Mignonnes

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Mignonnes
'Lindinhas' (BRA)
 França
2020 •  cor •  95 min 
Gênero filme adolescente e drama
Direção Maïmouna Doucouré
Produção Zangro
Roteiro
  • Aneesh Chaganty
  • Sev Ohanian
Elenco Fathia Youssouf
Médina El Aidi-Azouni
Esther Gohourou
Ilanah Cami-Goursolas
Maïmouna Gueye
Música Nicolas Nocchi
Edição
  • Nick Johnson
  • Will Merrick
Distribuição BAC Films
Lançamento França 19 de agosto de 2020
Idioma francês

Mignonnes (no Brasil: Lindinhas) é um controverso filme dramático escrito e dirigido por Maïmouna Doucouré[1], em sua estreia como diretora.[2] O filme é estrelado por Fathia Youssouf, Médina El Aidi-Azouni e Maïmouna Gueye, nos papéis principais. É sobre uma menina muçulmana senegalesa que está dividida entre dois lados contrastantes: os valores tradicionais e a cultura da internet, ao mesmo tempo que fala sobre a hipersexualização de meninas pré-adolescentes.[3][4] Ele estreou no setor da Competição Global de Filmes Dramáticos do Festival de Cinema de Sundance 2020 em 23 de janeiro e ganhou o prêmio do Júri de Direção, elogiando o roteiro do filme.[5][6][7]

Elenco[editar | editar código-fonte]

  • Fathia Youssouf como Amy.
  • Médina El Aidi-Azouni como Angelica.
  • Maïmouna Gueye como Mariam.
  • Esther Gohourou como Coumba.
  • Ilanah Cami-Goursolas como Jess.
  • Myriam Hamma como Yasmine.
  • Mbissine Therese Diop como A Tia.
  • Demba Diaw como Ismael.
  • Mamadou Samaké como Samba.

Lançamento[editar | editar código-fonte]

O filme foi lançado pela primeira vez no Festival de Cinema de Sundance em 23 de janeiro de 2020, e Doucouré ganhou o prêmio do diretor na categoria World Cinema Drama. Foi lançado pela BAC Films na França em 19 de agosto de 2020 e internacionalmente na Netflix em 9 de setembro de 2020.

Resposta crítica[editar | editar código-fonte]

No Rotten Tomatoes, o filme detém uma taxa de aprovação de 85% com base em 62 avaliações, com uma média de 6,98 / 10. Os críticos do site o descreveram como: "Um olhar cuidadoso sobre as complexidades da infância na era moderna, Cuties é um filme de amadurecimento que confronta seus temas com pungência e nuances."[8]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Prêmio Categoria Resultado
Generation Prize Melhor filme Nomeado
Festival de Sundance 2020 Prêmio de direção dramática Vencedor
Festival de Sundance 2020 Grande Prêmio do Júri - Drama Nomeado
Crystal Bear Generation Kplus—Best Film Nomeado


Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Em janeiro de 2020, antes da estreia do filme no Festival Sundance de Cinema, a Netflix comprou os direitos internacionais do filme, exceto na França.[9] Após a divulgação do lançamento internacional de Mignonnes, em 9 de setembro de 2020,[10] o filme foi alvo de controvérsias na imprensa internacional, com críticas que associavam o filme com apologia à pedofilia, o que desencadeou campanhas que pediam o cancelamento de assinaturas na Netflix.[11][12][13][14]

Na América Latina, a hashtag #NetflixPedofilia ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter antes do lançamento do filme.[15] Na Turquia, o Ministério da Família pediu ao Conselho Supremo de Rádio e Televisão (RTÜK) que avaliasse o filme e tomasse as medidas necessárias.[16] Posteriormente, a RTÜK exigiu que o filme fosse removido do catálogo da Netflix no país.[17] A Netflix removeu o filme do catálogo da Turquia dois dias antes do seu lançamento.[18] Apesar das controvérsias, o filme ficou entre os 5 mais exbidos da Netflix nos Estados Unidos, bem como entre os 10 mais exibidos em outros 17 países.[19] Em resposta às críticas, a Netflix emitiu nota afirmando que:[20]

Mignonnes é um comentário social contra a sexualização de crianças. É um filme premiado e uma história poderosa sobre a pressão que jovens meninas enfrentam nas redes sociais e também da sociedade. Nós encorajaríamos qualquer pessoa que se preocupa com essas questões importantes a assistir ao filme.

Respostas políticas no Brasil[editar | editar código-fonte]

No Brasil, a ministra Damares Alves, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, pediu que seus auxiliares estudassem medidas judiciais ou administrativas para que o filme fosse retirado do ar.[20] As críticas da ministra foram repercutidas pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), que pediu a suspensão do filme no Brasil e que as responsabilidades da Netflix fossem apuradas.[21] O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou, em seu perfil no Twitter, que propósito do filme é normalizar a pedofilia.[22]

Uma ação judicial movida pela organização religiosa Templo Planeta do Senhor pediu a censura do filme, alegando que as "vestimentas sensuais, blusas curtas e calças apertadas" utilizadas em Mignonnes são um "prato cheio para a pedofilia". O pedido foi negado em liminar pelo juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra, da 5ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, que afirmou ser indefensável e inconstitucional o pedido de censura.[23][24] Foi o segundo processo judicial movido pelo Templo Planeta do Senhor contra produções da Netflix, sendo o primeiro feito em julho de 2020, no qual a organização religiosa solicitou censura ao especial de natal A Primeira Tentação de Cristo, produzido em parceria com o grupo humorístico Porta dos Fundos, ação na qual também não obteve êxito.[25]

Respostas políticas nos Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

O senador americano Josh Hawley, do Missouri, convidou, por meio de um tweet, a Netflix para discutir o filme.[26] O senador americano Mike Lee, de Utah, enviou uma carta diretamente ao CEO da Netflix, Reed Hastings, e solicitou "uma explicação sobre as opiniões sobre se a exploração potencial de menores neste filme constitui ou não um comportamento criminoso".[27] O deputado estadunidense e ex-candidato democrata Tulsi Gabbard, do Havaí, classificou explicitamente o filme como "pornografia infantil" e disse, ainda, que Mignonnes "aguçaria o apetite dos pedófilos [e] ajudaria a alimentar o comércio de tráfico sexual infantil" [28] O senador americano Ted Cruz, do Texas, enviou uma carta ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos para "investigar se a Netflix, seus executivos ou os cineastas violaram quaisquer leis federais contra a produção e distribuição de pornografia infantil".[29]

A democrata Christine Pelosi, filha da presidente da Câmara dos Estados Unidos Nancy Pelosi, afirmou que o filme "hiperssexualiza garotas da idade da minha filha, sem dúvida para o deleite de pedófilos como aqueles que eu processei".[30][31] O senador Tom Cotton, do Arkansas, e o deputado Jim Banks, do Indiana, também criticaram o filme em declarações separadas, pedindo que o Departamento de Justiça tomasse medidas legais contra a Netflix, com Cotton afirmando que "não há desculpa para a sexualização de crianças e a decisão da Netflix de promover o filme Cuties é nojento, na melhor das hipóteses, e um crime grave na pior ".[32] Os representantes Ken Buck, do Colorado, e Andy Biggs, do Arizona, também pediram que o Departamento de Justiça investigasse o filme.[33] Os procuradores-gerais dos estados de Ohio, Flórida, Louisiana e Texas também escreveram uma carta à Netflix solicitando a remoção do filme do catálogo.[34][35] Donald Trump Jr., filho do presidente Donald Trump, também condenou o filme em um evento de campanha política no Arizona.[36]

Referências

  1. «Maïmouna Doucouré». João Miguel Sarmento Guerreiro. Wikipedia (em inglês). 21 de junho de 2021. Consultado em 23 de julho de 2021 
  2. «Cuties | BAC Films». web.archive.org. 12 de junho de 2020. Consultado em 23 de setembro de 2020 
  3. «'Cuties': Sundance Review | Reviews | Screen». web.archive.org. 12 de junho de 2020. Consultado em 23 de setembro de 2020 
  4. «'Cuties' ('Mignonnes') Review | Sundance 2020 | Hollywood Reporter». web.archive.org. 24 de junho de 2020. Consultado em 23 de setembro de 2020 
  5. «'Cuties' Review: Netflix Coming-of-Age Tale Can't Match Big Ambitions | IndieWire». web.archive.org. 17 de abril de 2020. Consultado em 23 de setembro de 2020 
  6. «'Cuties' Review – Variety». web.archive.org. 6 de junho de 2020. Consultado em 23 de setembro de 2020 
  7. «2020 Sundance Film Festival Awards Winners – Deadline». web.archive.org. 2 de fevereiro de 2020. Consultado em 23 de setembro de 2020 
  8. Cuties (Mignonnes) (2020) - Rotten Tomatoes (em inglês), consultado em 1 de outubro de 2020 
  9. Dale, Martin; Dale, Martin (14 de janeiro de 2020). «Netflix Buys World Rights to Maimouna Doucouré's Sundance-Player 'Cuties'». Variety (em inglês). Consultado em 13 de outubro de 2020 
  10. Bjornson, Greta (19 de agosto de 2020). «'Cuties' Netflix Movie Trailer and Release Date». Decider (em inglês). Consultado em 13 de outubro de 2020 
  11. agencies, Staff and (11 de setembro de 2020). «Cuties controversy sparks #CancelNetflix campaign». the Guardian (em inglês). Consultado em 24 de setembro de 2020 
  12. Spangler, Todd; Spangler, Todd (10 de setembro de 2020). «'Cancel Netflix' Backlash Grows Over 'Cuties' Film's Sexualization of Young Girls». Variety (em inglês). Consultado em 24 de setembro de 2020 
  13. Frishberg, Hannah (11 de setembro de 2020). «Netflix defends 'Cuties' amid 'cancel' backlash, tells haters to actually watch film». New York Post (em inglês). Consultado em 24 de setembro de 2020 
  14. Lusa, Agência (11 de setembro de 2020). «Milhares pedem boicote da Netflix por divulgação do filme "Mignonnes"». Observador.pt. Observador. Consultado em 24 de setembro de 2020 
  15. «La razón por la que #NetflixPedofilia es tendencia en Twitter». infobae (em espanhol). Infobae. 20 de agosto de 2020. Consultado em 13 de outubro de 2020 
  16. «Netflix'te yayımlanması planlanan Cuties filmi için bakanlık RTÜK'e başvurdu». BBC News. BBC News Türkçe (em turco). 21 de agosto de 2020. Consultado em 13 de outubro de 2020 
  17. Kozok, Firat (2 de setembro de 2020). «Netflix Risks Turkish Penalties Over Controversial 'Cuties'». Bloomberg. Bloomberg.com (em inglês). Consultado em 13 de outubro de 2020 
  18. Şafak, Yeni (7 de setembro de 2020). «Netflix'in yayınladığı 'Minnoşlar' filmi Türkiye'de yayından kaldırıldı». Yeni Şafak (em turco). Consultado em 13 de outubro de 2020 
  19. Spencer, Samuel (14 de setembro de 2020). «'Cuties' boycott fails as controversial movie makes Netflix top 5». Newsweek (em inglês). Consultado em 13 de outubro de 2020 
  20. a b «'Cuties': Damares quer tirar do ar filme da Netflix elogiado pela crítica e acusado de sexualizar crianças». O Globo. 14 de setembro de 2020. Consultado em 24 de setembro de 2020 
  21. SECOM (22 de setembro de 2020). «"Crianças e adolescentes são o bem mais precioso da nação e o mais vulnerável. É interesse de todos nós botarmos freio em conteúdos que as exponham à erotização precoce"». Twitter. Consultado em 1 de outubro de 2020 
  22. Bolsonaro, Eduardo (22 de agosto de 2020). «"Se você ainda acha que não estão tentando normalizar a pedofilia, eu não posso fazer nada por você..."». Twitter. Consultado em 1 de outubro de 2020 
  23. «Rogério Gentile - Justiça rejeita pedido de censura a "Lindinhas", filme que irritou Damares». noticias.uol.com.br. Consultado em 1 de outubro de 2020 
  24. «Justiça rejeita pedido de censura a "Lindinhas", filme da Netflix». Poder360. 26 de setembro de 2020. Consultado em 1 de outubro de 2020 
  25. «Igreja queria lucrar R$ 1 bi com Netflix e ficou no prejuízo na Justiça». VEJA. Consultado em 1 de outubro de 2020 
  26. Roos, Meghan (11 de setembro de 2020). «Missouri senator asks Netflix to answer questions about its controversial "Cuties" film and marketing campaign». Newsweek. Consultado em 12 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 12 de setembro de 2020 
  27. Curtis, Larry D. (11 de setembro de 2020). «Sen. Lee calls on Netflix CEO to remove film 'Cuties' from its service». KUTV. Consultado em 12 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 12 de setembro de 2020 
  28. Cole, Brendan (12 de setembro de 2020). «Democrat Tulsi Gabbard says Netflix is complicit in child sex trafficking for "child porn" film "Cuties"». Newsweek. Consultado em 13 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 13 de setembro de 2020 
  29. Murdock, Jason (12 de setembro de 2020). «Ted Cruz Calls for Justice Department to Investigate Netflix Over 'Cuties' Child Porn Claims». Newsweek. Consultado em 12 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 13 de setembro de 2020 
  30. Armus, Theo (11 de setembro de 2020). «Facing backlash, Netflix defends 'Cuties' as 'social commentary' against sexualizing young girls». The Washington Post. Consultado em 14 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 12 de setembro de 2020 
  31. Alter, Ethan. «Nancy Pelosi's daughter Christine says Netflix should 'cancel' 'Cuties': 'Apologize, work with experts to heal your harm'». Yahoo!. Canada. Consultado em 15 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2020 
  32. Hall, Louise (12 de setembro de 2020). «Lawmakers demand Netflix probe over controversial film "Cuties"». The Independent. Consultado em 14 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 15 de setembro de 2020 
  33. Bahr, Lindsey (14 de setembro de 2020). «Netflix's 'Cuties' becomes target of politicized backlash». AP News. Consultado em 14 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 15 de setembro de 2020 
  34. Moniuszko, Sara M. «State attorneys general ask Netflix to pull controversial 'Cuties' as director defends 'feminist' film». USA Today. Consultado em 15 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 15 de setembro de 2020 
  35. «Attorneys general send letters requesting removal of 'Cuties' from Netflix; Ohio's Yost co-signs». WKYC. Consultado em 15 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 15 de setembro de 2020 
  36. Stephenson, Hank (26 de setembro de 2020). «Arizona: A Donald Trump Jr. event is full of people and conspiracy theories.». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 26 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 26 de setembro de 2020