Alfredo Pimenta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Alfredo Pimenta
Nascimento 3 de dezembro de 1882
Guimarães
Morte 15 de outubro de 1950 (67 anos)
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação historiador, poeta, escritor
Frase de Alfredo Pimenta em azulejos de Jorge Colaço.

Alfredo Augusto Lopes Pimenta (Guimarães, 3 de dezembro de 1882Lisboa, 15 de outubro de 1950) foi um historiador, poeta e escritor português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Alfredo Pimenta, filho de Manuel José Lopes Pimenta e de Silvina Rosa, nasceu na Casa de Penouços, em São Mamede de Aldão, Guimarães. Em 1890, a viver em Braga com os seus pais, frequenta o Colégio Académico de Guadalupe. Em 1893 regressa a Guimarães e estuda no Colégio de São Nicolau. Em 1910, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e foi professor no Liceu Passos Manuel em Lisboa, entre 1911 e 1913. A partir deste ano exerceu funções no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, do qual seria director de 1949 a 1951. Em 22 de Dezembro de 1931 tornou-se director do Arquivo Municipal de Guimarães. Foi sócio fundador do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, em 1953 e da Academia Portuguesa da História, em 1937.

Inicialmente militante anarquista, passa para o republicanismo. Depois da instauração da República, adere ao Partido Republicano Evolucionista.

Em 1915 surge como colaborador da revista Nação Portuguesa, órgão de filosofia política do Integralismo Lusitano e acaba por se tornar militante monárquico, tornando-se um destacado doutrinador.

Esta passagem para o monarquismo deu-se logo após o golpe de 14 de Maio de 1915, que derrubou o governo de Pimenta de Castro, apoiado pelos evolucionistas. Converte-se depois ao catolicismo. Chega a propor uma conciliação entre as teses de Auguste Comte e o neotomismo.

Funda o movimento Acção Tradicionalista Portuguesa, com a sua revista com Acção realista [1] em 1923, que lhe passaria a dar o nome,[2] rompendo ideologicamente com o Integralismo Lusitano, a que nunca chegara formalmente a pertencer.

Virá depois a assumir-se como salazarista, e elogia o fascismo e o nazismo. Depois da Segunda Guerra Mundial, faz uma denúncia das perseguições aos nazis, insinuando a existência de campos de concentração entre os Aliados. Foi colaborador do A Voz, onde defende a restauração da monarquia mas como uma espécie de coroamento do Estado Novo, contrastando com a época em que escreveu Mentira Monarchica, em 1906.

A longo da sua vida também colaborou em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas Arte & vida[3] (1904-1906), Luz e Vida [4] (1905), Ideia Nacional[5] (1915), Contemporânea[6] [1915]-1926) e Feira da Ladra[7] (1929-1943), no jornal A republica portugueza[8] (1910-1911) e na Revista de Arqueologia[9] (1932-1938). Foi um teórico político e historiador reputado, sendo que a sua obra mais perdurável situou-se no campo da história, sobretudo na Idade Média.

Algumas obras publicadas[editar | editar código-fonte]

Poesia[editar | editar código-fonte]

  • 1904 - Eu. Coimbra: Typographia Democratica.
  • 1905 - Saudando. Coimbar: Typographia França Amado.
  • 1905 - Para a Minha Filha. Coimbra : Typographia Democratica.
  • 1912 - Na Torre de Illuzão. Coimbra: F. França Amado.
  • 1914 - Alma Ajoelhada. Lisboa: Parceria António Maria Pereira.
  • 1917 - Payzagem de Orchideas. Lisboa: Casa Ventura Abrantes.
  • 1922 - Coimbra: poema de saudade e desaffronta. Lisboa: Portugália.
  • 1923 - O Livro da Minha Saudade. Lisboa: Portugália.
  • 1924 - Poemas em proza. Lisboa: Portugália.

Ensaios histórico-políticos & Polémica[editar | editar código-fonte]

  • 1906 - O Fim da Monarchia. Coimbra: Tip. Democrática.
  • 1906 - Mentira Monárquica
  • 1908 - Factos Sociais
  • 1911 - Aos conservadores portugueses
  • 1913 - Política portuguesa
  • 1913 - As Igrejas e o Estado
  • 1914 - A doutrina de Drago e a 2ª Conferência da Paz
  • 1915 - Comentários políticos
  • 1915 - A significação filosófica da Guerra Europeia. O imperialismo contemporâneo
  • 1916 - A Solução Monárquica[10]
  • 1917 - Política monárquica
  • 1918 - A situação política
  • 1919 - A revolução monárquica
  • 1920 - A questão monárquica
  • 1923 - Cartas monárquicas
  • 1923 - Mensagem ao lugar-tenente de El-Rei
  • 1923 - As bases da monarquia futura
  • 1925 - A República Portuguesa em face da Igreja Católica e a política do Centro Católico
  • 1925 - A política do Centro Católico e a minha resposta ao Senhor Bispo de Bragança e Miranda
  • 1934 - História de Portugal
  • 1936 - D. João III
  • 1937 - Subsídios Para a História de Portugal
  • 1937-1948 - Estudos Históricos (série de 25 pequenos ensaios)
  • 1942 - Eu e as Novidades
  • 1943 - As Ilhas dos Açores
  • 1949 - Contra a Democracia

Fontes bibliográficas[editar | editar código-fonte]

Portugal Século XX - Portugueses Célebres, Lisboa: Círculo de Leitores, 2003, página 240

Referências

  1. «Acção realista (1924-1926)». cópia digital, Hemeroteca Digital 
  2. O integralismo lusitano nas origens do salazarismo, Manuel Braga da Cruz, Análise Social vol XVIII (70), 1982-1.º, pág.s 137 a 182
  3. Daniel Pires (1996). «Ficha histórica: Arte e Vida: Revista d'arte, crítica e ciência (1904-1906)» (PDF). Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1900-1940) | Lisboa, Grifo, 1996 | pp. 71-72. Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de Setembro de 2014 
  4. Rita Correia (5 de maio de 2015). «Ficha histórica:Luz e Vida: revista mensal de sociologia, arte e crítica (1905)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 16 de maio de 2016 
  5. Rita Correia (5 de fevereiro de 2015). «Ficha histórica:A ideia nacional : revista politica bi-semanal (1915)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  6. «Contemporânea (1915-1926)». cópia digital, Hemeroteca Digital 
  7. «Feira da ladra : revista mensal ilustrada (1929-1942), Tomo IX, páginas 204 a 206» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 24 de fevereiro de 2015 
  8. Pedro Mesquita (21 de Junho de 2012). «Ficha histórica:A republica portugueza : diario republicano radical da manhan (1910-1911)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 8 de janeiro de 2015 
  9. Alda Anastácio (26 de Setembro de 2018). «Ficha histórica:Revista de Arqueologia(1932-1938)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 22 de Março de 2019 
  10. «SOLUÇAO MONARQUICA DO SENHOR ALFREDO PIMENTA». Livraria Manuel Ferreira. Consultado em 7 de março de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]