Eurolophosaurus nanuzae

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Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Família: Tropiduridae
Gênero: Eurolophosaurus
Espécie: E. nanuzae
Nome binomial
Eurolophosaurus nanuzae
(Rodrigues, 1981)

Eurolophosaurus nanuzae é uma espécie de réptil da família Tropiduridae conhecida também como lagartinho-de-crista-do-espinhaço. Endêmica do Brasil, onde pode ser encontrada nos campos rupestres da Serra do Espinhaço. Alimenta-se preferencialmente de formigas e cupins. A sua maior ameaça é a degradação do seu hábitat devido à ação mineradora de extração de quartzo e granito, a expansão das plantações de eucalipto que avançam em ritmo acelerado e a pecuária na região.

Características físicas[editar | editar código-fonte]

O lagartinho-de-crista-do-espinhaço é um lagarto de pequeno porte, com tamanho corporal de 32-60mm de comprimento entre o rostro e a cloaca. Esse tamanho varia pouco em relação às localidades e ao sexo do animal [1]. Apresenta uma crista dorsal como sua característica mais marcante e um corpo escamoso típico de répteis [2]. Quanto à coloração, o ventre é acinzentado e a lateral do dorso contém faixas pretas com colorações disruptivas na região dos olhos [3] que auxiliam a evitar a detecção por predadores. Possui hábitos diurnos e a capacidade de autotomia caudal, ou seja, a capacidade de se separar da cauda como resposta voluntária para escapar da predação [3]. A temperatura corporal entre fêmeas e machos é semelhante, sendo acima de 12ºC e está relacionada às condições ambientais. Por habitarem uma região rochosa, a temperatura corporal varia de acordo com a temperatura do substrato, que é a principal fonte de calor desses lagartos [4].

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

Campos Rupestres na Serra do Cipó em Santana do Riacho, Minas Gerais, Brasil

Espécie endêmica da Serra do Espinhaço, habitando locais com substrato rochoso e vegetação aberta em altitudes a partir de 1000m [5]. A Serra do Espinhaço compreende o estado de Minas Gerais e da Bahia, região de clima sazonal com estação chuvosa compreendida entre outubro e abril e a estação seca entre maio e setembro [3].

Mapa esquemático geológico da parte da serra meridional em MG feito por Pflug & Renger em 1973. O mapa dá uma ideia geral sobre a distribuição geológica da região.

Durante o período chuvoso, há uma queda de temperatura na região que influencia os lagartinhos-de-crista-do-espinhaço a diminuírem suas atividades durante o início da manhã e o final da tarde a fim de evitar a perda de calor [6]. Um aumento da temperatura também pode restringir o tempo de atividade, principalmente se não houver fonte de resfriamento suficiente para a termorregulação corporal [4]. É um habitat com intensa pressão de predadores, portanto os E. nanuzae dependem de mecanismos defensivos para evitar a predação [3].

Comportamento[editar | editar código-fonte]

A família Tropiduridae, ao qual pertence o lagartinho-de-crista-do-espinhaço, são heliotérmicos, portanto se expõe ao Sol para manter a temperatura corporal [4]. São |forrageadores sedentários com larga distribuição na América do Sul [5] . O Eurolophosaurus nanuzae é endêmico de uma região com vegetação rupestre e tem comportamento saxícola, ou seja, se desenvolve sobre ou entre rochas. Sua alimentação do lagartinho-de-crista-do-espinhaço é composta basicamente por cupins e formigas [3]. Em relação a reprodução, são ovíparos e fêmea geralmente produz dois ovos por ninhada. A atividade reprodutiva é maior na estação úmida, assim como o sucesso dos ovos, pois o habitat desses animais favorece o estresse por perda de água. A umidade do ar e solo é importante para evitar o ressecamento de embriões e filhotes [1] . Além disso, o padrão em espécies de lagartos tropicais é obterem um aumento de reserva de gordura durante estações secas para utilizar essa energia armazenada na manutenção da atividade reprodutiva durante as estações úmidas [6]. As fêmeas possuem maior massa corporal do que os machos durante o período reprodutivo, sendo que o tamanho corporal maior favorece uma ninhada com mais ovos, podendo chegar a três ovos em casos menos frequentes [1] . A comunicação se dá principalmente através de sinais visuais, como flexões de cabeça e toque no substrato com a ponta do focinho [7]. Essa espécie é mais agressiva quando se trata de indivíduos estranhos, desse modo, vizinhos coespecíficos recebem uma resposta menos agressivas do que intrusos. Se o indivíduo invasor possuir cauda, a agressividade é maior do que com aqueles que a perderam [8]. Para evitar a predação, seus principais comportamentos de defesa são evitar a detecção por outros animais e a autotomia caudal. Por serem forrageadores sedentários, apenas fogem e se escondem quando se sentem ameaçados, podendo se separar da cauda voluntariamente para escapar de predadores [3] . Com menos frequência, também podem apresentar a tanatose (fingir-se de morto) como mecanismo de defesa.


Referências

  1. a b c Conrado A. B. Galdino & Monique Van Sluys, "Clutch size in the small-sized lizard Eurolophosaurus nanuzae (Tropiduridae): does it vary along the geographic distribution of the species?", Iheringia, Série Zoologia, 61-64p., 2011
  2. Miguel Trefaut Rodrigues, "UMA NOVA ESPECIE DE TROPIDURUS DO BRASIL (SAURIA, IGUANIDAE)", 145-149p., Papéis Avulsos de Zoologia, 1981
  3. a b c d e f Conrado A. B. Galdino et al., "Defense behavior and tail loss in the endemic lizard Eurolophosaurus nanuzae (Squamata, Tropiduridae) from southeastern Brazil", 25-30p., Phyllomedusa Journal of Neotropical Herpetology, 2006
  4. a b c Ana S. B. Gontijo et al., "To warm on the rocks, to cool in the wind: Thermal relations of a small-sized lizard from a mountain environment", 52-57p., Journal of Thermal Biology, 2018
  5. a b Conrado A. B. Galdino et al., "Reproduction and Fat Body Cycle of Eurolophosaurus nanuzae (Sauria; Tropiduridae) from a Seasonal Montane Habitat of Southeastern Brazil", 687-694p.,Journal of Herpetology, 2003
  6. a b Renato Filogonio et al, "Daily activity and microhabitat use of sympatric lizards from Serra do Cipó, southeastern Brazil", Iheringia, Sér. Zool., 336-340p., 2010
  7. Juliana M. D. Kleinsorge, "Sistema de comunicação em Eurolophosaurus nanuzae (Rodrigues, 1981) (Squamata: tropiduridae)", 45-60p., 2008
  8. Eduardo C. Quintana and Conrado A.B. Galdino, "Aggression towards unfamiliar intruders by male lizards Eurolophosaurus nanuzae depends on contestant’s body traits: a test of the dear enemy effect", Behaviour, 693-708p., 2017
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