Franciscus Sylvius

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Franciscus Sylvius
Franciscus Sylvius
Nascimento 15 de março de 1614
Hanau, Alemanha
Morte 19 de novembro de 1672 (58 anos)
Leiden, Países Baixos
Ocupação Médico e anatomista

Franciscus Sylvius (Hanau, Alemanha, 15 de Março de 1614Leiden, Países Baixos, 19 de Novembro de 1672), também conhecido como Franz de le Boë, foi um médico, químico, fisiologista e anatomista alemão, que foi um dos maiores defensores das obras e teorias de Descartes, van Helmont e William Harvey. Ele foi um dos primeiros propagadores da circulação do sangue na Holanda.

Franciscus Sylvius e sua esposa (pintura de Frans van Mieris, o Velho)

Vida[editar | editar código-fonte]

Sylvius, forma latinizada do seu sobrenome de le Boë que significa da madeira, nasceu em Hanau, na Alemanha, de uma família muito rica originalmente de Cambrai, mas trabalhou e morreu na Holanda. Estudou Medicina na Academia protestante de Sedan, e de 1632-1634 retornou para Leiden tendo como mestres Adolphus Vorstius [1](1597-1663) e Otto Heurnius. Em 1634 ele realizou um debate acerca de sua obra Positiones variae medicae sob a presidência de Vorstius, na qual defendia a proposição sobre a existência da circulação pulmonar. Depois disso Sylvius fez uma viagem de pesquisas em Jena e Wittenberg, e no dia 16 de Março de 1637 ele defendeu uma tese intitulada De animali motu ejusque laesionibus na Universidade de Basileia sob a presidência de Emmanuel Stupanus.[2][3][4] Depois de praticar medicina em Hanau, sua cidade natal, ele voltou para Leiden em 1639 para dar aulas. Nesse período ele se tornou famoso com as suas demonstrações sobre a circulação. Em 1658 foi nomeado Professor de Medicina na Universidade de Leiden e passou a receber 1800 florins o que representava duas vezes o salário normal. Ele foi também vice-chanceler da universidade em 1660-70.

A gravura de J. Voort Kamp publicada em 1641 e que deu origem ao sulco lateral e recebeu essa denominação em homenagem a Franciscus Sylvius.

Obra[editar | editar código-fonte]

Em 1669 Sylvius fundou o primeiro laboratório acadêmico químico. Por esta razão, o edifício onde a maior parte das faculdades de química e ciência natural da Universidade está situada, recebe hoje o nome de Laboratório Sylvius. Seus alunos mais famosos foram: Jan Swammerdam, Reinier de Graaf, Niels Stensen e Burchard de Volder (1643-1709).[5]

Ele fundou a Escola Iatroquímica de Medicina, segundo ele todos os processos de vida ou de doença estão relacionados às reações químicas. Essa escola de pensamento tentava entender a Medicina em termos das regras universais de física e química. Sylvius também introduziu o conceito de afinidade química como maneira de entender a forma como o corpo humana se utiliza dos sais e desse modo contribuiu grandemente para o entendimento da digestão e dos fluidos corporais. A obra mais importante que ele publicou foi Praxeos medicae idea nova (Novo Conceito em Medicina Prática, 1671).

Ele pesquisou a estrutura do cérebro e acredita-se tenha sido ele o descobridor da fissura no cérebro conhecida como fissura de Sylvius, nome esse dado por Caspar Bartholin, O Velho (1585-1629) em 1641 em seu livro Casp. Bartolini Institutiones Anatomicae. Neste livro, lemos no prefácio que "Todos nós podemos medir a nobreza da genialidade de Sylvius e o seu talento através da maravilhosa e nova estrutura do cérebro". E também, "Com as novas imagens do cérebro, o gravador obedeceu ao projeto e ao bisturi do mais completo Franciscus Sylvius, a quem devemos, neste aspeto, tudo que o cérebro tem de melhor, ou de mais maravilhoso."

Todavia, Caspar Bartholin, O Velho (1585-1629) morreu em 1629 e Franciscus Sylvius somente começou a exercer a Medicina em 1632 e discute-se até hoje se as palavras que foram ditas descrevendo a fissura de Sylvius são ou de seu filho Thomas Bartholin ou do próprio Franciscus Sylvius. Em 1663 em sua Disputationem Medicarum, Franciscus Sylvius descreveu a fissura lateral usando seu próprio nome: "Particularmente notável é a profunda fissura ou hiato que inicia na raíz dos olhos (oculorum radices) [...] e percorre posteriormente acima da fronte tanto quanto as raízes do tronco cerebral (medulla radices). [...] Dividindo o cérebro numa parte superior e maior, e outra parte inferior e de menores proporções.

O aqueduto cerebral e o ângulo de Sylvius[6] foram designações feitas em sua homenagem.

O mineral silvina também recebeu esse nome em sua homenagem.

Acredita-se que Sylvius foi também o inventor do gin holandês. Ele possuía uma coleção de 190 pinturas, sendo nove de Frans van Mieris, O Velho[7] e onze de Gerard Dou, que foram no século XVII pintores altamente apreciados e valiosos.[8]

Referências

  1. Adolphus Vorstius, médico e botânico holandês, era irmão do teólogo protestante holandês Conrad Vorstius (1569-1622)
  2. Emmanuel Stupanus (1587-1664) (* Basileia, 13 de Dezembro de 1587 - † Basileia, 26 de Fevereiro de 1664), foi médico e professor da Universidade de Basileia.
  3. Hoefer, Jean C.F. (1843). Histoire de la chimie depuis les temps les plus reculés jusqu'a notre époque. [S.l.]: Paris: Hachette. p. 222. OCLC 14166162 
  4. Koehler, Peter J.; George W. Bruyn, John M. S. Pearce (2000). Neurological Eponyms. [S.l.]: New York: Oxford University Press. p. 51. ISBN 0195133668. OCLC 42969585 
  5. Burchard de Volder, biografia em inglês
  6. Ângulo de Sylvius é o ângulo formado pela junção do sulco lateral (também conhecido como fissura de Sylvius) e uma linha perpendicular ao plano horizontal tangencial ao ponto mais alto do hemisfério.
  7. Frans van Mieris, O Velho
  8. Eric J. Sluijter, Marlies Enklaar, Paul Nieuwenhuizen (1988) Leidse fijnschilders: van Gerrit Dou tot Frans Mieris de Jonge, 1630-1760.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]