Goulart Nogueira

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Goulart Nogueira
Nascimento 22 de dezembro de 1924
Belém
Morte 14 de março de 2015
Viseu
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação político, poeta, dramaturga, encenador, tradutor, ensaísta, crítico literário

Florentino Goulart Nogueira (Belém do Pará, 22 de Dezembro de 1924Viseu, 14 de Março de 2015), foi um poeta, crítico de literatura e arte,[1] dramaturgo, encenador, tradutor, ensaísta, letrista, polemista e um político de Direita nacionalista.

Era muito "activo, criativo, com um talento literário e polémico únicos, com os artigos numa caligrafia elegante, superlegível, quase sem emendas. Era um homem de convicções firmes, que mantinha apesar da vida difícil que levava. Mas nunca as pressões da realidade o fizeram mudar de ideias ou pô-las no bolso. Como dizia, era independente, porque não sendo rico «tinha a capacidade de ser pobre»".[2]

O que sobressai na sua poesia é "um talento chispante, revulsivo, com perscrutações semânticas, ontológicas e metafísicas, inclusive esotéricas e alquímicas, mas sempre numa linguagem pura — além do escândalo da sua originalidade e dos temas".[3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filho de pai português Joaquim Lopes Nogueira e de mãe brasileira Teodorica da Natividade Goulart.[4]

Vindo do Brasil com cinco anos, para casa do seus avós na Campia,[4] na região Lafões, frequentou a Associação Académica de Espinho, tendo aí desenvolvido várias activides criativas[5] e acabou por se fixar em Lisboa para frequentar primeiro o curso de Histórico-Filosóficas, e depois o de Direito.[6]

Aí foi fundador do grupo teórico "Intervenção Nacionalista"[7] e, de 1966 a 1969, foi responsável (“mestre geral”) pela "Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra (OTUC)".[4]

Já nessa altura, em pleno período do Estado Novo, de quem era critico, insurgia-se contra os "cautelosos, os temerosos, os ponderados, os escaldados, os já pesados, os barrigudos, os burocratas, os comedidos, os medianos, os medíocres, os instalados, os estanhados, os insípidos, os cúpidos, os lúbricos, os puritanos, os em-ceroulas, os bigodudos, os dedos mínimos, os pais-de-família (profissionais), os pais-da-pátria (profissionais), os pais-da-rapaziada (proteccionais), os discursivos, os financeiros, os banqueiros, os espertinhos, os broncos, os carneiros, os gafanhotos, os camaleões, os tubarões, os de manteiga, os de banha, os de ranço, os máquinas de calcular, os técnicos de corporativismo rocinante, os assentados na engrenagem de corporativismo ronceiro, os muito piedosos, os catolaicos, os beatíferos, os sempre na cauda, os 'sim, mas...', os estafermos […]”.[3]

Como pensador e activista político nacionalista e tradicionalista da direita portuguesa, após o golpe de estado de 25 de Abril de 1974, vê-se na necessidade de opôr à descolonização portuguesa que se prosseguiu e é assim que, entre maio e junho desse ano, juntamente com Rodrigo Emílio, decide fundar o Movimento de Acção Portuguesa (MAP).[8] Movimento esse que vem apoiar a Manifestação da Maioria Silenciosa de 28 de Setembro que fracassou. Por isso é detido pela COPCON e feito prisioneiro no Forte-prisão de Caxias.[9]

Assumidamente como monárquico,[10] era grande admirador do Alfredo Pimenta e de História.[11]

Obra[editar | editar código-fonte]

Além do seu próprio nome. utilizou muitos pseudónimos: João de Albuquerque, Lopo de Albuquerque, Renato de Valnegro, Denis Manuel, Manuel Vieira, Manuel S. Vieira, Fausto Madeira, António Last e também simplesmente Florentino.[4]

Escreveu vários artigos em revistas nomeadamente na «Tempo Presente (1959-1961)»,[12] na «Vanguarda»,[13] na «Política»,[14] na Mensagem, no Graal, na Távola Redonda, no Agora.[15] e no O Diabo[16]

Livros publicados[editar | editar código-fonte]

  • Atlântida - Florentino. Porto: Imprensa Portuguesa, 1948.
  • Barco vazio em rio de sombra, Denis Manuel, 1951.
  • Conto infantil: O Magriço; il. António Botelho. Lisboa: Verbo, 1962.
  • História breve do teatro, Lisboa, Verbo,1962 – só existe o 1.º vol.
  • Salazar: para um retrato de futuro, Textos Sigma, 1970

Fez a letra para várias canções, nomeadamente, o fado "Madrugada sem sono" composto por Raúl Ferrão.[17]

Referências

  1. Subsídio para um Estudo da Figura do Herói na Literatura Portuguesa do Séc. XX. Fragmentos de diálogo de escritores portugueses com Rainer Maria Rilke e Bertolt Brecht, por Maria António Ferreira Horster, Portugal-Alemanha-África, Lisboa, Edições Colibri, 1996, pág. 280
  2. «Goulart Nogueira - breve memória». Jornal SOL. Consultado em 9 de maio de 2022 
  3. a b Nonas (28 de março de 2015). «nonas: Na hora da morte de Goulart Nogueira: um Mestre Intemporal - Bruno Oliveira Santos». nonas. Consultado em 9 de maio de 2022 
  4. a b c d «Florentino Goulart Nogueira - Um poeta de Campia». arlindo-correia.com. Consultado em 26 de março de 2022 
  5. Catálogo da Exposição “Os anos da fundação (1938-1948), Associação Académica de Espinho / Câmara Municipal de Espinho, 3 de Fevereiro a 3 de Março de 2018
  6. Goulart Nogueira, por António Miranda
  7. Sousa, Maria João da Câmara Andrade E. (23 de maio de 2013). Maria José Nogueira Pinto Uma vida invulgar. [S.l.]: Leya 
  8. Movimento de Ação Portuguesa, Setenta e Quatro
  9. Caetano, Nuno (1 de dezembro de 2014). Prisioneiros de Caxias (em inglês). [S.l.]: Chiado Editorial 
  10. As Raízes Profundas não Gelam? Ideias e Percursos das Direitas Portuguesas, por Riccardo Marchi, Leya, 4 de dez de 2015
  11. Carta de Florentino Goulart Nogueira para Alfredo Pimenta, Código de referência: PT/AMAP/AALP/134-148/10-29-11-5-29, Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, archeevo
  12. «Tempo Presente». maltez.info. Consultado em 26 de março de 2022 
  13. Salazar (Para um Retrato de Futuro) visto por um fascista, no ano da sua morte, Alameda Digital
  14. Grandes chefes da história de Portugal. [S.l.]: Texto. 2012 
  15. «Goulart Nogueira - breve memória». Semanario SOL. Consultado em 22 de dezembro de 2020 
  16. «Florentino Goulart Nogueira - Um poeta de Campia, in António José de Brito, O exemplo de Caetano Beirão (O Diabo, de 15 de Outubro de 1991)». arlindo-correia.com. Consultado em 8 de maio de 2022 
  17. Florentino Goulart Nogueira (n. 1924), Um poeta de Campia, por Arlindo Correia, 22-12-2012

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • “Antologia: Goulart Nogueira”, por Alberto de Araújo Lima, Contra Corrente Editora, Abril de 2021 ISBN: 9798729438198