Maria Judite de Carvalho

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Maria Judite Carvalho
Nascimento 18 de setembro de 1921
Lisboa, Portugal
Morte 18 de janeiro de 1998 (76 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade Portugal Português
Cônjuge Urbano Tavares Rodrigues
Ocupação Escritora
Prémios Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco (1995)

Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1995)
Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística (1996)
Prémio Vergílio Ferreira (1998)

Magnum opus Seta Despedida

Maria Judite de Carvalho GOIH (Lisboa, 18 de Setembro de 1921 – Lisboa, 18 de Janeiro de 1998) foi uma escritora portuguesa, condecorada pelo Estado português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Cresceu órfã[1]. Entre 1949 e 1998, viveu em França e na Bélgica.
Apesar da notória qualidade e profundidade da sua obra e da sua escrita (entre o cómico e o grotesco, num registo ora trágico, ora ironicamente perverso), a autora permanece ainda desconhecida do grande público.

As suas obras não pretendem dar explicações ou ser tratados morais ou comportamentais pelo que a explicação é substituída pela insinuação e pela sugestão, de onde decorre a opção por uma escrita "limpa", sem excessos estilísticos, e por narrativas breves.Foi casada com Urbano Tavares Rodrigues.

Prémios e Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

A 10 de Junho de 1992, foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.[3][4]

Ganhou vários prémios, nomeadamente o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco pelo livro Palavras Poupadas (1961), que volta a ganhar em 1995 com o livro Seta Despedida, pelo qual também recece o Prémio Vergílio Ferreira da Universidade de Évora, Prémio 'Máxima' e o Prémio da Associação Internacional dos Críticos Literários.[5][6][6][7] Recebe também o Prémio da Crónica da Associação Portuguesa de Escritores pelo o livro Este Tempo (crónicas).[8][9][10]

Em 2009, a Biblioteca Nacional de Portugal homenageou-a com a Mostra Maria Judite de Carvalho: 50 anos de vida editorial.[6]

O Teatro São Luiz (Lisboa), recebeu em 2021, o ciclo Paisagens Sem História constituido por leituras encenadas das suas obras, de maneira dar a conhecer a sua obra.[4]

Alguns apontamentos sobre a sua obra[editar | editar código-fonte]

O Silêncio aparece, na sua obra, como consequência da incompreensão que advém do cruzamento de vozes, de diálogos de surdos e de monólogos, sendo fruto da Solidão e do abandono tantas vezes (pres)sentido pelas suas personagens, aparecendo a solidão como essência do Humano.

Nas personagens de Maria Judite de Carvalho projecta-se a solidão enquanto presença constante da inquietação e do desassossego, da depressão, da negatividade, da autodenegação e da vontade de se dissipar, devido ao mundo de desconforto que existe e se constrói (visível, sobretudo, na personagem Mariana do conto "Tanta Gente, Mariana").

A existência sem história das personagens desta autora constitui o cenário sobre a qual se ilustram vidas de abandonos, de angústias e de uma solidão irremediável que atinge brutalmente os protagonistas da maioria dos seus contos, em que a solidão aparece como irremediável e perene, comprometendo qualquer hipótese de felicidade.

Alguns dos títulos dos contos de Maria Judite de Carvalho ilustram, quase como uma bandeira, um universo ficcional trespassado pelo vazio, pelo silêncio, pela irreversibilidade do tempo e pelo fingimento: As Palavras Poupadas (1960) revelam a recusa do discurso excessivo, numa postura de rasura do supérfluo; Paisagem sem Barcos (1963), Armários Vazios (1966) e o título dos contos Impressões Digitais e Vínculos Precários sugerem o vazio que preenche as vidas e a superficialidade das acções humanas; A Janela Fingida (1975) parece querer ilustrar o provérbio "nem tudo o que parece é", havendo sempre lugar para a mentira, para a omissão, isto é, para o fingimento.

Maria Judite de Carvalho, sobretudo nos seus contos, tem, desde os títulos, uma tendência para nomear as suas protagonistas, colocando os leitores imediatamente perante personagens concretas e distintas: Rosa, numa pensão à beira-mar, Anica nesse tempo, George, Tanta gente, Mariana, A avó Cândida, A menina Arminda, ou, menos directamente e mais discretamente, Uma senhora, A Mãe e A Noiva Inconsolável.

Bibliografia Seleccionada[editar | editar código-fonte]

Escreveu:[11][12]

  • Tanta Gente, Mariana (contos), Lisboa, Arcádia, 1959
  • As Palavras Poupadas (contos), Lisboa, Arcádia,1961
  • Paisagem sem Barcos (contos), Lisboa, Arcádia, 1963
  • Os Armários Vazios (romance), Lisboa, Arcádia, 1966
  • O Seu Amor por Etel (novela), Lisboa, Movimento, 1967
  • Flores ao Telefone (contos), Lisboa,Portugália, 1968
  • Os Idólatras (contos), Lisboa, Prelo, 1969
  • Tempo de Mercês (contos), Lisboa, Seara Nova, 1973
  • A Janela Fingida (crónicas), Lisboa, Seara Nova, 1975
  • Mulher, Mem Martins: Publicações Europa-América, 1976
  • O Homem no Arame (Textos publicados no 'Diário de Lisboa' entre 1970 e 1975), Amadora, Editora Bertrand, 1979
  • Além do Quadro (contos), Lisboa, O Jornal, 1983
  • Este Tempo (crónicas) Lisboa, Caminho, 1991
  • Seta Despedida (contos), Mem Martins, Publicações Europa América, 1995

A título póstumo foram publicados os livros:

Referências

  1. Lucas, Isabel. «Livros. Aqui não há gente pior nem melhor». PÚBLICO 
  2. Mulheres Portuguesas do século XX. Disponível em http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/Maria-Judite-de-Carvalho.htm Arquivado em 23 de setembro de 2004, no Wayback Machine.. Acesso em 16 de novembro de 2015.
  3. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Maria Judite de Carvalho Tavares Rodrigues". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 13 de fevereiro de 2015 
  4. a b «'Paisagens sem história' celebra obra de Maria Judite de Carvalho». Noticias ao Minuto 
  5. «APE - Associação Portuguesa de Escritores». www.apescritores.pt. Consultado em 28 de agosto de 2021 
  6. a b c «Exposição: Maria Judite de Carvalho: 50 anos de vida editorial». www.bnportugal.gov.pt. Consultado em 28 de agosto de 2021 
  7. «Universidade de Évora / Viver a UÉvora / Mérito / Prémio Vergílio Ferreira / Maria Judite de Carvalho». www.uevora.pt. Consultado em 28 de agosto de 2021 
  8. «Quem escreveu - Perplexidade - Centro Virtual Camões - Camões IP». cvc.instituto-camoes.pt. Consultado em 28 de agosto de 2021 
  9. «Visão | Crónicas escritas para a VISÃO valem prémio a Ricardo Araújo Pereira». Visão. 30 de maio de 2013. Consultado em 28 de agosto de 2021 
  10. Infopédia. «Associação Portuguesa de Escritores (APE) - Infopédia». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 28 de agosto de 2021 
  11. «Obras de Maria Judite de Carvalho na BNP». Biblioteca Nacional de Portugal - catálogo. Consultado em 28 de agosto de 2021 
  12. «Maria Judite de Carvalho | Wook». www.wook.pt. Consultado em 28 de agosto de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]