O Fogo e as Cinzas

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O Fogo e as Cinzas
Autor(es) Manuel da Fonseca
Idioma língua portuguesa
País Portugal Portugal
Lançamento 1953
Edição portuguesa
Editora Editorial Gleba, Lda (1953)
ISBN ISBN 972-747-144-7 (1995)

O Fogo e as Cinzas é um livro de contos de Manuel da Fonseca publicado inicialmente em 1953.[1][2][3]

O Fogo e as Cinzas é um significativo livro da moderna literatura portuguesa com o qual Manuel da Fonseca atinge a maturidade revelando-se um escritor de tendência regionalista e de funda preocupação humana, ao retratar a vida pobre dos trabalhadores rurais das planícies alentejanas. Os contos são acerca do Alentejo dos anos 1940s e 1950s, rústico e em decomposição que assistia aos primeiros passos de um progresso lento.[4]

No prefácio à 9ª edição de O Fogo e as Cinzas (1982), Manuel da Fonseca refere como surgiu o livro. Carlos de Oliveira tomou a iniciativa de reunir contos que Manuel da Fonseca tinha publicado, a partir de 1944, sobretudo na revista feminina mensal Eva. Jornal da Mulher e do Lar a cujo corpo redactorial Carlos de Oliveira pertencia. Desde a década de 1940s até incluindo à de 1960s, esta revista teve como jornalistas figuras da intelectualidade oposicionista ao regime como Manuela Porto, Rogério de Freitas, José Cardoso Pires ou Maria Judite de Carvalho, o que se refletia no seu conteúdo ao publicar textos de grandes autores estrangeiros e portugueses, entre eles Manuel da Fonseca. Do que viria a ser a colectânea O Fogo e as Cinzas, seis dos seus onze contos foram publicados inicialmente naquela revista.

No mesmo prefácio, Manuel da Fonseca descreve também as circunstâncias que antecederam a publicação de O Fogo e as Cinzas, referindo que passava por um período de desencanto e abrandamento da sua produção literária, a que não seria alheio o impacto das críticas da ortodoxia neo-realista ao romance Cerromaior: «Escrevia, lá de quando em quando, um conto, ao calhas, em casa ou num café. Se possível, nesse mesmo dia, vendia-o (seria para isso que escrevia?) a uma revista, a um jornal. Não guardava cópia, não tomava nota da data. Depois se veria».[5][1]:8

Contos[editar | editar código-fonte]

Os 11 contos constantes do livro são:[1]

  • O largo
  • A harpa
  • O fogo e as cinzas
  • Noite de Natal
  • Amor agreste
  • O retrato
  • A testemunha
  • O último senhor de Albarrã
  • Um nosso semelhante
  • Sempre é uma companhia
  • Meio pão com recordações

Título[editar | editar código-fonte]

Sobre o título, escreveu Manuel da Fonseca no referido prefácio: "Quanto ao título tirei-o, como de uso, de um dos contos. Não terá sido a melhor escolha. Queria um título que desse, em síntese, a sugestão do conteúdo do livro. Um título que desse o antes e o depois dos acontecimentos do livro. Para isso, o primeiro dos contos, «O largo», onde se dá conta das modificações originadas pela chegada do comboio à vila, ou «Sempre é uma companhia», que descreve a mudança operada na aldeia pela telefonia, seriam preferíveis. Mas nenhum tem, nos títulos, as palavras-chave da ideia de antes e depois, que é a constante do conjunto do livro. «O fogo e as cinzas», abstraindo o tema do próprio conto, será, na ordem inversa das palavras, o menos mau dos títulos, se aceitarmos que das cinzas pode renascer o fogo, para o caso, uma nova Fénix."[1]:14

Referências

  1. a b c d Manuel da Fonseca, O Fogo e as Cinzas, R.B.A. Editores S.A., 1995.
  2. Imagem da capa e dados da edição original no site de vendas frenesilivros [1]
  3. Carla Santos da Costa, Outras Paragens: Paisagem e Infância em Manuel da Fonseca, Tese de Mestrado em Estudos Literários da Universidade Estadual de Feira de Santana (PROGEL/UEFS), [2]
  4. Da capa da edição de dezembro de 1998 da Editorial Caminho, [3]
  5. Carina Infante do Carmo, "Manuel da Fonseca, a escrita do fogo e das cinzas do humano", Cena's. Publicação Cultural nº. 14, Vila Nova de Santo André, Janeiro 2013, pp. 17-19 [4]