Era do Acesso

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Era do Acesso é um termo usado para definir uma nova característica capitalista e societária do contexto contemporâneo. É a definição de uma nova sociedade existente hoje baseada no conhecimento. Refere-se a uma época onde a informação e o conhecimento estará sobre o conhecimento de todos, servindo de contraponto com os séculos passados, onde o mesmo era mais elitizado.

Jeremy Rifkin, em seu livro homônimo, discorre sobre o tema. Nele, oferece uma síntese da nova economia e do novo modelo social e humano, que tem fortes probabilidades de vir a ser o modelo em vigor no século XXI Também é estudado por Peter Drucker, que criou o termo “trabalhador do conhecimento”. O economista de Princeton Fritz Machlup trabalhou o tema junto com Drucker, cunhando a expressão "empresas do conhecimento". Ambas as expressões refletem o pensamento desta nova era.

Entrando na Era do Acesso[editar | editar código-fonte]

Ainda bebê, Paulo Henrique consegue utilizar as ferramentas do iPhone.

A primeira mudança da Era do Acesso é a transição de uma cultura de posse para uma cultura de acesso. Desde a invenção e popularização da Internet, as redes estão tomando o lugar do mercado tradicional de compra e venda. Cada vez mais paga-se para ter acesso a algo, e não por possuí-lo de forma concreta. O mercado, que estava acostumado a ter vendedores e compradores, agora está se acostumando a ter fornecedores e usuários.

Rifkin defende que a produção de bens materiais está cedendo lugar à produção cultural, que cada vez mais domina as atividades econômicas. A informação se torna também muito importante, e o acesso a recursos e experiências culturais tornam-se tão importantes quanto manter as posses.

Uma prova existencial dessa nova era defendida por Rifkin é o mercado fonográfico mundial. Com o advento da Internet, e principalmente com a popularização das redes de compartilhamento de conteúdos, como o Napster, por exemplo, as vendas de Cds caíram vertiginosamente. Em 2008, por exemplo, as receitas com vendas de Cds e DVDs alcaçaram R$ 312,5 milhões, enquanto em 2000 as vendas foram de R$ 891 milhões.[1]

Novas Geração[editar | editar código-fonte]

Surge assim uma geração para a qual o acesso já é uma forma de vida, onde estar conectado é mais importante do que a propriedade. Inúmeros vídeos no YouTube ilustram bem a afirmação. Essa é a geração que já nasceu com a tecnologia. Cidadãos que já nasceram inseridos nesse contexto. Não é uma geração que precisou se acostumar e se alocar dentro das redes.

Os jovens da nova geração sentem-se muito mais à vontade para dirigir negócios e se engajar em atividades sociais no mundo do comércio eletrônico. Pode-se dizer que o mundo deles é mais teatral, mais orientado para um ethos de brincar e jogar do que um ethos de trabalho. A era do acesso também traz consigo uma nova maneira de pensar nas relações comerciais.[2]

Cada vez mais cedo as novas geração estão tendo acesso às tecnologias.

Há um conceito que pode se assemelhar, encaixando um nome para essa nova geração: Geração Y. Assim como existiu a geração Baby Boomer, dos que nasceram durante e após a Segunda Guerra Mundial, e a Geração X, filhos dos Baby Boomer, surge uma geração que cresce junto com o avanço de novas tecnologias. Há quem afirme a existência de uma Geração Z.

Nova Economia[editar | editar código-fonte]

Na Era do Acesso o mercado se transformaria em um sistema nervoso global. O comércio seria o ciberespaço, enquanto a economia se tornaria em uma rede.

O avanço tecnológico faz com que os produtos fiquem cada vez menores e mais leves. Um computador que antes pesava 20 quilos hoje pesa 3 quilos, sendo também mais potente. Além dos produtos, o que também encolhe são os imóveis, o que faz com que escritórios tornem-se espaços mais sociáveis onde todos trabalham juntos, facilitando a comunicação. Comprovado pela tendência de retirar divisórias entre as mesas. Esses espaços aumentam a produtividade, pois todo o processo torna-se mais rápido.

Com a utilização da técnica just-in-time, os estoques deixariam de existir. As empresas economizariam no custo de armazenagem.

O dinheiro também se desmaterializaria, sendo comercializado em redes eletrônicas. A consequência direta disso seria o declínio da poupança e o aumento da dívida pessoal. O que prevalece é o ágio rápido, não a acumulação.

Tudo é Serviço[editar | editar código-fonte]

Os produtos são transformados de bens para serviços. Os produtos materiais se transformam em meros coadjuvantes. O serviço incluso na compra do bem predomina na hora da aquisição. O produto em si se vira um commodity.

Um exemplo é o sucesso do leasing. Os proprietários do produto continuam sendo os fabricantes ou revendedores. Os bens são apenas alugados aos seus clientes, que possuem apenas o acesso e não a posse. É uma reestruturação do sistema capitalista.

Não apenas os produtos se tornam commodities, mas também as relações humanas. As empresas, para se diferenciarem das outras, começam a se preocupar mais com o cliente. Isso ocorre muito a partir do final da Segunda Guerra Mundial. A perspectiva de marketing ganha um papel importante na vida comercial, e controlar o cliente passa a ser a nova meta.

Há um episódio de Simpsons que descreve muito bem essa nova relação entre o consumidor e a marca. Nele é citado a Mapple, uma clara referência a Apple Inc.. O episódio mostra com a empresa se transformou em algo parecido a uma religião, onde as pessoas consomem os seus produtos apenas pela experiência que ele provoca, que se torna diferente de seus concorrentes.[3]

Nova Cultura do Capitalismo[editar | editar código-fonte]

Após séculos transformando os recursos materiais em bens, a Era do Acesso está transformando cada vez mais recursos culturais em experiências pagas. Nessa nova era do capitalismo cultural, o acesso torna-se muito mais relevante e a propriedade perde espaço no cenário comercial. Podemos exemplificar novamente a queda das vendas da indústria fonográfica.

Em uma era onde o acesso é mais importante do que a posse, as fronteiras tornam-se indistinguíveis. Tudo que é sólido começa a se desfazer. Em uma economia globalizada cada vez mais dominada pelos avanços tecnológicos e por todo tipo e produção e commodity cultural, assegurar o acesso às experiências vividas torna-se tão importante quanto era adquirir propriedade em uma sociedade onde a produção de bens materiais predominava.

Técnicos e engenheiros da área tendem a ver as comunicações mais estreitamente como transmissão de mensagens. Já no âmbito antropológico, a comunicação é vista como a geração de significados sociais por meio da transmissão de mensagens.

A vida cultural foca sempre questões de acesso e inclusão,visto que é uma experiência compartilhada entre as pessoas. Ou uma pessoa é membro de uma comunidade e cultura, então se aproveita do acesso a suas redes compartilhadas de significado e suas experiências, ou é excluída.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • RIFKIN, Jeremy. Era do Acesso. São Paulo, Pearson Makron Books, 2001.
  • CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003.
  • DE KERCKHOVE, Derrick. A pele da cultura. São Paulo, Annablume, 2009.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]