Miguel III de Constantinopla

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Miguel III de Anquialo)
Miguel III de Constantinopla
Miguel III de Constantinopla
Morte março de 1178
Cidadania Império Bizantino
Ocupação sacerdote

Miguel III de Constantinopla, também chamado de Miguel III de Anquialo (em grego: Μιχαὴλ Γ´), foi o patriarca grego ortodoxo de Constantinopla entre janeiro de 1170 e março de 1178.

Vida e obras[editar | editar código-fonte]

Miguel foi alçado à posição de patriarca pelo imperador bizantino Manuel I Comneno, o ápice de uma brilhante carreira intelectual e administrativa.[1] Antes de se tornar patriarca, Miguel passou por diversos cargos importantes da hierarquia eclesiástica, incluindo as posições de referendarios, epi tou sakelliou, protekdikos e, no último, ele era o encarregado do tribunal que julgava os pedidos de asilo em Santa Sofia. A mais importante de todas as funções que exerceu antes do patriarcado foi a de filósofo chefe (em grego: ὕπατος τῶν φιλοσόφων; romaniz.:hýpatos tōn philosóphōn - "filósofo chefe"), um título que era reservado ao reitor da Universidade de Constantinopla entre os séculos XI e XIV.[2] Nesta função, ele condenou os filósofos neoplatônicos e encorajou o estudo da obra de Aristóteles sobre as ciências naturais como antídoto.[3]

Como patriarca, Miguel III continuou a lidar com a questão teológica da relação entre o Filho e o Pai na Santíssima Trindade iniciada por causa da interpretação que um tal Demétrio de Lampi (na Frígia) deu para João 14:29: "...pois o Pai é maior do que eu"' (em grego: ὁ Πατήρ μου μείζων μου ἐστίν). Miguel atuou como o principal porta-voz do imperador durante a controvérsia. Além disso, ele também encomendou uma revisão das leis eclesiásticas ortodoxas e dos decretos e leis a Teodoro Bálsamo, uma obra que ficou conhecida como "Escólio" (em grego: Σχόλια) por volta de 1170.

O patriarcado de Miguel foi marcado pelas tentativas do imperador Manuel de firmar uma união com a Igreja Católica. Continuando a já antiga política papal, Alexandre III exigiu que sua autoridade religiosa sobre todos os cristãos fosse reconhecida, mesmo sobre o imperador, algo que os bizantinos não estavam preparados para fazer.[4] Manuel, por outro lado, queria um reconhecimento oficial de sua autoridade secular tanto sobre o oriente quanto sobre o ocidente,[5] o que também não era aceito no ocidente.

Algumas das cartas de Miguel III com Manuel I sobreviveram,[6] assim como seu discurso inaugural como hípato.[7] Outros documentos, incluindo correspondências com o papa Alexandre III, foram atribuídas a ele, embora sejam provavelmente textos apócrifos do século XIII.[8] Atribui-se também a Miguel III o patrocínio ao jovem Miguel Coniates, que compôs um encômio em sua homenagem e que ainda existe.[9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Miguel III de Constantinopla
(1170 - 1178)
Precedido por:

Patriarcas grego ortodoxos de Constantinopla

Sucedido por:
Lucas 117.º Cárito

Referências

  1. Magdalino, p. 301.
  2. Kazhdan 1991, p. 964.
  3. Hussey, p. 155.
  4. A.A. Vasiliev, History of the Byzantine Empire (1952) chapter 7 in passim
  5. J.W. Birkenmeier, The Development of the Komnenian Army, 114
  6. P. Magdalino, The Empire of Manuel I Komnenos, p. 21.
  7. R. Browning, "A New Source on Byzantine-Hungarian Relations", Balkan Studies, 2 (1961), pp. 173-214
  8. Hussey, p. 173.
  9. P. Magdalino, p. 301.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]