Saltar para o conteúdo

Aurora Maria Nascimento Furtado: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiquetas: Remoção considerável de conteúdo Edição via aplic. móvel
Linha 28: Linha 28:
O corpo de Aurora foi submetido à [[necrópsia]] no [[Instituto Médico Legal]], pelos drs. Elias Freitas e Salim Raphael Balassiano, cujo laudo determinou como ''[[causa mortis]]'' "ferimentos penetrantes na cabeça". As fotos que acompanharam o laudo de perícia do local, de nº 6507/72, mostraram marcas de tortura no corpo, aprofundamento do crânio e escoriações nos olhos, no nariz e boca, que não foram relatadas na necrópsia.<ref name="aurora" />
O corpo de Aurora foi submetido à [[necrópsia]] no [[Instituto Médico Legal]], pelos drs. Elias Freitas e Salim Raphael Balassiano, cujo laudo determinou como ''[[causa mortis]]'' "ferimentos penetrantes na cabeça". As fotos que acompanharam o laudo de perícia do local, de nº 6507/72, mostraram marcas de tortura no corpo, aprofundamento do crânio e escoriações nos olhos, no nariz e boca, que não foram relatadas na necrópsia.<ref name="aurora" />


O pai da militante morta, Mauro Albuquerque Furtado, reconheceu o corpo da filha em 11 de novembro de 1972, que foi levado à São Paulo onde foi entregue à família em caixão lacrado, com a determinação para que não fosse aberto. A família não só não acatou tal ordem como também, através de advogados, obteve nova necrópsia do IML, que constatou no corpo de Aurora, inúmeros sinais das torturas sofridas (queimaduras, cortes profundos, hematomas generalizados) com um afundamento no crânio de cerca de 2&nbsp;cm, proveniente do emprego da "coroa de cristo", a causadora da morte.<ref name="aurora" /> Eny Moreira, advogada de presos políticos durante a ditadura militar, que liberou o corpo de Aurora à pedido da família, relatou te-lo visto dilacerado, com afundamento do maxilar, um corte do umbigo à vagina, fratura externa num dos braços, sem bicos dos seios e um olho saltado, resultante do esmagamento do crânio.<ref>{{citar web|url=http://www.revistabrasileiros.com.br/2014/01/24/comissao-nacional-da-verdade-faz-diligencia-em-antiga-vila-militar-no-rio/#.UzSaEahdWSo|titulo=Comissão Nacional da Verdade faz diligência em antiga vila militar no Rio|publicado=Brasileiros|acessodata=27/03/2014}}</ref>
O pai da militante morta, Mauro Albuquerque Furtado, reconheceu o corpo da filha em 11 de novembro de 1972, que foi levado à São Paulo onde foi entregue à família em caixão lacrado, com a determinação para que não fosse aberto. A família não só não acatou tal ordem como também, através de advogados, obteve nova necrópsia do IML, que constatou no corpo de Aurora, inúmeros sinais das torturas sofridas (queimaduras, cortes profundos, hematomas generalizados) com um afundamento no crânio de cerca de 2&nbsp;cm, proveniente do emprego da "coroa de cristo", a causadora da morte.<ref name="aurora" /> Eny Moreira, advogada de presos políticos durante a ditadura militar, que liberou o corpo de Aurora à pedido da família, relatou -lo visto dilacerado, com afundamento do maxilar, um corte do umbigo à vagina, fratura externa num dos braços, sem unhas, bicos dos seios arrancados e um olho saltado, resultante do esmagamento do crânio.<ref>{{citar web|url=http://www.revistabrasileiros.com.br/2014/01/24/comissao-nacional-da-verdade-faz-diligencia-em-antiga-vila-militar-no-rio/#.UzSaEahdWSo|titulo=Comissão Nacional da Verdade faz diligência em antiga vila militar no Rio|publicado=Brasileiros|acessodata=27/03/2014}}</ref>


===Versões das responsabilidades===
===Versões das responsabilidades===

Revisão das 00h06min de 30 de abril de 2016

Aurora Nascimento Furtado
DH Aurora.jpg
Nascimento 13 de junho de 1946
São Paulo, Brasil
Morte 10 de novembro de 1972 (26 anos)
Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade Brasil brasileira
Ocupação guerrilheira

Aurora Maria Nascimento Furtado (codinome: Lola; São Paulo, 13 de junho de 1946Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1972) foi uma militante e guerrilheira da Ação Libertadora Nacional, organização de extrema-esquerda integrante da luta armada contra a ditadura militar brasileira instituída em 1964, morta na cidade do Rio de Janeiro, aos 26 anos, por agentes do governo militar.

Biografia

Filha de Mauro Albuquerque Furtado e Maria Lady Nascimento Furtado, era ativa militante do movimento estudantil nos anos 1967–68, estudava psicologia na Universidade de São Paulo e colaborava na imprensa da União Nacional dos Estudantes (UNE), de São Paulo.[1] Militando inicialmente no PC do B, trabalhou como bancária na agência do Banco do Brasil no bairro do Brás. Após a implantação do AI-5, passou a atuar politicamente na clandestinidade.[2]

Ingressando na luta armada, participou do assalto à Casa de Saúde Dr. Eiras, em 2 de setembro de 1971, quando foi morto o segurança Jayme Cardenio Dolce. Em outras ações promovidas pela ALN, teve o seu nome envolvido em alguns assassinatos.

Durante uma batida policial realizada por uma patrulha do 2º Setor de Vigilância Norte, em 9 de novembro de 1972, em Parada de Lucas, no Rio de Janeiro, onde se encontrava num "fusca" com o companheiro de guerrilha Helbert José Gomes Goulart, resistiu à abordagem e após rápido tiroteio, que resultou na morte de um policial atingido por ela, o detetive Mário Domingos Panzariello,[3] acabou sendo presa, ferida por um tiro que lhe destroçou o joelho.[4] Sofrendo sevícias desde o momento de sua prisão na via pública, ela foi encaminhada à "Invernada de Olaria" – grande delegacia da polícia civil no subúrbio carioca ligada ao Esquadrão da Morte e hoje sede de um batalhão da PM – onde sofreu torturas no pau-de-arara, sessão de choques elétricos, somados a espancamentos, afogamentos e queimaduras. Aurora foi submetida ao suplício da "Coroa-de-cristo", uma tira de aço com parafusos colocada em volta da cabeça que gradativamente apertada leva ao esmagamento do crânio fazendo os olhos saltarem para fora das órbitas.[4]

No dia seguinte, o seu corpo foi encontrado crivado de balas na esquina das ruas Adriano com Magalhães Couto, no bairro do Méier (RJ), junto a um veículo VW, placa DH-4734, marcado de tiros. Segundo versão oficial divulgada pelos órgãos de segurança, a militante teria morrido durante uma tentativa de fuga da guarnição da rádio-patrulha que a prendera.[1]

O corpo de Aurora foi submetido à necrópsia no Instituto Médico Legal, pelos drs. Elias Freitas e Salim Raphael Balassiano, cujo laudo determinou como causa mortis "ferimentos penetrantes na cabeça". As fotos que acompanharam o laudo de perícia do local, de nº 6507/72, mostraram marcas de tortura no corpo, aprofundamento do crânio e escoriações nos olhos, no nariz e boca, que não foram relatadas na necrópsia.[1]

O pai da militante morta, Mauro Albuquerque Furtado, reconheceu o corpo da filha em 11 de novembro de 1972, que foi levado à São Paulo onde foi entregue à família em caixão lacrado, com a determinação para que não fosse aberto. A família não só não acatou tal ordem como também, através de advogados, obteve nova necrópsia do IML, que constatou no corpo de Aurora, inúmeros sinais das torturas sofridas (queimaduras, cortes profundos, hematomas generalizados) com um afundamento no crânio de cerca de 2 cm, proveniente do emprego da "coroa de cristo", a causadora da morte.[1] Eny Moreira, advogada de presos políticos durante a ditadura militar, que liberou o corpo de Aurora à pedido da família, relatou tê-lo visto dilacerado, com afundamento do maxilar, um corte do umbigo à vagina, fratura externa num dos braços, sem unhas, bicos dos seios arrancados e um olho saltado, resultante do esmagamento do crânio.[5]

Versões das responsabilidades

Os relatórios das Forças Armadas até hoje são omissos sobre o assunto. Em depoimento ao livro Anos de Chumbo, o ex-comandante do DOI-CODI do I Exército, general Adyr Fiúza de Castro, afirmou que Aurora foi presa durante uma batida contra o tráfico de drogas e morta na tortura pela polícia civil, por ter matado com um tiro no rosto um policial durante a abordagem, sendo a polícia civil a única responsável por sua captura e morte, sem conhecimento da polícia política. Neste mesmo depoimento, o general Fiúza destaca a coragem de Aurora no confronto com a polícia, que, segundo ele, mesmo torturada até a morte, nada disse a seus torturadores, que imaginaram o tempo todo estarem tratando com uma grande traficante de drogas.[2]

Anos depois, o cineasta e ex-preso político Renato Tapajós, cunhado de Aurora ao tempo de sua morte,[6] em depoimento à Comissão da Verdade de São Paulo desmentiu a versão de Fiúza, e afirmou serem seus torturadores agentes da repressão. Segundo Tapajós, a batida policial em Parada de Lucas não foi aleatória nem a abordagem do veículo onde ela se encontrava foi casual, mas um cerco da repressão na área, feita pela polícia e com a participação de agentes do CISA, o Serviço de Inteligência da Aeronáutica.[4]

Homenagens

Após a redemocratização do país, Aurora batizou o nome de duas ruas, uma no bairro de Bangu, no Rio de Janeiro[7] e outra no distrito de Jaçanã, na cidade de São Paulo.[8]

Ver também

Referências

  1. a b c d «Aurora Maria Nascimento Furtado» (PDF). DOSSIÊ DOS MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS A PARTIR DE 1964. Consultado em 16 de junho de 2011 
  2. a b «AURORA MARIA NASCIMENTO FURTADO (LOLA)». Comissão da Verdade do Estado de São Paulo. Consultado em 27 de março de 2014 
  3. Exército Brasileiro. Laudelino Amaral de Oliveira, ed. Orvil a Resposta do Exército Brasileiro. [S.l.: s.n.] 
  4. a b c «Ex-preso político contesta versão sobre morte de ex-militante da ALN». O Globo. Consultado em 27 de março de 2014 
  5. «Comissão Nacional da Verdade faz diligência em antiga vila militar no Rio». Brasileiros. Consultado em 27 de março de 2014 
  6. «Comissão estadual da Verdade ouve depoimentos sobre Aurora Furtado e Issami Okano». Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Consultado em 27 de março de 2014 
  7. «Rua Aurora Maria Nascimento Furtado». brasilão.com. Consultado em 27 de março de 2014 
  8. «Rua Aurora Maria Nascimento Furtado». info.com.br. Consultado em 27 de março de 2014 

Ligações externas