Conquista da Irlanda por Cromwell

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Conquista Cromwelliana da Irlanda
Guerra dos Onze Anos e Guerra dos Três Reinos

Estátua de Oliver Cromwell em Westminster. Cromwell liderou a invasão inicial para reconquistar a Irlanda para a Inglaterra. Ele voltou para Londres em meados de 1650 após ter conquistado as regiões leste e sul da ilha irlandesa.
Data 15 de agosto de 164927 de abril de 1653
Local Irlanda
Desfecho Vitória decisiva do Parlamento da Inglaterra
Beligerantes
Irlanda Confederada
Cavaliers ingleses
Parlamento da Inglaterra Colonizadores protestantes
Comandantes
James Butler
Ulick Burke
Oliver Cromwell (agosto de 1649 – maio de 1650)
Henry Ireton (maio de 1650 – novembro de 1651)
Charles Fleetwood (novembro de 1651 – abril de 1653)
Forças
60 000 (incluindo guerrilheiros)
  • 20 000 (auge)
~ 30 000 soldados do Novo Exército
~ 10 000 combatentes reunidos na Irlandas ou baseados lá antes da campanha
Baixas
15 000 – 20 000 combatentes mortos
200 000 – 600 000 civis mortos (violência, fome ou doença)
50 000 civis deportados para trabalhos forçados
15 000 mortos (8 000 do Novo Exército)

A Conquista da Irlanda por Cromwell, ou Guerra de Cromwell na Irlanda (1649–53), se refere ao período da história da Irlanda onde as forças do Parlamento da Inglaterra, lideradas por Oliver Cromwell, invadiram o território irlandês durante a Guerra dos Três Reinos. Cromwell invadiu a Irlanda com o seu Exército Novo em nome do "parlamento manco" (Rump Parliament) da Inglaterra em 1649.[1]

Após a Rebelião Irlandesa de 1641, a maioria do território irlandês passou a ser controlado pela Confederação Católica. Em 1649, os confederados se aliaram aos Realistas ingleses, que haviam sido derrotados pelos Parlamentares na Guerra Civil Inglesa. Em agosto de 1649, Cromwell desembarcou na Irlanda com seu exército com o propósito de restabelecer o controle britânico sobre a ilha. Em meados 1652, os Confederados Irlandeses e os Realistas ingleses já estavam praticamente derrotados e o país foi ocupado por tropas inglesas, encerrando as Guerras confederadas irlandesas (também conhecida como "Guerra dos Onze Anos"). Contudo, os irlandeses continuaram lutando, em forma de guerrilha, por mais um ano. Cromwell passou uma série de leis penais contra os católicos (que eram a maioria da população da Irlanda) e confiscou enormes quantidades de terras.[1]

A conquista da Irlanda foi brutal, com as forças britânicas sendo acusadas de cometer enormes atrocidades.[2] De fato, até os dias atuais, Cromwell ainda é uma figura odiada na Irlanda.[3] A extensão da responsabilidade de Cromwell, que comandou de forma direta a invasão no primeiro ano do conflito, nos crimes de guerra perpetrados em solo irlandês ainda é motivo de debate. Alguns historiadores argumentam que as ações de Oliver Cromwell eram aceitáveis para os padrões da época para um líder militar em tempos de guerra, com alguns considerando que suas atrocidades podem ter sido exageradas ou distorcidas por propagandistas em anos posteriores;[4] essas afirmações, contudo, são contestadas.[5]

O impacto da guerra na população irlandesa foi severo, embora não haja relatos fidedignos a respeito do número de fatalidades (mas acredita-se que foi imenso). A guerra resultou em fome,[6][7][8] que foi exacerbada por uma nova onda de peste bubônica. Estima-se que entre 15% e 41% da população irlandesa pereceu (ou até 618 000 fatalidades, de 1649 a 1659, em um país de um pouco mais de 1,5 milhões de habitantes).[9] Os ingleses ainda deportaram mais de 50 000 pessoas para servirem forçosamente a nobres britânicos.[10] Além da repressão cultural que se seguiu a anexação formal da Irlanda à Inglaterra, terras foram tomadas de católicos irlandeses e dadas para protestantes, e lordes britânicos foram indicados para governar partes do país.[11] Em contrapartida, um movimento nacionalista surgiu na Irlanda, que passaria os próximos 250 anos lutando para tentar restaurar a independência do seu país.

Referências

  1. a b «Irish Confederate Wars: Oliver Cromwell's Conquest of Ireland». Historynet.com. Consultado em 27 de junho de 2020 
  2. Butler, William (1903). O'Brien, R. Barry, ed. Studies in Irish History, 1649-1775 (em inglês). Dublin: Browne and Nolan. pp. 1–65 
  3. "Of all these doings in Cromwell's Irish Chapter, each of us may say what he will. Yet to everyone it will at least be intelligible how his name came to be hated in the tenacious heart of Ireland". John Morley, "Biography of Oliver Cromwell". Pág 298. 1900 e 2001. ISBN 978-1-4212-6707-4.; "Cromwell is still a hate figure in Ireland today because of the brutal effectiveness of his campaigns in Ireland. Of course, his victories in Ireland made him a hero in Protestant England." «Archived copy». Consultado em 25 de maio de 2009. Cópia arquivada em 28 de setembro de 2007 ; «Archived copy». Consultado em 17 de janeiro de 2006. Cópia arquivada em 11 de dezembro de 2004 
  4. Philip McKeiver in his, 2007, A New History of Cromwell's Irish Campaign ISBN 978-0-9554663-0-4 and Tom Reilly, 1999, Cromwell: An Honourable Enemy ISBN 0-86322-250-1
  5. Coyle, Eugene (1999). «Cromwell: An Honourable Enemy, Tom Reilly [review of]». Book Reviews. History Ireland. 7 (4). Consultado em 10 de outubro de 2014 
  6. Prendergast, John Patrick (2 de janeiro de 1868). The Cromwellian settlement of Ireland. [S.l.]: P.M. Haverty – via Internet Archive 
  7. «Inventory of Conflict and Environment (ICE), Cromwell's Famine». mandalaprojects.com 
  8. «Historical Context - The Down Survey Project». downsurvey.tcd.ie 
  9. «How many died during Cromwell's campaign?». Historyireland.com. Consultado em 27 de junho de 2020 
  10. O'Callaghan, Sean (2000). To Hell or Barbados. Brandon. ISBN 978-0-86322-272-6.
  11. «Down Survey». Trinity College Dublin Department of History. Consultado em 19 de março de 2016 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]