Incidente de 15 de março

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O Incidente de 15 de março (三・一五事件 San ichi-go jiken?) foi uma ação repressiva contra socialistas e comunistas perpetrada pelo governo japonês em 1928. Houve agressões e prisões, incluindo a detenção do economista marxista Kawakami Hajime.[1]

Contexto[editar | editar código-fonte]

O incidente ocorreu num momento em que o Partido Comunista do Japão havia sido tornado ilegal e seus membros estavam na clandestinidade. Desde sua fundação, em 1922, o partido ganhava força, especialmente por conta do clima social e econômico crítico do Japão na década de 1920. Durante as Eleições Gerais de fevereiro de 1928, as primeiras realizadas no Japão após a aprovação do sufrágio universal masculino, o Partido Comunista do Japão teve visibilidade ao apoiar partidos políticos socialistas e trabalhistas. Alarmado com as vitórias que esses partidos obtiveram na Dieta do Japão, o governo conservador do primeiro-ministro Tanaka Giichi (que manteve a maioria por apenas um assento) evocou as disposições das Leis de Preservação da Paz de 1925 e ordenou a prisão em massa de comunistas conhecidos e simpatizantes comunistas. As prisões ocorreram em todo o Japão e 1.652 pessoas foram detidas.[1][2]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Cerca de 500 dos presos foram eventualmente processados, em uma série de julgamentos abertos realizados pelo Tribunal Distrital de Tóquio a partir de 15 de junho de 1932, com sentença em 2 de julho de 1932. Esses julgamentos públicos foram cuidadosamente encenados para divulgar o funcionamento interno do Partido Comunista do Japão, detalhando suas conexões com o movimento operário e outros partidos políticos de esquerda. Nas investigações, o governo ordenou a dissolução do Rōdō Nōmintō (Partido do Trabalho e Campo), do Zen Nihon Musan Seinen Dōmei (Liga da Juventude Proletária de Todo o Japão) e do Nihon Rōdō Kumiai Hyōgikai (Conselho dos Sindicatos Operários Japoneses). Os réus nos julgamentos foram todos considerados culpados e condenados a penas de prisão severas; no entanto, aqueles que retrataram sua ideologia comunista foram então perdoados ou receberam penas reduzidas. Este foi o início da política tenkō destinada a reintegrar ex-esquerdistas à sociedade. Como consequência desses julgamentos, o primeiro-ministro Tanaka conseguiu aprovar uma legislação que acrescentou uma cláusula para a pena de morte às já draconianas Leis de Preservação da Paz.[2][3]

O escritor Kobayashi Takiji escreveu sua obra 15 de março de 1928 com base neste incidente.[4]

Referências

  1. a b Townsend, Susan C. (2000). Yanaihara Tadao and Japanese Colonial Policy: Redeeming Empire (em inglês). [S.l.]: Psychology Press 
  2. a b Bowman, Columbian Chronologies of Asian History and Culture. Pg 152
  3. Townsend, Susan C. (2000). Yanaihara Tadao and Japanese Colonial Policy: Redeeming Empire (em inglês). [S.l.]: Psychology Press 
  4. Paco (5 de setembro de 2020). «Takiji Kobayashi – Le 15 mars 1928». Un dernier livre avant la fin du monde (em francês). Consultado em 14 de novembro de 2020 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]