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Escreveu em vários jornais operários e dirigiu cartas a [[Karl Marx]] e a [[Friedrich Engels]]. Nos últimos anos da sua vida filiou-se na [[Maçonaria]].
Escreveu em vários jornais operários e dirigiu cartas a [[Karl Marx]] e a [[Friedrich Engels]]. Nos últimos anos da sua vida filiou-se na [[Maçonaria]].


Quem o conheceu descreveu-o como ''bom, sensível, de una inteligência brilhante, com um poder de comunicação e de persuasão invulgares, notável como orador, sagaz como analista das situações, dotado de uma intuição fora do comum…''.<ref>Maria Manuela Cruzeiro, ''Vida e acção de José Fontana'', Lisboa: Fundação José Fontana, 1990, p. 16.</ref> Um contemporâneo escreveu: ''As [[Conferências do Casino]], aquelas célebres conferências que iniciaram o movimento democrático em Portugal, foram obra sua e de Antero de Quental […]. No Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laboriosas eclipsava Fontana os maiores oradores do seu tempo''.<ref>Luís de Figueiredo, ''Almanaque José Fontana'', Lisboa, 1855.</ref>
Quem o conheceu descreveu-o como ''bom, sensível, de uma inteligência brilhante, com um poder de comunicação e de persuasão invulgares, notável como orador, sagaz como analista das situações, dotado de uma intuição fora do comum…''.<ref>Maria Manuela Cruzeiro, ''Vida e acção de José Fontana'', Lisboa: Fundação José Fontana, 1990, p. 16.</ref> Um contemporâneo escreveu: ''As [[Conferências do Casino]], aquelas célebres conferências que iniciaram o movimento democrático em Portugal, foram obra sua e de Antero de Quental […]. No Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laboriosas eclipsava Fontana os maiores oradores do seu tempo''.<ref>Luís de Figueiredo, ''Almanaque José Fontana'', Lisboa, 1855.</ref>


[[Antero de Quental]], seu amigo inseparável, escreveu: ''A Revolução convivia no Cenáculo. E em meio àquele punhado de revolucionários utópicos, contava-se José Fontana, empregado da Livraria Bertrand, muito alto, muito magro, sempre vestido de preto.''.<ref>''In Memoriam'' de Antero de Quental, Lisboa, 1896.</ref>
[[Antero de Quental]], seu amigo inseparável, escreveu: ''A Revolução convivia no Cenáculo. E em meio àquele punhado de revolucionários utópicos, contava-se José Fontana, empregado da Livraria Bertrand, muito alto, muito magro, sempre vestido de preto.''.<ref>''In Memoriam'' de Antero de Quental, Lisboa, 1896.</ref>

Revisão das 18h54min de 9 de setembro de 2014

Retrato de José Fontana.

José Fontana (Cabbio, Ticino, Suíça, 28 de Outubro de 1840[1]Lisboa, 2 de Setembro de 1876), de seu nome completo Giuseppe Silo Domenico Fontana, foi um publicista, intelectual e activista cujo idealismo romântico entusiasmava multidões. Foi um dos organizadores das Conferências do Casino e um dos fundadores do Partido Socialista Português.

Biografia

José Fontana era suíço, nascido e criado em Valle di Muggio, um vale perdido do Cantão de Ticino, no sul do território suíço, na actual fronteira com a Itália. Ainda muito jovem fixou-se em Lisboa, onde em 1854 já aparece como relojoeiro.

Sendo operário, foi um dos defensores das classes trabalhadoras e propagandista do socialismo. Destacou-se na luta pela melhoria das condições de vida e trabalho do operariado, promovendo o associativismo e o cooperativismo. Influenciado pelas ideias de Bakunine, em 1872 redigiu os estatutos da Associação Fraternidade Operária que mais tarde daria origem ao Partido Socialista Português, do qual é considerado um dos fundadores. Grande amigo de Antero de Quental, colaborou na redacção dos estatutos do Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laboriosas.

Escreveu em vários jornais operários e dirigiu cartas a Karl Marx e a Friedrich Engels. Nos últimos anos da sua vida filiou-se na Maçonaria.

Quem o conheceu descreveu-o como bom, sensível, de uma inteligência brilhante, com um poder de comunicação e de persuasão invulgares, notável como orador, sagaz como analista das situações, dotado de uma intuição fora do comum….[2] Um contemporâneo escreveu: As Conferências do Casino, aquelas célebres conferências que iniciaram o movimento democrático em Portugal, foram obra sua e de Antero de Quental […]. No Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laboriosas eclipsava Fontana os maiores oradores do seu tempo.[3]

Antero de Quental, seu amigo inseparável, escreveu: A Revolução convivia no Cenáculo. E em meio àquele punhado de revolucionários utópicos, contava-se José Fontana, empregado da Livraria Bertrand, muito alto, muito magro, sempre vestido de preto..[4]

Atormentado pela tuberculose, suicidou-se a 2 de Setembro de 1876. Com apenas 35 anos de idade, era sócio-gerente da Livraria Bertrand, onde tinha começado a sua vida profissional como empregado em meados da década de 1860.

O seu funeral teve a participação de uma enorme multidão, perante a qual discursaram Eduardo Maia e Azedo Gneco.

Entre 1977 e Junho de 2008 o Partido Socialista teve uma instituição denominada Fundação José Fontana[5] com a finalidade promover o desenvolvimento do associativismo e do sindicalismo e em particular à formação de quadros sindicais. A Fundação José Fontana foi o embrião da UGT, que teria o seu primeiro congresso na cidade do Porto, em Janeiro de 1979. A extinção das fundações Antero de Quental e José Fontana, em Junho de 2008, deu lugar à criação da Fundação Respública.

Tendo como tema a vida de Fontana foi publicada em 2008 a obra La prossima settimana, forse, um romance histórico da autoria do escritor suíço Alberto Nessi.

José Fontana é lembrado na toponímia de Lisboa, onde a Praça José Fontana marca o lugar onde esteve prevista a construção de um monumento desenhado por Azedo Gneco que nunca chegou a materializar-se. Outras povoações também o lembram nas suas ruas e praças, nomeadamente Oeiras, Cascais, Loures, Almada, Moita, Setúbal e Sintra.

Notas

  1. A maioria das biografias dão-o, erradamente, como nascido em 1841. Cf. Cenni biografici su José Fontana.
  2. Maria Manuela Cruzeiro, Vida e acção de José Fontana, Lisboa: Fundação José Fontana, 1990, p. 16.
  3. Luís de Figueiredo, Almanaque José Fontana, Lisboa, 1855.
  4. In Memoriam de Antero de Quental, Lisboa, 1896.
  5. A Fundação foi constituída em Outubro de 1977, por 25 fundadores, com um capital inicial de 1000 contos. Dirigida por Maldonado Gonelha, recebeu vultosas ajudas financeiras oriundas de partidos e organizações sindicais da Alemanha, Suécia, Noruega e Estados Unidos. Foi apoiada pela federação sindical americana AFL/CIO.

Bibliografia

  • Luís de Figueiredo, Almanaque José Fontana, Lisboa, 1855.
  • Maria Manuela Cruzeiro, Vida e acção de José Fontana, Lisboa: Fundação José Fontana, 1990.
  • Gabriele Rossi, José Fontana en Suisse, Bellinzona, Fondazione Pellegrini-Canevascini, 1990.

Ligações externas