Emil Kraepelin

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Emil Kraepelin
Emil Kraepelin
É conhecido como o fundador da psiquiatria moderna
Nascimento 5 de fevereiro de 1856
Neustrelitz
Morte 7 de outubro de 1926 (70 anos)
Munique
Nacionalidade Alemanha
Alma mater Universidade de Leipzig,
Universidade de Würzburg,
Universidade de Munique
Principais interesses Psiquiatria, psicofarmacologia e genética

Emil Kraepelin (5 de Fevereiro de 18567 de Outubro de 1926) foi um psiquiatra alemão e é comumente citado como o criador da moderna psiquiatria e genética psiquiátrica. Kraepelin defendia que as doenças psiquiátricas são principalmente causadas por desordens genéticas e biológicas. Após demonstrar a inadequação dos métodos antigos, como os da psicanálise, Kraeplin desenvolveu um novo sistema diagnóstico. Suas teorias psiquiátricas dominaram o campo da psiquiatria no início do século XX e a base dessas teorias continua sendo utilizada até os dias de hoje.[1][2]

Biografia

Em 1886, pouco depois de ter concluído seu treinamento, foi nomeado professor na Universidade de Tarty no que é atualmente a Estônia, e foi diretor de uma clínica universitária com 80 leitos. Lá prosseguiu seus estudos e registrou diversas histórias clínicas detalhadas e "foi levado a considerar a importância do curso da doença na classificação das doenças mentais". Dez anos depois, anunciou que havia descoberto um novo modo de se entender a doença mental. Referia-se ao entendimento tradicional como "sintomático" e sua visão era "clínica". Este se tornou o paradigma inicial da sua classificação de centenas de doenças mentais classificadas no século XIX, agrupando-as como síndromes (padrões comuns de sintomas) e não pela semelhança dos principais sintomas, como faziam seus predecessores.

Contribuições

Kraepelin contrariava a abordagem de Sigmund Freud que tratava e considerava as doenças psiquiátricas como causadas por fatores psicológicos. Sua descrição clínica da demência precoce (hoje conhecida como esquizofrenia) influenciou gerações de psiquiatras a verem no transtorno psiquiátrico uma mera expressão de doença orgânica do cérebro, até surgirem formas de compreensão psicodinâmica consistentes, como na obra "O Eu Dividido" (The Divided Self, 1960) de Ronald Laing.

Estudo sobre psicoses

O trabalho de Kraeplin é importante pois classificou em duas formas distintas de psicoses o que antes era considerado um conceito unitário: Psicose maníaco-depressiva e Demência precoce.

Demência precoce e psicose maníaco-depressiva

Através de sua extensa pesquisa e utilizando como critérios o curso clínico e prognóstico, Kraeplin desenvolveu o conceito de Dementia praecox, que definiu como "desenvolvimento sub-agudo de uma condição peculiar de fraqueza mental que ocorre na juventude". Quando apresentou esta entidade nosológica na quarta edição de seu Lehrbuch der Psychiatrie em 1893, a esquizofrenia havia sido colocada junto com perturbações degenerativas, mas em separado de catatonia e demências paranoides. Naquela época, o conceito correspondia à hebefrenia de Ewald Hecker. Na sexta edição de seu livro em 1899, todos estes três tipos clínicos são tratados como diferentes formas de dementia praecox.

Um dos pontos principais do seu método era reconhecer que cada sintoma pode aparecer em qualquer uma das doenças. Isto é, não existe um único sintoma de dementia praecox que não pode ser encontrado algumas vezes na psicose maníaco-depressiva. O que distingue as doenças sintomatologicamente (ao contrário da patologia sobrejacente) não é algum sintoma patognomônico mas um padrão específico de sintomas. Na ausência de testes ou marcadores fisiológicos ou genéticos para cada doença, só é possível distinguí-las por seu padrão específico de sintomas. Assim, o método de Kraeplin é de reconhecimento de padrões e não agrupamentos de sintomas.

Esquizofrenia

Kraeplin também demonstrou padrões específicos na genética destas perturbações e padrões específicos e característicos do seu curso e prognóstico. Isto é, existem mais esquizofrênicos entre parentes de esquizofrênicos do que na população geral, enquanto a psicose maníaco-depressiva é mais comum nos familiares de doentes maníaco-depressivos.

Kraeplin também descreveu padrões de curso e prognóstico dessas perturbações. Ele acreditava que a esquizofrenia tinha curso deteriorante no qual a função mental continuamente (às vezes erraticamente) declina, enquanto a psicose maníaco-depressiva tem curso intermitente, com períodos livres de sintomas nos intervalos que separam os episódios.

Mal de Alzheimer

Kraeplin postulou que existe uma patologia específica do cérebro sobrejacente a cada uma das principais doenças psiquiátricas. Foi colega de Alois Alzheimer e co-descobridor do Mal de Alzheimer.

Dicionário de saúde mental

As teorias de Kraeplin sobre a etiologia e diagnóstico de perturbações psiquiátricas são a base dos maiores sistemas diagnósticos utilizados hoje, especificamente o DSM IV da Associação Americana de Psiquiatria e o CID 10 da Organização Mundial de Saúde.

Referências

  1. Burgmair, Wolfgang & Eric J. Engstrom & Matthias Weber, et al., eds. Emil Kraepelin. 7 vols. Munich: belleville, 2000-2008.
  2. Hanns Hippius, Hans-Jürgen Möller, Hans-Jürgen Müller, Gabriele Neundörfer-Kohl. The University Department of Psychiatry in Munich: From Kraepelin and his predecessors to molecular psychiatry (em inglês). [S.l.]: Springer Science & Business Media. 2007 páginas. ISBN 9783540740179