Forte da Carrapateira

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Forte da Carrapateira
Forte da Carrapateira
Vista do forte, com a igreja no interior.
Estilo dominante Manuelino
Construção Século XVII
Património Nacional
SIPA 24095
Geografia
País Portugal
Coordenadas 37° 11' 04.4" N 8° 53' 42.6" O
Mapa
Localização do monumento em mapa dinâmico

O Forte da Carrapateira é um monumento militar situado na aldeia da Carrapateira, no Município de Aljezur, na região do Algarve, em Portugal. No seu interior situa-se a Igreja Matriz da Carrapateira.[1]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O forte está situado numa colina na povoação da Carrapateira.[2] Tem uma planta em forma de estrela de quatro pontas.[2] Durante o seu funcionamento, dispunha de uma bateria virada para o oceano, aquartelamentos e um corpo de guarda.[2]

No seu interior situa-se uma igreja, dedicada a Nossa Senhora da Conceição.[3] Destacam-se os seus dois portais, no estilo manuelino, uma delas com cinco lóbulos.[3] Os portais e os moirões poderão ser os únicos elementos sobreviventes do edifício original.[3] Conta com uma sineira, com um sino onde foi gravada a palavra WAIMATE, sendo talvez originário de alguma embarcação que tenha dado á costa.[3] No interior da igreja estão três altares com decoração em talha dourada, tendo o principal imagens de Nossa Senhora da Conceição e Santo Estêvão, enquanto que os dois colaterais são dedicados a Senhor Jesus e a Nossa Senhora do Rosário.[3] Destaca-se o retábulo setecentista, e duas tábuas do século XVI com pinturas de São Pedro e Santo António de Lisboa.[3] A pia baptismal, em pedra lavrada, está situada no baptistério do lado da epístola, sendo de forma hexagonal, com o suporte e o nó de estilo manuelino.[3] Junto da porta lateral localiza-se a pia de água benta, igualmente com elementos manuelinos.[3]

Fachada lateral da igreja, vendo-se um pórtico manuelino.

História[editar | editar código-fonte]

O primeiro edifício no local foi a igreja, tendo o forte sido construído posteriormente.[2] Não se conhece a data de construção da igreja, embora devido aos seus elementos manuelinos, poderá ter sido instalada durante o século XVI,[3] ou então já no século XVII.[4]

No período após a Restauração da Independência, no século XVII, as povoações no litoral português começaram a ser assolados por corsários oriundos do Norte de África, que faziam os seus desembarques nos pontos da costa mais favoráveis e que não eram protegidos pelos militares.[2] Uma vez que estava situada entre duas praias utilizadas pelos piratas, a Praia da Bordeira, a Norte e a Praia do Amado, a Sul, a Carrapateira foi frequentemente alvo de ataques, durante os quais eram roubadas e destruídas as casas, e os habitantes levados para serem vendidos com escravos na cidade de Argel.[2] Assim, em 1673 pediram auxílio ao rei, que ordenou a construção de um forte em redor da igreja,[4] uma vez que era o ponto mais elevado na povoação.[2] Nesta altura, o Governador e Capitão-General do Reino do Algarve era D. Nuno da Cunha de Ataíde, Conde de Pontével.[4]

Em 1742, o então Governador do Reino do Algarve, o Conde de Atouguia, ordenou que fossem feitas obras de reparação no forte, que nessa altura possuia seis bocas e fogo, e era guarnecido por onze soldados.[4] Porém, em 1751 já só restavam duas peças de artilharia e três homens.[4] Em 1754, o Governador Rodrigo António de Noronha e Meneses visitou o forte, que nesta altura encontrava-se em boas condições de conservação, mas só dispunha de três peças de ferro de calibre 6, que não estavam funcionais.[4] No ano seguinte, a igreja foi ligeiramente danificada na parte Norte, devido a um sismo.[4] Em 1765, o ajudante de engenheiro Francisco Lobo fez uma vistoria ao forte, tendo verificado que eram necessárias obras de reparação nalgumas partes em ruína, cujo custo computou em 100$000 Réis.[4] Nesta altura, o forte contava com duas peças de ferro, uma de calibre 4 e outra de calibre 6, ambas funcionais.[4] Em 1767, o então Governador e Capitão-General do Reino do Algarve, D. Tomáz da Silveira e Albuquerque Mexia, escreveu ao Conde de Oeiras, ordenando-lhe que fossem feitas obras de reparação no forte, que no entanto não foram totalmente concluídos.[4] Em 1788 foi feito o levantamento do forte pelo engenheiro militar José de Sande Vasconcelos, tendo-se referido que os quartéis da guarnição estavam em ruína.[4] Porém, apenas quatro anos depois, em 1 de Abril de 1792, o Conde de Oyenhausen relatou que a estrutura estava quase totalmente demolida, tinha três peças de ferro de calibre 6 e uma de 2, nenhuma em estado de funcionamento, e era guarnecido por dois soldados do Regimento de Lagos e por um artilheiro, sob o comando de um cabo.[4]

Em 27 de Janeiro de 2011 foi publicada a Resolução do Conselho de Ministros n.º 11-B, que aprovou o Plano de Ordenamento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, tendo o Forte da Carrapateira sido incluído como um dos sítios de importância histórica e arqueológica na área do parque.[5]

Em Janeiro de 2017, a autarquia de Aljezur iniciou um programa de apoio financeiro às freguesias, no sentido de permitir a realização de várias obras, incluindo a instalação de iluminação pública e panorâmica na Igreja de Carrapateira e nos espaços envolventes.[6] O sistema de iluminação cénica foi inaugurado pela Junta de Freguesia da Bordeira em 17 de Setembro desse ano, em conjunto com o Núcleo Museológico da Bordeira, na Escola de Vilarinha, e um monumento à classificação do Fado como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO.[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Vilas e Aldeias do Algarve Rural, 2003:22
  2. a b c d e f g «Fortaleza e Igreja da Carrapateira». Câmara Municipal de Aljezur. Consultado em 7 de Setembro de 2021 
  3. a b c d e f g h i «Igreja Paroquial de Carrapateira». Câmara Municipal de Aljezur. Consultado em 7 de Setembro de 2021 
  4. a b c d e f g h i j k l MATIAS, Cecília (2006). «Igreja de Nossa Senhora da Conceição». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção Geral do Património Cultural. Consultado em 6 de Setembro de 2021 
  5. PORTUGAL. Resolução do Conselho de Ministros n.º 11-B/2011, de 27 de Janeiro. Presidência do Conselho de Ministros. Publicado no Diário da República n.º 25/2011, 1.º Suplemento, Série I, de 4 de Fevereiro.
  6. «Câmara de Aljezur transfere 293 mil euros para juntas de freguesia do concelho». Sul Informação. 26 de Janeiro de 2017. Consultado em 7 de Setembro de 2021 
  7. «Fado – Património Imaterial da Humanidade». Algarve Primeiro. 18 de Setembro de 2017. Consultado em 7 de Setembro de 2021 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Vilas e Aldeias do Algarve Rural 2ª ed. Faro: Globalgarve/Alcance/In Loco/Vicentina. 2003. 171 páginas. ISBN 972-8152-27-2 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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