Jorge Fischer

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Jorge Fischer
Nome completo Jorge Fischer Nunes
Nascimento 1936
Porto Alegre, RS
Morte 5 de junho de 1987 (51 anos)
Porto Alegre, RS
Nacionalidade brasileiro
Ocupação policial, escritor, roteirista de HQ

Jorge Fischer Nunes (Porto Alegre, 1936 – Porto Alegre, 5 de junho de 1987) foi um escritor, roteirista de histórias em quadrinhos e militante político brasileiro.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Filho de Elvaldo de Alarcon e Nair Fischer Nunes, foi policial do Batalhão de Choque em 1955.[1] Conforme Luiz Moreira, Jorge Fisher foi preso pela Polícia Estadual em 1965, dias antes de completar um ano o golpe de 1964. Foi mantido por cerca de 50 dias, preso no quartel da PE (próximo à Santa Casa, em Porto Alegre), onde conheceu o tenente Lamarca, que servia naquela unidade. Ali foi submetido à tortura, pois era este procedimento costumeiro nesta unidade, principalmente choques. Foi julgado e condenado à revelia no IPM relativo ao caso, em 1967. Em abril de 1970, foi preso pelo DOPS gaúcho por ter participado de movimentos contra a Ditadura Militar, após diversas "expropriações" em agências bancárias de Porto Alegre e Viamão.[2]

Após a democratização, publicou O riso dos torturados, citado no livro O que é tortura, de Glauco Mattoso (série Primeiros Passos, da Brasiliense). Em textos curtos de humor, relata a existência de tios maternos (Carlos é um deles), assim como da morte da esposa Eva Candida Nunes e da mãe Nair. Seu romance Mulheres de Atenas descreve a luta armada contra a repressão militar. O título é um intertexto à música "Mulheres de Atenas", de Chico Buarque, lançada em 1976.

A partir dos anos 1980, colabora como roteirista para a editora Grafipar (Curitiba, PR) nas revistas Sexo em Quadrinhos, Homo Sapiens[3] e Quadrinhos Eróticos, editadas entre 1979 e 1983. Em 1984, a editora paulista Maciota lança várias revistas de quadrinhos eróticos aproveitando os autores gerados pela Grafipar.

Publicou trabalhos também nas editoras paulistas Press (na revista Medo), Vecchi, Ondas (que publicou quatro números da Inter-Quadrinhos) e Noblet, atuando como roteirista para histórias em quadrinhos de terror e erótico. Escreveu textos para HQs desenhadas por Zéfiro, Flávio Colin, Júlio Shimamoto e Ofeliano de Almeida.

Usando o nome Jorge Nunes, publicou o poema "Princípio e fim" na antologia Escritores brasileiros de hoje - 1983, editado pela Shogun ed & Arte. Na Biblioteca Nacional, consta ainda outros oito livros seus, sendo apenas um de poemas: Epopeias. Os outros sete são livros de enredo erótico, editados pela Noblet em duas coleções: Afrodite e Brasil erótico.

Conforme certidão de óbito, Jorge morreu em Porto Alegre, em 5 de junho de 1987. Nesse documento, consta ter morrido com 51 anos e que era morador de Santa Cruz.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • O riso dos torturados (Porto Alegre: Proletra, 1982)
  • Mulheres de Atenas (Porto Alegre: Rigel, 198?)
  • Epopéias (Rio de Janeiro: Shogum ed. e Arte, 1983)
  • A vingança de Jango Jorge, (Col. Afrodite, São Paulo: Noblet 1984-85)
  • O sexo de Jocasta, (Col. Afrodite, São Paulo: Noblet 1984-85)
  • Os homossexuais, (Col. Afrodite, São Paulo: Noblet 1984-85)
  • As depravadas, (Col. Brasil Erótico, São Paulo: Noblet, 1984-85)
  • O passado de Nena, (Col. Brasil Erótico, São Paulo: Noblet, 1984-85)
  • Os estupradores do Irã (Col. Brasil Erótico, São Paulo: Noblet, 1984-85)
  • Uma águia em terra santa (Col. Brasil Erótico, São Paulo: Noblet, 1984-85).

Roteiro para Histórias em Quadrinhos (parcial)[editar | editar código-fonte]

  • "Embalo nu" (erótica), com desenho de Júlio Shimamoto, publicada na Especial de Quadrinhos n° 18 - série "Homo sapiens" (Grafipar, 1981);
  • "Um lugar à sombra", desenho de Júlio Shimamoto, publicada em Volúpia n. 6 (Grafipar, 1981);
  • "A ilha das duas mulheres", publicada na Quadrinhos Eróticos, nº 9 (Maciota, 1985);[4]
  • "Morrer como herói", desenho de Flávio Colin[5]
  • "O casamento da ninfeta", com desenhos de Zéfiro, publicada em Sexyman n. 73 (Noblet, maio de 1988)
  • "O primeiro dono" (erótica), desenho de Júlio Shimamoto, publicada em Sertão & Pampas #9 - Sexo Selvagem[6])
  • "Histórias para esquecer" (sobre ditadura), com desenho de Ofeliano de Almeida.
  • "O sacana gostoso", com desenho de Quagiro, publicada na Série Erótica n° 8 (Nova Sampa, 1989);
  • "Os undinistas estão chegando", com desenhos de Itamar Gonçalves, publicada na Série Erótica n° 1 (Nova Sampa, 1989);
  • "O médico é um monstro", desenho de Franco de Rosa, publicada na Arte Erótica n. 2 (Nova Sampa, 198?).
  • "Palavra por palavra", publicada na Big Close n° 5 (Nova Sampa, 1991)

Homenagem[editar | editar código-fonte]

Em Porto Alegre, no bairro Lomba do Pinheiro, há uma rua que presta homenagem ao autor.[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Depoimento de Eloy Figueiredo
  2. «Acervo da Luta Contra a Ditadura». acervoditadura.rs.gov.b. Consultado em 2 de abril de 2024 
  3. Capa da revista Homo Sapiens, de 1981[ligação inativa]
  4. Capa da revista
  5. «Capa da reedição da HQ "Morrer como Herói"». Consultado em 1 de setembro de 2008. Arquivado do original em 25 de novembro de 2007 
  6. «Capa da reedição da HQ "O primeiro dono"». Consultado em 24 de abril de 2011. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2010 
  7. Guias de Ruas de Porto Alegre