não ter tanta projeção quanto outros movimentos da época, seu nome chegou ao Rio de Janeiro, onde tam­bém foi cercado de elogios.

O Centro Literário não foi um grêmio como dezenas de outros que pululavam em todo o estado, nas últimas décadas do século XIX: é que, além de haver quebrado a quase tradi­cional transitoriedade da maioria dos agrupamentos de in­telectuais da Província, conseguindo manter-se durante cerca de 10 anos, chegou a publicar uma revista, intitulada Iracema,[8] e reuniu o maior número, talvez, de sócios já observado entre as agremiações, sendo que, ao lado do aspecto quantitativo pesava fortemente o qualitativo, tal a envergadura intelectual de grande parte de seus componentes.[9][10][11][12]

Esses sócios,- entretanto, não ingressaram todos de uma só vez, nem de duas, nem mesmo de três: fundado no dia 27 de setembro de 1894, dois dias depois o jornal A República noticiava sua instalação, dele dizendo: "Isento do vírus con­taminoso e letal do exclusivismo, combaterá em prol de todas as ideias alevantadas, visando torná-las do embrião à realidade pelo consentâneo e mútuo auxílio de todos por um." Em seguida vem a lista dos sócios.

Primeiros sócios[editar | editar código-fonte]

  • Juvenal Galeno
  • Viana de Carvalho
  • Temístocles Machado
  • Pápi Júnior
  • Álvaro Martins
  • Luis Agassiz
  • Pedro Moniz
  • Rodolfo Teófilo
  • Alves Lima
  • José Olimpio
  • Otacílio de Oliveira
  • Ulisses Sarmento
  • Francisco Barreto
  • João Barreto
  • Bonfim Sobrinho
  • Alfredo Severo
  • Tancredo de Melo
  • Jovino Guedes
  • Quintino Cunha
  • Frota Pessoa
  • Eduardo Sabóia
  • Alcides Mendes
  • Farias Brito
  • Bruno de Sabóia
  • Almeida Braga
  • Belfort Teixeira

Membros de 1895[editar | editar código-fonte]

Da primeira lista se destacam alguns nomes que ainda hoje brilham com intensidade, outros são ainda lembrados por quem lida com a li­teratura, mas alguns, porém, mer­gulharam no esquecimento completo. Assim é que, da lista de sócios que foram relatados no ano seguinte, ou seja, 1895, resolve-se reduzir o número de sócios para 30, assinalando as presenças de:

Limiar do século XIX[editar | editar código-fonte]

A partir de 1896, diminuíram sensivelmente as atividades do grêmio: sua revista, Iracema, criada em abril de 1895, ainda circulou por todo o ano seguinte, ao fim do qual se extin­guiu. Mas tanto é verdade que não havia mais aquele entu­siasmo dos primeiros tempos, que Antônio Sales, escreven­do a respeito da literatura no Ceará, dizia haverem-se extin­guido "quase ao mesmo tempo" a Padaria Espiritual e o Cen­tro Literário, "por morte ou expatriamento da maioria dos seus membros.

Entretanto, o Centro Literário ainda lutou por vários anos, vindo a desaparecer somente em 1904, ou início de 1905 (segundo constatou Dolor Barreira),[13] durando, por conseguin­te, cerca de dez anos. Antônio Sales, porém, certamente pelo fato de residir no Rio de Janeiro nos primeiros anos do sécu­lo XX, não chegou a tomar conhecimento da reorganização do grêmio, que teve lugar em 1900.[14][15]

A reorganização de 1900[editar | editar código-fonte]

Rodrigues de Carvalho, assumindo a presidência da entidade em 1900, convocou alguns sócios, a fim de fazer renascer o entusiasmo que os impelira na década de 1890. Revigorado nos fins de 1900, o Centro Literário ainda resistiria, como foi dito, por mais quatro anos, aproximadamente. Após essa reorganização, diversos novos sócios foram incorporados, unindo-se aos remanescentes, entre eles destacam-se: Álvaro Bomílcar, Alba Valdez, Eurico Facó, Henrique Castriciano, José Albano, e Ulisses Bezerra (Frivolino Catavento).

Presidentes[editar | editar código-fonte]

Ao longo de sua existência, esteve o Centro Literário sob as presidências de:

  • Temístocles Machado,
  • Guilherme Studart,
  • José Lino da Justa,
  • Pápi Júnior,
  • Rodrigues de Carvalho.

Referências

  1. Marques, Rodrigo (23 de julho de 2018). Literatura cearense : outra história. [S.l.]: Editora Dummar. ISBN 9788567333427 
  2. «Criado o Centro Literário». portal.ceara.pro.br (em inglês). Consultado em 27 de setembro de 2018 
  3. «Literatura Cearense» (PDF). academiacearensedeletras.org.br. Consultado em 27 de setembro de 2018 
  4. Azevedo, Sânzio de (1972). O Centro Literário (1894-1904). [S.l.]: Casa de José de Alencar da Universidade Federal do Ceará 
  5. Cardoso, Gleudson Passos. «As Repúblicas das Letras Cearenses. Literatura, Imprensa e Política (1873 - 1904).» (PDF). uece.br. Consultado em 27 de setembro de 2018 
  6. Brito, Luciana (2009). «A IMPORTÂNCIA DA IMPRENSA LITERÁRIA PARA A HISTÓRIA DA LITERATURA CEARENSE». Revista Iluminart. 1 (3). ISSN 1984-8625 
  7. Cordeiro, Celeste (1997). Antigos e modernos: no Ceará provincial. [S.l.]: Annablume. ISBN 9788585596958 
  8. «Iracema: revista do Centro Literario». bdlb.bn.gov.br 
  9. «Fundado em Fortaleza o Centro Literário 7 de Setembro». portal.ceara.pro.br (em inglês). Consultado em 27 de setembro de 2018 
  10. Bezerra, Carlos Eduardo de Oliveira (1 de janeiro de 2009). Adolfo Caminha: um polígrafo na literatura brasileira do século XIX (1885-1897). [S.l.]: SciELO - Editora UNESP. ISBN 9788579830334 
  11. Castello, José Aderaldo (1999). A literatura brasileira: origens e unidade (1500-1960). [S.l.]: EdUSP. ISBN 9788531405051 
  12. Farias,Airton, de (26 de janeiro de 2016). História do Ceará. [S.l.]: Armazém da cultura. ISBN 9788584920174 
  13. Barreira, Dolor; Ceará, Instituto do (1986). História da literatura cearense. [S.l.]: Instituto do Ceará 
  14. Linhares, Mário (1948). História literária do Ceará. [S.l.]: Federação das Academias de Letras do Brasil 
  15. Azevedo, Sânzio de (1982). Aspectos da literatura cearense. [S.l.]: Edições Universidade Federal do Ceará 
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