Colunas marianas e da Santíssima Trindade

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Coluna da Santíssima Trindade de Pestsäule, em Viena.
Coluna da peste em Kremnica, na Eslováquia.

Colunas marianas são monumentos religiosos construídos em homenagem à Virgem Maria, geralmente em agradecimento ao fim de um surto de peste — conhecidas como Colunas da peste — ou por alguma outra graça recebida. Já as colunas da Santíssima Trindade tinham simplesmente o objetivo de comemorar a igreja e a fé católica, mas o tema da peste também foi importante na sua concepção. A construção de uma coluna encimada por uma figura ou símbolo cristão era um gesto de fé público bastante comum em países católicos da Europa, especialmente nos séculos XVII e XVIII, o que fez destas colunas um dos mais visíveis símbolos da arquitetura barroca. Seu uso também influenciou a arquitetura barroca ortodoxa.

Colunas marianas[editar | editar código-fonte]

Coluna mariana de Mariensäule, em Munique.

Na Roma imperial, era prática comum erigir uma estátua de um imperador no alto de uma coluna, a última das quais foi a Coluna de Focas, no Fórum Romano, dedicada (ou re-dedicada) em 608 pelo imperador bizantino Focas. A prática cristã de erigir uma coluna com uma estátua da Virgem Maria no topo data pelo menos do século X (um exemplar em Clermont-Ferrand, na França), mas popularizou-se principalmente durante a Contrarreforma, depois do Concílio de Trento (1545–1563). A coluna da Piazza Santa Maria Maggiore, em Roma, foi uma das primeiras e reaproveitou uma coluna de apoio da abóbada da Basílica de Constantino[1], destruída por um terremoto no século IX. No século XVII, apenas ela restava e, em 1614, ela foi transportada para seu lugar atual e coroada com uma estátua de bronze da Madona com o Menino. Nas décadas seguintes, ela serviu de modelo para muitas outras colunas similares na Itália e em diversos outros países europeus.

A primeira coluna mariana ao norte dos Alpes foi a Mariensäule, de Munique, construída em 1638 para celebrar o fato de a cidade ter sido poupada tanto da peste quanto do exército invasor sueco. A Virgem Maria está em pé acima de uma lua crescente como Rainha do Céu. Este exemplar serviu de exemplo para outras colunas marianas em Praga e Viena, mas muitas outras a seguiram rapidamente. Em países que pertenciam à Monarquia Habsburgo (especialmente a República Checa, Áustria, Eslováquia e a Hungria), era raro encontrar uma praça antiga sem uma coluna do tipo no centro, geralmente no local de destaque.

A coluna de Praga foi construída na Praça da Cidade Velha ("Staroměstské náměstí") logo depois da Guerra dos Trinta Anos (década de 1650) para agradecer à Nossa Senhora da Imaculada Conceição por ajudar na guerra contra os suecos (protestantes). Ao meio dia, sua sombra indicava o chamado "meridiano de Praga", que era utilizado para conferir o tempo solar exato. Muitos checos ligaram a posição proeminente e a própria construção do monumento com o domínio habsburgo sobre a região e, depois da independência da Tchecoslováquia, em 1918, uma multidão derrubou o antigo monumento e o destruiu.

Colunas da Santíssima Trindade[editar | editar código-fonte]

O modelo básico que inspirou a construção da maior parte das colunas da Santíssima Trindade é a Pestsäule (ou "Dreifaltigkeitssäule" - "Coluna da Peste ou da Santíssima Trindade"), na Grabenplatz, em Viena, construída depois da peste de 1679; neste monumento, a coluna desapareceu completamente em meio a nuvens de mármore e santos, anjos e putti colossais. A era destas estruturas religiosas culminou com a espetacular Coluna da Santíssima Trindade, na praça maior ("Horní náměstí") de Olomouc, um monumento construído logo depois de um surto de peste na Morávia (moderna República Checa) entre 1714 e 1716, excepcional por causa de sua monumentalidade, rica decoração e rara combinação de materiais escultórios (pedra e cobre dourado). Sua base era tão grande que abrigava inclusive uma capela no interior. Esta coluna é a única inscrita individualmente na Lista do Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO como "um dos mais excepcionais exemplos do apogeu da expressão artística do barroco da Europa Central"[2].

Outros santos[editar | editar código-fonte]

Alguns outros santos também aparecem nas colunas da peste, principalmente São Roque, que, acredita-se, teria contraído a doença ajudando os doentes durante uma epidemia e se recuperado pela força de sua fé. São Sebastião, um mártir cuja estátua geralmente decora estas estruturas, era originalmente o padroeiro dos arqueiros, mas, na Idade Média, acabou assumindo o lugar do arqueiro que infligia a peste, Apolo, na mentalidade popular, que entendia, metaforicamente, a aleatoriedade da peste com os tiros randômicos dos arqueiros. Outros santos frequentes são Santa Bárbara, a deusa dos moribundos, São Francisco Xavier, que, de acordo com a lenda, ressuscitava os mortos, e São Carlos Borromeo, conhecido por seu trabalho entre os doentes e moribundos.

Referências

  1. «Basilica di Santa Maria Maggiore / St Mary Major» (em inglês). Rome Guide 
  2. «Olomouc» (PDF) (em inglês). Unesco.org 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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