Médéric Louis Élie Moreau de Saint-Méry

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
James Sharples.[1]

Médéric Louis Élie Moreau de Saint-Méry (13 de janeiro de 1750 - 28 de janeiro de 1819), filho de Bertrand-Médéric e Marie-Rose Moreau de Saint-Méry, nasceu em Fort-Royale, Martinica. Foi advogado e escritor com carreira em cargos públicos na França, Martinica e Saint-Domingue (atual República do Haiti). Ele é mais conhecido por suas publicações sobre Saint Domingue e Martinica. Ele se casou com uma família bem posicionada, o que lhe permitiu expandir suas conexões entre os franceses e, com o tempo, posicionou-se como membro do Parlamento da França. Moreau esteve profundamente envolvido na fundação do Museu de Paris, do qual mais tarde foi nomeado presidente em 1787.[1][2]

Educação e influências[editar | editar código-fonte]

Embora não viesse de uma família rica, Moreau usou a herança que recebeu de seu avô para estudar direito em Paris. Lá, ele argumentou que a lei colonial, redigida na França, não era adequada para as realidades do Caribe francês. Ele possuía escravos, era maçom e membro do Cercle des Philadelphes - uma sociedade científica colonial - e procurou documentar a vida nas colônias.  Ele foi influenciado pelos projetos científicos do Iluminismo.[3][4][2]

Escritos[editar | editar código-fonte]

Moreau produziu estudos aprofundados das colônias apenas alguns anos antes da revolução de São Domingos. Como tal, ele passou um tempo viajando pelo Caribe e retornando à França para escrever e fazer lobby até que seu envolvimento com a Revolução Francesa levou à emissão de um mandado de prisão. Sua obra mais notável, Description topographique, physique, civile, politique et historique de la partie française de l'isle Saint-Domingue, que ele escreveu em 1789, não foi totalmente traduzida para o inglês. Este trabalho desenvolve uma teoria aritmética da cor da pele e da epiderme para a colônia francesa de Saint-Domingue (atual Haiti). Ele hierarquiza cento e vinte e oito possíveis combinações de miscigenação branco-negro em nove categorias (assacatra, griffe, marabu, mulâtre, quarteron, métis, mamelouk, quarteronné e sang-melé). Seu trabalho reflete a preocupação dos colonos brancos em racializar aqueles que se casam e cruzam com escravos ou gens de couleur livres, estabelecendo a casta dos colonos brancos como l'aristocratie de l'épiderme.[5][6][7][8][9]

Política[editar | editar código-fonte]

Proprietário de escravos bem-educado, ele rejeitou o princípio dos Direitos Naturais do Homem para defender a escravidão legal e a segregação com base na raça. Em suas funções no parlamento francês e nos Conselhos Governamentais coloniais, ele procurou manter um sistema econômico baseado no trabalho escravo. Para tanto, ele buscou os direitos dos colonos – principalmente fazendeiros brancos – e buscou um certo grau de autodeterminação para o Caribe francês. Moreau retornou à França em 1788, onde se tornou parte dos Estados Gerais, que mais tarde se autodenominaram Assembleia Nacional. Lá representou os fazendeiros de Saint-Domingue e apoiou a escravidão, enfrentando a Society of the Friends of the Blacks. Teve um cargo importante na fundação do Museu de Paris, do qual mais tarde foi nomeado presidente em 1787. Após seu retorno à França em 1798, após seu exílio nos Estados Unidos, o primeiro cargo de Moreau foi o de historiador no Ministério da Marinha. Alguns anos depois, em 1802, ele se tornou administrador de Parma, Piacenza e Gustalla, mas mais tarde seu cargo foi retirado por Napoleão por causa de sua resposta indulgente a uma conspiração criminosa entre o exército.[1][2][10][11]

Moreau nos Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

Moreau escapou de Paris depois que um mandado de prisão foi emitido em 1794. Ele se mudou para a Filadélfia após uma curta estadia na cidade de Nova York, deixando para trás todas as suas pesquisas sobre a colônia de Saint-Domingue, que mais tarde conseguiu recuperar. Na Filadélfia, ele abriu uma livraria na qual vendia livros e impressos em vários idiomas, bem como mapas e música. A livraria localizada na Front and Walnut tornou-se o ponto de encontro de muitos outros exilados franceses. Moreau tornou-se membro da American Philosophical Society em 1798, com a qual se comprometeu e introduziu muitos de seus amigos emigrados na Sociedade também. Moreau teve que fugir de volta para Paris em 1798 escapando do Alien Billimposta pelo então presidente americano, John Adams.[1][2][12]

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • Loix et constitutions des colonies françoises de l'Amérique sous le vent tomo 1, Comprenant les Loix et Constitutions depuis 1550 jusqu'en 1703 inclusivement, tomo 2, 1704-1721, tomo 3, 1722-1749, tomo 4, 1750-1765, tomo 5, 1766-1779, tomo 6, 1780-1785
  • Description topographique et politique de la partie française de l’isle de Saint-Domingue, Filadélfia, 1796 tomo 1, tomo 2
  • Idée générale ou abrégé des sciences et des arts à l'usage de la jeunesse, Filadélfia, 1796
  • Description topographique, physique, civile, politique et historique de la partie française de l’isle Saint-Domingue, Filadélfia, Paris, Hamburgo, 1797-1798
  • Description topographique et statistique des États de Parme, Plaisance et Guastalla, 8 vol. manuscrito inédito preservado em Parma)
  • De la danse, Parme, Bodoni, 1801 (e reimpresso em 1803).
  • Discours sur l'utilité du musée établi à Paris, prononcé dans sa séance publique du, 1º de dezembro de 1784 por M. L.-E. Moreau de Saint-Méry, Parme, Bodoni, 1805, 32 p. (online)
  • Discours sur l'utilité des assemblées publiques littéraires, par M. L.-E. Moreau de Saint-Méry, Parme, Bodoni, 1805, 28 p. (online)
  • Mémoire sur un nouvel équipage de chaudières à sucre pour les colonies, avec le plan dudit équipage, par M. L.-E. Moreau de Saint-Méry, Paris : chez Hardouin et Gattey, 1786 (online)
  • Opinion de M. Moreau de Saint-Méry, député de la Martinique à l'Assemblée nationale, sur les dangers de la division du ministère de la Marine et des Colonies, par M. L.-E. Moreau de Saint-Méry, Paris : Imprimerie nationale, 1790 (online)
  • Opinion de M. Moreau de S. Méry, député de la Martinique, imprimé par ordre de l'Assemblée nationale : sur la motion de M. de Curt, député de la Guadeloupe, pour l'établissement d'un comité chargé particulièrement de l'examen de tous les objets coloniaux : séance du premier - dezembro de 1789, par M. L.-E. Moreau de Saint-Méry, Paris : Imprimerie nationale, 1789 (online)

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d «OpenAthens / Sign in». link.galegroup.com (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2023 
  2. a b c d Dubois, Laurent (2004). Avengers of the New World: The Story of the Haitian Revolution. Cambridge, Massachusetts: The Belknap Press of Harvard University Press. pp. 10. ISBN 9780674018266 
  3. Introduction to Déscription by Etienne Taillemite, xv
  4. Taffin, Dominique (2006). Moreau de Saint-Méry ou les ambiguités d'un créole des Lumières. Martinique: Société des Amis des Archives et de la Recherche de la Patrimoine Culturel des Antilles. 5 páginas 
  5. Description topographique de la partie française de Saint-Domingue
  6. «L'Aristocratie de l'épiderme. Le combat de la Société des citoyens de couleur, 1789-1791». 2008 
  7. He supposes that man forms a whole of one hundred and twenty-eight parts, all white in "Blancs" and all black in "Negroes". On this basis, he establishes that one is nearer or farther from one or the other extreme by the number of white or black "parts" one is born with. According to this system, every man who does not have eight parts of white is deemed "Negro". Approaching white from "Negro", he distinguishes nine principle strains which vary according to their specific composition. These nine are listed above, with the sang-mélé approaching so close as to be confused with Blanc itself.
  8. Chantal Maignan-Claverie, Le métissage dans la littérature des Antilles françaises: le complexe d'Ariel, Karthala, 2005, p.14
  9. Dubois, Laurent (2004). Avengers of the New World: The Story of the Haitian Revolution. Cambridge, Massachusetts: The Belknap Press of Harvard University Press. pp. 8. ISBN 9780674018266 
  10. Sublette, Ned (1 de janeiro de 2008). The World That Made New Orleans: From Spanish Silver to Congo Square (em inglês). [S.l.]: Chicago Review Press. ISBN 9781569765135 
  11. Taffin, Dominique (2006). Moreau de Saint-Méry ou les ambiguités d'un créole des Lumières. Martinique: Société des Amis des Archives et de la Recherche de la Patrimoine Culturel des Antilles. 6 páginas 
  12. Rosengarten, Joseph G. (1911). Moreau de Saint-Mery and His French Friends in the American Philosophical Society. [S.l.]: American Philosophical Society. pp. 168–178 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Dubois, Laurent (2004). Avengers of the New World: The Story of the Haitian Revolution. The Belknap Press of Harvard University Press.
  • Furstenberg, François (2014). When the United States Spoke French: Five Refugees Who Shaped a Nation. New York: Penguin, 2014.
  • Moreau de Saint-Méry, Médéric Louis (1958). Description topographique, physique, civile, politique et historique de la partie française de l’isle Saint-Domingue. Société de l’histoire des colonies françaises.
  • Taffin, Dominique, ed. (2006). Moreau de Saint-Méry ou les ambiguïtés d’un créole des Lumières. Martinique: Société des amis des archives et de la recherché sur le patrimoine culturel des Antilles.
  • Rosengarten, Joseph G. “Moreau De Saint Mery and His French Friends in the American Philosophical Society.” Proceedings of the American Philosophical Society, vol. 50, no. 199, 1911, pp. 168–178., www.jstor.org/stable/984032.
  • "Mederic-Louis-Elie Moreau De Saint-Mery." Dictionary of American Biography, Charles Scribner's Sons, 1936. Biography in Context, http://link.galegroup.com/apps/doc/BT2310007190/BIC1?u=miam11506&xid=f2c2d99c. Accessed 12 Mar. 2017.