Forças de Segurança da Fronteira Síria

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Forças de Segurança da Fronteira Síria
Participante na Guerra Civil Síria
Datas 23 de dezembro de 2017 - presente
Organização
Parte de Forças Democráticas Sírias
Origem
étnica
Curdos
Árabes
Assírios
Turcomenos
Chechenos
Grupos Unidades de Proteção Popular
Unidades de Proteção das Mulheres
Conselho Militar Siríaco
Exército dos Revolucionários
Diversas milícias e tribos aliadas
Área de
operações
Curdistão Sírio
Efetivos 30 000 (previstos)
Relação com outros grupos
Aliados CJTF-OIR
Inimigos Exército Livre da Síria (Pró-Turquia)
 Turquia
Estado Islâmico do Iraque e do Levante
Conflitos
Guerra Civil Síria
Contingente das Forças de Segurança de Fronteira.

As Forças de Segurança da Fronteira Síria (FSFS) (em inglês: Syrian Border Security Forces, SBSF) é uma guarda fronteiriça que a coligação liderada pelos Estados Unidos pretende formar para mobilizar ao longo da fronteira síria com a Turquia e o Iraque, com o objectivo estratégico de conter o resto dos combatentes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EI/EIIL).[1][2][3]. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos veio, mais tarde, negar a criação de uma guarda fronteiriça pelo governo americano, referindo-se ao novo desenvolvimento como um simples treino de forças para segurança[4][5]

Fundação[editar | editar código-fonte]

Em 23 de dezembro de 2017, o General do Exército dos Estados Unidos Joseph Votel, comandante do Comando Central dos Estados Unidos, anunciou que as forças americanas na Síria estavam a planear uma expansão do seu actual programa de treino para milícias aliadas da CJTF-OIR para as especializar em segurança fronteiriça.[3]. A razão oficial para estender o apoio aos grupos árabes e curdos (Forças Democráticas Sírias, FDS) era a prevenção de uma ressurgência do Estado Islâmico do Iraque e do Levante nas áreas recentemente capturadas pelas FDS[3]

A 31 de dezembro, fontes curdas anunciaram que a criação de um "Exército Norte-Sírio" estava para ser formado em breve.[6] A função desta nova formação seria a segurança das fronteiras dos territórios controlados pelas FDS. Este novo exército iria ser liderado pelas Forças de Autodefesa (HXP), e seria composta por combatentes curdos, árabes, síriacos, turcomenos e chechenos. Um líder das HXP, Siyabend Welat, afirmou que "o Exército Norte-Sírio irá provar a vontade do povo de se defender no caso de estar sobre ataque."[6]

A 13 de janeiro de 2018, o porta-voz de relações públicas da CJTF-OIR Coronel Thomas Veale anunciou oficialmente a criação da Forças de Segurança, afirmando a um site que seriam composta por cerca de 30.000 membros, metade deles veteranos das FDS[2]. Os outros 15.000 membros seriam recrutados, com cerca de 230 pessoas a serem treinadas na aula inaugural das Forças de Segurança[7]. O departamento de relações públicas da Coligação explicou que os combatentes curdos das Unidades de Proteção Popular (YPG) iriam ser estacionadas na fronteira com a Turquia e na zona controlado pelos rebeldes pró-turcos do Exército Nacional Sírio. Os combatentes árabes iriam ser estacionados no vale do Rio Eufrates próxima da fronteira com o Iraque e da zona controlada pelas Forças Armadas da Síria.[8]

O porta-voz acrescentou que o treino das FSFS inclui instruções para interrogatórios, triagem e verificação biométrica bem como encontrar artefactos explosivos improvisados.[8]

Em 20 de janeiro, cerca de 250 combatentes graduaram-se como parte do segundo contingente das FSFS a sul de Al Hasakah. Os combatentes acenaram bandeiras das FDS e HXP, e a cerimónia de graduação foi assistida por oficiais das FDS e pessoal militar americano[9].

Reacções Internacionais[editar | editar código-fonte]

O anúncio da criação das Forças de Segurança recebeu fortes críticas por parte da Síria, Rússia, Irão e Turquia[10]

SíriaRepública Árabe Síria - O Ministério dos Negócios Estrangeiros condenou oficialmente a decisão americana de criar uma nova guarda fronteiriça de 30.000 membros nas áreas controladas pelas FDS, considerando-a ilegal. O comunicado declarou a criação destas forças como "uma clara violação da soberania da Síria e da sua integridade territorial e uma flagrante violação da lei internacional."[11]

O Ministério dos Negócios Estrangeiros urgiu às Nações Unidas para denunciar a decisão da coligação americana, e contrariar "a mentalidade de dominação e de arrogância que domina as políticas da administração dos EUA.", afirmando que esta acção iria ter consequências para a segurança internacional. O gabinete do ministério avisou que qualquer cidadão sírio que se junte às FSFS será culpada de alta traição contra o Estado e o povo da Síria, e que essas pessoas iriam ser julgadas como traidores.[11]

 Rússia - A 15 de janeiro, Vladimir Shamanov, presidente do Comité de Defesa do Duma Federal anunciou que a Rússia iria tomar medidas em resposta à criação das forças fronteiriças. Shamanov afirmou que "[este tipo de comportamento da coligação dos EUA] vai em confrontação directa [contra os interesses da Rússia], e nós e os nossos colegas irão com certeza tomar certas medidas para a estabilização da situação na Síria."[10]

 Turquia - Os planos da coligação em criar as forças de segurança aumentaram o ressentimento da Turquia contra a coligação dos EUA e a sua decisão de armar e treinar milícias curdas na Síria.[1]. O governo turco olha para o Partido de União Democrática (PYD) e o seu braço armado, o YPG, como uma ameaça à segurança nacional[12]. O YPG são o maior membro das FDS (apoiadas pelos EUA), e são aliados do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que é considerado como uma organização terrorista e que está num longo conflito contra o governo turco (Conflito curdo-turco)[12]

Referências

  1. a b «U.S.-Led Coalition Helps To Build Border Force In Syria». RadioFreeEurope/RadioLiberty (em inglês). Consultado em 24 de janeiro de 2018 
  2. a b «Coalition and SDF are training a 30,000-strong Syrian border force». The Defense Post (em inglês). 13 de janeiro de 2018 
  3. a b c «US forces to train Kurdish, Arab fighters in border security to prevent 'resurgence of ISIS'». AMN - Al-Masdar News | المصدر نيوز (em inglês). 23 de dezembro de 2017 
  4. «Turkish jets strike Kurds in north Syria». BBC News (em inglês). 2018 
  5. Pennington | AP, Matthew (17 de janeiro de 2018). «Amid spat with Turkey, Tillerson denies Syria border force». Washington Post (em inglês). ISSN 0190-8286 
  6. a b «New 'North Syrian Army' to be led by Coalition forces». AMN - Al-Masdar News | المصدر نيوز (em inglês). 31 de dezembro de 2017 
  7. Mon Jan 15 08:52:50 UTC 2018. «U.S.-led coalition helps to build new Syrian force, angering Turkey». Reuters 
  8. a b «US-led Coalition goes ahead with training new border force in Syria - reports». AMN - Al-Masdar News | المصدر نيوز (em inglês). 14 de janeiro de 2018 
  9. Al-Tamimi, Aymenn Jawad. «Dispatch: The Syrian Democratic Forces' Border Guards». Aymenn Jawad Al-Tamimi (em inglês) 
  10. a b «Russia may 'undertake measures' after US decision on border force in Syria». AMN - Al-Masdar News | المصدر نيوز (em inglês). 15 de janeiro de 2018 
  11. a b «Syria brands US "border militia" as illegal, and joining it as high treason». AMN - Al-Masdar News | المصدر نيوز (em inglês). 15 de janeiro de 2018 
  12. a b «Erdogan: we will 'strangle' U.S.-backed force in Syria». Reuters. 16 Jan 2018