Bedeu

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Jorge Moacir da Silva)
Bedeu
Nascimento Jorge Moacir da Silva
4 de dezembro de 1946
Porto Alegre
Morte 5 de agosto de 1999 (52 anos)
Cidadania Brasil
Ocupação cantor, compositor, guitarrista
Instrumento Viola de cocho

Jorge Moacir da Silva (Porto Alegre, 4 de dezembro de 19465 de agosto de 1999[1]), mais conhecido como Bedeu, foi um consagrado cantor e compositor da MPB e do samba-rock brasileiro.[2]

Influências musicais[editar | editar código-fonte]

Nascido no bairro Cidade Baixa, onde antigamente era a Ilhota, um bairro pobre e reduto de diversos traços da africanidade na cidade de Porto Alegre, trouxe de lá boa parte das influências musicais na infância e na juventude. Ao seis anos, tocava pandeiro e recebeu o apelido de "Bedeu do Carnaval", que acabaria influenciado seu nome artístico.[3]

Começo de carreira[editar | editar código-fonte]

Na década de 1960, montou a banda de baile Os Rockings.[3] Apesar de ser gaúcho, curiosamente iniciou sua carreira em São Paulo, onde teve diversas músicas gravadas por artistas do eixo Sudeste do Brasil. Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Dhema, Neguinho da Beija-flor e Originais do Samba gravaram suas canções, compostas com seus companheiros musicais mais freqüentes, Leleco Telles (também já falecido) e Alexandre. Tem também o seu trabalho reconhecido com percussionista. Em 1975, retorna a Porto Alegre e forma junto com Leleco Telles, Alexandre, Cy, Leco e Nêgo Luis o grupo de samba-rock Pau-Brasil.

Reunindo uma seleção de grandes músicos, o Pau-Brasil lançou diversos sucessos, até hoje exaustivamente regravados, como Grama verde, Minha preta e Nêga Olívia.[4]

Dois discos foram lançados por esta turma da pesada, que utilizou em suas músicas a mistura de dois gêneros musicais de origem negra, o samba e o rock: O samba e suas origens (1978) e Pau-Brasil (1979). O sucesso do grupo foi considerável e serviu de exemplo a muitos outros artistas que aderiram ao gênero posteriormente ou apenas passearam temporariamente por ele, batizado de samba-rock (no Rio Grande do Sul, recebe o nome de suíngue).

Contemporâneos de Bebeto e Jorge Ben, o Pau-Brasil fincou raízes e, mesmo depois da sua extinção, tem um grande grupo de admiradores do seu trabalho e seus discos são bastante solicitados em sebos e briques que vendem LPs antigos em Porto Alegre e São Paulo.

Carreira solo[editar | editar código-fonte]

No início dos anos 1980, Bedeu parte para a carreira-solo, lançando África no fundo do quintal, em 1983, onde reúne suas composições mais famosas e novas músicas, como Zimbábwe. Nas gafieiras, sua música Kid Brilhantina (em parceria com Alexandre) é bastante executada até os dias atuais. Esta, inclusive, foi uma das músicas de sua autoria selecionada para a coletânea Samba-rock em dois tempos, de 1988, juntamente com Guerreiro, composta em parceria com Bebeto e Leleco Telles.

Em 1993, lança Iluminado, onde consagra mais uma de suas músicas, Saudades de Jackson do Pandeiro (com Luis Vagner), onde exalta além do saudoso compositor, outros instrumentistas famosos no Brasil e no mundo como Luiz Gonzaga, Gordurinha, Bola Sete e Caçulinha.

Compõe também, junto com Alexandre e Leleco, alguns sambas de enredo para as escolas de samba porto-alegrenses Garotos da Orgia (que mais tarde mudaria o nome para Acadêmicos da Orgia),[3] da qual é um dos fundadores e Areal da Baronesa.

Nesta época, após gravar algumas coletâneas, é acometido por diabetes e suas complicações. Este problema de saúde o afasta momentaneamente do cenário musical e da mídia, preocupando os seus admiradores e aqueles que se divertiam dançando os seus sucessos nas pistas dos salões de gafieira.

Em 1998, grava o seu último álbum, financiado pela Prefeitura da capital gaúcha, Swing Popular Brasileiro.[4] Nele, retomou alguns de seus sucessos e lançou algumas músicas ainda inéditas.[5] Isto ocorreu pelo fato de não ter uma situação financeira confortável e por voltar a ter problemas em decorrência do diabetes. Para o seu auxílio no tratamento (apesar de estar em fase terminal), foi promovido um show chamado Tributo a Bedeu, em fins de julho de 1999. Porém, o dinheiro arrecadado não foi suficiente para salvá-lo da morte, após um longo tempo de internação e do agravamento de sua enfermidade. Uma de suas últimas obras gravadas foi o samba-enredo Domingo, do Areal da Baronesa para o carnaval de 1998.

Discografia[editar | editar código-fonte]

Álbuns de estúdio[editar | editar código-fonte]

  • África no fundo do quintal (1983)
  • Iluminado (1993)
  • Swing Popular Brasileiro (1998)

Prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

Prêmio Açorianos[editar | editar código-fonte]

Ano Categoria Indicação Resultado
1998[6] Destaque Especial Bedeu[7] Venceu

Referências

  1. «Painel». Correio do Povo. 6 de agosto de 2000. Consultado em 23 de outubro de 2023 
  2. «Cadeiras criativas». Correio do Povo. 29 de setembro de 2001. Consultado em 23 de outubro de 2023 
  3. a b c Comércio, Jornal do. «Ícone do samba-rock, gaúcho Bedeu é pouco conhecido pelo grande público». Jornal do Comércio. Consultado em 29 de julho de 2020 
  4. a b «Amigos homenageiam Bedeu». Correio do Povo. 5 de agosto de 2000. Consultado em 23 de março de 2012 
  5. «O swing perde talento popular brasileiro». Correio do Povo. 7 de agosto de 1999. Consultado em 23 de março de 2012 
  6. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. «Vencedores do Prêmio Açorianos de Música - 1998». Consultado em 17 de abril de 2018 
  7. Correio do Povo (26 de março de 1999). «Açorianos de Música premia destaques de 98». Consultado em 17 de abril de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]